Amor e Revolução escrita por Annie Chase


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Cá estou eu mais uma vez tentando voltar a escrever uma boa e velha história.
Tenho esperanças sobre essa.
Ah, eu adoro começar com casamentos!



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Pov: Annabeth

Muitas pessoas vieram ao casamento. Meu casamento, aliás. Mas eu não me sentia do jeito que eu imaginava que as noivas se sentiam antes de subirem ao altar. Eu me sentia como um fantoche, o qual era manipulado de acordo com a necessidade. As criadas designadas para a tarefa de me produzirem para o grande evento não paravam de repetir o quanto eu era sortuda por estar prestes a me casar com o mais novo soberano de nosso pequeno reino. Levando em consideração minha posição social, nada mais justo que as pessoas que não faziam ideia do que estava por trás de meu matrimônio considerassem um milagre ver que alguém “do povo” como eu estivesse prestes a ocupar uma posição tão elevada. 

Talvez as criadas estivessem certas e eu devesse me sentir grata à sorte por trilhar para mim um caminho diferente do natural para as outras pessoas como eu: a servidão aos senhores poderosos. O problema é que eu não conseguia parar de me sentir sozinha e sufocada em meio a esta encenação matrimonial. Hoje, minha única função é dizer um sonoro e animado “sim” quando aquela perniciosa pergunta me for direcionada. Basta dizer “sim”, pelo menos por enquanto. O papel que aceitei deve ser exercido durante toda a vida, sem exceção. Cada respiração minha deve fazer parte do cronograma. Em troca de minha boa atuação, ao menos, estaria segura diante de todas as mudanças as quais estavam tomando a nação. “Sua colaboração será mais do que recompensada” –eles disseram. Espero que seja verdade.

Pouco antes das criadas deixarem meus aposentos, para que eu tivesse alguns segundos em paz antes da cerimônia, um dos guardas bateu à porta e entregou-me em um envelope selado com o novo brasão real. As criadas olhavam curiosas, certamente esperando que ali estivesse palavras do rei, mas eu sabia muito bem do que se tratava. Pedi as moças de deixassem e elas se retiraram do quarto indignadas por não terem conseguido descobrir o que eu acabara de receber. Sorte delas.

“Lembre-se de sorrir. Hoje todos os olhos estarão voltados para você” – o bilhete era curto e grosso, tal como eu imagina ser toda e qualquer relação que eu teria contato a partir de agora. A mensagem era um lembrete constante de que eu não poderia falhar, especialmente hoje. Meu noivo e o resto do reino esperava que tudo fosse perfeito após os últimos acontecimentos, de uma forma ou de outra, meu casamento não passava uma distração para que as pessoas deixassem de pensar na guerra e no golpe que acabaram de sofrer e se concentrassem em um “verdadeiro conto de fadas”.

Era uma história muito bonita a ser contada: a jovem e humilde plebeia conquistou o coração do príncipe. Mas as regras da corte diziam que eles nunca poderia ficar juntos, pois a moça não era de sangue real. Então, diante daquela situação e impulsionado não só por pelo amor que sentia pela jovem, mas pelo o desejo de que o povo não mais convivessem com as estúpidas regras impostas pelo rei, o príncipe tomou a coroa para si, expulsando os que estavam na linha de sucessão e se intitulando o soberano com o apoio dos conselheiros reais, os quais desejam a renovação da linhagem.

Uma linda história para contar ao povo. Uma pena não ter sequer uma vírgula verdadeira. O príncipe nunca esteve apaixonado por mim. Ele sequer me conhecia antes de tornar-se rei. Seu desejo de tomar o reino já era conhecido e debatido na surdina da corte. Os conselheiros do rei já pretendiam traí-lo quando este decidiu que os velhos não deviam gozar de tantas mais regalias da corte. O príncipe só uniu interesses. Ele nunca seria rei, estava longe da linha de sucessão. A princesa herdaria o trono do pai e seria a primeira rainha. Mas ela não foi esperta e forte o bastante para lidar com os anseios do primo.

E aqui estamos agora. A plebeia virou princesa e ninguém faz ideia de onde a verdadeira princesa possa estar agora. Talvez estivesse escondida reunindo forças para voltar e tomar seu reino ou então está em algum calabouço do castelo lutando pela vida. Suspirei pesadamente. Apreciei o fato de estar sozinha no quarto por, pelo menos, alguns minutos antes de nunca mais poder ficar sozinha de agora em diante. O espelho perto de mim mostrava o belo vestido que cobria meu corpo com uma renda branca e pequenos cristais brilhantes espalhados pelo corpete apertado. Meu cabelo estava preso em uma meia lua, os cachos soltos desciam pelas minhas costas e a porção presa estava adornada com uma tiara não oficial, mas repleta de diamantes. Era uma bela visão. O problema é que eu não reconhecia meu próprio reflexo. Aquela não era eu, nunca seria.

—Quem é você? –perguntei para a moça do espelho. –Quem você vai ser?

Duas batidas na porta antecederam a abertura da porta e a presença de um dos guardas do palácio. Ele avisou-me que era hora de descer ao salão principal e fazer minha grande entrada.

—O rei está esperando a senhorita no altar. –ele anunciou e me fez uma reverência sem jeito, acho que ele, assim como poucos outros, lembravam que eu, poucos dias atrás, estava limpando a poeira dos cômodos.

Assenti sem verbalizar nenhum dos meus pensamentos. Respirei fundo e levantei um pouco da saia do vestido para que não arrastasse no chão. O guarda me ofereceu a mão as costas da mão para que eu apoiasse a pão da minha mão enluvada e ele pudesse me conduzir solenemente pelo longo corredor até a escada. Outros guardas estavam dispostos no corredor e todos realizaram uma reverência quando passei por ele tentando manter um ar soberano. Desci as escadas com dificuldade, mas sem perder a expressão fechada.

—Senhorita Chase! –disse animadamente uma voz feminina que eu não reconheci. Uma moça que aparentava ser um pouco mais velha que eu se aproximou aos pulos com um vestido esvoaçante de tom claro arrastando ao chão. –Permita-me dizer o quanto está bela! A noiva mais bonita que o reino já viu. –disse antes de soltar um suspiro. A encarei sem entender o motivo de sua animação.

—Modos, menina! –um dos guardas elevou o tom de voz para a moça, que encolheu os ombros, mas não perdeu o brilho dos olhos bonitos.

—Perdão, senhorita se a importunei com meus modos. –ela disse solenemente do mesmo modo automático e forçado que a maioria das pessoas utilizava quando conversava com alguém de posição superior.

—Não precisa desculpar-se. –declarei olhando-a nos olhos e tentando passar segurança. –Qual seu nome?

—Me chamo Silena. Serei sua dama de companhia e, no momento, também serei sua dama de honra se assim permitir.

—Muito bem, Silena. Podes seguir com suas funções, em nada sua presença me incomoda. –elevei um tanto o tom de voz no final da frase para que o guarda que antes falou com minha dama se retraísse. Obtive o efeito desejado.

—Creio que a senhorita deveria se posicionar para a entrada. –o guarda me alertou e eu apenas assenti com a cabeça. Silena me entregou algumas rosas vermelhas como sangue, cuidadosamente amarradas com um longo laço de seda.

Alguns homens fardados se posicionaram próximos à porta. Silena colocou-se à minha frente. Uma música suave tomou conta do lugar e os passos graciosos de minha nova dama de companhia se seguiram antes dos meus. Em seguida, a marcha nupcial começou a tocar e eu respirei fundo antes de começar a caminhar.

E o jogo se inicia agora. Meu noivo me espera do outro lado do altar e os olhos azuis dele pareciam me fuzilar, ainda que um sorriso forçado estivesse tomando seu rosto. “Lembre-se de sorrir” –lembrei da mensagem que me foi entregue e me obriguei a sorrir também.

Os convidados soltaram suspiros de comoção. Muitos elogios foram direcionados ao meu vestido e a minha beleza, por mais que isso fosse difícil de imaginar. Poucos dias atrás eu estava trabalhando para algumas dessas pessoas, mas nenhuma delas tinha sequer olhado em minha direção. Mas agora eu as estava olhando de cima. Eu era a pessoa mais importante do momento. As reverências delas, ainda que parte da formalidade, me fizeram erguer a cabeça e caminhar ainda mais elegante, tal como me foi ensinado.

Quando eu finalmente cheguei ao final do corredor, o rei estendeu-me a mão e eu a segurei delicadamente. Ele me conduziu até ao altar e ficamos lado a lado. Os dedos dele se cruzaram aos meus em um aperto firme. Um lembrete de que era ele quem me mantinha ali.

—Está pronta para ser rainha? –a voz rouca dele próxima ao meu ouvido me fez tremer, mas eu não podia parecer fraca. Olhei em sua direção e mantive e sustentei seus olhos.

—Estou. –declarei. O próximo passo era apenas dizer “sim”.


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Notas finais do capítulo

É isso aí *-*
Deixem reviews
Favoritem e tals
Ah, me indiquem fanfictions legais, preciso ler algo bom.



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