Don't Wanna Know escrita por Queen Jeller


Capítulo 22
Capítulo 22 - Certain Things


Notas iniciais do capítulo

Muitas coisas especiais estão para ser ditas neste capítulo,, logo, espero muito que vocês gostem.



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Acordei relutantemente, embora descansado.

A noite havia acabado com neve começando a cair, sendo iluminada apenas pelas luzes da rua e comigo sentindo a curva de um sorriso na bochecha de Tasha enquanto ela se aninhava em meu peito para dormir. Então, era difícil pensar que a noite tivesse acabado, embora não achasse que o dia fosse ser cansativo.
Eu apenas não queria ainda sair daquele momento no qual eu me sentia tão amado, aquecido e apaixonado, algo que eu pensei que nunca fosse acontecer antes. E saber que uma mulher tão forte, incrível, linda e maravilhosa fazia eu me sentir assim, só fazia com que eu quisesse retribuir aquilo a todo momento.

Encolhi meu corpo um pouco mais ao dela, beijando sua testa, e então sussurrei

— Deus, como eu sou grato por amar essa mulher.

Isso fez ela se remexer, mas ela realmente não parecia acordada. Alguns segundos depois, ela franziu a testa e falou de maneira quase inaudível

— O que você ta falando?
— Bom dia. — Eu disse não sabendo se ela ainda estava dormindo, ou se estava acordando, ou mesmo se ela tinha escutado o que eu havia dito. — Eu só estava rezando.

— Você pode fazer isso mais baixo. — Ela disse e voltou seu corpo pro outro lado da cama, voltando instantaneamente a dormir.

Não tive como não rir. Até sua sinceridade sonolenta me parecia adorável naquele momento.

Apesar da relutância, tive que me levantar pra ir pro trabalho. Não acordei Tasha pois como ela trabalhou até tarde no FBI, tinha que registrar uma folga no orfanato. A ausência dela ao meu lado causou estranheza em Aubree logo que cheguei.

— Cadê a tia Tasha? — Foi a primeira coisa que ela perguntou logo que me encontrou no corredor.
— Bom dia. — Eu disse levantando a as sobrancelha sugestivamente pro cumprimento.  — Ela não vem hoje. Está dormindo porque trabalhou até de madrugada. E você, como ta?
— Quero dormir. — Ela disse passando a mão na testa.
— Você sempre quer dormir, Aubree. Espero que você não tenha passado parte do horário de dormir brincando de videogame ou você ficará de castigo. Você sabe que eu consigo saber quando você liga o videoga- — Eu a repreendi, mas ela logo me interrompeu com um olhar assustado.

— Eu não posso mais desobedecer você. — E continuou séria. — Senão você pode querer não mais me levar pra casa quando puder.

Senti que ela realmente tinha medo disso acontecer, então eu me abaixei para olhar nos seus olhos.

— Eu jamais deixaria de levar você pra casa, querida. — Afirmei levantando seu queixo com a mão para que ela me olhasse. — É a coisa que mais gosto de fazer as sextas-feiras.
E então ela me abriu aquele sorriso favorito e me abraçou.

— Eu amo você, pai. — Ela disse e me deu um beijo na bochecha e quando eu a soltei, entramos na sala de aula.

Também era um dos meus medos atuais. Não poder levar Aubree comigo.

Muitas coisas na minha vida frustraram, e hoje em dia eu agradecia pela maioria das coisas que já tinha tentado fazer e a vida havia me frustrado, mas a adoção de Aubree era a coisa que eu mais gostaria que desse certo. Por um tempo, era a única coisa que eu esperava que desse certo.

Pouco antes do meu intervalo da primeira aula, meu celular apitou com mensagem.

 "POR QUE VOCÊ NÃO ME ACORDOU?"


"Porque você precisa dormir."


"Eu preciso ir trabalhar, isso sim."


"Lembre-se que você tem direito a uma folga no orfanato quando trabalha na madrugada."


"Você não me acordou porque sabia que eu ia trabalhar mesmo assim, não foi?"

"Parece que eu já conheço você"



Ela finalizou com um emoji rindo.

5 minutos depois, porém, ela retornou a mandar mensagem

 "Você tem como vir almoçar hoje aqui?"

"Você passou a noite comigo e ainda me quer pela manhã??????"

"HAHAHAHAHA Você anda muito convencido, Ian Kruger. Apenas preciso conversar com você pessoalmente."

"Ok. Posso levar Aubree comigo ou...?"

"Eu quero conversar em particular com você."

"Ta bom. Até mais tarde."

Não sabia o que poderia ser, mas não me assustou muito. Me despedi de Aubree e fui ao encontro de Tasha na minha própria casa.

Entrei pra encontrar a casa mais arrumada do que havíamos deixado e uma mesa posta.

Fui ao seu encontro e não pude não beijar seus lábios, que eram um imã pros meus.

— Posso saber o motivo disso tudo? — Eu disse olhando pra mesa com vistosas comidas mexicanas.

Ela já estava com roupa de ir pro FBI, mas isso não a deixava menos bonita. Na verdade, eu a achava charmosa com aquele tipo de roupa.

Ela me olhou percebendo que eu a olhava.

— Você me fez uma surpresa hoje e eu decidi te recompensar com o melhor burrito que você vai comer na sua vida. — Ela respondeu com um humor bastante agradável e eu resolvi brincar com ela.

— Resolveu me tirar do trabalho pra me dar uma intoxicação alimentar?

Isso fez uma franzir a testa e bater com pouca leveza em meu ombro.

— Estou brincando. — Disse e ela sugeriu que nos sentássemos e assim fizemos.

Provei a comida e realmente gostei. Minha aprovação a fez sorrir e ela apontou a faca pra mim enquanto comia, após o elogio.

— Se você disser que eu já sirvo pra casar porque eu cozinhei eu te mato.

— Claro que eu não diria isso. — Fortaleci e a olhei no olho. — Até porque eu já achava isso antes de comer sua comida.

Minha resposta pareceu desconcerta-lá um pouco, então resolvi quebrar o gelo.

— Mas eu ainda não te vejo com um longo vestido branco. — Eu disse com um pouco de humor e ela finalmente riu.

— Definitivamente não. Mas eu te chamei aqui pra conversar sobre algo mais sério que casamento. — Ela disse e me deixou confuso, o que claramente ela percebeu e logo prosseguiu. — Sobre você e Aubree.

Dei sinal pra ela prosseguir e então ela falou sobre o quarto que permanecia trancado.

— Você sabe que você pode me contar por que você não mostra o quarto logo a Aubree, sim? Então eu quero que você me conte.

Eu respirei fundo. Por mais intenso que fosse meu relacionamento com Tasha, ainda havia algumas zonas de nossas vidas que ainda não tínhamos explorado. Não por falta de conforto um com o outro, mas porque tínhamos uma dinâmica de sempre privarmos uns aos outros de nossas dores. Mas, se ela queria saber, Quem seria eu a me negar a dizer a ela?

 — Tanta coisa na minha vida já deu errado. — Eu comecei. — E algumas eu até agradeço.  Eu passei uma boa parte da minha vida recente agradecendo por algumas coisas terem dado errado, mas a adoção de Aubree eu não quero que seja uma das coisas que deu errado. É a coisa que eu mais quero que dê certo e eu tenho medo de não dar porque isso iria me romper, e eu não quero que ela passe pelo mesmo. Não quero que ela crie esperanças de ter um lar novamente pra isso ser arrancado dela se algo não der certo.

Ela me olhou bem séria  e percebi que ela engoliu em seco.

— Roman. — Ela começou bem audível. — A adoção vai dar certo. Você sabe que eu não sou a pessoa mais otimista que você já conheceu, mas eu estou te dizendo isso. Se você abrir aquela porta pra ela, ela vai se sentir ainda mais em casa. Eu entendo seus medos. Você e Jane foram tirados do seu lar, mas entenda que você é pra ela a nova chance que você demorou a ter. Ela precisa de um lugar pra sentir que pertence. Todos nós precisamos.

Eu suspirei fundo. Sabia que ela estava certa.

— Eu vou pensar nisso. — Eu disse e a beijei na testa e seu celular então tocou.

— Seu cunhado. — Ela mostrou o celular com o visor de mensagem do Weller.

Ela já teria que ir pro trabalho fechar uns documentos e eu voltar pro orfanato. Quando saímos de casa eu a puxei pros meus braços e a beijei sem dizer nada e ela retribuiu, mas cada batida do meu coração naquele momento agradecia a ela por me ajudar a criar coragem pra enfrentar meus medos.

Ela sorriu depois do beijo e eu contei pela enésima vez cada mancha cor de âmbar de dentro da íris dos olhos dela até suspirar e a soltar logo depois dela me retribuir um sorriso. Estávamos prestes a nos despedir quando eu a olhei e disse:

— Sabe, passou muito tempo na minha vida que eu só queria que uma coisa desse certo na minha vida. Agora são duas.

Ela levantou os olhos surpresa então eu suspirei e finalmente disse:

— A primeira é a adoção de Aubree, e a segunda é eu e você.

Ela sorriu e me retribuiu com um beijo.

Após nos separarmos, ela me olhou com ternura.

— Já está dando certo. Ambos.

Caminhamos muito contra a vontade para destinos diferentes, mas com o mesmo sorriso no rosto.

 

Sexta-feira

 

— Seu pai tem uma surpresa pra você. — Tasha disse logo que encontrou Aubree no orfanato e eu a olhei nervoso.

— O que? — Aubree perguntou saltitante, o que me deixou ainda mais nervoso.

— Não é um presente. Você vai saber essa noite.

— Vamos patinar? Você vai me emprestar seu cachecol?

Tasha sorriu com a animação da garota, que temporariamente havia me deixado como espectador.

— Isso vai depender do seu pai, mas não é isso.

— Argh! — Ela disse suspirando em frustração por não acertar e então Tasha riu e a fez rir.

Ela entrou na sala, então puxei o braço da morena.

— Você vai deixa-lá nervosa. — Afirmei e ela me olhou.

— Ela vai amar. Relaxa.

Nós tínhamos passado a noite anterior transferindo a cama e as roupas da Aubree de quarto. Ambos estávamos cansados, mas também estávamos ansiosos.

— Eu espero que sim. — Disse e passei a mão na barba.

Já íamos entrar na sala quando eu a puxei novamente.

— Obrigada por estar ao meu lado nesse momento. — Eu disse e apertei sua mão,  mas antes que ela fizesse algo Aubree apareceu na porta com cara de impaciente.

— Vocês vão entrar ou vão ficar de fofoquinha sobre algo que eu ainda não posso saber?

Isso nos fez rir e então entramos.

— Se essa garota não fosse adotada eu teria certeza que ela tem algum parentesco seu. — Eu disse e ela me olhou com ceticismo.

— Deve ser o signo. Ela deve ter ascendente ou mesmo ser de Escorpião.

Eu a olhei em confusão. Poderia saber de muitas coisas, mas signo não era uma delas.

— Nada. — Ela completou ao ver minha confusão.

O dia não demorou a passar. Após Tasha sair, Aubree ficou a todo momento me perguntando o que era. O que me deixou um tanto louco.

 "Se Aubree me enlouquecer, pode ter certeza que a culpa é sua."

"Relaxa, baby. Em algumas horas ela vai te enlouquecer mais ainda, ou mesmo acabar com sua audição hahahah"

"Não fique pilhado. Ela vai adorar. Só dizendo. ;)"

"Eu espero que você esteja certa."

"Eu sempre estou certa."

"Por isso eu adoro você."

Logo a tarde deu lugar a noite e o frio aumentou ainda mais. Pouco antes das 7 da noite, Tasha foi nos buscar no orfanato de carro.

— Olha o que eu trouxe pra você usar.   — Ela disse estendendo pra Aubree o cachecol de Tasha que era o favorito de minha filha.

— Obrigada, tia! — Ela quase gritou animada, estendendo-o pelo pescoço e então Tasha riu de sua animação.

— Você está linda. — Ela afirmou.

— Pra onde vamos?

— Pra casa. — Eu interrompi e ela então me olhou séria.

Entramos e ela foi olhando pra cima da mesa e do balcão, mas óbvio, não encontrou nada.

Seu olhar estava confuso e eu troquei olhares com Tasha, que sinalizou pra que eu tomasse uma atitude.

Eu me abaixei na altura dela, a sua frente, e Tasha estava atrás dela.

— Filha, eu prometo que nós vamos sair pra patinar em breve. Antes, eu queria te mostrar algo que eu fiz pra você e que eu tava com medo de te mostrar, mas sua tia me deu coragem pra te mostrar e eu espero que você goste e saiba que é tudo seu. Que tudo aqui, assim como toda minha vida, é tudo pra você, tá bom? Independente do que aconteça. Quero que você saiba que aqui é seu lar, e se dependesse de mim, você já estaria voltando pra cá todos os dias.

— Eu amo você, pai. E vou amar qualquer coisa que você me der.

Isso me fez rir e me tirou do nervosismo e então eu me levantei e fui até o quarto dela. Parecia que meus pés pesavam no caminho, pois era realmente uma atitude difícil de tomar. Eu estava alimentando mais uma esperança e que agora não era só minha, mas de nós três.  Ao mesmo tempo, eu sentia um peso também sair de minhas costas, pois sentia todos os meus temores indo embora. Temores são sentimentos ruins, esperança não, eu relembrei a frase que Tasha tinha me dito na noite anterior e então abri a porta.

Aubree entrou e olhou lentamente pra tudo. Eu não sabia ler direito sua reação,  se ela estava feliz, triste, assustada, mas sua felicidade se mostrou a mim quando ela veio em meu sentido e me abraçou mais forte do que normalmente e começou a chorar.

— Você é o melhor papai que eu pedi a Deus. — Ela disse, o q me fez engolir o choro e então eu, ela e Tasha sorrimos um pros outros com lágrimas nos olhos.

— Eu quem sou grato por ele ter me dado você, Aubree.

Nós sentamos pra jantar comida japonesa depois de todas as emoções passadas. Jantamos lentamente e conversamos banalidades até que Aubree virou pra Tasha.

— Tia, você me assustou hoje! — Ela disse num tom acusatório.

— Eu????

— Sim. Quando você me falou que tinha algo pra mim eu pensei que você tava grávida!

As reações a seguir foram eu e Tasha engasgados, pra felicidade da Aubree que muito riu da nossa cara. Nossa tosse acabou de transformando também em risada e como eu amava ter meu dia terminando com elas assim.

Aubree foi dormir após eu aquece-la na cama e beijar sua testa e eu e Tasha tomamos banho e fomos nos recolher a nossa cama.

Ela estava sentada na ponta da cama, focada em um dos meus livros favoritos e não me observou entrando.  Me sequei, me vesti e então sentei ao seu lado, tirando sua concentração do livro o qual eu tomei de suas mãos,  colocando na cabeceira e foquei seu olhar no meu e entrelacei seus dedos aos meus.

Eu amava observar seus traços sob a luz da noite. O volume de suas bochechas, as poucas curvas de seus cabelos tão pretos, a maciez de sua pele, as dobras que se formavam no canto de seus olhos quando ela sorria muito abertamente.

Ela correspondeu ao meu olhar com um sorriso cansado, mas não menos feliz. Era tão bom sentir que havia outro coração fora do meu corpo batendo por mim, sendo feliz comigo e compartilhando comigo tudo de melhor que a vida tinha.

Eu beijei suas mãos em gratidão e adoração e ela então se aproximou, beijando suavemente meus lábios.

— Obrigada por me completar. — Eu disse e ela apertou mais forte uma das minhas mãos, tocando suavemente meu rosto com a outra.

— Obrigada por me ouvir. Por me deixar morar em você, Ian.

Aquilo me fez chorar. Eu não sabia se era pelas emoções com a Aubree no dia, ou se era apenas por tanto amor que eu sentia dentro de mim que decidiu escorrer pelos meus olhos, mas lágrimas caíram e eu só as percebi quando ela as enxugou.

Isso me trouxe uma lembrança do meu pai, me dizendo que eu saberia quando uma mulher seria a mulher da minha vida: quando eu chorasse nos braços dela e ela secasse as minhas lágrimas e elas fossem de felicidade por causa dela.

Eu a olhei e ela retribuiu com os mesmos olhos cheio de lágrimas. Eu sorri, beijei seu pescoço e finalmente sussurrei o que eu mais queria dizer a ela naquele momento.

— Eu amo você.

As lágrimas em seus olhos finalmente desceram e eu as enxuguei. Ela sorriu pra mim com emoção e me deu mais um beijo, que embora tenha nascido em meio as lágrimas de felicidade, era seu beijo mais doce que eu já havia provado.





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