Diva escrita por Palas Silvermist


Capítulo 8
Capítulo 08 – Um pouco de Sirius Black




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No início de fevereiro, a maior parte da neve havia derretido, embora nos jardins ainda fossem vistos apenas os esqueletos das árvores. As nuvens cobriam o céu, e chovia de vez em quando. O vento frio continuava soprando e forçando as janelas do castelo a permanecerem fechadas.

Eram onze horas da noite da sexta-feira do primeiro fim de semana do mês quando a porta do dormitório masculino se abriu.

—Já voltou? – James estranhou

—Já. – Sirius respondeu tirando o cachecol e o jogando sobre seu travesseiro

—Ela não era bonita o suficiente? – Remus perguntou sarcástico

—Até era. – o amigo respondeu tirando a capa e pendurando no pé da cama

—Então? – fez James

—Ela me cansou. – disse Sirius – Não tinha assunto.

James e Remus se entreolharam.

—Ah, não, para. – falou Remus – Prongs, tranca a porta. Temos que vigiar esse indivíduo por uma hora até o efeito da Poção Polissuco acabar.

—Com certeza. – James riu

—O quê?

—Padfoot, desde quando você se incomoda com a falta de assunto delas? – James perguntou

—Ah, sei lá. – disse ele displicente – Eu disse, ela me cansou. E de qualquer jeito, é bom para aproveitar e dormir. Amanhã começa a lua cheia.

—Obrigado por me lembrar, Padfoot. Eu tinha esquecido. – falou Remus com ironia

—Como eu dizia, - continuou James – desde quando você se incomoda com a lua cheia estar perto para marcar um encontro?

—Que diferença faz? Ela só era particularmente chata. – Sirius perdeu a paciência e entrou no banheiro

Remus e James se olharam mais uma vez. Certamente havia alguma coisa estranha com Sirius.

… … … … … … … … …

Na manhã seguinte, Rachel estava sentada a uma das mesas do Salão Comunal se revezando entre dois livros e três pergaminhos para terminar a redação do professor Smith. Com a cabeça baixa, seu cabelo, que ia até pouco abaixo do queixo, caía cobrindo seu rosto. Criaturas dos pântanos haviam sido ruins… criaturas das montanhas estavam sendo ainda piores.

Concentrada, ela teve um sobressalto quando alguém levantou seu cabelo delicadamente colocando-o atrás da orelha.

—Desculpa. – falou Sirius ao seu lado – Não era a intenção assustar você.

—Tudo bem. – ela respondeu sem conseguir olhar para ele – É só que você fez menos barulho do que Dília.

O rapaz riu de leve e passou a mão pela cabeça da gata que estava no colo dela.

—Precisa de ajuda em DCAT?

—Ah, eu… não, não precisa, obrigada. – disse limpando o grosso pingo de tinta que tinha caído no papel com o susto.

—Tem certeza? – ele perguntou notando nela uma certa crispação nervosa incomum

—Tenho. – ela finalmente o encarou

Rachel sabia que, no caso dela, em DCAT, quanto mais ajuda melhor. Mas com relação a Sirius, quanto mais perto, pior…

Alguém se aproximou deles e estava atrás de Sirius.

—Me fala que não é a Alex. – ele cochichou

—Não. São Bela e Lily.

—Por que, Sirius, está para levar outra detenção? – Bela perguntou bem humorada

—Não que eu saiba. – ele respondeu se levantando

—Então? – fez Lily

—Por mais que eu me divirta com Alex, vocês tem de concordar, ela tem uma TPM mais constante que a fome de Peter.

O rapaz riu se sua própria piada. Inesperadamente beijou a mão de Rachel dizendo um “tchau, Rach” e saiu do Salão Comunal.

Bela ficou olhando inconformada para as costas do Quadro da Mulher Gorda.

—Sirius às vezes é realmente… - ela interrompeu a si mesma ao notar a amiga – Por que ficou vermelha, Rach? – sua voz e seu rosto mudaram quando percebeu – Você gosta dele.

—O quê? Não. – fez Rach rapidamente

—É claro. – fez Bela com ares de detetive – Você abaixa a cabeça quando uma das “acompanhantes” dele chega perto da gente, anda parecendo ainda mais tímida quando ele está por perto, sorri quando ele fala com você… e está ficando mais vermelha. Como eu não percebi antes?

—Lily, por favor, faça-a parar. – Rach pediu exasperada

—Bom, eu não gabo o seu gosto, - Bela parou como se não tivesse sido interrompida – mas ajudo você.

—O quê? – fez Rach aflita – Bela, o melhor que pode fazer é esquecer essa história. Eu não gosto dele, é só... uma queda. – ela tentou convencer a si mesma – Eu nem quero gostar dele. Não sou o tipo de pessoa para ele e vice-versa.

—Rach…

—Bela, por toda consideração que tiver por mim, – ela levantou – não.

—Está bem… se Sirius não fosse quem é, eu insistiria. Ah, droga! – disse olhando no relógio – Quase esqueci. Prometi a Alice que ia treinar Feitiços com ela. – e saiu em direção ao corredor

—Acredito em tudo o que disse, Rach. – Lily falou ao lado dela olhando pra frente – Menos em uma coisa – ela olhou para a amiga – Você gosta dele. E sabe disso.

—Você já sabia?

—Tinha uma ideia.

—E por que acha que não é só uma queda?

—Pelo jeito que você é, Rach. – disse gentilmente – Você até pode ter tido uma queda por ele, mas deve ter sido tão rápido que nem percebeu.

—É como um resfriado, Lily. – disse a amiga chateada – Vai passar.

—Se você diz…

… … … … … … … … …

De tarde, Alex entrou na sala de aula vazia logo antes de mais um ensaio e encontrou Sirius pronto para enfeitiçar seu roteiro. Ainda perto da porta, ela falou em um tom muito claro:

—Faça isso, que eu terei o prazer de acertar um salto na sua cabeça.

Em um tom divertido e nem um pouco arrependido, ele perguntou:

—Um salto fino, ou um daqueles mais largos?

—Eu acerto os dois. – ela respondeu – O que fizer mais estrago eu acerto de novo.

—Assim você me deixa sem graça.

—Sirius, - ela suspirou entediada – a criatura que efetivamente conseguir deixar você sem graça merece um prêmio.

O rapaz deu sua risada canina de costume enquanto as outras pessoas chegavam.

—Que fixação como meu roteiro.

—Eu jamais faria alguma coisa com o seu roteiro, Alex.

—Essa é a parte que você finge que me engana, e eu finjo que acredito. É a minha deixa. – Alex levantou a voz – Certo. Vamos começar pelo segundo ato, que foi o que deu mais problemas no último ensaio…

Já era a quinta vez que repassavam aquela cena... e Arthur Bridges conseguiu errar a mesma fala pela quinta vez.

Alice olhou para Alex esperando-a perder a paciência. A amiga respirou fundo.

—Vamos pular essa parte por enquanto. Bridges decore melhor suas falas para semana que vem, sim? Cena oito. – ela chamou

Alex, como sempre, foi a última a sair. Dessa vez, Gustavo a esperava no corredor.

—Hei. – ele a segurou pela mão – Estou orgulhoso. – ele brincou

—Pelo quê? – ela estranhou

—Achei que fosse explodir quando Bridges esqueceu a fala pela quinta vez em menos de meia-hora…

—É, eu também achei que fosse. – ela olhou para o alto

—Aqui. – ele lhe estendeu uma embalagem azul

—Um Sapo de Chocolate? – ela o pegou de sua mão

—É um incentivo… para manter sua pressão arterial em níveis mais baixos…

Ela sorriu.

—Justo.

—E pela resposta que deu a Sirius quando eu estava entrando. – ele segurou parcialmente um sorriso – Foi criativa.

—Obrigada. – ela inclinou a cabeça agradecendo bem humorada

… … … … … … … … …

Cerca de duas semanas depois, Smith terminou a última aula teórica sobre criaturas das montanhas e pediu aos alunos para se levantarem. A um aceno de sua varinha, as carteiras foram desconjuradas e as mochilas dos alunos encostadas na parede.

—Já faz um tempo que vi os senhores duelando… Espero que tenham praticado desde aquele dia.

—Ai… - fez Rachel muito baixo

—Vai dar tudo certo. – Sirius falou ao ouvido dela – Você já conseguiu até estuporar.

—Um cachorro, Sirius. – ela sussurrou preocupada – Um cachorro indefeso.

—Você vai se sair bem.

Sirius colocou a mão sobre o ombro dela e Rachel precisou respirar fundo.

O professor andou pela sala posicionando duplas aleatórias. Ou, supostamente aleatórias.

—Evans e Carrey fiquem aqui. – ele apontou Lily e Alex para um canto no fundo da sala; mais a frente chamou – Turner e Black aqui.

Rach prendeu a respiração. Se acreditasse em destino, diria que ele estava lhe pregando uma peça. Qual a parte de “ela achava melhor ficar longe de Sirius” ele não tinha entendido?

Não bastasse isso, Sirius era muito bom em duelos. Qual era a graça de colocá-lo para fazer dupla com ela, que, quando tinha sorte, era um fiasco?

Depois de espalhar todos os alunos pela sala magicamente ampliada e dar o sinal para que começassem, Smith foi até os dois.

—Como um exercício, vou limitar os feitiços que podem usar. Ele falou algo para Sirius que a garota não pôde ouvir. Ela sentiu um peso no estômago quando ele virou-se para ela e disse ao seu ouvido?

—Qualquer feitiço para defesa. Stupefy para ataque. E quero vê-la atacar.

Ficando à mesma distância dos dois, Smith falou:

—Podem começar.

Sabendo que ela jamais atacaria primeiro, Sirius se adiantou:

Expelliarmus.

Protego. – fez a garota em um reflexo

—Realmente um cavalheiro, senhor Black. – disse Smith – Mas essa não é a melhor hora para isso.

Confundo.

Rach também conseguiu rebater esse. Ela precisava se concentrar, tinha de atacar. E não podia demorar.

Densaugeo.

Stupefy.

—Protego.

Ainda que ela conseguisse fazer um feitiço que funcionasse, qual era a chance de conseguir fazê-lo acertar em Sirius?

—Mais rápido. – instruiu Smith

Confundo.

—Protego.

—Caesa.

Esse último atingiu o braço esquerdo de Rach rasgando a manga de sua camisa e cortando seu braço.

—Ai! – ela encolheu seu braço, mas não havia tempo – Stupefy.

Contra tudo o que achava possível, ela viu o amigo cair no chão inconsciente. Sem pensar em mais nada, se aproximou com pressa e se ajoelhou ao seu lado. O professor fez o mesmo com um discreto sorriso de satisfação.

—Bom trabalho, senhorita Turner. Faça-o acordar.

Ennervate. – disse ela preocupada para sua varinha.

O rapaz abriu os olhos devagar e pareceu demorar alguns segundos até perceber onde estava. Sorrindo de leve por um dos cantos da boca, falou:

—Muito bem, Rach.

—Estique o braço, senhorita Turner.

O professor murmurou um encantamento e fechou o corte cessando a dor aguda que ela sentia.

—Estão dispensados do resto da aula. Senhor Black, vá até a Ala Hospitalar e peça a Madame Pomfrey uma poção revigorante. Estará novo em cinco minutos. – ele estendeu a mão para ajudar o rapaz a se levantar

Os dois saíram para o corredor, e Smith voltou sua atenção para outra dupla.

—Você está bem?

—Estou. – Sirius riu de leve da preocupação dela

Uma vez na Ala Hospitalar, a enfermeira deu a poção que Smith havia indicado.

—E essa manga cheia de sangue, senhorita Turner?

—Não é nada, Madame  Pomfrey. Foi só um corte, mas o professor Smith já fechou.

—Por que os homens não podem fazer um trabalho mais limpo? – a enfermeira reclamou

Murmurando feitiços para sua varinha, a senhora limpou o tecido e voltou a fechá-lo.

—Pronto. – disse ela – Podem ir.

No caminho até a Torre da Grifinória, Sirius notou que Rachel estava um pouco mais quieta do que de costume.

—Você está bem? – ele perguntou

—Você me deixou estuporar você, não foi? – ela perguntou

—Eu ia deixar. – ele respondeu – Mas nesse caso, o mérito é seu. Quando vi que tinha conseguido cortar seu braço, não achei que fosse aproveitar para atacar e não tive tempo de me defender.

—Mesmo? – ela olhou para cima para o rosto dele ainda desconfiada

—Mesmo, Rach. Você me ensinou a não menosprezar meus oponentes, não importa o quanto doces eles sejam…

Rach abaixou a cabeça e corou com o comentário, Sirius sorriu e os dois continuaram andando em direção ao Salão Comunal.

uando tinha sorte, era um

Milagrosamente, James tinha conseguido acordar sozinho naquele dia dois de setembro. Bom, quase. Foi preciso aquele menino do seu dormitório, qual era o nome mesmo?… Remus, chacoalhá-lo, mas não precisou de algo como sua mãe arrancando suas cobertas para que ele levantasse. Também não era tão cedo assim, porém, dado seu histórico, já era um avanço.

Estava virando um corredor para ir ao Salão Principal quando alguém bateu nele fazendo os dois caírem no chão.

 —Ei! – ele reclamou

—Desculpe. – falou uma menina de cabelos vermelhos separados em duas tranças e olhos muito verdes

—Tudo bem. – ele falou massageando o cotovelo que tinha batido na fria parede de pedra – Por que tanta pressa?

—Esqueci meu livro de Poções no dormitório.

—Certo… James Potter, Grifinória. – ele estendeu a mão

Com um olhar peculiar, a garota o encarou antes de apertar a mão dele dizendo:

—Lily Evans, Grifinória.

Agora que ela falara, lembrava do rosto dela na Cerimônia de Seleção no dia anterior.

—Eu preciso ir. – ela disse e saiu andando rápido pelo corredor.

James ainda virou para ver as tranças dela balançando com o movimento apressado.

James acordou e cobriu os olhos com o braço quando Sirius abriu o cortinado de sua cama.

—Vamos, Bela Adormecida, já está na hora. – falou o amigo

Era manhã do último sábado de fevereiro, todo o castelo tomava café. Era dia de Jogo de Quadribol: Grifinória vs Corvinal.

—Bela, guarda um lugar pra mim? – pediu Lily – Vou lá em cima buscar um cachecol. Está ventando mais lá fora do que eu achei que estivesse quando saí da Torre.

—Guardo.

—Ah, - ela virou-se para o Maroto ao seu lado – se não o vir até o jogo começar, boa sorte, James.

—Obrigado. Lily, - ele a chamou – ainda prefere me chamar de Potter em vez de James?

Olhos de cristal o avaliaram por um momento.

—Não. – ela disse por fim

James ficou com os olhos e a voz de Lily na cabeça e resto do café da manhã e no caminho pelos jardins até entrar no vestiário e se concentrar no jogo que tinha pela frente.

A partida durou cansativas três horas sob um céu nublado e um vento frio. Por muito pouco, James perdeu o pomo para o apanhador da Corvinal. Por sorte, os artilheiros tinham aberto uma vantagem considerável e o estrago não foi assim tão grande.


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Notas finais do capítulo

Oi!
O que acharam desse capítulo. Espero que estejam gostando.
Mais alguém acha que Gustavo se arriscou muito ao falar da pressão arterial de Alex? rsrsr
Beijos, Palas



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