E se fosse diferente...? escrita por Klara Valdez


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Oi gente... Eu sei... Já faz quase um mês que eu sumi. Eu tava meio ocupada com a escola, mas não vou mentir que eu passei grande parte do meu tempo livre lendo. Eu vou tentar postar o próximo capítulo ainda essa semana, ok?
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/722721/chapter/11

Percy tinha ido no Olimpo hoje de manhã para conversar com Zeus sobre reaver sua mortalidade. Eu estava animada quanto a isso, mas até agora ele não apareceu e eu já estava ficando preocupada. Eu passei o dia todo pensando nisso, eu não conseguia fazer nada direito e nem conversar com meus amigos. A ansiedade me afetava de um jeito estranho.
Todos tinham acabado de jantar e estavam na fogueira, mas eu queria ir para praia. Não sei bem se para me afastar ou para esperar mais.
— Annabeth!
Olho pra trás e vejo Piper correndo até mim.
— Como foi? — ela sorri pra mim.
Demoro um tempo para entender que ela falava do concelho que havia me dado ontem.
— A gente conversou.
— E... — ela parecia bem ansiosa.
— E que ele disse que não queria mais ser um deus por minha causa — sorrio para ela — disse que deixaria a imortalidade para ficar comigo.
— Isso é ótimo Annie! Então vocês se resolveram! Fico feliz com isso. Onde ele está? Não vi ele hoje.
— Ele saiu de manhã e não voltou até agora... — olho para baixo e aperto meus dedos uns nos outros. Acho que deixei um pouco da minha preocupação transparecer.
— Não deve ter acontecido nada, apenas espere mais um pouco. Não deve ser tão fácil deixar de ser um deus — ela fica em silêncio por alguns segundos olhando para os próprios pés — Eu preciso te contar uma coisa. Você não foi falar com ele ontem por vontade própria, eu meio que te induzi a fazer isso.
— É, você me convenceu, eu sei.
— Não, você não está entendendo. Eu usei o charme em você, um dom que algumas filhas de Afrodite têm para convencer pessoas facilmente a fazer o que elas querem — acho que ela esperava que eu começasse a brigar com ela por causa disso. E algo me diz que ela já passou por isso antes.
Não é muito agradável saber que alguém te “manipulou” para fazer algo que você não queria. Mas vendo pelo lado dela, ela só queria me ajudar e sua ajuda foi bem mais que eficiente. Eu não devia ficar chateada com ela, e sim, agradece-la.
— Hm... Tudo bem. Acho que se você não tivesse feito isso, eu não teria ido. Só não faça mais isso, ok? — a olho séria.
— Tudo bem — ela volta a sorrir abertamente.
Cruzo os braços e começo a olhar em volta. Talvez Percy já tenha voltado, pelo menos eu espero que sim, acho que eu não vou conseguir dormir se eu não souber que ele está bem.
— Calma, daqui a pouco ele aparece — Piper põe a mão no meu ombro e sinto uma paz estranha me invadir.
— Eu pedi para não fazer mais isso — a encaro com uma sobrancelha levantada.
— Desculpa... Só achei que você precisava um pouco disso — ela encolhe os ombros e sorrio de leve para ela — Vou deitar, até amanhã — ela acena indo embora.
— Até amanhã.
Caminho até a praia e me sento num tronco caído. A lua estava cheia e brilhante no céu e algumas estrelas podiam ser vistas, o mar estava meio agitado e as ondas quebravam violentamente.
Queria que o charme de Piper durasse mais, porque a paz que eu senti já se foi. E toda vez que uma onda quebrava na areia meu coração apertava.
E se Zeus tivesse se zangado com o seu pedido e pulverizado ele? E se Ares o tivesse golpeado achando que ele ainda era um deus e o matou? E se não tivesse sido Ares, e sim, minha mãe? E se... Essas duas palavras rodeavam minha cabeça.
Senti mãos nos meus olhos e tento tira-las meio impaciente.
— Não vai nem tentar adivinhar? — escutar aquela voz novamente aqueceu meu coração.
— Percy!
Ele pula o tronco e senta do meu lado.
— Por que demorou tanto?
— Você acha que é fácil falar com o todo poderoso rei do Olimpo Zeus?
— Sim? — dou os ombros.
— Errado — ele suspira — por algum motivo, inúmeros deuses quiseram resolver assuntos “importantes” com ele e tive que esperar minha vez. Depois tive que o convencer de falar comigo. Depois tive que o convencer de me transformar num mortal de novo. Depois tive que ouvir um discurso de como eu deveria ser agradecido por ter o privilégio de ser um deus e que eu não deveria jogar essa oportunidade fora. Depois eu agradeci e falei os pontos positivos, dele obviamente, de eu não ser mais um deus. Ele pareceu ficar satisfeito, mas teve que "pensar um pouco a respeito". Só depois que ele tirou os meus poderes de deus e tirou minha imortalidade.
Olho para ele de cima a baixo e ele RI.
— Você parece mais... mortal — eu cutuco seu braço e ele ri. Não, ele não parecia diferente. Seu cabelo continuava negro e bagunçado, seus olhos continuavam verdes hipnotizantes, sua pele continuava bronzeada, seu sorriso continuava encantador...
— Vem cá — ele me envolveu nos seus braços e me beijou.
Ficamos um tempo apenas aproveitando o momento, momento que durou muito. Eu não queria pensar em mais nada que não fosse ficar ali com ele.
Anos reprimindo um sentimento dentro de mim por medo, deixando de ser feliz por ser orgulhosa demais para confessar o que sentia. Anos no caminho errado, e só agora eu vi que ele era o meu caminho certo.
Ele para o beijo de repente.
— Annabeth, não se mexe — ele olha para um ponto fixo atrás de mim.
— O que foi? — sussurro.
— Ela tá farejando a gente... — ele sussurra de volta — No três a gente corre.
Olho pra trás devagar e vejo uma Harpia, ela parecia procurar algo. Então, ela olha pra mim.
— Corre! — grito pulando o tronco sendo seguida por Percy. Corremos até a área dos chalés. Não vimos ninguém no caminho, todos já deviam estar nas suas camas. Nos escondemos entre o chalé de Atena e de Deméter.
A Harpia passa direto por nós e começamos a rir baixo.
— Melhor entrarmos — digo.
— Boa noite sabidinha.
— Boa noite cabeça de alga — ele me dá um selinho e vai embora correndo para o seu chalé.
***
Depois de uma semana, todo mundo sabia que nós estávamos juntos, isso se espalhou mais que fogo numa floresta. Mais especificamente, que nós estávamos NAMORANDO.
Ouvi algumas filhas de Afrodite reclamando que ele não tá mais disponível e que ele foi burro de deixar de ser um deus por mim. Mas eu não ligo, eu estava feliz e era isso que me importava.
Percy e eu estávamos indo para a arena treinar um pouco sozinhos, já que hoje era domingo e todos tiravam uma folga.
Grover chega correndo e quase tropeçando em nós.
— Quiron... — ele coloca as mãos nos seus joelhos de bode ofegante e tenta respirar mais calmamente — Quiron quer te ver, Percy.
— Tudo bem... — ele olha pra mim como se quisesse que eu fosse com ele.
Entrelaço minha mão na dele e vamos para a Casa Grande.
— Eu não fiz nada... — Percy murmura.
— Você não precisa ter feito algo para Quiron querer falar com você, cabeça de alga.
— Então o que é?
— Talvez ele queira que você ajude a lavar a louça — olho pra ele segurando o riso.
Ele me empurra com o ombro sorrindo e eu devolvo com mais força rindo.
Assim que chegamos Percy bate na porta da Casa Grande e Quiron aparece.
— Ainda bem que você vei... Annabeth? — ele diz agitado, mas não parece tão feliz em me ver.
— Oi
— Er... Você veio também... — era claro que Quiron não que minha presença, isso me incomodava um pouco.
— Não podia? — cruzo os braços.
— Não é isso, é que é algo importante que preciso conversar com Percy.
— Não tem problema — dou meia volta para ir para arena. Era difícil controlar minha indignação nessas horas. Eu saio com passos pesados e punhos cerrados, mas faço o máximo que posso para me manter relaxada. Não gostava quando pessoas escondiam as coisas de mim.
— Porque ela não pode ir junto? — escuto Percy perguntar.
— Entra Percy — olho para trás e vejo Quiron por a mão no ombro de Percy, o guiando para dentro.
***
Eu não vou mentir. A única coisa que eu pensava enquanto treinava era a conversa de Percy e Quiron.
Eu estava meio chateada por não poder participar, mas eu não quis ser muito intrometida. Certamente, se eu insistisse iria ser pior, fora que iria ser bem imaturo da minha parte, mesmo que eu quisesse saber o que eles estavam conversando.
Eu golpeava um boneco de madeira com uma espada. Eu não era tão boa com espadas como com adagas e precisa melhorar isso.
Eu estava sozinha na arena. Um milagre? Sim. A arena sempre tem algumas pessoas, mas eu não ia reclamar, gosto de ficar sozinha comigo mesma.
Eu estava tão distraída tentando destruir o boneco que não percebi quando alguém entrou na arena.
— Annabeth — eu dou um último golpe no boneco, a cabeça dele sai rolando e aponto a espada para a pessoa por puro instinto.
— Ah, oi — abaixo a arma quando vejo um Percy assustado olhando para a espada — Como foi a conversa?
— Nada demais — ele parecia meio nervoso.
— Certeza?
— Sim, claro — ele olha para os pés ainda mais nervoso.
Cruzou os braços pronta para arrancar a verdade, mas percebo cabelos castanhos atrás da perna de Percy e olhinhos verdes me olhando assustados.
— Oi — me abaixo na altura da garotinha — Quem é você?
— Era sobre ela que Quiron queria falar — ele põe a mão na cabeça da menina — Ela... tem algum tipo de relação com Poseidon.
— É filha dele?
— Não sei direito... — de repente o chão pareceu ficar bem interessante para ele.
— Qual o nome dela?
— Lila — a menina sussurra.
— Que nome lindo — ela sorri e me abraça. Primeiro pensei que era apenas um abraço, mas depois percebi que ela estava chorando.
— Ei bebê, não chora — me levanto com ela no meu colo — Tá tudo bem agora — olho pra Percy pedindo ajuda.
— A mãe dela chegou aqui ontem e a abandonou, ela nem conseguiu dormir direito.
Olho para a menininha que tinha o rosto vermelho e encharcado pelas lágrimas.
— Não fica assim bebê — eu enxugo algumas das suas lágrimas com os dedos — Você não precisa daquela mulher, você tem a gente. Eu sei que não é grande coisa e que esse cara aqui só tem alga na cabeça — ela da um pequeno sorriso esfregando um dos olhos e Percy faz careta — Mas a gente vai cuidar de você.
— Plomete? — a pequena pergunta.
— Prometo — beijo a sua testa. Senti algo forte entre mim e essa garotinha assim que disse isso. A abraço com mais força.
Olho pra Percy e ele tá quase chorando.
— O que é isso Percy? — falo rindo.
— Isso? Um cisco — ele coça o olho — eles caem nos nossos olhos nas horas mais inconvenientes.
Lila ri e pede colo para ele.
— Vamos pra praia distrair um pouco essa pequena.
***
Ficamos por um tempo na praia. No começo, Lila brincava calada na areia, mas depois que eu e Percy começamos a brincar com ela, ela começou a tagarelar sobre como gostava da praia ou que não gostava muito de brincar de boneca como as outras meninas.
Ela era um amor de menina. Era carinhosa e sorridente. Ela contou que não gostava muito da mãe dela, que ela era má e que ela sempre reclamava do nascimento dela, mas que tinha ficado triste quando ela foi embora porque, querendo ou não, era a família dela.
A medida que Lila falava da mãe, seus olhinhos se enchiam de lagrimas, mas ela não deixou nenhuma cair.
Na hora do jantar nós três fomos para o pavilhão.
Lila ficaria na mesa de Poseidon, já que vai ficar no chalé do próprio.
— Anna!
Olho para Lila sentada do lado de Percy.
— Que foi bebê?
— Pla onde você vai? — ela tinha o típico problema com o R.
— Vou pra minha mesa.
— Fica aqui com a gente — ela junta as mãozinhas e faz biquinho. Um biquinho bem parecido com o de Percy.
— Eu não... — Percy olha pra mim com o mesmo biquinho e eu desisto — Tudo bem.
Sento na frente deles e sinto olhares em mim. Olho para Quiron, mas ele parecia feliz por eu me sentar com eles.
Nós três ficamos conversando durante a janta e Lila pediu para ver mais do Acampamento logo depois.
Levamos ela para dar uma volta pelo Acampamento e ela acabou adormecendo no meu braço quando estávamos no lago de canoagem.
— Como ela pôde fazer isso? — Percy pergunta — Ela só tem cinco anos!
— Percy, nem todas pessoas são como você, elas são egoístas e não ligam para os sentimentos dos outros. E provavelmente a mãe de Lila era apenas uma adolescente despreparada para cuidar de uma criança. Ela deve ter perdido oportunidades para cuidar de Lila e acabou descontando a raiva nela.
Percy se encolhe com um ar meio sombrio.
— Você vai me ajudar a cuidar dela né? — seu olhar parecia desesperado.
— Claro que eu vou. Nunca vi uma semideusa chegar tão cedo assim no Acampamento.
— Nem eu... — ele abraça os próprios braços.
— Nhamãhã... — Lila solta uns sons durante o sono. Eu e Percy começamos a rir.
— Acho melhor levarmos ela pra cama — falo — ela parece bem cansada.
Fomos para o chalé 3 e Percy disse que ia tomar um banho.
Coloquei Lila no beliche do lado do dele e a cobri com um lençol.
Ela era tão fofa dormindo. Mesmo a tendo conhecido hoje, eu já sentia algo forte por ela. Eu nunca seria capaz de deixa-la como a mãe dela fez, eu não consigo nem entender como ela conseguiu fazer isso.
Um filete de baba começa a escorrer do canto da sua boca e não consigo segurar o riso.
Fico mexendo no cabelo dela e sinto uma mão no meu ombro. Olho para Percy e ele sorri pra mim.
— Eu já vou indo — me levanto e vou até a porta.
— Ei — eu já estava com a mão na maçaneta e me viro para olha para ele — não tá esquecendo nada?
— Acho que não — brinco. Vou até ele é dou um selinho — Boa noite.
Lila murmura algumas palavras e Percy vai até ela.
Saio do chalé e vou para o meu. Me arrumo e me deito na cama.
Minha vida estava finalmente calma, mas... algo dentro de mim via que algo estava errado. Tinha alguma coisa acontecendo e eu não sabia o que era.
Tentei ignorar isso e fui dormir


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hm... Algo errado? O que será? *risada maléfica*
Vou preparar o próximo cap. Fui!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "E se fosse diferente...?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.