Don't Wanna Know escrita por Queen Jeller


Capítulo 35
Capítulo 35 - Se tiver que ser na bala, vai


Notas iniciais do capítulo

Olá, alguém por aqui? Espero que sim. Estive afastada daqui por diversos motivos: depressão, fim da faculdade e ansiedade. Tudo está se resolvendo aos poucos e consegui voltar a escrever. Espero que curtam esse episódio. Tem muita coisa especial que eu não via a hora de mostrar pra vocês. O próximo será liberado no dia 29 de setembro.



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Roman POV 

Era meio da tarde de domingo quando chegamos em Nova York. Alegando cansaço, Patterson acabou indo para casa e não aceitou ir almoçar com Jane e Kurt. Mentalmente, também me sentia exausto por conta de toda a montanha russa que havia vivido com Tasha no dia anterior e na madrugada, mas não quis fazer desfeita com a minha irmã.

Pedimos comida via delivery logo que chegamos ao lar dos Wellers. Kurt foi brincar de videogame com Aubree e Jane me chamou para arrumar a mesa de jantar, um convite que eu também sabia que era para conversar sobre o que havia ocorrido. 

Todos viram em algum momento da madrugada eu e Tasha conversando, mas ninguém além da minha irmã havia visto nossos beijos. Eu também sabia que ela seria a única com coragem de me perguntar o que havia acontecido e foi o que ela fez logo que começamos a separar as louças para quando a comida chegasse.

— Agora que estamos a sós, você pode me contar o que aconteceu entre você e Tasha? Ela te contou o que tá acontecendo? Ela vai voltar?

— Ela não vai voltar. — Fui franco. — E sei pouco do que tá acontecendo, mas sei que ela não foi embora por minha causa ou por Aubree. Por ela ter sido uma pessoa bastante desprendida quanto a isso, confesso que tive medo dela ter ficado assustada com a nossa rotina.

— Não tinha como ser isso. Ela quem se mudou pra sua casa e, como você sabe, ela não é covarde. 

Sorri com orgulho do elogio, sabendo que Tasha não era covarde e que não tinha medo do que nós estávamos nos tornando.

— Ela te falou o que a fez ir embora? — Perguntou Jane, interrompendo meus pensamentos

— Não, mas imagino o que seja. 

Como continuei arrumando copos, dando claro sinal de que não contaria minha teoria, ela continuou.

— Nós nunca tivemos segredos entre nós, Roman. Por que precisamos ter agora?

— Para ficarmos bem. Se ela não quis me contar e nem contou a vocês, tem um bom motivo. 

— Mas você não vai me contar o que tá pensando?

— Se eu contar, você vai ficar preocupada e isso não fará bem para os bebês.

— Esse suspense todo já tá me deixando preocupada. 

Vendo o nervosismo no olhar dela, eu atravessei a mesa e a abracei de uma maneira fraterna e carinhosa, dando um beijo em sua testa. 

— Calma, irmãzinha. Eu não farei nada que você não faria. 

Ela afastou o abraço, me olhou no olho e respondeu:

— Exatamente por isso que eu me preocupo. 

— Nós todos vamos ficar bem em breve. Eu juro. 

Apesar de não estar muito convencida, ela rebateu:

— Eu espero que sim. Quero muito você e ela aqui quando esse bebê nascer.

Aubree e Kurt apareceram na cozinha e nos interromperam na hora.

— Esses bebês, né, tia. É mais de um. 

A sapiência de Aubree sempre nos fazia rir, mas antes que ela falasse mais, fomos interrompidos pela chegada do entregador. Nos servimos e comemos, mas logo eu e Aubree partimos para casa, pois estávamos todos muito cansados da viagem. 

Quando chegamos em nosso lar, Aubree tomou banho enquanto eu tentava me distrair desfazendo a mala. Era em vão, pois eu não conseguia parar de pensar no que fazer para poder ter Tasha de volta. O reencontro havia abastecido meu coração de bons sentimentos, mas eu ainda sentia a casa incompleta sem ela. Afinal, quando ela saiu, levou tudo que tinha, mas deixou vazio os espaços que suas coisas ocupavam antes, assim como deixou meu colo. Seria mais uma noite em que eu sentiria sua falta ao meu lado na cama e eu sabia agora que aquilo não doía somente em mim, mas também nela. 

Logo que saiu do banho, Aubree foi vestir o pijama e eu fui tomar o meu banho. Nesse tempo em que tenho minha filha em casa, tenho aproveitado os momentos com ela e toda noite eu conto alguma história ou leio alguma nova a ela de modo que ela sempre acaba dormindo na minha cama no final e eu tenho que carregá-la para a sua cama de noite. Naquele dia em específico ela entrou no quarto com um cobertor e o cachecol que Tasha havia dado a ela. Às vezes, como num gesto de saudade, ela ficava com o cachecol sob o pescoço apenas por estar, mesmo que o dia fosse quente. Logo que ela sentou na cama para conversarmos, ela puxou o assunto Tasha. 

— Pai. — Aubree chama com um olhar curioso. — Você e a tia Tasha vão voltar?

Engulo em seco e penso bem no que responder. Conheço Aubree o suficiente para saber que ela não irá aceitar uma não-resposta. 

— Vamos sim, mas não agora. 

Ela suspirou como quem não gostou da resposta. Na verdade, nem eu mesmo gostei, mas era o que eu poderia responder. Eu não ia desistir da morena, ainda mais sabendo que ela fugiu, mas não exatamente desistiu de nós.

— Quando ela vai voltar, então?

— Não sei, Aubree. 

— Que chato. Você e ela respondem a mesma coisa sempre. 

— Por isso que nós nos amamos. 

— É. Eu sei. Fiquei feliz em ver que vocês se abraçaram quando estávamos vindo. Pena que ela não pôde vir conosco. 

— Não quero que você fique ansiosa com isso, filha, mas uma hora ela vai voltar. 

— Sabe, pai, às vezes tenho a impressão que ela foi embora por minha culpa. 

Quando ela disse isso, logo engoli em seco por medo do que viria a seguir. Sempre me preocupei com os sentimentos de Aubree e a última coisa que eu queria é que ela se sentisse culpada pelos meus problemas amorosos. Ela já tinha em si a carga de ter sido abandonada pelos pais anteriores e não queria ser mais um empecilho emocional na sua vida. 

— Tasha ama você, Aubree. De onde que você tirou isso?

— É que ela foi embora logo depois que eu contei a ela que um cara estranho foi me visitar na psicóloga antiga.

— Que moço estranho, Aubree? Por que você não me contou isso?

— Tia Tasha me fez prometer que não ia contar pro senhor não se preocupar. Desculpa, pai. 

— E como era esse moço? Você lembra o nome dele, filha?

—  Um moço de olhos azuis claros, mas eram feios. Ele nem é bonito, na verdade. Não imagino que seja nada da tia Tasha. Não parece com ela. Ele me disse um nome, mas a moça do consultório disse outro nome. Weitz, algo assim. Mateo, Matheus, não lembro, só lembro desse Weitz.

Aquela resposta me fez gelar e congelar no tempo de uma maneira que Aubree ficou falando comigo e eu pouco prestei atenção no assunto. Tasha havia me contado que o Weitz havia ameaçado ela anos atrás e que tinha sido a ele que ela havia vendido informações sobre a Jane. Porém, até onde eu sabia, ele tinha sido preso pouco antes de nos aproximarmos. O que teria acontecido? Eu tinha que descobrir, mas fui interrompido dos meus pensamentos pela minha filha.

— Devo me preocupar, pai? Ele vai fazer algo com você ou com a tia Tasha?

— Não, filha. — Menti. — Não precisa se preocupar. Nem sei quem deve ser. Pode ter sido do trabalho da tia Tasha. 

— Espero que sim. E que ela volte logo. 

— Enquanto a gente espera, que tal dormir? —  Assuntei. — O final de semana foi longo e você tem aula amanhã cedo. — Falei arrumando ela no cobertor para que ela não puxasse mais assunto, até porque todo meu pensamento estava totalmente focado em descobrir coisas sobre o Weitz. 

Seria o primeiro passo para ter Tasha de volta.

Aubree dormiu meia hora depois da nossa conversa. Após deixá-la em seu quarto, peguei o celular, ativei a câmera noturna da casa com retorno no meu celular para observá-la, tranquei a casa e fui ao mercado atrás de um telefone descartável. Se Weitz alcançou Tasha e Aubree, quase nada impedia que ele me alcançasse ou mais alguém da minha família. Ele certamente queria ferir Tasha e estava me utilizando e usando minha filha, mas, com minha experiência do passado, eu poderia alcançá-lo e dar fim em tudo isso antes que ele pudesse ir atrás dela ou ferir mais alguém a quem ela se importava. Para começar tudo, eu teria que investigá-lo e fazer isso não seria fácil do meu próprio telefone. 

Após comprar um aparelho novo, baixar programas necessários, liguei para Patterson, que atendeu um pouco confusa.

— Oi, Patt. Tô precisando da sua ajuda.

— Quem é com esse telefone totalmente estranho?

— Roman. Preciso te contar uma coisa e saber se você pode me ajudar. 

— Se for sobre a Tasha, eu… —  Ela começou a falar como quem fosse me dizer o de sempre —  pra eu desencanar —,  mas eu a interrompi.

— Tem uma pessoa ameaçando a vida da Tasha e eu sei quem é.

Entendendo que ela ficou sem reação do outro lado da linha, continuei.

— Matthew Weitz. Ele chegou a ter acesso e até a se aproximar da Aubree. Pouco depois que ele se aproximou dela, Tasha ficou sabendo e foi embora. Não pode ser coincidência.

— Ele não estava preso?

— Era o que eu sabia sobre isso. 

— Vou tentar descobrir mais sobre isso amanhã, ok? —  Ela disse com voz de sono. —  Mas você precisa me prometer que não vai fazer nada estúpido. Tasha não quer que você morra, por vocês e por Aubree. 

— Não vou morrer. 

— Já é um bom começo. Amanhã te passo o que descobrir para esse telefone que você me ligou. 

— Boa noite. — Desejei à loira, embora soubesse que eu não teria uma boa noite.

Quando o dia amanheceu, eu pouco tinha colado os olhos. Por estar esperando informações de Patterson, decidi ter um dia livre e, após deixar Aubree na escola do orfanato, pedi uma licença de cinco dias alegando questões pessoais. Meia hora depois de chegar em casa e arrumar uma bolsa para o caso de eu precisar sair, Patterson me liga contando que Weitz não estava mais preso, que a ficha dele havia sido limpa pelo servidor da Tasha, mas que ele deveria ter feito algum acordo com uma agência maior, pois ele estava cadastrado como funcionário do governo. 

Agradeci e, com essas informações, pensei no que poderia fazer. Embora quisesse ter Tasha de volta, Patterson explicou que não poderia se envolver mais do que isso, até para não chamar a atenção de superiores, e pediu que eu tomasse cuidado. As informações fizeram com que eu me lembrasse de um contato que tinha nos tempos do Orion, quando procurei pela minha irmã. Rob era o melhor rastreador de pessoas dos Estados Unidos e, com as informações iniciais dadas pela Patterson, ele provavelmente poderia rastrear Weitz. Entrei em contato com ele por uma via antiga de comunicação. Ele respondeu quase uma hora depois, surpreso pelo meu contato após tantos anos. Conversamos e passei as informações que eu tinha e pedi que ele buscasse saber onde ele estava. Ele perguntou se eu também iria precisar de uma arma. Relutantemente, eu disse que sim. 

Poderia fazer tudo da forma mais fácil, mas não queria complicar ninguém. Se eu pedisse ajuda a Kurt, Jane iria querer participar e eu não gostaria de colocar minha irmã grávida no meio do fogo cruzado. Também não gostaria de colocar o pai dos filhos dela nesse meio. Desse modo, era mais fácil pensar que eu estaria melhor fazendo isso tudo sozinho. 

A pior parte de tudo era pensar em fazer isso tudo sem vínculo com o governo ou qualquer investigação, correndo o risco de ser preso e até mesmo de perder a minha filha, mas eu também confiava em mim o suficiente para saber que eu conseguiria. Já havia feito serviços sujos várias vezes, por razões erradas. Por que não conseguiria fazer agora, pelos motivos certos?

No final da tarde, enquanto esperava respostas do Rob e, fui buscar Aubree na escola. 

Ficar o resto da noite com ela me fez pensar na atitude que eu tomaria com as informações que Rob me daria, mas eu não queria voltar atrás. Porém, queria ser mais honesto com minha filha. Se tudo desse errado, não queria que ela fosse pega de surpresa com o fato de que o pai dela já foi um matador profissional.

Após o jantar, enquanto brincávamos com um quebra-cabeça, decidi me abrir para ela quanto a minha história. Tentei ser bem sutil, afinal, Aubree é apenas uma criança e, por mais esperta que ela seja, é muita informação para processar. 

— Filha, lembra que eu te contei que também já morei em um orfanato?

— Lembro, pai, mas sei que o senhor não gosta de falar disso. — Ela respondeu distraída com uma peça na mão.

— Eu quero falar agora. — Confessei. — Você quer escutar?

— Claro. — Ela respondeu com surpresa no olhar deixando o jogo de lado. 

— O orfanato que eu estive era na África, onde eu e tia Jane crescemos, mas lá não era tão legal quanto o seu. Nós não aprendemos nada sobre a vida como você, não brincávamos, só aprendemos a lutar e a machucar as pessoas. Não era um orfanato normal. 

— Meus avôs colocaram vocês lá? —  Ela perguntou com pesar no olhar.

— Não. Seus avôs morreram e, depois disso, umas pessoas que deveriam nos levar para o Conselho Tutelar nos levaram para lá. — E continuei. — Queríamos que nós fossemos soldados para ir para guerra e quem não quisesse morria. Como eu e tia Jane não queríamos morrer, nós aceitamos.

— Você lutou uma guerra, pai?

— De certo modo, filha, mas não uma guerra como você tá imaginando. Depois que eu cresci, eu só sabia fazer o que me ensinaram lá, que era destruir tudo e todos e, por muito tempo, eu destruí muitas coisas. Eu só mudei depois que minha irmã conseguiu mudar, depois que ela esqueceu tudo e que ela me ajudou a esquecer.

— E por que você tá me contando isso tudo? — Ela perguntou devagar. — Você lembrou de algo ruim?

— Não, filha, não lembrei. Só que eu já fui uma pessoa ruim com pessoas boas e eu queria que você soubesse disso, e também soubesse que eu me arrependo de tudo que eu destruí. Lembra que eu te falei que você poderia me contar tudo da sua vida? Agora eu estou contando tudo da minha para que você não descubra por outras pessoas e ache que eu menti pra você. 

Ela respondeu se levantando e vindo em meu sentido, me dando um abraço que, embora fosse silencioso, eu sabia o que ele dizia. Aubree me aceitava como eu era. Eu sabia que não seria tão difícil para ela pelo fato de os pais antigos dela terem sido do Exército. Ela deveria ter vivido muitas coisas. Saber que ela me amava mesmo assim era reconfortante após um dia tão turbulento.

Quando ela saiu dos meus braços, me olhou nos olhos com um olhar meigo e aquecedor.

— Obrigada por me contar, pai. 

Após eu responder com um beijo em seu rosto e dizer que a amava, ela continuou. 

—  Mas eu queria te pedir que você nunca mais faça nada assim, tá? Eu sei que você é um homem bom agora e quero que você continue assim.

— Eu sempre vou ser bom para você e para todos. Só não posso te prometer que vou ser se alguém ameaçar você ou alguém que eu amo. 

— Espero que isso não aconteça. 

Pouco depois da nossa conversa, ela se arrumou para dormir. Li um pouco de seu novo livro preferido, um infantil sobre Malala que Jane havia dado de presente, e ela dormiu. Ansioso por notícias de Rob, passei parte da noite em claro, até que ele me ligou para avisar que poderia me ceder a localização de Weitz e uma arma irrastreável. 

Quando o dia seguinte chegou, deixei Aubree na escola, agendei uma mensagem para que Jane fosse pegá-la no colégio e que ficasse com ela que eu voltaria para casa no final da noite. Encontrei Rob em Connecticut após quase duas horas dirigindo. 

— Grande Roman. —  Ele disse me cumprimentando no estacionamento onde marcamos de nos encontrar. — Nunca pensei que fosse vê-lo novamente.

Satisfeito em vê-lo, pois, apesar de tudo, confiava nele, respondi com um sorriso.

— Também pensei que nunca mais o veria, Rob. Como que você tá?

— Indo, né? Essa vida pode ser um pouco complicada, mas rende um boa grana.

— Por isso saí disso tudo. — Refleti alto.

— Saiu mesmo? — Ele questionou cético. —  Por que então você tá querendo uma arma e a localização de um agente da CIA? 

Olhei no fundo do olho dele enquanto ele me entregava a arma e respondi.

— Eu mudei, mas esse agente da CIA não. E ele se meteu com a minha família. Quando as coisas acontecem assim, prefiro resolver da maneira antiga. 

Rob me desejou sorte e, após me ceder um novo carro, dei a ele a grana que prometi e ele foi embora. Eu fui em direção ao local onde o Weitz tava, sabendo que só sairia de lá quando tivesse a alma dele para mim, por tudo que ele havia feito eu, Tasha e minha família sofrer.

 

Tasha POV

 

Era começo de tarde quando Reade me mandou uma mensagem pedindo que eu fosse até a sala dele, pois precisávamos conversar. Eu protelei a chegada até a ele, entretanto, pois sabia que ele queria que eu desabafasse. Particularmente, não era o que eu desejava. Depois dos dias que tive com o Roman, eu só queria ficar no meu lugar absorvendo o que vivemos, desde quando nos envolvemos até o dia atual. 

Inicialmente, eu o detestava bastante e era engraçado pensar como tanto ressentimento passado havia se transformado em algo tão mais bonito. Eu era livre, eu mesma, e amada por isso, por ser exatamente quem eu era. Roman nunca me cobrou para que eu fosse diferente de quem eu sou, apesar de conhecer meus defeitos e meus pecados. Nunca quis que eu ficasse tentando “melhorar”, pois ele me amava nos problemas e nas soluções. Eu só queria pensar naquilo, não queria pensar na distância, pois machucava. Assim como machucava pensar no fato de que eu ainda não tinha pensado em uma solução para tudo. Queria matar Weitz, seria prático, mas essa não era uma solução tão simples, não para mim e eu não queria colocar essa solução a cargo de ninguém, pois caso alguém fosse punido, não queria que fosse pelos meus problemas. 

Quando estava dobrando o corredor para chegar na sala de Reade, ele abre a porta e vem em minha direção.

— Precisamos sair agora. — Falou ele com ansiedade na voz enquanto partia para o elevador.

— Pra onde? Qual caso? —  Perguntei acompanhando-o.

— Vamos para Nova York, eu acho. Patterson nos dirá no caminho.

— Reade, não posso voltar. Por Deus, você sabe disso. —  Comecei, mas ele logo me interrompeu.

— Roman foi atrás de Weitz, para matá-lo, provavelmente. Não vejo outro motivo para o qual ele queria uma arma. Você vem?

Só consegui responder com uma afirmativa com a cabeça. Todo aquele tempo longe do homem da minha vida para que ele continuasse vivo e ele fez questão de se arriscar assim que soube disso. Burro, idiota, maluco, era tudo que eu o xingava mentalmente enquanto eu e Reade saíamos com helicóptero para chegarmos rápido na localização em que Patterson havia nos passado. Ela havia rastreado o celular novo que ele havia comprado. 

Quando chegamos em Connecticut, o pôr do sol tinha tons bem laranjas e vermelhos, tal como se a cidade tivesse pegado fogo a partir do alto. Quando olhei para o céu, descendo do helicóptero, torci para que aquele fosse o último vermelho que eu visse até o final daquele dia. 

Não foi o que aconteceu. 

Quando chegamos no prédio onde Roman supostamente estava, Reade, vendo que eu estava nervosa, tentou me nortear, mas eu só conseguia pensar no perigo que corria e que havia colocado Roman. Não sentia excitação alguma naquele momento, como naturalmente sentia, mas sim um medo apavorante e aterrorizante. Reade decidiu me cobrir, mas eu pedi que ele deixasse que somente eu abordasse Roman. Ele relutantemente concordou.

Entramos no Self Storage em que eles estavam e subimos dois andares até chegar onde eu escutei um grito bastante grosso. Era Weitz, claramente, não Roman. Como tínhamos achado o local exato, provavelmente o box do lado esquerdo, pedi que Reade acobertasse a entrada para que eu tentasse dialogar com os dois, tentando entender a situação e evitando que Roman morresse ou fizesse besteira.  

Quando escutei mais um grito de Weitz, decidi dialogar com Roman do outro lado da parede. Eu não os via, mas sabia que eles estavam no box ao lado da parede onde eu havia me encostado..

— Roman, meu amor, não faça isso.

Uns segundos de silêncio até que ele respondeu.

— Não era pra você estar aqui. — Ele respondeu com um pouco de desespero na voz. — Não venha até aqui, por favor.

— Você ta bem?

— Não estou. —  Confessou ele. —  Mas vou ficar se você sair. 

— Roman, não faça besteira. Por favor. Você vai se arrepender, Aubree vai se decepcionar com você. 

— Pelo menos ela vai estar viva. Por que esse desgraçado… — A fala foi interrompida por mais um grito do Weitz, junto a um pedido de socorro. —  ia matar minha filha. Por pura ganância de se vingar de você. 

Eu senti na voz dele que ele já havia tomado uma decisão. Sendo sincera, sabendo o que Roman havia descoberto, eu nem poderia julgar. A única coisa que eu poderia fazer era me culpar por ter trazido esse extremo novamente. Antes que eu pudesse pensar em algo mais, meus pensamentos foram interrompidos pelo barulho de um tiro. 

— Roman, você tá bem? —  Perguntei mais uma vez.

— Eu estou, eu… —  Ele começou, mas logo escutei um forte barulho, como se ele tivesse caído no chão.

Quando fui em sua direção, vi uma cena de terror. Weitz tinha uma mão quebrada, o rosto inchado e agora deformado por uma bala na cabeça. Ao chão, abraçado por uma crescente poça de sangue, Roman estava desmaiado, com um tiro na perna e outro na barriga. Seu coração batia, mas sua respiração era fraca. 


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Notas finais do capítulo

Gostaria muito que vocês me falassem o que acharam desse capítulo. Eu não via a hora de trazer esse momento do Roman e da Tasha lidando com a ameaça. O próximo capítulo chega em breve. Lá no meu perfil @jellerspot deixei fixado as datas que serão publicadas as outras partes dessa história. Muito obrigada a quem ainda está lendo. Amo vocês. ♥



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