Don't Wanna Know escrita por Queen Jeller


Capítulo 29
Capítulo 29 - Partilhar


Notas iniciais do capítulo

Aqui está um novo capítulo de DWK, mas antes de lerem, gostaria de agradecer pelos 9,5 mil visualizações que essa história tem. Isso me faz muito feliz. A partir daqui, a história ficará mais estreita, mas espero que vocês gostem e não desistam.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/724093/chapter/29

ROMAN POV

 

Embora já fosse noite, era uma noite intimamente quente. Fazia cerca de 28 °C quando cheguei em casa e, como sabia que Tasha chegaria cansada, abri todas as janelas e arrumei minimamente a casa, ligando um rádio em que tocava músicas de R&B e comecei a cozinhar. Entre todas as coisas que eu gostava de fazer para cuidar de Tasha, cozinhar era a minha favorita e, como achava que havia ficado devendo a ela uma melhor comemoração dos nossos oito meses de relacionamento, resolvi fazer uma surpresa para ela.

Já estava separando as tortinhas para juntar ao Guacamole Mexicano que havia feito para ela quando seu barulho chegando na porta soou pela casa. Era baixo, mas já havia me habituado a reconhecer quando chegava.  

— Que cheiro bom de comida é esse? — Ela perguntou após atravessar a porta e fui em sua direção, roubando-lhe um beijo rápido.

— Uma surpresa para você. Gostou?

Ela me olhou com felicidade no olhar.

— Claro que sim. Eu amo Guacamole! —  Falou com animosidade e foi sua vez de me roubar um beijo, dessa vez mais lento.

Quando nos separamos, ela tirou seu blazer, jogando em cima do sofá e juntou-se a mim, me ajudando a arrumar a mesa para jantarmos.Ia pegar um vinho para bebermos uma taça, mas ela tomou das minhas mãos.

— Acho que precisaremos da garrafa.

— Ta animada? —  Acentuei após chegar mais perto e dar um beijo em sua testa e ela sorriu.

— Sim! — E então me pegou pelos olhos com um olhar misterioso. —  Adivinha quem é a nova diretora do setor de contrabando do FBI de Nova York? — E então seu sorriso duplicou.

Eu não conseguia imaginar a felicidade de Tasha por aquilo. Mesmo quando éramos oponentes, eu sabia como ela amava aquele trabalho, fazer as coisas da maneira certa e ver ela recebendo um reconhecimento em relação a isso aquecia meu coração.

Ela era uma mulher integra, forte, inteligente e era confortante saber que alguém percebia isso além de mim, que isso tava começando a dar frutos ao seu redor.

A peguei nos braços em comemoração e a rodei e ela então riu.

— Parabéns, meu amor. —  Festejei ao colocá-la no chão. 

— Obrigada, amor. É mais trabalho para mim, mas é bom perceber a confiança que eles tem em mim, apesar de… você sabe. —  Ela pontuou, não querendo tocar no assunto da venda de informações da minha irmã. Eu também preferi não tocar naquele assunto, que era página virada para mim.

— Será que vai sobrar tempo para mim, diretora? — Questionei em tom de brincadeira enquanto sentávamos na mesa.

Ela me olhou com desdém, mas depois sorriu.

— Para minha felicidade? Claro, eu sempre vou ter tempo.

Começamos a nos servir e, embora tivesse cansada, Tasha tinha um semblante leve. Eu amava observá-la quando ela fazia as coisas mais básicas, pois era quando melhor via quem ela era e agradecia aos céus por tê-la ao meu lado. Um dúvida, porém, bateu-me quando comíamos.

— E como você vai ficar no orfanato? — Perguntei.

— Nossa. — Ela se espantou de repente. — Não falaram nisso. Provavelmente pelo meu acordo ser com o Kurt. Terei que ver com ele.

— Tomara que ele não te tire de mim. —  Falei divertidamente e ela então riu. 

—  Nem se ele quisesse. — Ela rebateu e então piscou o olho para mim. 

Terminamos de comer e ela então foi lavar a louça. Tomamos banho para ir dormir, mas antes, continuei lendo o livro que Tasha havia me dado e ela foi dar uma lida no novo contrato de trabalho dela, que ela assinaria amanhã caso concordasse com tudo.

Eu tinha uma sina em venerá-la nesses momentos mais concentrados e despretensiosos e em um dos momentos que eu a observava com esmero, ela me olhou e me beijou.

— Você não vai cansar de me venerar algum dia não? —  Debochou e eu então fui com meu corpo em sua direção.

— Ta pesando em você isso?

— Claro que não. —  Respondeu em risos. — É que, nessa altura do campeonato, pensei que você já estaria vendo meus defeitos e se cansando da paisagem.

A olhei com incredulidade.

— Você sabe que vamos envelhecer juntos. Por que eu cansaria de você logo agora?

Ela me beijou em resposta.

— Bom saber seus planos a longo prazo.

— Eu tenho outros. —  Pontuei. — Mas vou mantê-los em segredo, senão você sai correndo de mim.

Ela riu com diversão.

— Claro que não. —  E me beijou. — Eu espero nunca ter motivos para sair daqui. 

— Fica tranquila. —  A confortei e dei um beijo em sua testa. — Nunca darei motivos para isso.

Nos confortamos na cama e dormimos, cientes do longo dia que viria a seguir, mas felizes por saber que teríamos um ao outro para lidar com tal mudança de rotina.

 

***

TASHA POV

Um mês depois

 

Havia passado um mês desde que comecei no meu novo cargo do FBI. No começo, era tudo uma correria muito grande, e eu acabei passando dias sem poder ir ao orfanato, mas ao pegar o ritmo, passei a passar algumas manhãs por lá. Não era sempre e meu acordo com Kurt havia mudado, com uma carga horária menor e meus deveres passaram a ser mais administrativos do que físicos.

Apesar disso, meu relacionamento com Roman e Aubree ia bem. A garota não soube lidar inicialmente com minha ausência no orfanato, mas logo conformou-se. Roman era um presente dos deuses e se adaptava a qualquer imprevisto que surgisse. Mesmo em uma noite em que as coisas não haviam andado como planejado, ou quando eu virava a noite no trabalho, quando nos reencontrávamos, ele sempre me dava conforto e cuidava de mim, com toda sua paciência e atenção.

Eu amava tanto isso nele, sua paciência, mas sabia que, agora, ele teria que ter mais. O trabalho era realmente muito pesado e me tirava de órbita. Além dele, outra coisa estava me tirando do sério: minha menstruação. Ela sempre havia sido desregulada, mas nunca passava mais de 30 dias sem aparecer. Dessa vez, já estava indo para o 40ª dia sem nenhuma gota de sangue saindo do meu útero. Eu tentava me confortar falando que deveria ser estresse do trabalho, mas dentro de mim soava uma voz falando para que eu fizesse um teste. Afinal, eu também andava com muito sono.

E se eu tivesse grávida? Bem, a primeira coisa que me passou a cabeça quando pensei nisso foi um sentimento de susto, mas logo depois, um conforto. Se eu tivesse carregando um ser dentro de mim, hoje saberia que ele teria uma boa criação comigo e com Roman. Eu teria uma enorme rede de apoio vinda de nossos amigos. Lembrei-me de Roman com Simon no aniversário da Aubree e imaginei que ele ficaria louco de felicidade tendo um filho. Seria menino ou menina? Que tipo de mãe eu seria? Protetora como Roman? Mais paciente?

A minha vida giraria de cabeça para baixo novamente. Será que perderia meu cargo? Esse seria o menor dos problemas, pois limitaria meus trabalhos em campo e trabalharia até o último dia. Embora não soubesse o que fazer com essa informação, a minha cabeça já circulava em vários campos. Como Aubree reagiria, como faríamos com a casa. Quarto compartilhado entre as crianças? Nos mudaríamos?

Antes, porém, de alimentar cada vez mais essa ideia na minha cabeça, resolvi fazer um teste. Na dúvida, comprei 5 diferentes. Pedi licença para sair mais cedo do escritório, deixando o protocolo de um caso com César, meu auxiliar e fui para casa. Senti um nervosismo que parecia não acabar quando sentei no vaso sanitário. Em seguida, fui utilizando cada teste  e colocando na pia.

— Vamos, Tasha. Coragem. —  Falei alto, tentando me encorajar a levantar para olhar o resultado, então respirei fundo e olhei.

Todos eles estavam negativos.

Era o resultado que eu gostaria de ver, afinal, seriam muitas mudanças loucas em minha vida e de Roman, mas porque eu não me sentia feliz ou aliviada? Por que me sentia triste?

Sem saber lidar com tais sentimentos, resolvi deitar. Antes, liguei para minha médica e agendei um exame de sangue. Poderia ser ausência de ferro no sangue, estresse pela nova rotina. Eu saberia melhor na consulta que consegui agendar para outro dia, mas me sentia traída pelo meu corpo.

Antes de me afogar em lágrimas, porém, fiquei passando a mão na minha barriga e mentalizando, pedindo a Deus que, quando fosse a hora, que eu fosse digna disso. Em meio as minhas orações, dormi. 

****

ROMAN POV

Cheguei em casa para notar um clima diferente. Nos últimos tempos, Tasha sempre chegava bem depois de mim, mas ao chegar, notei que ela já estava em casa. Será que havia acontecido algo? 

Minha resposta veio quando a encontrei deitada em nossa cama dormindo. Ela parecia tranquila, mas estava com a maquiagem borrada. Havia chorado? O que havia acontecido ali na minha ausência?

Procurei evidências de tudo aquilo antes de pensar em acordá-la, afinal, ela andava tão cansada do trabalho, e fazer isso tava fora de cogitação. Ao entrar no banheiro, vi o que poderia ser a resposta ao longe.

O ar me faltou por um momento. Cinco testes de gravidez em cima da pia. Eu sabia que queria ter quantos filhos Tasha também quisesse, mas será que eles já começaram a chegar agora? Uma felicidade me tomou só de pensar nisso, mas, devagar, pensei.

— Porque ela choraria então? Estaria achando que eu não quero ser pai de um filho dela? — Mas sabia que isso tava fora de cogitação.

Com isso, pesquisei na internet para entender o que somente um traço significava em exames de gravidez, afinal, só tinha isso nos testes.

“Negativo”, foi que o Google me respondeu. Ela estava chorando por não ter um filho meu? Apesar do quanto isso fosse triste, fiquei feliz por perceber que isso significava que ela queria ter um filho comigo.

Para que ela não ficasse pensando nisso, eu juntei os exames e os joguei no lixo. Ao sair do banheiro, vi que ela estava na cozinha bebendo água.

— Boa noite. — Cheguei perto dela e a abracei, tentando fingir que não sabia de nada. Embora filhos fosse um assunto nosso, gostaria que ela falasse disso apenas se quisesse.

— Boa noite. — Ela falou em um tom baixo e me abraçou, exalando uma respiração mais profunda. — Acho que estou doente. — Alertou me olhando. — Talvez seja anemia.

— Quer ir ao médico? — Perguntei preocupado, mas ela negou com a cabeça.

— Marquei com a minha para amanhã.

— Mas ficará bem hoje? — Questionei olhando no seu olho. O brilho deles estavam um pouco menor hoje.

Ela ficou na ponta dos pés, beijando minha testa.

— Ficarei. Obrigada por se preocupar comigo, cariño.

Antes que ela dissesse mais alguma coisa, eu a abracei e ela me abraçou, de maneira mais forte que o habitual. Mesmo sem sabermos, estávamos um confortando ao outro. Quando o dia amanheceu, ela foi ao médico, mas insistiu em ir sozinha. Fui deixá-la até o consultório após tomarmos um café reforçado e resolvi passar no banco.

Se Tasha estava pensando em querer uma família comigo, eu sabia que tinha que mostrar para ela que estava pronto para isso, e para assumir um maior compromisso. Meu pensamento foi deixado de lado quando o gerente do meu banco me chamou para me atender. Afinal, eu precisava dele para ter acesso ao anel de diamante que minha mãe havia deixado na África para que eu a entregasse a mulher em que eu havia decidido casar. E agora eu sabia exatamente que mulher seria essa.

 

***

Aubree POV

Era uma manhã um pouco esquisita no orfanato. Minha tia Michelle havia avisado que meu pai chegaria atrasado e minha tia não viria. O que será que aconteceu? Ela também havia me tirado da sala para conversar com a psicóloga, mas a conversa estava demorando.

Quando achei que ia terminar, um homem entrou na sala. Não tive muito boa sensação dele, mas a psicóloga havia dito para eu parar de desconfiar das pessoas. Ele não se vestia como um doutor, mas estava com terno e gravata. Uma blusa interna azul e uma gravata da mesma cor, em um tom mais azul, combinando com seus olhos.

Ele me retribuiu o olhar de desconfiança.

— Oi, Aubree. —  Ele então disse, claramente sem qualquer jeito de falar com uma criança. — Prazer, meu nome é Aaron. Hoje vim conversar com você. Tudo bem?

Não querendo não ser cordial, balancei a cabeça que sim.

— Ora, não precisa ter medo de mim, sua psicóloga está aqui conosco, ta? Eu só estou aqui porque conheço sua tia, sei que ela está com seu pai e ele quer adotar você, então queria conversar com você sobre isso.

Balancei novamente a cabeça. Ele me olhou com firmeza e eu disse:

—  Ok.

— Isso fica em segredo entre a gente, ta? —  A psicóloga disse e então saiu da sala.

Ele passou a me questionar sobre o relacionamento do meu pai e da tia Tasha e realmente sabia muitas coisas sobre ela. Perguntou-me se eles estavam morando juntos, se ela havia me prometido algo para a adoção e se eu alguma vez a chamei de mãe. Mesmo assim, não fiquei confortável. Porém, como ele não havia chegado tão perto de mim, não fiz nada.

Alguns minutos depois, a psicóloga voltou.

— Você precisa ir agora, Matthew Weitz.

O olhei com estranhamento. Ele não havia se apresentado como Aaron? mas antes de questionar, ele me agradeceu pelas informações e saiu.

— Que estranho. —  Pensei, mas fui ao encontro do meu pai antes de perguntar qualquer coisa a psicóloga. Como ela havia me pedido segredo, não comentei nada com ele, mas não esperava a hora de contar isso para minha tia Tasha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não me xinguem! E até o próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Don't Wanna Know" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.