Preço do Amanhã escrita por Cristabel Fraser, Sany


Capítulo 42
Seven Devils (Parte II)


Notas iniciais do capítulo

Como prometido aqui está a segunda parte do capítulo. Espero que gostem...



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Água benta não pode te ajudar agora

Mil exércitos não puderam me conter

Não quero seu dinheiro

Não quero sua coroa

Veja, eu vim para queimar o seu reino

 

Água benta não pode te ajudar agora

Veja, eu vim para queimar o seu reino

E nenhum rio e nenhum lago podem apagar o fogo

Vou levantar as estacas

Vou acabar com você

 

Sete demônios ao meu redor

Sete demônios na minha casa

Veja, eles estavam lá quando acordei esta manhã

Eu estarei morta antes do dia acabar

 

(Seven Devils - Florence + The Machine)

 

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Descemos para o subterrâneo através de um bueiro. Já começo a me sentir agoniada, mas reúno o pouco de força que tenho e sigo adiante com o Holo em mãos. Todos estão com suas armas e lanternas ligadas por conta da escuridão. Andamos por um tempo, até Jackson dizer que devemos parar um pouco para descansar e comer. Encontramos um local seco para sentarmos. O cheiro aqui não é nada agradável e deixa meu estômago embrulhado. O forte aroma de rosas pinica meu nariz. Ainda assim, Peeta me estende uma lata e quando a pego vejo que é cozido de carneiro. Um turbilhão de lembranças invade meus pensamentos. Em um tempo que tentávamos sobreviver a todo custo, como agora.

— Obrigada – agradeço, abrindo a lata e comendo sem muito ânimo no início, porém descubro que mesmo enjoada como tudo.

Fazemos um pequeno rodizio de vigilância. Gale e Valla são os primeiros, Peeta e eu seremos os próximos. Nos aconchegamos um no outro e dormimos um pouco. Estou tão exausta que parece que dormi poucos minutos e não uma hora e meia.

— Tive um sonho... – conta Peeta, assim que sentamos para vigiar. — Estávamos eu, você e a Hope fazendo um piquenique na Campina.

— Isso não foi apenas um sonho, Peeta. Foi uma lembrança nossa – digo, sentindo meu coração ser preenchido de amor e carinho. Lembro-me deste dia como se fosse ontem.

— Sério? – Ele se ajoelha ficando de frente para mim e chego meu tronco um pouco mais para frente.

— Sim – confirmo. — A Hope estava aprendendo a andar. Estávamos treinando ela e pouco depois eu me deitei sobre a manta no chão e você tinha colhido um dente-de-leão pra mim. E depois... – Coro com a lembrança.

— E depois o quê? – Quer saber.

— Nos beijamos...

— Como eu vou te beijar agora? – Não tenho tempo de protestar. Seus lábios cobrem os meus, macios e quentes, como naquela manhã de primavera. — Obrigado por detalhar mais esse dia que tivemos – diz quando nos afastamos. — Na Capital eles me mostraram um monte de imagens, mas aquilo não parecia a vida que tive. Era fantasioso demais. Isso que acabou de me contar é mais real do que posso lembrar e sei que vou recobrar a vida que tivemos, Katniss – afirma ele, segurando minhas mãos entre as suas algemadas.

Sinto um olhar sobre nós e mesmo na penumbra o olhar de Gale parece refletir o que me disse há tanto tempo.

— Sempre achei que você poderia ganhar os Jogos e voltar para casa, mas nunca imaginei que voltaria com ele. Eu realmente deveria ter me voluntariado naquele dia, no lugar dele.

Afasto de lado esses pensamentos e tento focar em nosso plano de sobrevivência e em como matarei Snow.

Quando se aproxima das sete da noite escuto um ruído em meio ao gotejar do ambiente em que nos encontramos. Entretanto, penso estar ficando louca, pois escuto meu nome em um sussurro.

— Katniss... Katniss...

— Alguém mais está escutando isso? – inquere Valla, já se levantando e apontado a arma com a lanterna para um dos dutos.

— Também escuto e parece estar mais próximo – comenta Holmes.

— Só pode significar uma coisa – diz Peeta, se levantando e alongando o pescoço. — Snow sabe nossa localização e está liberando bestantes – teoriza.

— Vamos ter que sair logo daqui – acrescenta Jackson.

Pollux gesticula algo que só seu irmão entende.

— Ele diz que conhece uma saída menos distante.

A passos mais largos e ritmados começamos a caminhar atrás de Pollux. Passamos por estreitos espaços os quais sinto falta de ar e também por locais cuja a água vai até minha cintura. Assim que chegamos a um espaço mais amplo, onde há várias saídas de tubulações, somos surpreendidos por diversas criaturas fantasmagóricas.

— Cuidado! – exclama Castor quando, de repente, um bestante o agarra mordendo por todos os lados. Eles são eretos como humanos e tem pernas e braços, mas a semelhança para por aí. Esses bestantes não têm pelo algum no corpo. Não tem olhos. Apenas longas garras e dentes afiados.

— Katniss...— fala grotescamente um ao se aproximar de mim. Porém meu arco já está posicionado e acabo de atirar uma flecha bem na testa.

Quando pego outra flecha, um deles me agarra e lança meu corpo para dentro da água. Tento pegar minha faca na lateral da calça e não consigo. Prendo a respiração para não me afogar. Sinto a fera paralisada e logo sou puxada por alguém.

— Você está bem? – pergunta Finnick, retirando seu tridente do bestante.

— Obrigada. – Recupero meu fôlego apenas para continuar meu embate com outras feras que vem pra cima.

Tiro por todo o lado e lembro-me de Peeta. O procuro em meio ao emaranhado de soldados lutando pela própria vida. Meus olhos fixam-se em um bestante que está por cima de Peeta e este acaba conseguindo evitar uma mordida mortal usando a correia da própria algema.

— Peetaaa... – O medo se instala em mim e corro até ele conseguindo cortar a garganta da criatura com a faca.

— Abaixe-se! – Peeta está ofegante quando grita e faço o que pediu. Ele empurra o bestante apenas com um chute e pego uma flecha incendiária e atiro.

— Vamos sair daqui agoraaa... – grita Cressida desesperada.

Pollux chora bastante, mas nos indica uma escada com uma saída. Ele sobe primeiro, em seguida, Cressida.

— Suba Peeta – ordeno a ele.

— Não sem você – insiste.

— Já vou subir, eu juro. – Ele sobe e olho a minha volta notando que apenas sobraram Finnick, Gale e Valla que ainda lutam ferozmente. — Gale, Valla, Finnick vamos! – chamo e eles tentam vir. Finnick é pego pelos pés e arrastado. — Finnick! – Não posso deixar que ele se vá.

— Katniss...  – Ele está agarrado ao tridente, mas não consegue atingir o bestante. Atiro uma flecha de onde estou e finalmente Finnick lança seu tridente, porém, não consegue reavê-lo. Ele vem em minha direção. — Vamos sair daqui, agora! – diz ofegante.

— Valla! – Gale tenta ir de encontro a ela, mas está cercada por bestantes. A pegaram e não temos o que fazer, a não ser...

— Gale não vamos conseguir sair daqui – grito e ele passa por mim sem olhar para trás.

— Você vem? – pergunta Finnick.

— Suba – digo, indo logo atrás dele. Antes de fechar a tampa de ferro aciono o modo de destruição do Holo. — Cadeado, cadeado... cadeado. – Ainda escutando os gritos de Valla jogo o Holo e me afasto fechando a tampa escutando a explosão a seguir. Não estamos seguros ainda. Há muitas armadilhas em nosso caminho. Casulos acionados. Por pouco uma chuva de laminas não esquarteja Gale, porém, seu braço foi atingido. Cressida está com um corte na testa e sua perna direita manca enquanto corre. De relance olho em direção ao Peeta e percebo que está tendo um evento. Ele está de joelho e suas mãos estão cravadas em seus cabelos os puxando. Me ajoelho de frente para ele. — Ei, vamos embora. Temos que sair daqui, ainda estamos em perigo – falo tentando acalmá-lo.

— Você sempre estará em perigo comigo por perto. – Ele não está me encarando, então puxo seu rosto fazendo-o me encarar.

— Eu nunca vou te deixar, Peeta Mellark. – Reúno toda força que consigo.

— Sou um bestante... me deixe... saia daqui! – adverte.

— Só vou sair se vir comigo – insisto. Não permitirei que o Snow vença mais uma vez. Não permitirei que o tire de mim. — Fica comigo... – sussurro e logo capturo seus lábios em um ardente beijo.

Seu corpo estremece, mas logo o ouço dizer, sempre.

 

 

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Pensei que tínhamos conseguido nos desviar dos casulos, no entanto, Cressida conta que nesta região em que estamos devem ter sidos desativados por causa dos moradores da Capital.

— Acho que sei onde podemos nos abrigar, pelo menos, por enquanto – diz ela, assim que dobramos uma viela com várias lojas não tão pomposas. Paramos de frente para uma loja de roupas. Há diversos casacos e chapéus de pele expostos na vitrine. Cressida dá leves batidas na porta principal e logo uma figura inusitada surge. — Tigris, lembra-se de mim? Sou da equipe do Plutarch. Precisamos de ajuda.

A mulher nos dá passagem e entramos. Rapidamente a porta é fechada atrás de nós. Agora reparo melhor na fisionomia de Tigris. Ela parece um gato. Vejo que passou por várias cirurgias plásticas, mas que não deram muito certo.

— Você trabalhava como estilistas nos Jogos, não é? – pergunto e ela faz que sim com a cabeça.

— Eu fui, até o Snow achar que eu já não era mais bonita – lamenta.

— Estou aqui para matar ele.

Ela dá um risinho com o canto dos lábios.

— Vocês estarão seguros aqui. – Tigris afasta um tapete felpudo no chão e abre uma porta que dá para um porão.

Descemos as escadas e mesmo aqui embaixo sendo úmido e frio, é melhor do que sermos pegos. Montamos camas com várias peles que Tigris nos dispõem e me atento para os feridos.

— Seu braço vai precisar de pontos – digo a Gale que está com a cara fechada para mim. Cressida se aproxima e começa a esterilizar o local. Me afasto para ajudar os outros. Pollux tem apenas alguns ferimentos superficiais, ainda assim, sinto que onde mais esteja doendo é seu coração. Acabei colocando todos em perigo por causa de uma vingança pessoal minha. Me sinto mal e egoísta por isso. — Me perdoem por toda desgraça que causei a vocês e aos demais... Nunca existiu uma missão especial da Coin. Eu fugi do 13 pra vir encontrar Peeta e leva-lo de volta comigo. Depois que vi o que o Snow fez com ele, bolei esse plano idiota – desabafo. Há um longo silêncio até Finnick se manifestar.

— Acha mesmo que alguém acreditou em você? Me disse que uma das condições em se tornar o Tordo seria matar o Snow.

— Mas acabei enganando a Jackson e aos demais – insisto.

— Nem por um segundo ela acreditou em você, mas Jackson confiava em Boggs e claramente ele confiava em você. E estamos sendo bem-sucedidos, devo admitir – diz Cressida.

— Nossas vidas nunca foram nossas – declara Peeta. — Elas pertencem ao Snow, assim como nossas mortes, mas quando ele estiver morto. Se colocarmos um fim nisso, todas essas mortes terão um significado – conclui citando alguns dos nomes.

Meu coração é preenchido por um sentimento acolhedor. Esse parece o meu Peeta de sempre.

— Sinto muito pelo seu irmão, Pollux – admito entristecida. — Também sinto pela Valla, Gale.

— Estávamos encurralados, se não fosse ela, iria ser algum de nós – diz vencido.

A temperatura está cada vez mais baixa. Tigris nos traz um ensopado quentinho e pão. Não como algo assim há dias. Sempre traçamos algo frio, mas nada acolhedor como isso. Tento comer devagar para não passar mal. Em seguida, cuido dos pulsos de Peeta e falo para ele descansar. Também ajudo Finnick com seus ferimentos. No fim, estou completamente exausta. Acabo dormindo quando Cressida fala que qualquer mudança Tigris nos avisará.

Tenho um sono agitado pelos pesadelos. O que me faz despertar é um murmúrio de vozes falando entre si. Quando presto atenção percebo que é Peeta e Gale.

— Obrigado pela água – agradece Peeta. — Só agora percebi que estava com sede.

— Disponha.

— Devo agradecer não só por isso, mas por sempre cuidar da Katniss e a família dela.

— É uma promessa que fiz – diz Gale.

— Sabe, teve um momento no casamento que Katniss ainda te amava.

— Isso não é verdade. Nunca foi. Acredite.

Os dois ficam em silêncio até Peeta protestar.

— O soro da Capital pode ter me condicionado a te bater no nosso reencontro. Mas quer saber? Acho que fiz isso por ver nos olhos dela o quanto sentia falta de estar com você. – Não sei porque Peeta diz isso. Nunca senti isso. Apenas desejei que tudo fosse o mais normal o possível. Sem Jogos Vorazes. Sem todo aquele teatro dos amantes desafortunados. — Toda a ideia do casamento pode ter sido imposta pelo presidente, mas eu sempre quis viver isso com ela – acrescenta ele.

— No fim você sacrificou tudo por ela e isso a fez te amar de verdade. A Katniss que conheci não se entregaria assim se não houvesse um motivo – conclui Gale.

— Pois bem e aqui estou totalmente desequilibrado – diz Peeta em tom de lamento.

Não consigo voltar a dormir mesmo que tudo esteja em silêncio. Um pouco antes do amanhecer Tigris nos traz chá e pão com queijo. Comemos rapidamente e nossa anfitriã conta que na madrugada teve um ataque rebelde e que o presidente está oferecendo abrigo a mulheres e crianças na mansão.

— Temos uma chance – digo para nosso grupo.

— Então o que estamos esperando para aproveitá-la? – pergunta Finnick.

— Precisamos nos disfarçar – propõe Cressida.

— Não acho inteligente sairmos juntos daqui – acrescenta Gale. — Nossos rostos estão em todos os cartazes.

— Alguns de vocês pode ficar aqui – sugere Tigris.

— Cressida e Pollux ficam – digo decidida.

— Podemos ajuda-la...

— Não Cressida! Você já fez muito por nós. Não vou colocar você ou o Pollux mais em risco.

Tigris arranja alguns trajes esparafatosos e nos ajuda com maquiagens como aos habitantes da Capital. O frio colabora, pois precisamos esconder nossas armas e nada melhor que casacos que vão até o chão.

Me aproximo de Peeta para tirar as algemas. Ele hesita a princípio e digo que precisará das mãos livres.

— Sugiro nos separarmos em duplas, assim evitamos andar juntos.

— Finnick tem razão, não podem chamar a atenção – diz Cressida.

— Eu vou com a Katniss – diz Peeta.

Todos se entreolham.

— Acho melhor eu a protege-la. – Gale se oferece.

— Não! – Peeta se opõem.

— Se você tiver um episódio quem irá impedir que a mate?

Vejo o maxilar de Peeta se contrair com a ideia.

— A Capital ainda pode te rastrear, Peeta. E não só você ser pego como também ela. – Finnick tenta amenizar o pequeno embate.

Mesmo Peeta não gostando da ideia assente e se aproxima de mim, afastando uma mexa do meu cabelo e a colocando atrás da minha orelha, como fez diversas vezes.

— Quando nos encontrarmos novamente será em um mundo diferente.

— Fique vivo. – A sensação em meu estômago é a mesma de quando nos separamos na arena durante o Legendary Quell.

Mesmo com pessoas a nossa volta, ele me puxa pela cintura e beija meus lábios. É um beijo que aquece meu coração e me dá esperança e medo ao mesmo tempo.

— Eu amo você, minha garota em chamas— declara ele, quando nos abraçamos.

— Okay! Chega de melação, estou com saudades da Annie e desejo vê-la em breve – brinca Finnick dando um leve esbarrão em Peeta.

Me despeço da Cressida, do Pollux e da Tigris.

— Cuide dela, Hawthorne. – A voz de Peeta soa mais como uma ordem do que um pedido.

— Pode deixar, Mellark – responde Gale. — É o que faço de melhor. – Gale e eu saímos primeiro e antes de dobrarmos a viela que dá para a avenida olho para trás vendo Finnick e Peeta. — Não se preocupe o Odair vai cuidar dele pra você.

Não digo nada durante o trajeto, até porque nos deparamos com uma extensa multidão de pessoas da Capital andando em direção a mansão. Nos infiltramos entre eles e ao olhar para trás novamente acabo perdendo os dois de vista.

— Por ordem do presidente Snow todos os residentes devem se dirigir para a mansão presidencial. Continuem andando em ordem e com calma. Alimentos, remédios e roupas serão fornecidos na chegada.

Uma voz de homem se repete nos alto-falantes da avenida. O que não esperávamos é que Pacificadores estivessem fiscalizando cada cidadão que passa na trincheira montada por eles. Gale e eu nos entreolhamos e percebemos que não vamos passar facilmente por ali. Estou com um chapéu elegante e uma echarpe que esconde bem meu rosto, mas obviamente me reconhecerão assim que solicitarem eu tirar meu disfarce. Tentamos dar meia volta. Entretanto, nos sentimos encurralados até que escutamos um estrondo e todos se abaixam.

— São os rebeldes! – Alguém grita.

Então começa o desespero entre as pessoas. Uma explosão acaba abrindo uma cratera no meio do pavimento. Tenho que me segurar para não cair. É incrível como em um minuto tudo vira o maior caos. Olho para um lado e para o outro a procura de Gale e não o vejo. Há muita fumaça e pessoas desesperadas correndo de um lado para o outro. Pacificadores e rebeldes se atacam ferozmente.

— Katniss! – Escuto a voz de Gale e corro meus olhos de um lado para o outro até focar nele. — Atira em mim... – Ele está cercado por pacificadores.

Ando em sua direção e não tenho tempo nem de raciocinar porque logo uma explosão acontece e leva os Pacificadores para o ar. Dou um impulso e pulo para o outro lado e vou até ele.

— Gale... – Me ajoelho do seu lado. Seu rosto está ensanguentado e sua perna esquerda não existe mais. Minha mente é preenchida por momentos que só pertenceram a nós. — Vou encontrar um médico pra você. – Meus olhos já estão embaçados pelas lágrimas.

— Deixa pra lá... fique -- fique aqui – ele pede ofegando entre um suspiro e outro. — Promete pra mim que vai ajudar minha mãe e as crianças?

— V-você vai viver... v-vai cuidar deles como sempre fez... – Ele tosse cuspindo um jorro de sangue.

— O-obrigado Ca-catnip... eu-eu te amm... – Seus olhos e boca ficam abertos e parados. A vida acaba de escapar do meu melhor amigo. Meu companheiro de caçada. Minha mão direita treme ao ir de encontro aos olhos cinzentos de Gale para fechá-los.

Não quero deixar seu corpo aqui, mas sou obrigada a correr em meio a tiroteios e pessoas desesperadas. Me sinto dentro de um pesadelo sem fim. Agora estou sozinha e não faço ideia onde Finnick e Peeta estão e se sobreviveram. Consigo correr até as extremidades da mansão presidencial. Obviamente o presidente Snow não vai colocar a cara para fora. As pessoas estão desesperadas. Vejo Pacificadores colocando apenas crianças para dentro dos portões. Alguns apontam para o céu. Olho para conferir e o aerodeslizador com a insígnia da Capital sobrevoa o local. Pessoas choram e clamam por ajuda. Paraquedas são lançados e mãos se erguem para receber alguma dádiva, talvez? Mas a surpresa vem com uma explosão. Me desequilibro e caio com o rosto no chão. Sinto dor, meu rosto está ferido pelo impacto.

Tento me levantar e com muita dificuldade consigo ficar de pé. Uma correria acontece e paramédicos rebeldes vão de encontro aos feridos.

— Senhorita deixe-me cuidar do seu rosto. – Um paramédico me segura tentando fazer com que eu me sente, mas nego veemente a ajuda porque um vulto acaba de me chamar a atenção e vou atrás mesmo mancando. — Senhoritaaa – grita o rapaz tentando me segurar.

— Me solta! – rosno e ele desiste de mim. Há muitos outros feridos que não negarão ajuda. Eu por outro lado, sigo o vulto até ver a trança loira. — Prim! – grito, mas ainda estou longe. Tento correr e sinto minha perna arder. — Primroseee...

O destino tem duas maneiras de nos destruir. Seja recusando nossos desejos ou cumprindo-os.

Tento correr e novamente minhas pernas fraquejam. Os paraquedas não foram um sinal de ajuda da Capital e sim um bombardeio em massa. Chamo pela minha irmã mais uma vez em meio aos paramédicos rebeldes. Ela parece não me escutar e continuo insistindo. Quando, enfim se vira, vejo Peeta se aproximar agarrando-a.

— Peetaaaa nããão...

Sou arremessada para traz com o impacto da segunda explosão. Algo em mim arde como brasa. Meus olhos pinicam pelas lágrimas já derramadas. Perdi as duas pessoas que mais amo.


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Notas finais do capítulo

Adorarei ver nos comentários a opinião de cada um de vcs. Prometo não demorar, pois deixei um buraco aí. Me digam o que acharam da morte do Gale (me lembro de alguém ter pedido isso kkk) e sobre eu ter poupado a vida do Finnick. Agora será que o Peeta foi atacar a Prim? OMG!!!!

PS: Lancei uma fanfic de época inspirada bastante na série Bridgerton e em outros romances de época que amo, vem conhecer. Deixarei o link aqui...

https://fanfiction.com.br/historia/798977/O_Duque_que_me_Amou/

Beijos e até!



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