Stolen Moments escrita por STatic


Capítulo 5
Driven


Notas iniciais do capítulo

Anitta's voice: Vocês acharam que eu não ia postar angst hoje, né?

Olá oláa! Como vocês estão? Espero que bem! Eu não tenho nada para falar aqui, então antes que eu faça mais piada ruim: Capítulo novo!! Angst, pq ainda sou eu aqui. Esse capítulo (assim como o último) é um dos meus preferidos... Ele tecnicamente não é de nenhum episodio específico, mas se passa no começo da sétima temporada, durante o desaparecimento do Castle. Eu sei.

Espero que gostem! Muuito obrigada pelos comentários, vocês são maravilhosas, já sabem.
Boa leitura!



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Kate POV

— Eu não posso ir para casa. – Afirmei pelo que parecia a vigésima vez.

A capitã Gates não dava qualquer sinal de que iria ceder e eu podia notar que aquele era um jogo que já havia começado perdido.

— Eu não estou te dando escolha, detetive.

— Mas...

— Sem mas. – Ela disse. Finalmente fiz um esforço e olhei em seus olhos, o que suavizou sua expressão um pouco. – Olha, Kate, eu entendo que isso tudo é difícil para você, de verdade...

— Então me deixe ficar.

— Mas você está exausta. – continuou, ignorando minha tentativa fracassada. – Você ameaçou atirar em um dos funcionários e nem vamos comentar o fato de que claramente passou a noite aqui. Novamente! Eu não posso permitir e você sabe que não é útil completamente exausta. Vá para casa. É uma ordem.

E com isso eu me virei, saindo da sala sem qualquer outra palavra e marchando até minha mesa, suprimindo um suspiro. Após pegar minhas coisas, caminhei até o elevador e depois até o meu carro em modo automático, como sempre acontecia no minuto em que deixava a delegacia. Ou, nos piores dias, até mesmo dentro da delegacia.

Eu não conseguia evitar. O mundo real era demais para mim, eu simplesmente não conseguia lidar com ele se não desligasse os sentidos. Se me permitisse sentir o que eu sabia estar sempre espreitando a margem, eu jamais seria capaz de parar e no momento? No momento eu não podia me dar ao luxo de lidar com o mundo. Ou comigo mesma. Não sem ele.

Eu não podia acordar todas as manhãs esperando ver seu rosto, esperando sentir seus lábios, suas mãos e seu calor quando ele me abraçasse. Eu não podia esperar o conhecido cheiro de café todos os dias e eu não podia esperar ouvir sua voz dizendo que estava tudo bem, dizendo que me amava e que não desistiria nunca de mim. Eu não podia esperar nada disso porque sabia que não aconteceriam e a decepção me mataria. A esperança me mataria.

Eu sabia que não aconteceria hoje assim como sabia que poderia jamais acontecer novamente.

Não!

Sacudi a cabeça, tentando me livrar desses pensamentos tanto quanto das lágrimas que eu sentia queimar meus olhos. Castle não havia desistido de mim, e eu não iria – não podia – desistir dele. Não em um mês, não em um século.

Dirigi sem prestar muita atenção no caminho, sem pensar. Se pensasse, cada esquina me lembraria dele e eu não podia quebrar agora.

Me vi parada em frente ao prédio dele sem pensar, sem realmente querer estar ali. Apesar de passar a maior parte dos dias no meu apartamento, eu visitava ocasionalmente, mas hoje não me parecia uma boa ideia. Eu me sentia na ponta de um precipício, onde qualquer vento mais forte pudesse me derrubar.

Mas subi mesmo assim, cada passo mais pesado que o outro.

No momento em que abro a porta percebo que, ao contrário do desejado, eu não estava sozinha ali. Martha estava no sofá, um drinque sempre em mãos e parecia surpresa de me ver ali. Além de cansada, o que era estranho. Martha Rodgers era uma mulher de fibra, imparável e vê-la assim trouxe um novo tipo de peso para o meu peito.

— Katherine! – Disse em seu tom habitual, mas não se levantou enquanto eu dava alguns passos para frente, chegando à conclusão que era tarde demais para recuar agora.

— Oi, Martha. – Tentei fingir um sorriso, mas desconfiava piamente que havia saído mais como uma careta.

— Como você está, querida? – Ela perguntou e eu pude sentir as lágrimas retornando.

— Eu... ham. – Limpei a garganta. – Não tem nada novo.

— Oh.

Ela havia tentado esconder, mas nem mesmo suas habilidades teatrais foram suficientes para disfarçar a decepção em seu rosto ao ouvir minha fala.

— É.… então, como você está?

— O mesmo, só... vivendo um dia de cada vez. – Sorriu.

Assenti e de repente fiquei sem saber o que dizer, ou mesmo como agir. Ainda parada desajeitadamente perto da porta, dei uma olhada ao redor. O loft parecia exatamente o mesmo. Era irracional esperar alguma mudança, principalmente considerando que eu havia estado ali há apenas alguns dias. Era bom que não houvessem mudanças, tornava tudo menos definitivo e aquilo era o que todas nós gostávamos de nos prender.

Entretanto, enquanto olhava em volta meus olhos terminaram na porta do escritório. O lugar familiar me trouxe lembranças familiares demais, boas e dolorosas ao mesmo tempo. Era como se Castle fosse sair dali a qualquer momento, o sorriso que eu amava estampado em seu rosto enquanto ele caminhava em minha direção.

Aquilo não aconteceria, e doía.

As lágrimas que eu lutara estavam levando a melhor agora, e eu sequei rapidamente meu rosto antes que Martha visse.

— Eu só vim, ham, pegar umas coisas? – Minha explicação saiu como uma pergunta e eu tive que segurar um soluço. Bom trabalho em esconder de Martha.

— Kate... – ela começou naquele tom que me lembrava tanto Castle e eu sabia que não aguentaria por mais tempo. Eu só precisava sair dali.

— Está tudo bem, eu estou bem, eu só preciso... – tentei e minha voz falhou.

Abandonando qualquer boa educação que meus pais me deram, eu avancei mais para dentro do loft, caminhando em direção ao escritório e então ao quarto dele – nosso quarto – deixando uma Martha chocada na sala, cobrindo minha boca com uma mão, tentando evitar os soluços e o choro descontrolado que eu podia sentir emergindo.

Eu odiava aquilo. Odiava chorar na frente das pessoas. Odiava parecer vulnerável e odiava ainda mais perder o controle. Eu sempre havia sido a mais controlada, especialmente quando se tratava dos meus sentimentos e o fato de não ser mais capaz de realizar essa simples tarefa me enfurecia.

Atravessei o escritório quase correndo, evitando olhar para sua mesa por mais do que alguns segundos, o pensamento de que ele poderia estar de fato ali me impedindo de não olhar totalmente.

No segundo que entrei no quarto e olhei em volta, observando nossas coisas misturadas perfeitamente, eu entendi porque havia dirigido inconscientemente para aqui. Era exatamente o que eu precisava, mesmo que não soubesse.  

A proximidade de Castle e de todas as suas coisas não fizeram nada para diminuir a dor e a solidão que eu sentia. Se fez alguma coisa, apenas aumentou. O cheiro dele, sua presença, ainda podiam ser levemente sentidas ali, entretanto, e era daquilo que eu precisava.

Um lembrete, apenas isso. Um simples lembrete de que ele ainda estava por aí, em algum lugar e vivo – eu podia sentir em cada célula do meu corpo que ele estava vivo – apenas esperando que eu o encontrasse. Que eu o trouxesse para casa, para a nossa família disfuncional.

E era exatamente o que faria.

Amanhã, porque eu havia sido enxotada da delegacia. Por quase atirar em um civil. E dormir – talvez desmaiar seria a palavra mais adequada – na minha mesa.

— Deus! – Exclamei, passando a mão no cabelo.

Eu estava uma bagunça, e aquilo não podia acontecer. Castle não merecia que eu me perdesse assim. De fato, Castle não merecia nada daquilo.

O pensamento de o que estariam fazendo com Castle me fez perder as forças novamente e em um segundo eu estava jogada na cama, um travesseiro apertado com força contra o meu peito enquanto eu escondia o rosto no dele, tentando abafar o barulho que estava fazendo.

O que ele estaria fazendo agora? Será que estaria com fome? Sede? Frio? Será que estava machucado? Acorrentado no porão de alguém enquanto eu me desfazia em pedaços em nosso quarto por ser uma idiota?

Eu tremi, um quase grito escapando dos meus lábios e eu os mordi, sentindo imediatamente o gosto de sangue. Droga.

Continuei com o choro violento pelo que poderia ser horas, tentando não fazer barulho. Após um tempo, as lagrimas diminuíram até parar por completo e tudo o que eu sentia agora era nada. Eu me sentia entorpecida, incapaz até mesmo de me mover.

Permaneci deitada, encarando o nada até ouvir uma batida na porta. Não me movi, imaginando ser Martha e desejando que ela fosse embora até sentir um toque conhecido em minha perna. Não quem eu queria, mas ainda assim...

— Mãe. – Disse e minha voz saiu como um sussurro, fraca depois de todo o choro.

— Querida, você está tremendo! – Ela disse baixinho enquanto se sentava ao meu lado.

— Eu quase atirei no zelador. Ele queria mudar a cadeira. Cadeira do Rick. E eu dormi na minha mesa. Gates me mandou para casa. – Respondi mecanicamente a pergunta não feita e senti seus dedos em meu cabelo e em meu rosto, secando o traço das lagrimas. – O que está fazendo aqui?

— Martha me ligou, disse que você não estava indo muito bem.

— Eu estou bem.

— E eu não acredito em você. O que aconteceu?

Não respondi por vários minutos, sem poder confiar na minha voz. Ela continuou acariciando meu cabelo e eu podia sentir seus olhos em meu rosto, mesmo que ainda não tivesse olhado para ela. Não queria olhar para ela. Não queria por que sabia o que iria ver em seus olhos. O mesmo – ou quase – que eu via em todo mundo. A pena, a preocupação. Era demais e eu sabia que era idiota, mas me deixava nervosa.

— Eu não consigo encontra-lo, mãe. – Disse finalmente, voltando a chorar apesar da minha relutância.

Ela me puxou para seus braços, me segurando como fazia quando eu era pequena e eu me agarrei a ela, me sentindo uma criança novamente, correndo para os braços da mãe após um pesadelo.

— Shh... Vai ficar tudo bem.

— Não vai! Você não vê? Não vai ficar nada bem! – Levantei-me um pouco, me sentando na cama. – Ele precisa de mim e eu não consigo encontra-lo! Castle pode estar machucado, com dor e eu não posso ajudá-lo porque não posso fazer meu maldito trabalho e encontra-lo. Eu estou falhando na coisa mais importante da minha vida, mãe, eu estou falhando.

— Você não está, Kate. – Ela afirmou, segurando minha mão. – Você vai encontra-lo, só precisa de um tempo! Você não é uma super mulher, querida.

— É difícil demais. – Sacudi a cabeça. – Eu me odeio por isso, mas estou perdendo minha fé. Rick provavelmente está por aí pensando que eu sou a maior decepção da vida dele, que não pode ajuda-lo quando mais precisa.

Senti minha mãe apertando minha mão, esperando até que eu a olhasse antes de falar.

— Eu vou dizer isso e quero que escute, Katie. – Disse firmemente. – Richard Castle jamais pensaria isso de você. Ele te ama assim como você o ama e eu tenho certeza que sabe que você está fazendo tudo o que pode, e o que não pode, para encontra-lo.

Neguei com a cabeça novamente, como uma criança teimosa.

— Não está. Ele pode ter pensado isso nos primeiros dias, pensado que tudo bem, eu estava chegando para salva-lo não importava o que fizessem. Mas já passou um mês! Um mês inteiro e agora ele só pode pensar que eu jamais vou encontra-lo, que eu falhei com ele, e ele está provavelmente certo!

— Kate.

— Não! Ele salvou minha vida tantas vezes e eu nem posso...

Minha voz falhou mais uma vez e eu voltei a chorar – eu estava descontrolada e exausta – e minha mãe me abraçou, me mantendo o mais perto possível.

— Querida. – Começou e eu podia saber apenas por sua voz que ela estava chorando também. – Ele sabe que está dando seu melhor. Castle sabe o quanto você o ama. Droga, todos nós sabemos! Você não pode desistir assim! Ele não desistiria e sabe do que mais? Eu tenho absoluta certeza de que ele não gostaria que você fizesse isso consigo mesma.

Ela tinha razão. Castle provavelmente surtaria se pudesse me ver agora. O pensamento trouxe um pequeno, mas real, sorriso aos meus lábios.

— Eu sinto tanto a falta dele!

— Eu sei, meu amor.

— Quando eu acordo de manhã e esqueço só por um segundo de tudo que aconteceu eu me sinto tão leve, tão feliz! E então eu não o encontro do meu lado e tudo é jogado na minha cara novamente e algumas manhãs eu mal posso me mover porque dói tanto! Dói fisicamente e eu só quero que pare.

— Eu sei como se sente, eu entendo de verdade. – Ela me diz. – Mas você ainda tem chance, vocês dois tem! Então apenas vá em frente, tudo bem? Está tudo bem perder a esperança as vezes, você só tem que encontra-la novamente.

Afastei-me e olhei para ela, sabendo que ela falava do meu pai. Diferente dos dois, Castle e eu ainda tínhamos uma chance. Ela estava certa, claro. Assenti uma vez, novamente me deitando em seu colo, uma das minhas mãos segurando a dela com firmeza.

— Obrigada. – Sussurrei e ela apertou minha mão. – Eu não conseguiria continuar sem você.

— Você é forte, eu tenho certeza que conseguiria. – Respirou fundo e perguntou: – E então, o que vai fazer agora?

Pensei por um segundo e sorri. – Eu acho que vou começar pedindo desculpas ao zelador. 

Ela riu, seu corpo vibrando embaixo do meu.

— Eu acho que seria legal. E depois?

— Depois eu vou recuperar minha esperança. – Disse com obstinação.

Eu jamais poderia desistir de Rick Castle, seria como desistir de mim mesma.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?

Até a próxima, beijão!



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