Embriagues escrita por LucianaQuero


Capítulo 3
Pega de Surpresa




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— Aqui — disse ela, depois de me guiar por alguns corredores — Pode entrar! Retribuí o sorriso da grisalha e adentrei a copa daquele casarão. Sem jeito, sentei-me à mesa, conforme a senhora pedira. Aliás, e que mesa! Cheia de alimentos saudáveis e, aparentemente deliciosos. Melancia e outras frutas fatiadas, suco, bolo... Perdi-me entre tantas coisas.

Olhei para os lados. Conseguia escutar apenas o canto dos passarinhos por perto. Resolvi então, pegar um pedaço de bolo.

— Johana!! — alguém berrara.

Assustei-me largando o bolo na tigela. Virei-me, ainda sentada. Foi então que pareci estar delirando: um homem, que mais parecia um menino, vinha de meias, deslizando pelo chão.

— Cadê as...

Fiquei atônita. 

“Hm, engraçado”, pensei. Pois o único Jackson que me veio à cabeça no momento, com certeza estava fora de cogitações.

Agora podia ver que estava errada. O único Jackson que me veio à cabeça em tal momento era mesmo o tal Sr. Jackson de que tanto me falavam.

— Ah, a Srta. Mitchell. Certo?

— S-Su-Susan Mi-tchell. — gaguejei.

O homem à minha frente pareceu, agora, aflito. Coçou a cabeça, sem jeito desviou o olhar. Claro, estava o encarando de forma infernal e não havia percebido. Até eu ficaria sem jeito se me olhassem como o olhei.

— Sr. Jackson? — perguntei levantando-me da confortável cadeira.

Um pouco mais à vontade, ele respondeu com um sorriso no rosto:

— Isso. Mas me chame de Michael.

Suspirei. Estava conversando com Michael Jackson. Não sabia o que dizer. E ele por sinal também não. Ficamos assim, por alguns segundos, sem dizer nada, apenas se olhando com um sorriso no rosto.

— Ah, bem... Você gostou do café?

— Adorei. Estou realmente muito grata. Por tudo. Não imagino porque me acolheu aqui. Sério.

— Nós somos da mesma vizinhança, se não lhe acolhesse me sentiria mal.

— Mas eu...

Estava bêbada, aos gritos. Que ser humano seria capaz de ver bondade nisso? Certamente estava diante dele. E mais uma vez, abobada. Até agora não conseguia entender como todos ali sabiam quem eu era.

Moro na vizinhança há três dias, quando vim de Atlanta. Sempre morei por lá. Basicamente, cresci naquela cidade. Porém, minha mãe separou-se do meu pai há alguns anos e insistiu que viesse conhecer a sua nova casa, na Califórnia.

Não, minha mãe não é uma pessoa muito... “Importante” para ter uma casa nessa região. Mas esse meu padrasto, Greg, ele é.

— Como... Como sabem meu nome?

— Greg é um bom amigo meu. Certo dia ele veio passar a tarde aqui no rancho e disse-me que a filha de Claire passaria as férias aqui.

— Sim, sou eu — meu padrasto conhece o Michael Jackson e eu não sei disso? — Conhece minha mãe?

— Ah, bem. Não muito.

— Sorte sua — murmurei.

— Ela parece-me muito simpática.

— De fato ela é.

Ele sorriu.

— Mas tenho que ir. — continuei — Tenho que voltar agora.

— Mas parece que não comeu nada.

— Pois é. Mas estou indo embora.

Como deveria me despedir? Aproximei-me dele, ameacei dar a mão, voltei, depois ameacei beijar seu rosto.

— Ah, bem... Tchau!

E acabei em um ridículo aceno com a mão.

Fiquei mais envergonhada ao imaginar o quão besta Michael deve ter me achado. Trombei na mesa e apressada, saí pela porta da copa sem mesmo saber onde era a saída do rancho.

Quase me perdi. Sorte a minha, que, no mesmo momento, alguns funcionários estavam saindo pela porta da frente. Então, os segui.

 

 


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