Um dia, o breu clareou aos poucos e Carlos sentiu os braços coçarem. Aquele pequeno sentimento, uma simples coceira, despertou todo o ser. A alma pulou de um sono comprido, e os braços moveram-se, depois a cabeça. Uma pontada no peito apertou, e ele perguntou-se onde raios estava.

Não lembrava nada com o paraíso da bíblia, tampouco o limbo existencial. Aquela sala, lotada de aparelhos e toda feita em branco, o lembrava do seu pior medo; ter sido salvo. O desespero apertou lhe o peito.

— Ah! — disse um homem com cabelos enrolados, carregando um sorriso brilhante (nada convincente). — Finalmente você despertou!