Não se case com ele escrita por Miss Houston


Capítulo 4
Capítulo 3




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— Minha mãe vai me matar! — reclamei tampando o meu rosto por conta do nervosismo. O barulho da agulha encheu os meus ouvidos deixando os meus pelos do braço arrepiados. — Não acredito que você está dando trela para as ideias de uma bêbada.

Hunter riu fazendo uma leve careta de dor quando a agulha entrou em contato com o seu bíceps. Por um segundo senti pena dele, já que pelo menos eu estava anestesiada com as bebidas que tinha tomado enquanto assistia o seu rodeio. Estávamos tagarelando sobre maneiras de comemorar quando meu cérebro irracionalmente me fez balbuciar a ideia de fazermos tatuagens iguais – que se completassem.

Nunca pensei que ele realmente fosse concordar. Hunter não parecia o tipo que combinada tatuagem com namoradas, ainda mais quando nem conseguia combinar as calças com a camisa. No entanto, ali estávamos. Com agulhas ligadas e tintas prontas para entrar em contato com nossa pele.

— Está com medo? — ele desafiou.

Bufei.

— Presta a atenção com que está falando — forcei meus bíceps como se para mostrar os meus músculos. Isso arrancou risadas dele e do tatuador que estava se preparando para pintar a metade do coração. — Jesus! — grasnei quando vi os movimentos rítmicos que eram feitos. — Você não precisa dar uma de machão toda hora, Hunter. Pode gritar.

— Pode mesmo. — o tatuador concordou sem desviar a atenção do seu trabalho. — Já vi homens maiores que você chorando só com o som.

— Não posso, se não ela vai sair correndo — mexeu a cabeça na minha direção. Por mais que estivesse sorrindo, tinha uma parte de mim que sabia que ele falava sério. — Além disso, tenho quase certeza que ela está toda assustada porque está pensando em me dar um pé na bunda e não quer carregar essa marca no corpo para sempre.

— Você é um idiota! — reclamei. — Vou fazer essa tatuagem sim e se um dia te der um pé na bunda, não será um problema. Não vou marcar suas iniciais — dei de ombros. — Na verdade, isso será uma bela marca de viúva quando o boi passar por cima de você.

— Você não quis dizer “touro”?

Bufei de um jeito engraçado.

— Tanto faz. Eles ainda podem te esmagar.

Hunter olhou para o tatuador risonho.

— Está vendo como sou tratado?

— Estou. Digno de pena.

— Essa mulher não tem pena de mim.

Revirei os olhos.

— Podem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui. — aproximei-me e parei do lado de Hunter, tocando na ponta dos seus cabelos loiros. Olhei-o suavemente querendo transbordar todo aquele sentimento que tinha dentro de mim, sobrepondo o álcool. — Eu não vou desistir. — afirmei com firmeza na voz.

Queria que ele soubesse que eu não estava falando apenas da tatuagem, mas de tudo o que ela representaria para nós dois. Ele entrelaçou nossas mãos juntas – apertando periodicamente por conta da dor – e não tirou os olhos do meu rosto durante todo o processo. Desejei ler os seus pensamentos e saber se eram semelhantes aos meus. Semelhante aos meus planos.

 No entanto, quando estava com Hunter era fácil me esquecer dos planos para o futuro. Ele conseguia manter os meus pés no presente. Destruindo o nosso momento, o tatuador pigarreou dando dois tapinhas nas costas de Hunter, sinalizando para que levantasse.

 — Sua vez! — gesticulou para a cadeira e eu respirei fundo.

 — Se quiser desistir... — Hunter deu uma brecha.

 Respirei fundo balançando a cabeça.            

 — Não vou desistir. — sentei na cadeira.

 Hunter me olhou orgulhoso e ergueu nossas mãos ainda entrelaçadas.

 — Eu vou estar com você até o final.

Não consegui pronunciar nenhuma palavra de agradecimento antes do grito de dor quando a agulha tocou a minha pele e começou a pintá-la. Por mais que quisesse largar tudo e ir correndo para casa enfrentar a fúria de minha mãe, enfrentei o medo e deixei que minha pele fosse marcada.

 

                                                                 **********

 

Só percebi que tinha dormido quando de fato acordei. Demorei a diferenciar a lembrança que meu sonho tinha produzido da realidade que estava vivendo. Meu estômago roncou por conta do cheiro de comida que preenchia o quarto e encontrei Hunter sentado na beira da cama assistindo televisão enquanto comia um hambúrguer. Com a minha movimentação, ele me encarou ainda mastigando e piscou travesso.

Tudo o que estava acontecendo voltou a minha mente com uma rapidez chocando. Levantei como um furacão e saltei da cama como se pegasse fogo. Quase tropecei na barra do vestido, conseguindo recuperar a postura no último segundo.

— Está com fome? — Hunter indagou com naturalidade. Apontou para o canto do quarto onde tinha uma sacola de papel. — Tem mais alguns hambúrgueres ali. Você gosta do seu com queijo ainda?

Quebrando minha resistência, encarei a sacola por mais tempo do que deveria e senti meu estômago reclamando novamente. Tinha me abstraído de comidas gordurosas – e saborosas – nos últimos sete meses para caber no vestido. Por mais que a meta tivesse sido alcançada, minha boca ainda salivava só de pensar em um hambúrguer na minha boca. Cruzei os braços e bati o pé com força no chão para disfarçar os barulhos que minha barriga fazia.

— Estou com pressa, isso sim! — reclamei.

Sua cabeça pendeu para a esquerda e seu sorriso ficou mais suave.

— Não quer mesmo comer nada? — esticou o hambúrguer na minha direção, me dando uma bela visão do queijo.

Com toda a minha força de vontade, desviei o olhar.

— Quero sim! O bufê do meu casamento. — respondi teimosa. Hunter bufou com a minha resposta e voltou a sua atenção para a sua comida. Apressei meu passo até estar na frente dele e esperei que me olhasse. — Estou falando sério, Hunter! Eu quero ir para casa.

— Casa ou para seu casamento?

Senti meu rosto ficando vermelho de raiva e dei um tapa em seu hambúrguer quando ele ameaçou mordê-lo.

— Eu quero ir para qualquer lugar longe de você, Hunter! Sabe o por quê? — comecei a gritar com toda a força dos meus pulmões. — Porque desde que colocou os pés na minha vida tudo se transformou em uma bagunça! Tudo o que eu queria era seguir padrões: Me formar, me casar e ter filhos. Nada nos meus planos incluía um cowboy me raptando — ele se levantou lentamente deixando nossos rostos quase na mesma altura, forçando-se a encarar os seus olhos sem a chance de desviar. — Eu não quero tudo bagunçado de novo.

Minha respiração estava entrecortada fazendo com que meu peito pesasse. Hunter tentava manter o rosto neutro, mas eu conseguia ver o choque que minhas palavras tinham causado nele. Estava lutando internamente para desassociar duas épocas e dos Hunter diferentes. Era difícil, principalmente quando meu coração batia exatamente do mesmo jeito que há anos. Ficamos em silêncio por alguns segundos até que ele cedeu e olhou para o outro lado.

— Você não sente mais nada por mim? — sussurrou.

Abri a boca pronta para cuspir a resposta em seu rosto – por mais que não soubesse qual era – quando ele piscou e se afastou. Fiquei confusa e me virei na direção da televisão. Arfei, pondo minha mão na boca. Meu rosto estava aparecendo junto com a manchete do meu sequestro e – se eu não estivesse ficando totalmente louca – a câmera da gravação ao vivo estava mostrando a fachada do prédio que estávamos naquele momento.


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