Amor e Revolução escrita por Annie Chase


Capítulo 2
Capítulo 02


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/730914/chapter/2

O casamento atraiu muita gente. Quase todo o país estava agora esperando ansiosamente para ver a nova rainha ao lado do rei recém proclamado. As pessoas passavam apressadas pelas ruas, todos usavam suas melhores roupas, como se tivessem sido convidados a comparecer à cerimônia. Algumas crianças corriam pelas ruas com miniaturas de coroas de reis e rainhas. Sentia a cólera em meu corpo. Como pode ser tão fácil manipular o povo? Será que eles não percebiam que era tudo falso? Será que não lembravam que um golpe ocorreu?

A futura rainha foi tirada a força do trono, enquanto seu primo ardiloso tomava o país pouco a pouco, conquistando os generais e comprando os conselheiros. A família Dare estava no poder desde que esse país foi construído. Não que a família fosse constituída dos melhores governantes, mas nada justificava o golpe de Castelan.

Muitas mudanças ocorreram em pouco tempo. Mas as pessoas pareciam não perceber. Castelan deu o golpe, mas em seguida contou a todos a respeito de seu amor proibido por uma plebeia e as pessoas pareceram comprar sua farsa apenas para não lidarem com o fato de que estavam condenados e possivelmente ficando, a cada segundo, ainda mais miseráveis que antes.

—Pare de encarar as pessoas assim. Elas não tem culpa. –a voz de Thalia ao meu lado me desviou de meus devaneios. Ela estava certa, por mais que eu odiasse admitir.

—Sinto muito. Só não consigo deixar de me sentir indignado. –falei enquanto virámos a esquina para pegar um atalho por entre os becos do centro.

—Melhor guardar a sua indignação para depois. Precisamos passar despercebidos, não iremos conseguir se você ficar distribuindo olhares de ódio. –ela disse enquanto tentava inutilmente arrumar a peruca loira que escondia seus cabelos pretos desfiados. Normalmente eu estaria importunando-a por suas vestimentas, mas hoje estava nervoso demais em relação ao que deveríamos fazer.

—Acha que vamos passar com facilidade? –perguntei sem olhá-la nos olhos.

—Só temos essa chance. –ela disse depois de um longo suspiro.

—Thalia, se alguma coisa acontecer... –comecei, mas ela interrompeu minha fala.

—Nada vai acontecer, Percy! –ela falou um pouco mais alto do que pretendia e rapidamente buscou se misturar à multidão.

—Eu só quero me prevenir, está bem? Não podemos ter certeza e temos muito, mas muito a perder. –olhei sugestivamente para ela, que se retraiu durante alguns segundo, em seguida, levou as mãos ao ventre e continuou andando, ainda que tensa.

—Vamos ficar bem. Todos vamos –ela sussurrou a última frase, mas eu consegui ouvir da mesma forma.

Thalia sempre foi a mais forte de nós dois. Nossa vida nunca foi fácil, mas ela sempre foi forte, mesmo quando não queria ser. Mas agora, mesmo que ela se mostrasse forte e destemida diante das situações, eu sabia que ela estava com medo. Mesmo que sua voz estivesse sempre firme, suas mãos por vezes tremiam. Normalmente, ela não pensaria duas vezes antes de se alistar para uma missão potencialmente suicida como a de hoje, mas agora ela tinha algo a temer, mais do que só sua vida para proteger.

A condição de Thalia não a fazia mais fraca, muito pelo contrário, eu percebia nela uma força incomum que só observei em minha própria mãe quando ela lutou para proteger a mim e a minha prima tal como uma leoa quando éramos crianças e os monstros nos perseguiam sem pena. Ela não quis me dizer que era o pai e isso pouco importava para mim. Mas eu temia que a criança tivesse o mesmo destino imprevisível que o nosso. As vezes nos destinos são selados antes mesmo de nascemos, devido ao sangue que corre em nossas veias.

—Vamos virar na próxima esquina e pegar a passagem. –ela disse enquanto desviava de uma fileira de crianças vestidas de príncipes e princesas. Dobramos e nos esgueiramos por um beco escuro e sujo, afastado da multidão e ligeiramente fétido. Thalia se posicionou à frente de um tonel de lixo e tentou empurrá-lo, sem sucesso. Toquei seu ombro delicadamente e pedi que ela se afastasse. Ela me lançou um olhar de ódio, mas mesmo assim afastou-se. Puxei a estrutura com facilidade para meu lado esquerdo, só o bastante para que nós passássemos pela abertura.

—Temos que ser rápidos –falei enquanto puxava a tonel do lado de dentro para fechar a passagem.

—Deixe-me ir à frente. –ela pediu passando por mim sem esperar resposta e produzindo pequenos raios azuis que iluminavam o caminho, deixando o ar carregado por uma atmosfera elétrica sinistra, mas estranhamente familiar para mim, que já vira fazer esse truque diversas vezes. –Devem estar no meio da cerimônia agora, o que deve nos dar cerca de 15 minutos até não termos mais tempo.

Corremos pelos túneis, não sem que nos batêssemos e ralássemos nossos braços nas paredes rochosas e úmidas. Os túneis eram nossa melhor chance de chegar ao castelo antes que as portas se fechassem para a festa de três dias que fora prometida pelo Rei. Nosso plano era bem simples: adentrar no castelo. Fazer contato com os membros infiltrados da resistência e espionar o rei até que encontremos algo que possamos usar contra ele, para tirá-lo do poder e restabelecer a ordem.

—Percy, estamos perto... –sussurrou Thalia. –Acho que eles já estão aqui.

Ouvimos passos se aproximando e, por um segundo ou dois, temi que nosso plano tinha sido descoberto e que seríamos mortos nos túneis. Levei minha mão institivamente para a adaga que consegui trazer escondida presa à minha cintura.

—Finalmente! –disse uma voz familiar. –Achei que não viriam mais. –Nico, segurando um candelabro com quatro velas derretidas pela metade, parecia maia nervoso que nós. Ele soltou o ar, aliviado, antes de se aproximar de Thalia e lhe dar um abraço desajeitado, em seguida dirigiu-se a mim, repetindo o gesto.

—Estamos atrasados? –Thalia perguntou arrumando o casaco.

—Chegaram bem na hora. Temos que correr e colocar Percy no castelo antes da troca de guarda da rainha.

—A rainha? –questionei intrigado. –O que a rainha tem a ver com isso?

—Mudança de planos, Percy. Precisamos estar mais próximo do contato da resistência. Eu não posso deixar você se infiltrar sem ter certeza de que está perto da pessoa correta. Seu contato vai estar próximo à rainha, assim como você. –explicou enquanto começava a andar e gesticulava para que o seguíssemos apressado.

—Mas isso muda completamente o plano. Eu achei que faria parte da patrulha do castelo.

—Esta ideia é bem melhor... –disse Nico nos empurrando por um túnel ainda mais apertado e de teto baixo. – Pense bem, a rainha é a chave para a manutenção da farsa do reino. Se provarmos que o romance é uma farsa, poderemos desmoralizar o rei. Sem falar que se ela concordou em participar disso, ela deve saber mais alguma coisa comprometedora.

—Não estou entendendo ainda...

—Percy, seu trabalho é muito simples. –ele disse, parecia estar perdendo a paciência. –A resistência concorda que você é a melhor pessoa para seduzir a rainha.

—...

—Ganhe a confiança da rainha. Faça-a confiar em você e, o mais importante, faça-a contar tudo o que o rei planeja.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Deixem comentários
Favoritem



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor e Revolução" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.