A loba e o bastardo escrita por Amanzel


Capítulo 1
Capítulo 1 - Fogo


Notas iniciais do capítulo

Oláaaa! Bem, aqui vai o primeiro capítulo, tenham uma boa leitura ;)

"O primeiro capítulo de uma história, é uma porta para um novo mundo no qual se encantar"



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E desta vez, tudo havia começado com fogo.

Arya conseguiu arrastar a garota em seus braços enquanto mancava, o rosto de ambas estava cheio de fuligem, prendiam a respiração por conta da fumaça e sempre que não aguentavam mais eram tomadas por acessos de tosse.

Quando conseguiram se afastar o suficiente para descansar, percebeu que mais arrastava a sua perna esquerda do que andava, e ainda tinha a garotinha em seus braços que esperneava e gritava por causa dos ferimentos. Ela pôs a garota no chão e viu sua mãe gritando seu nome e correndo na direção delas

"Mycah! Mycah! Como você está querida?" a camponesa chorava tanto quanto a garotinha, Mycah, embora estivesse praticamente ilesa. "Oh, obrigada, obrigada por salvar minha garotinha! Eu agradeço tanto" tornou a dizer se virando para Arya e beijando-lhe a testa, o que a fez se retesar. "Você tem para onde ir? Por favor aceite que eu cuide de você enquanto estás ferida. É o mínimo que eu poderia fazer." 

Ela considerou por um instante, para variar era bom ter comida boa, um lugar confortável para dormir e não ter que fugir por um dia ou dois, e ainda tinha a sua perna que ardia imensamente. Quando ia dizer que sim, ela se lembrou de ter visto homens da rainha Cersei, o que foi o motivo do fogo ter se iniciado. Ela estava em um mercadinho e havia percebido os tais homens graças a suas conversas, seu coração começou a acelerar, se fossem um ou dois ela ainda conseguiria dar conta, mas eram cinco, e quando um deles disse que a conhecia de algum lugar ela esbarrou para trás derrubando um archote em um monte de palha e rapidamente tudo se incendiou. Quando a camponesa se distraiu, rapidamente agarrou needle e pôs-se a "correr" -ela fez o que pôde enquanto arrastava a perna- para dentro da floresta.

Só parou de correr quando chegou a um lago, sua perna ardia tanto e quando tirou seu calção para examinar o machucado, teve de reprimir um gritinho, ela também xingou-se mentalmente por ter deixado o cavalo que roubara para trás, ela teria de roubar outro na cidade mais próxima, não conseguiria andar por aí com a perna desse jeito. Ao mergulhar parte da perna em um lago ela soltou um suspiro de alivio, mas o alivio fora tão curto que nem deu tempo de terminar seu suspiro, mas agora sua perna era um incomodo suportável.

~dois dias depois~

Só de sentir o cheiro da comida sua barriga voltou a lhe atormentar,não aguentava mais de fome e não conseguia caçar ou pegar algumas frutas com sua perna naquele estado. Ela havia se aproximado de uma vila e se arrastara aos poucos entre as árvores até chegar perto. Ouvia o relincho de um animal e pensou que poderia roubar aquele sonhado cavalo de que precisava e pegar um pouco de comida, estava a noite, a taverna estava cheia, ninguém iria reparar nela.

Ela entrou na taverna arrastando a perna direita e contou algumas moedas em seus bolsos, aquilo poderia pagar a sua refeição, e uma noite no lugar, e embora ela quisesse tanto de uma cama confortável por pelo menos uma noite, ela não podia arriscar, não sabia se os homens de Cersei tinham morrido no fogo ou estavam atrás dela. Roubaria o cavalo naquela mesma noite.

A taverna estava cheia e como ela imaginou, ninguém a notou quando entrou. A música enchia o lugar com um clima agradável, havia mesas e cadeiras espalhadas por todo lado e ouvia-se gargalhadas vindas de alguns lados, ela não se lembrava a última vez que rira assim e sentiu inveja pelo momento que eles desfrutavam enquanto ela estava com uma perna ardente e enfaixada com pedaços da própria roupa.

"Hey garota! Se não tem como pagar, cai fora!" ela ergueu os olhos para o estalajadeiro que a olhava de cima a baixo como se tentasse se conformar com sua pele suja, roupas esfarrapadas, cabelos embaraçados e uma carranca desagradável.

"Não seja tão rude assim Philip! Veja, ela está machucada!" Uma mulher rechonchuda que usava um vestido simples da cor verde desbotado e com árvores estampadas na borda -aquele vestido a deu memórias ruins- reclamou com o estalajadeiro. Ela somente se limitou a pedir um pouco da refeição, estendeu a mão com moedas o suficiente e se arrastou para uma mesa próxima.

Ele era um urso peludo
        Ele queria ir ao concurso
        Eu sou uma bela donzela
        Com mel no meu cabelo
        Ele é um urso dançarino
        Ele quer beber cerveja
        Eu realmente estou de pé aqui
        Em frente a um urso louco

O bardo cantava docemente e causava um pouco de melancolia a Arya enquanto comia, mal podia esperar para chegar em Winterfel e voltar para os braços de seus irmãos que haviam sobrevivido, por mais que ante odiasse admitir ela morria de saudades das implicâncias da mimada Sansa, das brincadeiras de seu meio-irmão Jon Snow e ainda, mesmo que não tenha muito haver, de uma pessoa que não gostava de pensar muito, que não gostava de sentir tanta saudade, seria tão mais fácil se não estivesse sozinha.

Oh, ela é uma donzela, pura e bela
        Ela nunca dançará com um urso peludo
        Ela nunca dançará com um urso peludo
        Ele ergueu-a no ar
       Ela chamou por um cavaleiro, mas ele é um urso
        Preto e castanho, e cheio de pelos
        Esperneou e chorou, a donzela tão bela
        Mas ele lambeu-lhe o mel dos cabelos

Quando se levantou para ir em direção aos estábulos quase caiu, mas conseguiu apoiar-se na mesa. Esgueirou-se de fininho sem que ninguém percebesse, estavam animados de mais, bêbados de mais, felizes de mais e concentrados na música da donzela e do urso. Ao chegar no lugar, observou que tinha uma lamparina acesa mas não avistou ninguém, mas a deixou alerta. 

Haviam 4 cavalos, nenhum deles estavam no melhor estado, mas tinha de servir, ela não conseguiria ficar a pé por muito tempo. Fez o máximo que pode para não assustar os animais, ela não precisava que ninguém se assustasse com eles relinchando e fossem checar o que estava acontecendo. Escolheu um cavalo bege que não era muito grande, ela não teria comida por um tempo para sustentar um animal grande de mais e a si mesma. Quando se pendurou para atravessar a perna no animal, percebeu a luz da lamparina se movendo, sentiu um solavanco e foi arrastada para o chão, fazendo-a soltar um gritinho pela perna machucada enquanto alguém segurava a lamparina bem próxima ao seu rosto e uma adaga em seu pescoço.

"O que temos aqui? Uma ladra?" Arya não podia enxergar direito com a luz tão próxima a seu rosto, sua visão estava meio turva, conseguia ver a silhueta de um homem forte, de joelhos ao seu lado, mas reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Enquanto seus olhos iam se  acostumando com a claridade súbita próxima a seu rosto ela pode ver cabelos negros e mal cortados, uma barba por fazer e olhos penetrantes de um azul gélido.

Havia lágrimas escorrendo de seus olhos, mais tarde ela diria que era por conta da perna machucada, mas ela sabia que era por ter encontrado alguém que não esperava ver novamente, alguém que achava que já tinha partido desse mundo, alguém que amava e que sentia saudades tanto quanto sentia de sua família perdida, porque ele fazia parte de sua família mesmo que ele não achasse que fosse.

"Ah, vamos lá, não chore. Se você deixar os cavalos em paz eu juro não denunciá-la." Disse sorrindo calorosamente enquanto folgava o aperto da adaga em seu pescoço. 

Ela se sentou com dificuldade afastando seus castanhos cabelos -que agora batiam no ombro- de seus olhos. Quando segurou seu colarinho e o puxou um pouco para perto, o garoto se retesou, segurando mais forte a adaga em sua mão, mas quando ela sussurrou seu verdadeiro nome, o qual ninguém conhecia por ali, seus olhos brilharam em reconhecimento e ameaçaram também escapar lágrimas. Soltou a adaga e abraçou a garota, também sussurrando seu nome.

"Gendry"

"Arya"

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!! Bjs da Zé :3 !!