Através do Tempo escrita por Biax


Capítulo 14
7.2


Notas iniciais do capítulo

FINALMENTE AÇÃO NESSE TROÇO! Ouvi um amém?

Boa leitura!



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Rebeca e Aloys andaram em silêncio pelas ruas pouco iluminadas. Havia somente o som das cigarras e seus passos no asfalto. As casas que haviam no caminho estavam iluminadas, mas não havia uma alma viva na rua. Aquela cidade a noite era bem sinistra.

Os dois estavam com medo, apreensivos, mas não falavam nada. Havia apenas aquela pequena áurea de tensão sobre eles.

Assim que viraram na rua do museu, viram uma figura sentada na calçada na frente do lugar, e praticamente correram até lá. Maria estava com uma blusa moletom e com a touca sobre a cabeça, apesar de não estar frio o bastante para se usar uma roupa daquela.

— Vocês vieram. — Ela falou parecendo surpresa, levantando.

— Me admira que você tenha vindo. — Rebeca riu. — Essa ideia é loucura.

Ela deu de ombros. — Me parece uma boa maneira de se divertir em uma sexta à noite... — Olhou para a mochila que estava nas costas de Rebeca. — Por que você está de mochila...? Vocês não pretendem levar o livro, né? Isso não estava planejado — falou assustada.

— Não. — Rebeca respondeu. — Eu trouxe por causa da minha câmera. — Tirou uma alça do ombro, abriu a mochila e pegou a câmera, colocando a mochila de volta depois. A ligou e colocou no modo de gravação, a virando para gravar seu rosto.

— Eu sou Rebeca, esse é o Aloys. — Virou para ele. — E essa é a Maria. — Virou para ela, e voltou a virar para si. — Hoje nós vamos fazer algo que talvez nos arrependamos mais tarde, mas vamos fazer mesmo assim... E vamos torcer para que tudo dê certo. — Desligou.

— Você está me deixando com medo. — Maria falou a olhando. — Isso começou a ficar com cara de filme de terror.

Rebeca deu de ombros, pendurando a câmera no pescoço. — Vamos logo.

Os três passaram pela grade baixa que cercava o museu. Maria os guiou. Deram a volta, e Maria tirou uma argola lotada de chaves no bolso do moletom. Pararam na frente de uma porta dos fundos.

— Ainda bem que minha tia é meio desligada. Eu poderia ficar com isso o final de semana todo que ela não ia perceber.

— Ela tem as chaves de todas as portas desse lugar? — Rebeca perguntou.

— Sim. Mas não que ela precise, só deixam com ela porque ela é a funcionária do administrativo que mora mais perto. — Maria achou a chave e abriu a porta. Colocou a cabeça para dentro primeiro, e depois entrou.

Os dois a seguiram, e Maria voltou a fechar a porta. Tinha algumas luzes de emergência espalhadas pelo corredor extenso, que por sinal, era muito bizarro.

Maria foi na frente. Entraram na terceira porta do corredor, que estava destrancada, e eles saíram no saguão onde estavam as peças expostas, tendo as maiores iluminadas por pequenos holofotes no chão. Aatravessaram e foram para a ala onde estava o livro.

— Como não tem nenhum segurança aqui? — Rebeca perguntou.

— Mas para que precisaria de um? — Maria devolveu a pergunta. — Tipo, quem iria invadir ou roubar alguma coisa daqui?

— Talvez alguns loucos igual nós.

Entraram na ala do livro. Todas as vitrines estavam iluminadas. Chegaram perto da vitrine do meio. O livro estava ali, iluminado, e atrás dele estava um breu.

Se Rebeca tivesse uma boa imaginação, conseguiria imaginar algum espírito ali atrás.

Ela tirou esse pensamento da cabeça e olhou apenas para o livro. Não queria começar a ver coisas ou sairia correndo dali.

Ligou a câmera de novo e começou a gravar. — Aqui estamos depois de uma árdua batalha contra muitos soldados — disse filmando a vitrine do livro. — Estamos feridos, mas podemos andar. Ainda não chegamos onde queremos, mas graças a Maria isso logo será possível. — Filmou Maria, que estava curvada sobre uma luz no final da primeira vitrine, na frente da porta na qual precisavam entrar, procurando a chave. — Sem ela, nada disso seria possível.

— Ah, para, vou começar a chorar — disse com tom de brincadeira.

Rebeca virou a câmera para Aloys. — O que você tem? Está tão quieto.

Aloys parecia bem apreensivo. — Eu... não sei. Já disse que não estou com bom pressentimento.

— Estamos a alguns passos do livro e nada aconteceu. Não precisa ter medo.

— Não é medo. — A olhou, parecendo preocupado. — Eu só não sei o que pode acontecer.

— Pronto. — Maria encaixou uma chave na fechadura da porta, girou a chave e a abriu.

Entraram. O lugar era um corredor largo. Ali dava acesso direto a todas as coisas que estavam dispostas nas vitrines. Estava pouco iluminado, mas era o bastante para ver onde o corredor começava e onde terminava.

Maria andou e parou na frente do livro. — Prontinho. — O pegou e virou para os dois.

Rebeca deu um passo à frente para pegá-lo, mas quando piscou, Maria desabou no chão.

— Maria! — Rebeca se jogou de joelhos no chão ao lado dela. — Maria? Fala comigo. O que foi?

Ela parecia paralisada, olhando para o teto. Rebeca reconheceu aquela expressão. Era igual à dos meninos de mais cedo, que desmaiaram. Ao olhar para cima, não via nada além do teto branco, mas Maria parecia ver algo assustador.

— Maria? — Rebeca segurou seus ombros e os balançou de leve. — Fala comigo, o que você está vendo?! — Olhou para trás. Aloys olhava a cena parecendo petrificado. — Aloys, o que eu faço? Não fica aí parado, me ajuda!

Ainda meio paralisado, Aloys andou até ela, olhando para o livro que estava no chão. Agachou ao lado dela. — E-eu não sei. Eu falei que não estava gostando disso.

— I-sso só pode ser o livro, não é? Não tem como ser outra coisa. — Levantou, passou por cima de Maria e esticou o braço.

— Não! — Aloys quase gritou. Ela recolheu o braço na hora e o olhou. — Não toca nele.

— Será que tem um espírito nele?

— Parece mais uma espécie de proteção. Eu não duvidaria se você tivesse feito isso.

— Eu? Como?

— Pode ser que você tenha feito algum feitiço que protege o livro, antes de o esconder.

— E o que podemos fazer? Para desarmar essa coisa? — Tirou a mochila e a câmera do pescoço, e os colocou no chão, ao seu lado.

— Não sei. Só você poderia arrumar isso, mas é impossível. Você não se lembra.

Rebeca olhou para Maria, que ainda estava com a mesma expressão assustada.

— Parece que ela está vendo alguma coisa — falou em um tom preocupado, se ajoelhando ao lado da amiga. — E se ela não voltar ao normal? O que eu vou fazer? Vai ser tudo culpa minha. — Sentiu seus olhos ficando úmidos.

Aloys foi até ela e se agachou. — Eu posso tentar fazer uma coisa.

O olhou. — Não, Aloys, eu não posso arriscar. Não quero que você fique assim também.

— Não chore. — Passou o dedão em uma lágrima que havia escorrido na bochecha dela. — Eu sou o único que pode tentar arrumar isso, só eu que lembro de tudo.

— Mas...

— Não, você sabe disso. Não posso exigir nada de você, você não lembra. Eu que tenho que resolver isso. — Sentou na frente do livro.

Rebeca sentou-se do seu lado, também de frente para o livro. — Mas e se você não acordar? E se ela não acordar? O que eu vou fazer?

— Eu prometo que vou acordar. — Pegou a mão dela. — Prometo. Só fique comigo.

— Eu vou ficar — disse com a garganta apertando e mais algumas lágrimas escorrendo. — Eu tô com medo.

— Respira fundo. — Se ajoelhou na frente dela e depositou um beijo em sua testa. — Fique firme. Vamos conseguir. — Aloys voltou ao seu lugar, mas se deitou. — Não saia daqui, tudo bem?

Rebeca afirmou.

Em um movimento rápido, Aloys pegou o livro e o segurou em cima do peito. Dois segundos depois, ele era mais um que parecia ver algo. Mas logo em seguida, fechou os olhos.

Respirando fundo, Rebeca limpou o rosto com as mãos e virou, de modo que poderia olhar tanto para Maria quanto para Aloys. E então viu sua câmera, que estava com uma luz vermelha piscando. Tinha esquecido de parar de gravar.

A pegou, filmando a si. Fungou e limpou a garganta.

— Eu não sei o quanto isso gravou, mas as coisas ficaram mais estranhas do que eu imaginei. Eu... Eu espero que eles acordem, ou... — Tentou controlar o choro. — Eu não sei o que vou fazer. A Maria não tinha nada a ver com isso, e eu a meti nessa história idiota. Sinto muito, Maria. Você é tão legal, você não merece isso. E você... — Virou a câmera para Aloys. — ... você é um idiota... — Fungou de novo. — Por que fez isso? Eu não quero te perder — choramingou. Virou a câmera de volta. — Eu não sei o que vai acontecer. Eu estou sozinha, preciso ser forte e acreditar que eles estão bem e que vão acordar logo. — Respirou fundo e desligou o aparelho.


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Notas finais do capítulo

EITA PREULA ~corre



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