Precisamos um do outro escrita por Moon


Capítulo 43
Dias de luta


Notas iniciais do capítulo

Riley está finalmente de volta e em segurança num hospital para ser cuidada e atendida, mas a matilha já aprendeu que, as vezes, depois de dias de lutas temos apenas mais dias de luta...



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POV Cory

O caminho era tumultuado. Estávamos saindo do centro da Times Square, e mesmo que os motoristas se esforcem para abrir espaço para a ambulância, era complicado passar no meio dos carros sem diminuir a velocidade.

Levou alguns minutos até que a ambulância alcançasse uma via que a possibilitasse aumentar a velocidade, mas assim que os pneus da ambulância alcançaram a via expressa, não havia limites de velocidade, cuidando com outros transportes, limitações. Depois disso, o caminho até a ambulância pareceu instantâneo, como se em um piscar de olhos tivéssemos alcançado o hospital.

Riley ainda estava desacordada. Os paramédicos a colocaram no soro e começaram a examinar seus sinais vitais. Durante o caminho a aqueceram, estranharam o fato de seu corpo estar gelado. E cuidaram também de coletar as amostras de sangue que identificariam quais drogas haviam contaminado nossa filha.

Topanga chorava e ria ao mesmo tempo num misto de medo - porque Riley ainda não estava bem - e felicidade - porque Riley estava em segurança. Eu estava mais feliz do que preocupado, embora soubesse que ainda tínhamos um longo caminho pela frente para superar esse dia traumático e para descobrir tudo o que Riley passou nesse período. E Noah permanecia impassível, nem um pingo de desespero ou euforia passava por sua feição. Ele estava aliviado, mas não expressava.

No hospital havia uma equipe esperando pela ambulância e quando a maca com Riley foi tirada do transporte saírem em disparada com ela. Pessoas a examinando a levaram para longe enquanto dois ficaram para nos impedir de seguir a maca. Tinha algo acontecendo. O que estava errado com a nossa menina? Fomos levados para uma sala de espera onde sentamos e esperamos até que os demais chegassem para esperar por notícias conosco.

POV Stiles

Tudo correu bem. Riley estava em segurança sendo levada ao hospital. Meu pai estava feliz com a segurança da filha. O suficiente para não ter tido suspeitas sobre o repentino e rápido sequestro de Riley.

O resto de nós fomos para o hospital divididos entre três carros. Eu estava no carro dos Matthews, comigo foram, Auggie, Maya e os pais dela. No jeep com Scott foram Josh, Lucas, Zay e Farkle, enquanto Lydia e Liam foram no audi com Malia.

O silêncio era denso e desconfortável. Todos estávamos apreensivos, tínhamos perguntas e preocupações - distintas. E todos tentávamos fazer parecer que estava tudo bem pelo menino inocente e feliz estava estranhamente silencioso e cabisbaixo no banco traseiro entre Katy e Shawn.

Katy aninhou Auggie com o braço e olhou apreensiva para a filha que parecia igualmente cabisbaixa. Maya sabia de muito, e eu conseguia sentir que parte do seu silêncio era, além de preocupação, culpa. Culpa por estar mentindo para todas aquelas pessoas - que eram sua família - sobre algo que estava machucando a todos tão profundamente.

Demoramos um pouco mais que a ambulância, mas não foi muito. Conseguia ver o carro do pai da Malia logo atrás de mim. E lembrei de sua parte da família. De como ela estava aqui ajudando a cuidar da minha irmã e da minha família enquanto seu tio e pai estavam esperando por ela num quarto de hotel qualquer sem saber se Derek se recuperaria.

Ela era uma ótima amiga. Apesar do nosso passado, ela nunca me deixou na mão e nunca foi cruel, embora eu admita que não tenha sido o melhor cara para ela no final do nosso relacionamento. E o fato de que ela se tornou a melhor amiga da Lydia, de como elas se falavam toda noite, como se tornaram irmãs, era a coisa mais bonita que eu já havia visto.

Eu lembrei que imaginei se Riley tinha outra garota na vida dela, como Lydia e Malia eram uma para a a outra. Um porto seguro, uma pessoa que entende seus desafios, te respeita, te apoia e te ama, sem se importar com todos os estímulos do mundo que afirma que elas deveriam ser ‘concorrentes’.

Ela tinha Maya. E me partia o coração saber do sentimento que Maya tinha no peito agora. Dividida entre mentir para a própria família e prezar pela segurança da melhor amiga. Eu conhecia o sentimento. Já estive no lugar dela. Mas ao mesmo tempo estava grato, por ela ser essa pessoa para a minha irmã.

Olhei para ela de relance e voltei a encarar a via enquanto me perguntava como minha irmã estava. Era diferente que fosse minha irmã ali. Apesar de ter passado por isso com meus amigos, pelo menos uma centena de vezes, e de saber que ela estava bem, havia algo em mim que gritava para ver Riley e confirmar que ela estava bem e em segurança.

Em pouco tempo chegamos ao hospital. Na recepção me encaminharam para onde deveria ir e avisaram que logo os médicos trariam informações sobre o quadro. Mandei mensagem para Lydia e Scott dando informações sobre para onde ir quando chegasse. Encontramos os pais da minha irmã sentados juntos e em silêncio na sala de espera do terceiro andar.

POV Liam

Não estávamos tão preocupados quanto os pais da Riley, ou todos que não sabiam do que estava acontecendo. Mas ainda havia tensão.

— Não tem chance de eles descobrirem que nós a resgatamos, né?! - Malia perguntou apertando suas mão ao volante seguindo o carro do Stiles. - Não tem como isso se transformar a revelação do segredo do milénio em plena Nova York e sermos presos por parecer loucos que acreditam em conto de fadas, monstros e assombrações!

— Não vai acontecer. - Lydia a tranquilizou e riu de lado pelo nervosismo irracional da amiga.

Eu não compartilhava do bom humor. Riley tem sido meu porto seguro desde que meu melhor amigo morreu. E de certo modo eu a coloquei nessa posição em que ela se tornou a pessoa central da minha existência. Eu estava em um novo contexto sem todas as pessoas que me eram familiares - pais, familiares, amigos, colegas. Embora Stiles estivesse na mesma cidade ele estava se formando, nós o víamos algumas vezes na semana por algumas horas, mas não passávamos muito tempo juntos.

Todo mundo sabia o quanto ela é importante pra mim. A Riley é irmã do Stiles, mas ela também era minha melhor amiga. Nesse pouco tempo ela havia se tornado minha melhor amiga. Eu me sentia bem com ela, mesmo que o mundo estivesse acabando. Eu sabia que poderia contar com ela. E que eu poderia contar qualquer coisa pra ela. Ela sempre via o melhor em mim, mesmo quando eu estava compartilhando do meu pior. Eu poderia escutar ela falar entusiasmada sobre um trabalho da escola durante uma tarde inteira - e eu já fiz isso -, assim como também poderia sentar com ela por horas em silêncio sem qualquer desconforto.

Ela é, literalmente, a primeira e a última pessoa que eu vejo todos os dias. Ela é meu primeiro bom dia e meu último boa noite. E o fato de que eu, e meus amigos, entregamos ela para um grupo de pessoas perigosas, desconhecidas e que queriam machucá-la era arrebatador. Eu nunca poderia ser um bom amigo para ela se eu estive disposto a colocar ela nesse risco. Eu não tenho como pedir que ela me perdoe por ter permitido isso, por não ter lutado pela segurança dela.

— Ela vai ficar bem, Liam. - Lydia disse no banco da frente me olhando com compaixão.

— Eu sei que vai. - Eu disse enquanto Malia estacionava o carro e nos encaminhamos para a sala de espera em silêncio.

POV Lucas

Era estranho estar no carro daquele homem que ao mesmo tempo era um amigo - dos meus amigos - e um completo estranho. Scott era um bom motorista e conseguiu se virar bem no meio do caos de carros, motos, pessoas, bicicletas e todos os outros transporte terrestres possíveis que circulavam pela Times Square.

Farkle ia ao seu lado indicando o caminho para o hospital que o motorista desconhecia. Ele era de cidade pequena. Eu sabia porque Riley havia comentado sobre as origens dela, mas não seria difícil adivinhar. Eu reconhecia entre Stiles e os amigos a mesma sensação de família que eu tinha com Zay e nossos amigos no Texas. Tem algo haver com o fato de se viver na cidade pequena.

Eu amo a Riley e todos os nossos amigos aqui em Nova York. Eu sei que posso contar com eles. E sei que cada coração naquele carro - e nos outros - estava completamente voltado para a Riley. Esse sentimento era quase a mesma coisa. Essa sensação de amor, fidelidade e família. Mas ainda não era a mesma coisa.

Zay estava ansioso. Balançava a perna inquietamente. Em constante movimento e em completa oposição ao quieto e tenso Josh.

O tio da Riley estava encarando silenciosamente a janela. Ele roia unhas e ignorava o fato de que outras pessoas estavam no carro. Nunca havia o visto fora do seu papel de cara legal. Ele estava apreensivo pela vida da sobrinho e nada era mais importante do que isso. Percebi o celular dele vibrar e ele o desbloqueou para ver a notificação - e eu também vi.

Terceiro andar. Saguão de espera. Estamos esperando notícias. Chega logo.— Era uma mensagem da Maya. Ele respondeu com ‘Cinco minutos’. E ele acertou. Com quase quatro minutos chegamos ao hospital e com cinco minutos - precisamente - estávamos entrando na sala de espera.

Quando chegamos ao hospital já estavam todos ali. Cory, Topanga e Noah estavam sentados juntos e de mãos dadas no centro. Shawn e Katy estavam sentados perto dos pais da Riley. Maya estava sentada num sofá de dois lugares com a cabeça do adormecido Auggie sobre suas coxas. Stiles e Liam estavam em pé em um canto. Malia e Lydia serviam copos d’água aos adultos que esperavam silenciosamente.

POV Scott

Depois que chegamos, nos acomodamos na sala para esperar por notícias com todos os demais. Eu, Malia e Lydia nos juntamos a Stiles e Liam que estavam em pé no fundo da sala. Zay, Farkle e Lucas sentaram em cadeiras azul e Josh sentou ao lado de Maya, colocando as pernas de Auggie no colo e beijando a namorada suavemente nos lábios.

Não demorou até que um médico viesse para nos dar informações. Ele era grisalho e usava um jaleco branco. Sua expressão era boa. Parecia que ele estava prestes a nos dar boas notícias. Ele caminhou tranquilamente até nós e o grupo se levantou - com exceção de Maya e Josh que seguravam Auggie e nós que já estávamos em pé.

— Vocês são a família da Riley? - Ele perguntou e assentimos. - Vocês tem uma menina muito forte! E logo ela vai estar forte como sempre.

Topanga respirou aliviada e chorou com a notícia. Eu conseguia sentir o peso sendo tirado de suas costas.

— Como ela está? - Cory perguntou segurando a mão da esposa que sentou novamente.

— A Riley passou por uma cirurgia. - O médico disse e me surpreendi com a informação. Quando a pegamos no apartamento ela parecia que estava apenas desacordada.

Perguntas e dúvidas borbulhavam em diversas vozes soando simultaneamente.

— Ela está bem. - O médico reafirmou aquietando a família preocupada e retomando sua fala. - O que na ambulância pareceu ser apenas deslocamento significativo no joelho, foi identificado aqui como uma fratura grave. E por isso ela teve que passar por uma cirurgia corretiva decorrente desse ferimento ósseo no joelho esquerdo. Mas a cirurgia foi um sucesso e ela passa bem.

Ele nos observou reagir e então voltou a falar sobre o quadro.

— Além disso, foi descartado qualquer possibilidade de violência sexual. Mas ela teve alguns ferimentos significativos além do joelho. - Ele comprimiu os lábios no meio da fala antes de continuar. - Ela tem um corte no punho esquerdo, alguns arranhões, um pequeno corte no lábio inferior e um corte na têmpora direita sobre a sobrancelha que foi o maior corte identificado.

Não lembrava desse tanto de ferimentos, mas estávamos tensos e preocupados com tirá-la daquele lugar. Talvez a adrenalina tivesse nos feito desviar a atenção dessas lesões.

— Ela levou um ponto no corte do pulso e três pontos no corte na testa. Os demais estão apenas com curativo. A perna esquerda está imobilizada por causa da cirurgia. E além disso ela tem algumas manchas e marcas. - Ele encarou os pais de sua paciente com compaixão, mas prosseguiu sem exitar. - Ela também tem uma mancha roxa no abdômen e diversas marcas de agulha nos dois braços. Acreditamos que seja decorrente de ministração de drogas. O sangue dela está intoxicado com uma quantidade absurda de anestesia, remédios para dormir e heroína. E ela vai ter que passar pela desintoxicação aqui no hospital por causa da presença de heroína no sangue dela.

— Por quanto tempo ela vai ter que ficar aqui? - Stiles perguntou.

— Uma semana, com certeza. - O médico disse. - Mas talvez ela vá precisar de mais tempo. Ela vai ter que retornar para observação com o hematologista e o ortopedista algumas vezes por até 30 dias, pelo menos.

— Tudo bem. - Cory afirma. - E podemos ficar com ela?

— Apenas uma pessoa. - O médico responde, mas ao ver as reações muda sua resposta. - No máximo duas.

Cory e Topanga vão ficar com Riley no hospital durante a primeira noite. Liam iria ficar com Auggie. O resto - a maioria, ao menos - iriam tentar descansar. E eu, Stiles, Lydia e Malia iríamos ver Derek e descobrir o que havia acontecido com aquela matilha.

Era difícil admitir, mas só tínhamos ganhado uma batalha. Ainda não ganhamos a guerra!


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Notas finais do capítulo

AAAAAAH e que acontecimento você está esperando que ainda não aconteceu?
Espero que estejam gostando! ♥ Comenta ai!



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