Precisamos um do outro escrita por Moon


Capítulo 49
Nada mais será como antes


Notas iniciais do capítulo

Riley volta para a sua rotina, mas as coisas não mais como antes, e ela não é mais a mesma menina que andou pelos corredores da Abigail Adams High School alguns dias atrás. A única coisa certa é que o mundo não para de girar porque uma pessoa está tonta!



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POV Riley

Aos poucos a casa foi ficando mais espaçosa e mais quieta, enquanto meus amigos e seus familiares deixavam a casa diante da minha dificuldade em manter o senso de humor e do meu cansaço se tornando perceptível, até que só estivéssemos em casa a nossa pequena e silenciosa família.

Auggie havia caído no sono ainda no sofá, e foi carregado por Liam para a cama, enquanto meu pai lavava as louças e minha mãe organizava a sala, depois de já ter preparado todas as nossas camas. Me aproximei da minha mãe por trás e a abracei delicadamente. Senti suas mãos delicadamente sobre as minhas e ela se virou para olhar-me e sorriu delicadamente.

— É bom estar de volta em casa… - Eu disse enquanto ela me aninhava em seu abraço.

— Essa casa estava vazia sem você! - Ela respondeu gentilmente antes que eu me despedisse com um beijo em seu rosto. 

Caminhei até a cozinha e abracei meu pai e o beijei no rosto, desejando boa noite antes de me recolher em meu quarto. No corredor à caminho do meu quarto encontrei Liam delicadamente fechando a porta do quarto do meu irmão numa tentativa de não fazer qualquer barulho que pudesse acordar o pequeno que dormia pesadamente.

— Riles?! - Ele disse assim que me notou. - Feliz de estar de volta em casa?

Eu lhe sorri em resposta.

— Você está bem? - Ele me questionou gentilmente e tirou uma mecha de cabelo do meu rosto.

Acenei que sim com a cabeça e antes que ele seguisse para a sala, na intenção de ajudar meus pais, eu o interrompi segurando o seu braço.

— Podemos conversar mais tarde? - Perguntei em um sussurro.

— Claro! - Ele respondeu e seguiu seu caminho.

No meu quarto, tudo estava arrumado e me peguei pensando na minha mãe arrumando o meu cantinho numa tentativa de me fazer sentir confortável e acolhida em casa, e sorri com o pensamento. Tranquei a porta atrás de mim - não era um hábito comum nessa casa, mas me pareceu certo -, segui para as janelas e as tranquei antes de fechar minhas cortinas. 

O quarto, antes iluminado pela lua e pelos postos ficou escuro demais, e acendi a luz estranhando como mesmo estando em casa, eu não era a mesma. Não era sobre o ambiente familiar, era sobre a estranha que o habitava.

Fui tomar um banho para tirar o cheiro de hospital que havia em mim. No meu banheiro tinha um banquinho - provavelmente colocado pela minha mãe para me ajudar com a perna engessada. Sentei no banquinho, escondi o gesso da minha perna numa grande sacola plástica que havia sido deixada ali para isso, prendi o cabelo num coque e coloquei uma touca. 

Tomei um banho demorado - se comparado com os que eu tomava tão rapidamente no hospital. Lavei meu corpo com a bucha vegetal e o sabonete que tinha o cheiro infantil, e deixei a água quente levar a espuma esbranquiçada ainda sentada no banquinho. Quando não havia mais sabão para ser tirado do meu corpo, lavei o rosto e o enxaguei antes de desligar o chuveiro. Me sequei, escovei os dentes, e fui buscar por um pijama no meu armário, algo que fosse fácil de passar pelo gesso. Coloquei um pijama azul, um short e uma regata, com um tema que eu não sabia identificar, mas tinha nuvens e arco íris.

Sentei na minha cama e senti minha cabeça latejar. Eu sabia que era normal eu ter dor de cabeça, me avisaram que isso poderia acontecer. Deitei ali mesmo com os olhos fechados e as mãos na cabeça. Luzes pareciam piscar dentro da minha caixa craniana. Luzes e imagens dos meus sequestradores. 

Eu estava prestes a gritar em desespero, quando batidas leves na minha porta me despertaram do que parecia ser um transe. Me equilibrei pulando até a porta e a abri. Era Liam. Eu havia pedido para conversar com ele.

— Seus pais foram dormir. - Ele me informou entrando no quarto e fechando a porta atrás de si. Assim que a porta estava fechada ele me deu o braço para servir de apoio até a minha cama.

Minhas muletas estavam encostadas na porta do closet.

— Você está legal? - Ele repetiu o questionamento que havia feito mais cedo e sentou ao meu lado.

— Talvez eu leve mais tempo do que eu imaginava para me readaptar. Alguma coisa em mim mudou e eu não sei o que é. - Respondi honestamente. - Voltar para casa. Em breve voltar para a escola. Saber que aqueles caras ainda estão por aí… Talvez seja mais difícil do que eu imaginei!

— Mas você vai conseguir passar por tudo isso. - Ele me sorriu. - Porque você é uma Matthews e uma Stilinski. E aparentemente uma fênix. E até onde eu sei, a garota mais forte de Nova York. Você pode dar conta de qualquer coisa, Riley!

Eu o abracei.

— Você se importa de ficar aqui hoje? - Perguntei ainda cercada pelo seu abraço e ele apenas assentiu balançando a cabeça. 

Me ajeitei no meu canto e puxei o edredom para que Liam pudesse se acomodar ao meu lado. Ele entrou embaixo das cobertas e eu me deitei sobre seu peito, como na noite em que ele tinha ficado comigo no hospital. E como naquela noite, eu tive uma noite tranquila de sono - sem dores, sem flashes, sem pesadelos.

Acordei naturalmente. Liam não estava mais ao meu lado. Respirei fundo e me espreguicei na cama antes de alcançar meu celular. 11:57. Olhei outra vez a hora no meu celular sem acreditar que eu havia dormido tanto. Depois de tantas noites acordadas naquele hospital, eu havia dormido na minha cama e até meio dia. Sorri em contentamento com o descanso que meu corpo teve e me surpreendi ao encontrar minhas muletas ao lado da minha cama.

Caminhei pelo corredor escutando a movimentação da casa antes de conferir com meus próprios olhos. Meu pai estava sentado na mesa, ajudando Maya com alguma dúvida em uma atividade, enquanto minha mãe e Liam preparavam algo para o almoço e Auggie assistia desenho animado.

— Bom dia, Bela adormecida! - Meu pai foi o primeiro a notar minha presença com um sorriso no rosto e ir ao meu encontro para um abraço, Liam apenas me cumprimentou com um sorriso.

— Finalmente uma boa noite de sono, querida? - Minha mãe perguntou me dando um beijo na testa.

— A melhor da minha vida! - Respondi sorrindo e sentando ao lado do meu pai. Maya me abraçou sorridente e satisfeita de me ver como eu mesmo novamente. Eu estava me sentindo como eu mesma novamente. Aos poucos tudo ficaria bem.

— Uns dormindo tanto, e outros tão pouco… - Meu pai comentou com tom zombeteiro passando a mão pelos meus cabelos. - Você dormiu até meio dia, mas o Liam já estava de pé às 6 horas. E a Maya chegou aqui pouco depois das 7.

Ri do comentário satisfeita porque estava em casa e com a minha família. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para o meu irmão. Eu havia lembrado de algumas coisas na noite anterior, e ele deveria saber.

Ontem, eu tive uns flashes. Não sei se são memórias, ou partes dos pesadelos que eu tive, mas achei importante compartilhar com você. Nesses flashes aquele doutor maluco disse que o livro cinza teria todas as respostas sobre nós, e que eu ainda era humana, que a gente ainda não tínhamos ativado a profecia. — Digitei e enviei para meu irmão.

A partir daí o restante do meu domingo foi tranquilo. Eu passei a tarde com Maya, Liam e Farkle - que chegou pouco depois que almoçamos a deliciosa e simples refeição que minha mãe havia preparado - arroz, purê de batata e frango.

Eu brinquei com meu irmão, conversei com meus amigos, sequei a louça sentada com minha melhor amiga - enquanto Farkle lavava e Liam guardava -, assisti o jornal, conversei no telefone com meu pais biológico e com meu irmão mais velho, além de receber todas as atividades e conteúdos perdidos que eu teria de acompanhar.

Depois que Maya e Farkle foram embora, passei mais uma vez pelo ritual terapêutico que havia me dado uma noite tão tranquila de sono. Tomei banho, coloquei um pijama confortável e pedi que Liam ficasse comigo. 

Estava conversando por mensagens com meu irmão quando Liam entrou no quarto. Ele se deitou ao meu lado e perguntou o que me deixava ansiosa.

— Agora? - Engoli em seco. - Saber que amanhã eu vou estar de volta à escola.

— É só a escola, Riles. - Ele disse, com um meio sorriso, se cobrindo. - Você já encarou coisa pior!

— E também tem a história da fênix. - Comentei sem saber o que significava, me acomodando ao seu lado.

— A gente vai descobrir o que isso significa! - Ele respondeu firmemente de modo que fez com que eu confiasse na sua certeza.

 Deitei minha própria cabeça em seu peito, já familiarizada com o conforto que me trazia. Ele beijou o topo da minha cabeça.

— Obrigada por ficar comigo, Liam. - Disse fechando meus olhos e sentindo o sono tomar conta do meu corpo.

— Sempre que precisar de mim. - Escutei ele responder antes que o silêncio e a escuridão me tomassem por completo em sono profundo.

[...]

Batidas na janela me despertaram. Já era manhã. Mas dessa vez Liam ainda estava ao meu lado. Ele levantou rapidamente, pegando o próprio celular.

— Hora de se preparar para a escola. - Ele disse e destrancou a porta.

Ele olhou o corredor antes de sair, fechando a porta atrás de si. E ouvi as batidas na janela novamente. Me levantei e abri as cortinas. 

Maya estava do lado de fora, estranhando o seu rotineiro acesso bloqueado. Abri a janela dando-lhe abertura para entrar, e ela o fez.

— Bom dia, raio de sol! - Ela disse. - Vim me preparar pra aula com você…

— Bom dia! - Respondi respirando fundo, ainda tomada pelo susto que nos despertou, e me perguntando o que se passaria, se alguém visse Liam dormindo ao meu lado - mesmo sabendo que não havia nada de mal naquilo.

Eu e Maya nos arrumamos rapidamente. Eu tomei banho enquanto ela se vestiu e escolheu minha roupa. Eu apenas coloquei o que ela havia escolhido sem protestar - eu não estava com cabeça para pensar em roupas ou algo tão vazio como a minha aparência.

Maya havia escolhido para mim uma calça jeans skinny preta de cintura alta, uma blusa social cinza escura de mangas compridas, que eu coloquei por dentro da calça e dobrei as mangas, e um tênis branco confortável. Peguei a mochila marrom que eu usava no ensino fundamental no meu closet e prendi meu cabelo num coque improvisado.

Minha amiga usava uma calça jeans escura com alguns rasgos, uma blusa do Bon Jovi e um tênis preto, com sua mochila jeans nas costas. Ela colocou glitter nos lábios e arrumou os cabelos soltos. Deixamos o quarto bagunçados e encontramos a família se reunindo para o café da manhã.

— Todo mundo pontual hoje. - Topanga comentou alegre colocando panquecas sobre a mesa. - Nem precisei chamar ninguém!

Liam e Auggie já estavam na mesa. Liam estava com seu moletom do lacrosse de Beacon Hills. Era vinho, tinha Beacon Hills escrito em cima de dois bastões de lacrosse cruzados e a palavra lacrosse em baixo, nas costas o número 09 e o seu sobrenome Dunbar.

O café da manhã foi rápido, e fomos todos com meu pai até a escola. Ao entrar no prédio notei os olhares se virando para mim, encarei o chão fingindo que não estava notando. Maya segurou minha mão e me sorriu. Meu pai se despediu e seguiu seu caminho até a sala dos professores. Liam apenas tocou meu ombro, perguntando se estava tudo bem e eu assenti voltando a encarar o corredor e ignorando os rostos que me encaravam.

— Se precisar é só chamar. - Ele disse antes de seguir seu caminho por um corredor na direção oposta a nossa.

— Pode deixar, Batman, eu mando um bat-sinal se a gente precisar de resgate. - Maya zombou e ele riu enquanto se afastava.

POV Farkle

A manhã estava sendo difícil para Riley. As pessoas a encaravam, a interrompiam nos corredores, perguntavam se estava bem, a abraçavam e a julgavam. Mal sabiam que ela tinha passado por mais do que um pequeno sequestro. Que ela havia sido cobaia de cientistas que conhecem sobre os monstros e as criaturas. Cientistas que pecam contra a vida e contra a ciência.

Me perguntei quantos dos cientistas que eu conheço e admiro sabiam de segredos como esses e não revelaram. Ou quantos se quer sabiam de tais coisas.

— Você teria como me informar se Liam Dunbar é um de seus estudantes? - Escutei uma garota perguntar na secretaria enquanto esperava para entregar a documentação solicitada para participar de um concurso de ciências.

Fiquei tentado a perguntar quem era ou porque procurava Liam, mas com tantos inimigos desconhecidos, achei mais prudente apenas observar e tirar uma foto.

Deixei os documentos no local designado e fingir não ter escutado nada enquanto a responsável afirmou que não poderia dar esse tipo de informação. Segui meu caminho até o refeitório. Assim que cheguei avistei uma mesa com rostos familiares. Lucas, Zay e Maya conversavam tranquilamente. 

— E ai, gente? - Os cumprimentei sentando. - Cadê a Riley? E o Liam?

— A Riles foi ao banheiro e já deve estar voltando. - Maya respondeu. - Mas eu não sei do Liam.

— Eu tô aqui. - Liam respondeu, sua voz vindo de trás de mim.

Ele se sentou ao meu lado.

— Liam. - Ele me olhou atento. - Reconhece essa garota? 

Lhe entreguei meu celular aberto na foto que havia tirado da garota que perguntava por ele, e deu um zoom para que ele a visse melhor. Maya e Lucas estavam obviamente curiosos, enquanto Zay estava distraído demais com a própria comida.

Liam a reconheceu. Ele bufou irritado e devolveu o celular bruscamente..

— Onde a viu? - Ele perguntou sério.

— Na secretaria. Alguns minutos atrás. Ela estav… - Fui interrompido quando ele se levantou abruptamente e deixou o refeitório em passos largos.

— Quem será essa garota? - Maya se perguntou encarando a foto.

— Seja quem for… Algo me diz que nada mais será como antes enquanto ela estiver aqui! - Respondi sinceramente.


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