Através do Tempo escrita por Biax


Capítulo 7
Depois da Floresta


Notas iniciais do capítulo

Para quem está acompanhando, esse vocês já leram. MAS quem puder ler de novo, pra mim vai ser ótimo :3



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Depois de perambular um pouco pela cidade e comprar outras coisas, Rebeca e Aloys voltaram para casa no final da tarde, conversando sobre as coisas de lá. Quando destrancaram a porta, viram que Maristela estava na sala vendo TV.

— Oi, filha.

— Oi, mãe.

— Oi, Aloys.

— Olá.

— Uau, fizeram compras, é? — perguntou vendo as sacolas.

— Sim. Compramos do brechó da Cecilia.

— Você levou a sacola de roupas para ela?

— Levei. Ela ficou com tudo e agradeceu.

— Ah, que bom.

— Vem, Aloys. — Subiram e foram para o quarto de Rebeca. Começou a tirar as coisas das sacolas. — Eu acho que tenho uma mochila que não uso mais. Você pode guardar suas roupas nela.

— O que é uma mochila? — Aloys sentou na poltrona.

— É tipo uma sacola grande... — Largou as roupas e foi até seu guarda roupa. Procurou e achou a mochila e deu a ele. — Olha aí. — Ele olhou sem entender muito, então o ensinou a abrir os zíperes. — Viu? Tem vários bolsos. Vai caber tudo aí.

— Oh. Obrigado. — Levantou, tirou suas roupas da sacola e começou a dobrá-las e colocá-las na mochila.

Rebeca o observou dobrar as roupas. Para "quem não era daqui", ele era bem cuidadoso com as coisas.

— O que foi? — Ele quis saber.

— Nada. — Desviou o olhar de volta as suas roupas.

— Está querendo ver se dobro as roupas direito, não é? — Riu.

— Por que eu faria isso?

— Porque você me batia a cada vez que eu deixava a roupa desarrumada no baú. E eu sempre esquecia de dobrar, então...

Rebeca deu risada. — É minha cara mesmo.

— Beca? — Maristela deu um toque no batente da porta. — Adivinha.

— O quê?

— Adivinha!

— Como eu posso adivinhar? Fala logo.

— Consegui um emprego!

— Uau, parabéns. Onde?

— Na loja da Marcela.

— E ela tem loja? De quê?

— De doces. Ela abriu faz pouco tempo. Como está fazendo sucesso, ela me chamou para trabalhar de atendente.

— Legal, mãe. Vai trazer doce todo dia, né?

— Quer virar uma bolinha? — Maristela olhou feio para a filha.

— Estou brincando. Aposto que ela nem tem doces que eu possa comer.

— Não sei se tem, vou ver.

— E quando você começa?

— Amanhã. E a loja abre de domingo também.

— E quando você tem folga?

— De segunda.

— E que horas você vai?

— As dez. E saio as sete.

— Legal mãe, estou feliz por você.

— Obrigada. — Olhou para Aloys. — Vai ficar para jantar, Aloys?

Ele olhou para ela, e depois para Rebeca. Ela acenou levemente, e voltou a olhar a mulher parada na porta. — Sim, obrigado.

— Ok, então. Você come carne?

— Carne? Sim... às vezes.

— Ah tá... É que a Beca não come, achei que você poderia não comer também. Vou começar a fazer a janta. — E saiu.

— Ela gostou de você.

— Sua mãe?

— Sim.

Ele sorriu, meio tímido.

— Você não falou nada dela... Quer dizer que ela não era a minha mãe de onde você veio?

— Não. Sua mãe era diferente.

— Como ela era?

Aloys sentou, segurando uma calça. — Ela era igual a você, só que mais baixa.

— Mas a minha mãe é igual a mim. — Fez um gesto para a porta.

— Sim, mas ela era mais igual. Vocês eram confundidas como irmãs com bastante frequência pelas pessoas que não as conheciam.

Rebeca tentou imaginar alguém mais parecido com ela do que sua mãe. Era difícil, a não ser que imaginasse ela mesma mais velha.

— Hmm. E os seus pais? Você não sabe como eles morreram?

— Não, não sei. Como eu disse, eu era muito pequeno. Não me lembro deles em nada.

— E você sabe por que foram atrás de nós?

— Por quê? Ora, fomos acusados de bruxaria.

— Como? Quem nos acusou?

— No início, apenas uma vizinha desconfiava. Ela passou a desconfiar depois que eu melhorei da peste, mas demorou bastante tempo até começar a ter mais pessoas contra você. Eu não sei o que aconteceu exatamente, ou o que fizeram as pessoas acreditar, mas no vilarejo todos te olhavam torto. Bom, a mim também, mas era mais você. Deixamos de ir até lá, e um dia, ou melhor, uma noite, vieram atrás de nós.

— Te acusaram de bruxaria também?

— Sim. Afinal eu era seu cumplice, estava sempre com você. E só descobriram que eu tive peste na época em que todos te olhavam feio. O fato de eu ter melhorado foi um absurdo. Era magia negra.

Rebeca se arrepiou. — Que horror... Mas e essa tal de Margareth? O que aconteceu com ela? Também a acusaram?

— Não sei. No começo, você a proibiu de visitar-nos. Você não queria que ela fosse alvo também, mas ela nos visitava escondida. A última vez que a vimos foi na manhã daquele dia.

Por que eu estou preocupada? A imagem de Maria invadiu minha mente. Ela parece ser tão fofa. Não consigo imaginá-la correndo de pessoas furiosas com tochas.

— Eu queria saber o que aconteceu com ela.

— Você... gostava dela? — O olhou.

— Sim, mas você gostava mais, eu acho. Era minha amiga também, mas ela era mais próxima de você.

— Não. Perguntei se você gostava dela... de uma forma mais... amorosa.

Aloys a olhou, surpreso. — Não. Claro que não.

— Ah... Tá bom. — Ele a observou enquanto dobrava outra peça de roupa. — O que foi?

— Nada. — Pegou uma blusa em seguida.

Continuaram dobrando as roupas, até Maristela os chamar para jantar. O pai de Rebeca conheceu Aloys na mesa de jantar, e pelo menos ali, Aloys tinha aprendido a não falar das histórias. Mas ele mal falou, já que gostava de prestar atenção nas coisas que a família conversava.

Depois de comer, os pais de Rebeca foram para a sala, e Aloys quis lavar a louça. Então Rebeca o ensinou. Ele pegou o jeito, mas se atrapalhava um pouco com o escorredor de pratos.

Eles fizeram uma pequena guerra de água, que Rebeca logo cortou enquanto secava as louças. Após isso, Aloys "foi embora", e Rebeca disse que iria até o celeiro mais tarde.

Seus pais foram dormir cedo, e depois de tomar banho, Rebeca pegou uma lamparina elétrica que estava no fundo do guarda roupa e saiu de casa em silêncio. Ligou a luz e andou até o celeiro, que estava completamente escuro. O céu estava nublado, tapando a luz da lua.

— Aloys? — Rebeca andou para dentro.

— Estou aqui em cima. — Aloys falou no escuro. — O que você tem aí? Uma vela?

— Acho que é melhor que vela. — Chegou na escada e começou a subir.

Aloys já estava ali perto, e pegou sua mão para a ajudar a terminar de subir.

A lamparina iluminava bem aquele espaço.

— Ah, você trocou de roupa. — Rebeca disse.

— É. Você disse que essa roupa era de dormir, certo?

— Sim, é. — Rebeca andou até a cama improvisada e deixou a luz no chão. — Não ficou tão ruim aqui. — Sentou-se.

— Não é tão confortável quanto a sua cama, mas está bom.

Os dois fenos que ele havia pego eram baixos e grandes. Ficou um pouco mais largo que uma cama de solteiro.

— Então você perdeu o medo de altura? — Aloys sorriu, sentando na cama e apoiando as costas na parede.

— Não. Eu continuo com medo, só acostumei a subir. — Sentou de frente a ele, cruzando as pernas.

— Por que veio? Não devia estar dormindo?

— Quis ver se estava tudo bem.

— E está? — Sorriu.

Por que ele está todo fofo desse jeito? — Acho que sim. — Desviou o olhar. — Ah, você ouviu que minha mãe vai trabalhar amanhã. Meu pai também vai, então se quiser entrar lá de manhã, pode entrar.

— E você vai para a escola?

— Não. Nem amanhã e nem domingo. Por isso que eu quero acordar tarde. Então quando entrar pode pegar o que quiser para comer.

— Tudo bem.

Os dois se olharam por um tempo. Então Rebeca se arrastou para frente e estendeu as duas mãos com as palmas para cima.

Aloys a olhou sem entender. — O que está fazendo?

Rebeca sorriu, então pegou os pulsos dele. Deixou a mão esquerda dele em baixo da sua direita, e a direita em cima da sua esquerda. Então deu um tapa na mão nele, voltando ao lugar em seguida. Ele continuou a olhando.

— Vai, bate na minha mão.

Aloys ia bater na mão dela, mas ela a tirou rapidamente. — Ei, você tirou!

— Mas essa é a brincadeira. — Deu risada. — Você não pode deixar eu bater na sua mão, assim como eu não posso te deixar bater na minha. Entendeu? — Bateu de novo na mão dele.

— Isso é estranho. — Fez o movimento para bater, e Rebeca tirou sua mão bem antes de se tocarem. A mão de Aloys parou no ar enquanto ele a olhava. Ela colocou a mão de volta, e Aloys bateu nela. — Acertei!

— Droga! — Riu.

Eles continuaram brincando durante algum tempo.

Rebeca bocejou. — Melhor eu ir dormir. Está tarde.

— Sim. — Bocejou também.

— Boa noite, então. — Rebeca levantou e foi para a escada.

— Não vai levar a sua luz?

— Não, pode ficar. Ela vai desligar quando estiver claro.

— Tudo bem. Boa noite.

Ela pegou os utensílios de mais cedo, desceu e caminhou para casa. Entrou, deixou-os na pia e foi direto para seu quarto.


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Notas finais do capítulo

Esse foi o último que eu postei, né? Agora eu não tenho certeza D: Alguém me dá um help? kkkkkkkkkk

Me desculpem novamente a confusão :s



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