Através do Tempo escrita por Biax


Capítulo 18
9.2


Notas iniciais do capítulo

Agora sim a coisa vai ficar interessante!

Boa leitura!



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— Oi, Cecília, o que está fazendo aqui? — Rebeca perguntou ao abraçá-la.

— Resolvi trazer uma blusa que sua mãe esqueceu lá na loja esses dias. — Sorriu. — E trouxe isso. — Olhou para a caixa em suas mãos.

— Hmm... O que é isso?

Cecília ajeitou a caixa em sua mão e a abriu, mostrando o interior. Eram rosquinhas cobertas com açúcar.

— Sua mãe me levou uns doces, então quis trazer para ela também.

— Ah! Que legal. Está esperando a muito tempo? — perguntou indo até a porta para destrancá-la.

— Não, cheguei quase agora. — Olhou para o garoto. — Olá, Aloys.

— Olá, senhora. Quer ajuda? — Andou até ela.

Ela sorriu, estendeu a caixa para ele, que a pegou, e no mesmo instante Cecília piscou uma vez, ficando parada.

— Vem, Cecília. — Rebeca chamou ao abrir a porta. — Cecília? — Se aproximou. — Oi?

— Ah! — Cecília se assustou ao sentir Rebeca tocar-lhe o braço e a olhou.

— O que foi?

— Nada, nada. — Sorriu, parecendo sem graça.

— Entra... — Rebeca trocou olhares confusos com Aloys antes de entrar.

Entraram na casa e Aloys deixou a caixa em cima da ilha da cozinha. Cecília se sentou no sofá, parecendo cansada, de repente.

— Você está bem? — Rebeca sentou ao lado dela, a observando.

— Sim, sim. Não se preocupe.

— Quer alguma coisa? Um copo d'água?

— Aceito, por favor.

Rebeca foi encher o copo e Aloys ficou ao lado dela.

— Você viu o que aconteceu? — Rebeca sussurrou.

— Ela ficou assim depois que eu peguei a caixa...

— Mas qual o sentido disso? — perguntou baixo e voltou para o sofá. — Aqui.

— Obrigada. — Pegou o copo e deu um gole grande.

— Você está bem? A pressão caiu?

— Estou bem. Não, não foi a pressão... — Pareceu sem graça. Olhou para Aloys, e de volta para Rebeca. Abriu a boca para falar, mas nada saiu. Balançou a cabeça, negando.

— Fala, Cecília! O que foi? Você não gosta daqui? Podemos ir lá para fora...

— Não, imagina Beca, até parece.

— Então me conta. Vou ficar mais preocupada desse jeito.

Suspirou, olhando o copo em sua mão. — Às vezes, quando toco alguém, eu vejo as ligações que ela possui com as pessoas. Mas elas vêm com mais força quando as ligações são comigo.

— E como você consegue ver?

— Simplesmente vejo. Passa como se fosse um filme em minha cabeça. Eu sou assim desde que me lembro. Mas eu não vejo só isso, acabo vendo relances da vida da pessoa... Bom, chamam isso de mediunidade.

— Você é médium? — Rebeca questionou, surpresa. — Então você também vê espíritos e coisas sobrenaturais?

Cecília riu. — Sim, também.

— Mas... por que você ficou daquele jeito? Você tocou Aloys...

— Sim. Por isso fiquei tão espantada... Eu vi coisas que não fazem sentido. — Analisou Aloys. — Sua alma é muito antiga... Eu devo ter visto relances de uma outra vida sua.

Aloys olhou rapidamente para Rebeca, e se aproximou, olhando para Cecília. Sentou do lado dela. — Então você é uma bruxa.

— Aloys! — Rebeca o repreendeu.

— O quê? — Ele se assustou.

— Isso é jeito de chamá-la?

Ele não entendeu, e Cecília riu. — Tudo bem, Beca. Ele não está errado. Eu seria considerada uma bruxa a muitos anos atrás.

— Sim, a muitos anos atrás. — Reforçou a frase, revirando os olhos.

— Se você consegue ver minhas vidas passadas... — Aloys falou, a olhando. — Então você consegue ver o que aconteceu com ela?

— Com ela? — Cecília perguntou sem entender.

Rebeca o encarou, com medo do que ele falaria. Ela não sabia se aquela história de louco seria tão bem aceita como foi com Maria.

— Ceci... Não sei se você vai acreditar em nós...

— Por que não?

— Hm... O Aloys não é daqui. Na verdade, eu nem sei mais se eu sou... — Cecília a olhou sem entender. — Nós não nos conhecemos da escola. Ele surgiu do nada no meu quintal há umas semanas. Eu o vi e nem sabia quem ele era, mas ele me conhecia. Sabe-se de sei lá onde. Mas nós vivíamos juntos...

Então Rebeca contou a história, e Aloys complementava com algumas partes que ela não lembrava.

— ... E nós saímos de lá sem muitas respostas. Não conseguimos descobrir nada do que aconteceu.

— Mas talvez você consiga nos ajudar. — Aloys disse, animado.

— Você acredita nessa doideira? — Rebeca riu.

Cecília olhou para os dois. — Só tem um jeito de confirmar. — Sorriu.

— Como começamos? — Rebeca levantou.

— Já que Aloys tem as informações fáceis na mente, vamos começar com ele.

Aloys engoliu seco. — V-vai doer?

— De forma alguma. — Deu risada. — Deite-se e fique confortável.

Ele se ajeitou no sofá, deitando. Rebeca sentou-se no final do estofado, colocando as pernas de Aloys em cima de suas coxas. Cecília sentou-se na mesinha de centro, virada para ele.

— Muito bem. Feche os olhos. — Ele os fechou. — Relaxe, respire fundo e devagar. Vai parecer que você está sonhando, tudo bem? Tente não se assustar com nada, pois tudo são lembranças distantes. — Ele balançou a cabeça, e Cecília segurou a mão esquerda dele, e colocou sua mão direita em sua testa. — Respire devagar, relaxando cada vez mais... — E então, ela também fechou os olhos.

Rebeca olhava tudo atentamente, não querendo perder nada, mas provavelmente seria igual a vez do museu. As coisas estavam acontecendo apenas na cabeça deles. Seus rostos não demonstravam nada diferente.

— Eu queria ver também... — comentou baixo.

— Segure a mão dele. — Cecília sussurrou.

Olhou para Cecília, que estava de olhos fechados e para Aloys. Levantou o braço e segurou a mão dele que estava do lado do corpo, então fechou os olhos.

As mesmas imagens passavam na cabeça dos três. Para Rebeca, elas não faziam tanto sentido, mas para Aloys, que tinha vivido aquilo, tinha muito sentido. E para Cecília, também, já que ela estava assistindo em "primeira mão".

Uma garotinha um pouco suja apareceu, vestia um vestido puído e seus cabelos castanhos enrolados estavam bagunçados. Ela olhava para baixo, na direção de algo... Aquela era a visão do Aloys, então ela olhava para ele.

A garota sorriu e pegou Aloys no colo. Uma mão pequena apareceu e tocou o rosto dela, e seu sorriso abriu mais. Logo ela estava andando rapidamente por uma espécie de vila. Haviam casas de pedras e madeira.

— Mamãe?! Mamãe, olha! — Uma voz infantil falou.

Aloys olhou para onde vinha a voz, observando a garotinha.

— Quem é ele, querida? — Uma voz adulta indagou.

— Não sei, ele estava sozinho ali. — Aloys encarou a mulher que havia falado antes.

Rebeca se assustou em como aquela mulher era parecida com ela. Era ela...?

Não, espera. Aloys disse que tínhamos dois anos de diferença... Eu sou a garotinha.

A mulher pegou Aloys no colo, e enquanto ele a olhava, ela olhava ao redor, procurando alguém. — Onde estão seus pais? Você está sozinho? — Olhou para ele. — Você está tão magrinho...

Um choro surgiu, e Rebeca percebeu que era Aloys.

A mãe da garotinha o abraçou. — Você deve estar com fome... Vem, Amice. Vamos para casa. Vamos tentar achar os pais dele mais tarde.

Aloys olhou novamente para a garotinha, que estava de mãos dadas com a mãe. Ela sorriu para ele. Outra imagem apareceu. Os dois estavam um pouco mais velhos, e brincavam em um jardim com cores que iam do marrom ao amarelo.

— Amice, Aloys! — Alguém gritou. — Venham comer!

Eles ficaram de mãos dadas enquanto corriam para a pequena casa de madeira.

Uma outra cena apareceu. Os dois estavam um pouco maiores. Andavam de mãos dadas em uma cidade cheia de gente, passavam por barracas que vendiam comida, utensílios e diversas coisas. Entraram em um lugar que parecia grande e seguiram para dentro. Logo estavam em um amplo salão com piscinas grandes espalhadas, com diversas pessoas fora e dentro delas.

Andaram até uma piscina no centro, tiraram as roupas, as deixando no chão e entraram na água. Logo começaram se ajudar na lavagem do cabelo um do outro.

Ok, é verdade então que tomávamos banho juntos...

A cena mudou. Estava um pouco escuro.

— Mas mãe... — Uma voz fraca surgiu, parecendo chorar. — Eu consigo te curar...

— Já é tarde, Amice. — O rosto da mulher focou. Ela estava deitada e parecia muito doente. Haviam algumas manchas pretas em seu rosto. — Eu já tinha dito...

Amice começou a chorar mais.

— Aloys... — Ele olhou para a mulher. — Prometa-me que cuidará de Amice — falou fracamente. — Eu sei que ela é forte, mas sei que ainda precisará de muita ajuda.

— Eu juro por minha vida que cuidarei dela.

Ela sorriu. — Eu sei. Você já é um homem... Eu me orgulho muito de você. Você sempre foi como um filho para mim...

— Eu sei... — Ele parecia se esforçar para não chorar.

— Eu amo muito vocês. E sei que vão cuidar um do outro. — Olhou para a filha. — Lembre-se de quem é, Amice. Tome cuidado.

Amice balançou a cabeça e tudo se apagou.

Rebeca achou que tinha acabado, mas logo uma pequena luz amarelada surgiu. Depois mais uma, depois outra...

— O que você está fazendo? — A voz de Aloys surgiu, fraca.

Logo Amice apareceu. Ela parecia pouca coisa mais velha, mas ao mesmo tempo, parecia mais madura.

— Eu não deixarei que morra. — Ela disse baixo firmemente.

— O que está dizendo? Eu já estou morrendo.

— Cale a boca. Não me atrapalhe. — Abaixou-se no chão.

Aloys riu e sentou-se na cama, puxando as cobertas para cobrir seu peito. Ele não conseguia ver exatamente o que ela estava fazendo, apenas via algumas velas no chão.

— Essa luz está machucando meus olhos...

— Não se preocupe, logo essa dor irá sumir. Venha. — Levantou.

Ele levantou com dificuldade, e quando se aproximou, viu que Amice tinha desenhado um círculo no chão com desenhos complexos no centro. — O que você...

— Sente-se aqui no meio — indicou, seriamente.

Assim que ele se sentou, Amice pegou um livro em uma cômoda e o abriu, procurando algo.

— Você está me assustando...

— Eu disse para ficar quieto. Preciso me concentrar. Não abra mais a boca.

Engolindo seco, ele ficou em silêncio, apenas olhando seus movimentos.

Amice começou a andar ao redor dele, em volta do círculo, sussurrando palavras durante um tempo, e depois, abaixou-se na frente dele. Ainda cochichando, tocou o meio da testa de Aloys com o polegar, e logo em seguida depositou um beijo no mesmo local.

Nada havia acontecido até então, mas Aloys sentiu-se tonto. Sua visão desfocou, e tudo ficou escuro.


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Notas finais do capítulo

EEEEITA! O que estão achando?? Ai, tô curiosa pra saber!!

Comentem, por favor!

Tô ansiosa para postar o próximo!!

Até lá, pessoas! Espero que estejam gostando!



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