E se fosse diferente...? escrita por Klara Valdez


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oi... Eu demorei um pouquinho né...?
Eu sei, eu to meio ocupada. E minhas provas vão começar agora. Então acho que vou atrasar de novo semana que vem, mas... Enfim, ta ai não ta? Então, boa leitura ^^



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Acordei com meus irmãos se arrumando para o café da manhã. Andando de um lado para o outro, se vestindo, se arrumando, e alguns ainda dormindo. Levantei e fui no banheiro me arrumar também.
Sai do banheiro e fui com eles até o pavilhão.
Eu passei quase o café da manhã inteiro só pensando e nem percebi quando só restava eu e Alice na mesa.
A cena de ontem a noite não saia da minha cabeça. Eu só conseguia pensar nisso antes de dormir, eu sonhei com isso durante o sono e acordei pensando nisso novamente.
— Acorda Annabeth! — ela estrala os dedos na frente do meu rosto.
— Oi! O que foi?!
— Você tá no mundo da lua e nem tocou na comida — ela ponta para o meu prato com a cabeça.
Olho para o meu prato de ovos com bacon, eu apenas mexi nos ovos com o garfo esse tempo todo.
— Eu não tô com fome — afasto o prato de perto de mim.
— Ok, mas... Tem mais alguma coisa acontecendo — ela nem pergunta, ela já me conhece bem — Tirando o fato de você não ser mais caçadora, tem alguma coisa te incomodando. Talvez algo que não saia da sua cabeça, ou alguem...
— Alice — olho para os seus olhos — Da pra a gente ter aquele tipo de conversa de novo? — faço um bico meio involuntário.
Ela se levanta disposta e animada.
— Vamos pro chalé, esquece a aula de esgrima.
***
— Sobre o que exatamente você quer falar? — ela pergunta e eu olho para baixo. Ela sabia exatamente, só queria me ouvir falar.
Estávamos no meu beliche sentadas uma de frente para a outra.
Ela percebe que eu não iria falar.
— Nossa, mal saiu da caçada e já tá toda saidinha... — jogo meu travesseiro na cara dela — Foi mal! O que aconteceu ontem quando eu fui embora?
— Nada demais. A gente só conversou, mas só como amigos.
— Amigos? — ela vira a cabeça como um cachorro curioso.
Eu contei o que aconteceu em Londres e que voltamos a ser amigos, de um jeito esquisito, mas amigos.
— Você ainda gosta dele.
— Claro que eu ainda gosto dele! Eu sempre gostei na verdade... — sussurro a última frase.
— Eu sei, Annie. Mas o que aconteceu de verdade?
— É que... Eu... Ficou um clima meio estranho entre a gente. A única coisa que eu queria naquela hora era o beijar e...
— Então porque não fez? — Ally me interrompe.
— Por que? Por que!? Você tá mesmo me perguntando isso!? Porque eu não posso Alice!
— Porque não pode? Alô! Seu compromisso com Ártemis já era!
A essa altura já estávamos gritando.
— Mas eu não posso simplesmente chegar nele e dar um beijo! — curso os braços.
— Claro que pode!
— Não posso!
— Annabeth — Ally fala calmamente — O que você sente por ele?
O chalé fica num silêncio sufocante, como se aquela pergunta tivesse tirado todo o oxigênio do lugar. Alice me olha esperando a resposta, e ela sabia exatamente minhas próximas palavras.
— Eu... E-eu o amo... — falo e parece que todo o ar que faltava dentro de mim viesse a tona. Como se eu me sentisse mais leve. Fiquei tanto tempo sem pronunciar aquelas palavras... Na verdade, nem sei se um dia eu as pronunciei.
— Então! Mostra isso pra ele! — ela sorri abertamente.
— Eu não posso... — Alice revira os olhos.
— Conversa com ele Annabeth, vocês precisão dessa conversa! Vocês se amam e só vocês não vêm isso! Vocês não vêm que vocês precisam um do outro! Já perderam tantos anos Annabeth...
— Ele não me ama! — me levanto da cama gritando — Se ele me amasse, não teria virado um deus, eu não teria virado caçadora e não estaríamos nessa confusão! — bato o pé com força no chão como uma criança mimada.
— Ainda da pra consertar isso Annabeth — ela fala tentando me acalmar e se levanta.
— Não Alice, não! — saio do chalé com raiva batendo a porta.
Uma conversa nossa nunca tinha terminado assim. Era sempre rindo ou ela me consolando por Percy ser lerdo demais para me entender, mas nunca desse jeito.
Ando tão avulsa nos meus pensamentos que nem vejo uma pessoa passando na minha frente.
Esbarro com uma garota e derrubo alguns livros.
— Desculpa, eu estava distraída — a garota se abaixa rapidamente para pegar seus livros.
— Eu que peço desculpas. Eu não vi você — ajudo ela com os livros e os devolvo — Annabeth — falo me apresentando.
— Piper — ela sorri pra mim.
— Gosta de ler?
— Adquiri esse hábito aqui. Você é nova? Nunca te vi.
— Não, não. Eu já tô aqui no Acampamento há 15 anos — ela arregala os olhos.
— Isso é bastante coisa...
Eu e Piper começamos a conversar sobre algumas coisa aleatórias e ela parecia uma garota bem legal. Passamos a manhã conversando. Então eu descobri que ela era filha de Afrodite, o que me deixou muito surpresa. Não que filhas de Afrodite fossem sempre chatas e só falassem besteira, uma prova disso era Silena. Ela conseguiu me distrair e melhorar meu humor. Acabamos por virar amigas.
Na hora do almoço eu me sentei na mesa de Atena e pedi desculpas a Alice por ter falado com ela daquele jeito, ela disse que me entendia, que eu deveria estar bem confusa com meus sentimentos. E ela acertou em cheio. Apenas queria dar um fim nessa confusão, mas não sabia como. Eu brigava com a minha mente a todo momento.
Depois do almoço Percy veio falar comigo.
— Oi Annie
— Oi
— Você tem aula de que agora? — ele pergunta de um jeito sapeca.
— Arco e flecha, por que? — pergunto desconfiada.
— Acho que você não precisa dessa aula né? Você mesma disse "Eu era a melhor caçadora de todas" — ele diz imitando a minha voz.
— Eu não disse isso! Eu disse que eu era um das melhores.
— Tanto faz. Se era uma das melhores era boa com arco e flecha, então não precisa da aula.
— E por que você se importa tanto com isso? — eu rio.
— Porque eu quero ficar com você ué — ele sorri pra mim e eu não consigo não sorrir de volta — Vem — ele puxa meu pulso e corre até a praia.
Quando chegamos na praia ele me solta. Ele senta na areia e me sento do seu lado.
Era difícil descrever o que eu sentia no momento, me sentia confortável, mas era como se algo tivesse faltando. Queria ficar perto dele, mas ao mesmo tempo queria bater nele até ele perceber o quão ele é um babaca.
— Lembra de quando a gente ficava aqui quando não tínhamos sono?
— Lembro — rio com a lembrança — Nós quase fomos pegos um dia.
— Mas não fomos. Entramos na água e ficou tudo bem — ele riu.
— É... eu fiquei gripada nesse dia...
Passamos um tempo em silêncio. Só ouvindo as ondas do mar quebrarem na areia e os gritos e risadas de semideuses ao longe. Até que Percy quebra o silêncio.
— Annabeth — ele me chama.
Eu olhei para ele e ele me encarou por uns segundos.
Sua mão foi até minha bochecha. Ele foi se aproximando do meu rosto e eu não sabia o que fazer, até que seus lábios tocaram os meus. Eu fiquei em choque e não soube o que fazer, então meu coração tomou controle do meu corpo e retribuiu o beijo por alguns segundos, mas depois eu caí na real e o afastei com um pequeno empurrão.
— O que foi?
— Não Percy, não. Não faça mais isso.
— Por que não? — ele parecia mais confuso que o habitual.
— Porque eu não quero que faça.
Ele coloca a mão na minha bochecha de novo e acaricia com o dedão.
— Eu te amo, Annabeth — ele sorri de leve.
Ouvir aquelas palavras fez meu coração acelerar. Eu o olhei paralisada.
— Deixa eu fazer isso, eu quero muito fazer isso, faz anos. Eu amo você.
Ele começou a se aproximar de novo, mas dessa vez eu o empurrei com mais força e levantei.
— Eu não... Eu não quero, Percy — ele notou a insegurança na minha voz, notou a mentira — Pensei que fôssemos amigos.
— E somos! Mais eu quero ser muito mais que um amigo pra você, Annie — ele levanta e vem até mim.
— Não! Você não quer nada comigo! Você só quer que eu fique com você e depois vai me deixar de lado, como qualquer outro deus! — começo a gritar.
— Eu nunca faria isso! — ele grita de volta.
Alguém poderia nos ouvir, mas duvido muito. Deveriam estar muito ocupados para vir até a praia.
— Claro que faria! — o medo domina meu corpo e faz meu coração se calar.
— Sabe qual é o seu problema Annabeth? Você generaliza tudo! Eu não faria isso, porque eu não sou como os outros deuses e eu te amo!
— Só... me deixa em paz! — começo a ir embora, mas ele vem atrás de mim.
— Espera Annie! Olha, eu posso...
— Não, Percy. Vai embora!
Continuo à andar, mas agora ele tinha ficado para trás.
***
Eu não deveria ter levantado da cama hoje, porque isso estava acontecendo? Eu só queria um pouco de paz.
Sento na grama e enterro a cabeça nas mãos. Eu estava do lado dos campos de morango, esse cheiro me acalmava às vezes, além de ser um lugar meio isolado.
Eu não aguentava mais tudo isso.
— Tá tudo bem? — olho pra cima e vejo uma ótima pessoa para ficar comigo nesse momento.
— Piper! — a chamo, ela se abaixa e eu a abraço.
— O que houve?
— Eu... eu só queria que o meu coração parasse com isso. Eu não suporto mais... — lágrimas começam a rolar dos meus olhos e ela nos faz sentar no chão, ainda me abraçando.
— Me conta o que houve — ela parecia disposta a ouvir cada palavra que eu dissesse.
Eu não consegui fazer outra coisa. Comecei a contar sobre o que sentia por Percy, sobre ele ter virado um deus, sobre como eu sofri, como eu virei caçadora, como vim parar aqui, tudo o que aconteceu. Ela ouvia tudo atentamente, até minha última palavra. Eu simplesmente coloquei tudo para fora, toda minha raiva, tristeza, medo, e outros sentimentos que eu não entendia.
—...eu não sei o que fazer.
— Annabeth, talvez se você e ele conversassem de verdade, em vez de ficar gritando um com o outro, as coisas se resolvessem.
— Eu não consigo, Piper. Pra mim não dá. E eu também não posso ficar com ele.
— Porque não?
— Porque... você sabe porque.
— Eu escutei tudo que você disse, mas nada que te impedia de ficar com ele.
— Você não entende...
— Annabeth — ela fala de um jeito que me deixa calma — Se você o ama de verdade e ele te disse que te ama. Vocês podem arranjar um jeito, é só vocês conversarem. A única coisa que impede vocês é você mesma, você tem medo. Medo de seguir seu coração e acabar se quebrando, se acontecer... Levanta e tenta superar, vai ser difícil, mas não impossível. Mas você nunca vai saber se daria certo se você não tentar
Suspiro.
Talvez conversar não fosse uma má ideia.
— Obrigada Piper — eu a abraço e me levanto.
— De nada e... desculpa, mas foi necessário.
— Desculpa pelo quê?
Ela nega e faz sinal para que eu vá. Veria isso depois...
Vou embora e procuro por Percy.
***
Sento num banco cansada de procurar pelo Acampamento inteiro. Talvez ele tem ido para outro país ou talvez para o reino do seu pai. Depois dessa, até eu iria para longe se pudesse.
Alguém senta do meu lado, mas não me dou o trabalho de olhar.
— Desculpa por ter gritado com você — me viro e vejo Percy coçando a nuca. Me encho de alivio.
— Tudo bem — minha voz saiu baixa como um sussurro — Eu tava te procurando...
— Tava? — vejo um mini sorriso no seu rosto.
— É... Você estava... Hm... Certo. Eu não devia jugar você assim — era bem difícil pra mim admitir um erro, eu me sentia bem desconfortável com isso.
— Eu não te culpo. Eu fui um babaca à alguns anos com você — ele olha para o céu.
— Você não se esqueceu disso?
— Não, fiquei me sentindo um idiota me lembrando disso todo dia.
— Eu também te amo — eu sussurro e abraço meu corpo me encolhendo. Falar sobre meus sentimentos tão abertamente assim não era um costume meu.
— Você... Hã? — ele da um sorriso debochado. Idiota...
— Eu amo você cabeça de alga — falo olhando nos seus olhos. Não foi algo muito inteligente de se fazer, porque fiquei perdida neles.
Ele sorri e se aproxima de mim, achei que fosse me beijar de novo, mas ele beija minha bochecha e sussurra no meu ouvido.
— Eu te amo muito sabidinha.
Sem aguentar, puxo ele pela nuca e colo meus lábios nos dele. Ele pede passagem para a língua e eu não penso duas vezes. O beijo era meio urgente, mas calmo ao mesmo tempo. Isso era totalmente novo para nós, explorar a boca um do outro. Principalmente para mim, não sei se ele já tinha feito isso antes, mas prefiro não pensar nisso.
Ponho os braços envolta do seu pescoço e ele segura minha cintura.
Eu não sabia por quanto tempo tínhamos ficado assim, só sei que eu odiei o fato de eu ter que respirar.
Nossas respirações estavam ofegantes. Percy cola sua testa na minha e sorri.
— Você não me deixou terminar lá na praia. Eu ia dizer que eu vou deixar de ser um deus, vou deixar de ser um deus por sua causa.
Minha respiração, que tinha voltado ao normal, ficou descompensada.
— Você vai o que?
— O que você ouviu. Eu quero que dê certo, Annie. Quero você pra mim, você é uma das coisas que eu mais amo nesse mundo.
— Uma das coisas? — provoco.
— Claro! Se eu disser que você é a coisa que eu mais amo, dona Sally fica com ciúmes — rimos.
— Percy
— Hm? — ele me dá um selinho.
— Como você vai fazer isso? É realmente possível?
— Eu não sei... Mas eu falo com Zeus, ficamos bem próximos sabe.
— Sério? — levanto uma sombrancelha.
— Não... Eu fiz umas merdas lá no Olimpo sabe. Vamos dizer que cabeças de estátuas rolaram, uns incêndios ocorreram...
— O que você fez com o meu Olimpo? — pergunto dando um soco no seu braço.
— Calma, já está tudo bem agora. Mas acho que ele ficaria feliz em saber que não vou mais frequentar o Olímpio tanto assim.
Ele passa um braço envolta de mim e apoio a cabeça no seu ombro.
Por enquanto, estava tudo tranquilo.
Por enquanto...


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Notas finais do capítulo

Hmmm... "Por enquanto" tenso '-' Será que eu vou fazer eles sofrerem mais? Talvez vcs já saibam a resposta :)
Desculpa... Mentira, to adorando isso aqui kkkkk



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