— E então Luiza, eu queria saber de tudo. – minha mãe falou e sentou ao meu lado na cama.
— Mãe...eu...eu me apaixonei. – afirmo. – a primeira vez que eu vi o Lucas foi na escola, a gente se esbarrou mas eu não sabia que ele namorava com a Juliana, eu só descobri quando ele apareceu aqui e eu me julguei por ter pensado nele de outra forma.

— Oh minha filhota, essas coisas do coração são tão complicadas, logo o Lucas Luiza. 

— Eu tentei evitar mãe, eu juro, até fiquei um tempo com o Guilherme, mas não deu, eu não queria que as coisas fossem desse jeito. – senti as lágrimas correrem por meu rosto e minha mãe me abraçou.

— Luiza, eu te amo e independente de qualquer coisa eu estou do seu lado, se você ama o Lucas eu não me importo, eu só queria sua felicidade, mas vai com calma meu amor, essa história ainda é muito recente e a Juliana tá furiosa. – me soltei dela e encarei seus olhos, minha mãe estava preocupada e ela tinha razão.

— Tudo bem mãe, obrigada e eu te amo.

Nos abraçamos novamente e ela saiu do quarto, me arrumei pra dormir e deitei, meus pensamentos estavam longe, apesar de estar feliz com Lucas eu tinha medo do que Juliana poderia fazer.

(...)

Ricardo nos deixou na escola na hora certa, Juliana não havia dormido em casa na noite anterior, veio apenas eu, Fábio e Manu, eu estava bem feliz em ver que os dois estavam se dando bem, eu podia ver o brilho nos olhos de Manuela. Quando adentrei logo avistei Lucas, ele conversava com jabá e quando me viu veio até mim com um enorme sorriso.

— Oi amor, senti saudades. – ele disse selando nossos lábios.

— Eca, quanta melação. – Fábio e Manu disseram, dei língua aos dois que saíram.

— Como foi com sua mãe?. – ele perguntou.
— Ela me perguntou sobre nós...eu expliquei tudo, acredite Lucas, minha mãe é o  menor dos problemas. – afirmo pra ele.

— Eu sei, a Juliana chegou agora a pouco e passou por mim feito um furacão. – ele disse.

— Ela não dormiu em casa ontem. – digo.

— Deve ter dormido na Martinha, Juliana sempre fez isso. – ele revirou os olhos.

— Vamos mudar de assunto, podemos ir ao shopping no final de semana, eu, você, Fábio e Manu. – sugiro.

— Ótima ideia, agora vamos pra sala meu amor.

Dei um último beijo em Lucas e seguimos nosso caminho, entrei na sala e me sentei ao lado de Manuela, ela me olhou divertida e eu sorri de volta.

— Falei com o Lucas de irmos ao cinema, você é Fábio também. – digo.

— Encontro de casais. – ela diz.

— Quase isso, só falta você e o Fábio serem um casal. – digo sorrindo.

— Ok, gostei dessa ideia. – ela piscou pra mim e nós começamos a prestar atenção na aula assim que a professora entrou. O sinal do intervalo tocou e nós saímos, Manuela foi pra quadra junto de Fábio e Sofia e eu fui até Lucas, ele estava na fila da cantina comprando algo para comer.

— Oi. – digo o abraçando por trás.

— Estou pegando algo pra gente. – ele diz sorrindo.

— Vou te esperar na mesa.

Quando me viro pra sair da fila esbarro em alguém, precisamente em Juliana ela me olha com fúria.

— Tá cega, quase derrubou meu suco. 

— Desculpa, não te vi. – digo.

— Além de safada e ladra de namorado você também é cega né. – ela diz irônica.

— Eu já pedi desculpas, da licença. – tento sair dali mas ela me puxa pelo braço. – solta meu braço. – digo, algumas pessoas já estão paradas pra olhar aquela discussão, Lucas veio até mim e tentou me tirar dali.

— Para com isso Juliana. – ele disse.

— Ah olha quem chegou, o meu ex namorado. – ela ri.

— Cala a boca Juliana. – Lucas disse rude.

— Nossa, que grosseria Lucas, pessoal vocês sabiam que essa daqui roubou meu namorado, e sabem o melhor de tudo, ela é filha da mulher do meu pai, estamos em família. – dito isso Juliana se voltou pra mim e jogou todo seu colo de suco em meu rosto. – isso é pra você aprender a ser menos vadia.

Senti as lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto, aquele suco tinha me sujado inteira, mas eu não ia deixar isso barato, não mesmo. Avancei pra cima de Juliana e desferi o mais forte tapa em seu rosto fazendo com que ela caísse no chão, Lucas tentou me impedir mas eu fui mais rápida, subi em cima dela e prendi suas mãos com minhas pernas, ela ia me pagar por isso, a se ia.

— Isso é pelo suco. – dei um tapa em seu rosto. – isso é por me chamar de vadia. – outro tapa. – e esse aqui é por você ter nascido. – dei meu último tapa em Juliana e sai de cima dela. Todos estavam olhando e filmando, alguns riam e outros não faziam nada, Lucas veio até mim e me puxou, ele estava incrédulo, tanto quanto eu, nunca fui de briga ou mesmo de bater em alguém, mas ela havia me provocado.

— Chega. – ouvimos um alto grito e vimos Corrêa, ele vinha em nossa direção. – todos pra sala, Luiza e Juliana na minha sala agora.

A ruiva se levantou do chão com mão no rosto, estava vermelho e com um corte no canto da boca, caminhamos em silêncio até sua sala.

— Vocês podem me explicar o que significa isso?. – ele perguntou sério.

— Essa idiota me bateu, olha isso aqui. – Juliana apontou pro rosto.

— Luiza, você bateu na Juliana, porque?. – ele agora me encarava com olhos frios e com raiva.

— Olha pra mim, estou toda suja de suco e ainda por cima fui chamada de vadia pra escola inteira ouvir. – afirmo, também estou com raiva.

— É isso que você é. – Juliana grita olhando pra mim.

— Chega Juliana, isso passou dos limites, as duas estão suspensas por três dias, vou ligar agora para os pais se vocês.

Ficamos em silêncio enquanto Corrêa ligou pra Ricardo e minha mãe, nos sentamos na cadeira e ficamos esperando, eles chegam meia hora depois, minha mãe me olhou séria e Ricardo parecia preocupado.

— O que aconteceu?. – perguntou meu padrasto.

— As filhas de vocês estavam brigando no pátio.

— Luiza o que tu fez minha filha?. – minha mãe perguntou vindo até mim.

— Ela me bateu, olha meu rosto. – Juliana disse nervosa. 

— Você bateu na Juliana Luiza?. – Ricardo disse.

— A sua filha derramou suco em mim, me provocou e ainda por cima me chamou de vadia, dizendo que eu roubei o namorado dela. – digo me pondo de pé.

— Juliana você... – Ricardo parecia decepcionado.

— Elas estão suspensas, por três dias. – afirmou Corrêa. – isso já acabou, podem ir.

Saímos os quatro da sala em silêncio, minha mãe parecia triste e Ricardo também, entramos no carro e partimos pra casa, hoje o dia tinha sido longo e essa história estava longe de acabar.