Preço do Amanhã escrita por Cristabel Fraser, Sany


Capítulo 25
Too late


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde povoooooo... sem delongas bora ler o capítulo de hoje. Por favor, leiam as notas finais.

Boa leitura.



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Eu olho em seus olhos

Mergulho no oceano

Eu olho em seus olhos

Caindo!

 

Como uma parede de estrelas

Estamos maduros para cair

 

E se você é um fantasma

Eu vou chamar seu nome novamente

E se você é um fantasma

Eu vou chamar seu nome...

Você, sempre...

(Too Late – M83)

 

 

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Narah Kess, Johan Phoenix, Tyah Omsioge, Freener Trent, Nosk Prewitt, Petúnia Feet, Simon Lennox, Alisha Desmond e Mikky Elyas, nomes que jamais conseguirei esquecer. Rostos que parecem jamais deixar de assombrar meus sonhos. Crianças que tiveram seus sonhos, suas vidas tiradas bruscamente por um governo tirano, como forma de entretenimento. Durante meus anos como mentora, havia olhado em seus olhos, tentado traze-los de volta para casa. Mesmo sabendo que, a vida depois da arena é de certa forma uma tortura. Mesmo sabendo que, eles jamais seriam os mesmos e que, acima de tudo, o olhar e a inocência ficariam para trás, eu havia tentado. Ainda assim, os vi morrer de forma brutal e cruel.

O tempo vinha passando depressa e as duas últimas edições dos Jogos Vorazes cobraram seu preço e se juntaram aos meus pesadelos.

Na 78º Edição dos Jogos, os tributos do Distrito 12 foram, Petúnia Feet de quatorze anos e Simon Lennox de treze, os dois do lado pobre do distrito. Tentamos conseguir o máximo de patrocinadores e tentamos afinco treiná-los adequadamente. Ainda assim, ao chegarem na arena, foram considerados alvos fáceis e massacrados logo no início. E no ano passado, na 79º Edição dos Jogos Vorazes, os tributos, Alisha Desmond de dezesseis anos e Mikky Elyas de quinze, também não se saíram bem. Novamente tentamos de tudo. Peeta passou várias estratégias e eu tentei ensinar armadilhas, mas os dois estavam completamente assustados. Talvez o ano anterior, ao deles, não facilitou para o desempenho mental e físico. Só quem é escolhido pra ir, sabe a sensação de impotência, o medo e principalmente como nosso corpo pode congelar, sem saber o que fazer, naqueles rápidos segundos que, definem viver ou morrer.

O que venho tentando é, me ocupar o máximo com diversos afazeres. Tenho levado Prim à floresta e pelo menos, procurando ensina-la a montar algumas armadilhas e até mesmo atirar flechas. Ela tem se dado melhor na primeira tarefa, que aliás, tentei ensinar quando era bem mais nova, mas na época sentia pena dos bichos e até queria curá-los. Hoje, já em seus dezoito anos, entende que é mais uma questão de sobrevivência.

Minha irmãzinha está crescida e mais bela a cada dia. Percebo a atenção que, os garotos de sua faixa etária dão a ela, mas por enquanto, seu foco está em ajudar minha mãe com a botica. Prim tem estudado bastante o livro de plantas e seu desempenho em curar feridos, virou sua rotina normal. Até amputação já executou. Não consigo entender como adquiriu tanta força para tal. Eu mesma, ainda não suporto ficar perto de pessoas com ferimentos muito graves. Outro dia, Hope ralou o joelho e veio me mostrar a quantidade de sangue que escorria do mesmo. Fui logo levando-a até Prim, que cuidou muito bem, fazendo com que minha filha quase não sentisse dor.

Minha filha... ao pensar nela sinto tanto orgulho. Acabou de completar seus quatro aninhos e, é tão esperta. Nos últimos jogos ela nos acompanhou até a Capital. Agora deu de cantar para toda Panem, tem uma desenvoltura excepcional para o canto e também para a arte. Todos os cidadãos da Capital a aplaudiram de pé, mas no ano passado, quando cantou a música, que sempre cantei para ela desde seu primeiro aniversário, teve um forte efeito sobre os demais Distritos. Sei disso, pois há poucos dias terminou a Turnê da Vitória e o vencedor foi um garoto de quinze anos do Distrito 4. Finnick Odair, acompanhou o tributo durante a turnê e ao chegarem aqui no 12, Finnick segredou a mim e ao Peeta que, cada vez mais, está havendo levantes. Com isso, o presidente Snow não está nada contente. Temo que algo ruim possa acontecer, mas ao dizer isso a ele, assegurou que todos amam Hope, e que nos distritos sussurram a canção “O amanhã será gentil”. Aliás, o nome Hope, foi o nome mais registrado nos últimos quatro anos na Capital, como uma verdadeira epidemia. Parecia que todos queriam ter uma filha, com nome escolhido, pelo casal de amantes desafortunados.

— Mamãe... mamãe! – Hope entra correndo, pela porta da frente e acabo por me assustar com sua euforia.

— Aconteceu alguma coisa? – Em desespero, desço da escada, a qual, usava para limpar, as prateleiras de cima do armário e seguro minha filha pelos ombros.

— Bem, aconteceu que os gansos do tio Hay, correram atrás de mim – diz fazendo beicinho. — Eu só queria brincar com eles, mamãe.

— Querida, o que eu disse sobre você estar com sua tia e não sair de perto dela?

— Mas ela...

— Ah, aí está você, mocinha! – Prim adentra a porta aberta. Ela está ofegante. — Hope, eu não disse pra você me esperar que, íamos juntas até a botica da vovó?

Hope leva seus braços para as costas e começa a balançar o corpo de um lado para o outro.

— Eu queria brincar um pouquinho com os gansos do tio Hay. Chamei o Doryan, mas ele não estava na casa dele. – Ela faz semblante de inocente.

Prim me encara e nem sei o que dizer.

— O Doryan está com o papai, filha. – Me ajoelho de frente para ela e ajeito seu chapéu.

— Eu me esqueci disso. – Seus olhos lindamente azuis brilham, e no momento seguinte enchem de lágrimas. — Me desculpa por ter fugido da tia Prim, mamãe – pede quase soluçando e acabo por abraça-la.

— Está tudo bem, querida. Não precisa ficar triste. Sabemos que você só queria se divertir um pouquinho, mas precisa entender que, ficamos preocupadas. – Beijo sua bochecha corada e ela se acalma.

— Ainda posso ir com a titia? – pergunta esperançosa.

— Pode sim, mas tem que prometer ficar com sua tia.

— Prometo de dedinho, mamãe. – Ela ergue seu dedo mindinho esperando que eu faça o mesmo. Em seguida, os entrelaçamos como se selássemos um pacto.

— Conseguiu encontrar as raízes que te falei? – pergunto a Prim e ela assente.

— Consegui, agora estou levando pra mamãe ferver e engarrafar – conta ela, segurando a mão de Hope.

Conversamos algumas amenidades a mais, mas por pouco tempo, pois Hope chama a tia pra irem logo.

 

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— Foi a tia Prim que, fez essa trança bonita? – Ouço a voz de Peeta ecoar pela casa.

— Sim, papai. Você gostou? – Hope conversa com ele.

— Claro que gostei. Você está linda como sua mãe. – Os dois estão de mãos dadas ao entrarem na cozinha. — Boa noite, minha vida. – Peeta vem até o fogão, onde estou finalizando o jantar e me dá um rápido beijo nos lábios.

— Oi... – Retribuo seu carinho beijando seu pescoço, logo o sinto se arrepiar. — Pelo visto, a tarde com a tia Prim foi boa, né? – Hope abraça minha cintura e me abaixo para beijar sua bochecha.

— Foi boa sim, mamãe. A vovó me deixou ajudá-la a separar algumas plantas e a tia Prim, arrumou meu cabelo. – Ela sorri demonstrando o quanto adorou passar a tarde na botica.

— Você está linda. Depois quero saber o que aprendeu, com a tia Prim e a vovó. – Hope assente com mais um de seus belos sorrisos. — Que tal os dois tomarem banho, antes do jantar? – aponto para Peeta que morde uma maçã e Hope que acaba de se aproximar dele.

Subimos juntos e enquanto dou banho em Hope, Peeta toma o dele.

Após o jantar, Peeta e eu colocamos Hope pra dormir. É um ritual que fazemos desde que completou seus dois anos. Ela adora que contemos história e tanto Peeta quanto eu, conhecemos algumas.

Hoje Peeta conta uma, sobre a Campina e um coelhinho que se escondia em uma toca. Seus olhinhos pestanejam bastante, mas ela não dorme. Ao invés disso, nos inquere um assunto que me apavora.

— Mamãe e papai, eu reparei algo esses dias – comenta ela, sentando e afastando o cobertor que Peeta tinha acabado de aninha-la. — O tio Gale tem o Rory, Vick e a Posy. O papai tem, o tio Esdras e tio Sedah. E mamãe, tem a tia Prim... mas eu não tenho um irmão ou irmã pra brincar comigo. E eu quero muito ter um irmãozinho. Eu posso ter um? – pede com a voz aflita.

Um silêncio segue. Encaro Peeta pasma com o que acabo de escutar. Nunca imaginei que minha filha, se sentisse solitária a esse ponto.

— Bem... algumas pessoas têm irmãos, mas outras não, meu amor. O Doryan, por exemplo, não tem um irmão. – Peeta explica calmamente.

— Mas ano passado, quando fomos a Capital, o tio Caesar perguntou quando vocês iam me dar um irmãozinho. – A memória dela é impressionante, assim como seu carisma suficiente, para que o apresentador dos jogos a deixe chama-lo de tio.

— Filha, é um pouco mais complicado do que parece. – Sabemos que tínhamos que ter cuidado com as palavras.

— Por que? Eu quero um irmãozinho – insiste ela.

— Querida, não posso dar a você, o que me pede – argumento, mas ela começa a chorar.

— Não chore, filha. – Peeta tenta consola-la, mas não adianta.

— Hope... – Tento amenizar, mas me interrompe.

— Vocês não amam a Hope... – soluça ela.

— Não diga uma coisa dessas, filha. Você é tudo para nós. Te amamos demais. – A tomo em meus braços e a aperto sentindo que vou desmoronar. Peeta nos abraça também. Uma enxurrada de lembrança invade minha mente. Desde quando descobri que estava grávida, até o tenso momento do nascimento dela e depois a felicidade de segura-la em meus braços. Ao notar seus soluços estando aconchegada a mim, me quebra por dentro. — O papai e eu, vamos conversar sobre isso. Me prometa que não vai chorar mais. – Afasto ela, somente para olhar em seus olhos e me arrependo no exato instante, pois me lembra tanto o Peeta que, perco a fala de tanto amor que sinto por esses dois.

— Tente dormir, querida. – Peeta afaga seus cabelos e seca seus olhos marejados pelas lágrimas.

— Eu amo você – declaro tornando a abraça-la. — Amo tanto você que, nem imagina do que eu seria capaz.

— O que quer dizer, mamãe?

— Que você, é tudo pra mim e para seu pai, querida. – Coloco seu rostinho entre minhas mãos e beijo sua testa.

Peeta também a enche de carinho, cochicha algumas palavras de conforto e algo mais em seu ouvido que não escuto. Ela assente e sorri para ele e depois para mim.

— Amo vocês dois bem grandão assim... – Ela abre os braços o máximo que consegue para ilustrar o tamanho.

— Durma bem, filha. – Peeta deseja antes de sair e nos deixando sozinhas, como faz a maioria das noites, para nosso pequeno ritual.

Ela volta a deitar e me recosto na cabeceira de sua cama ao seu lado, e em meio ao carinho que faço em seus cabelos, começo a cantar baixinho em seu ouvido, observando seus olhinhos se fecharem pouco a pouco. Eu faria qualquer coisa por ela. Mataria e morria, porque não há no mundo, alguém que ame mais do que ela.

Quando tenho certeza de que ela está dormindo, me levanto em silêncio e ao sair, deixo uma fresta na porta. Sempre deixamos a luz do corredor acesa.

Assim que entro no quarto, vejo Peeta deitado na cama ainda acordado.

— O que faremos, Peeta? – argumento, sentindo o desespero em minha voz. Mesmo sabendo que, é o pedido de uma criança, saber que Hope deseja um irmãozinho me deixa apavorada.

— Podemos arrumar algum bichinho de estimação – sugere ele, com certo humor. — Ela gosta do velho Buttercup. Talvez, um gatinho mais bonitinho e amigável, seja uma boa moeda de troca ou quem sabe um cachorro.

— Engraçadinho, talvez desse certo se, nossa filha não fosse tão esperta. Sinceramente ela puxou essa esperteza de nós dois. Ela não se esquecerá fácil, desse assunto. Do jeito que é, não duvido que aceite o gato e depois volte novamente com a história do irmãozinho. – Sigo para o banheiro e começo a escovar os dentes, vejo que ele veio atrás de mim, parando no batente da porta aberta.

— Então a única solução é... – Minhas mãos começam a tremer e sinto vontade de vomitar. Cuspo saliva no lavatório e lavo minha boca.

— Não brinca com isso.

 — Acalme-se. Podemos dar um jeito.

— Jeito em quê?

Peeta me lança um olhar, que eu não negaria qualquer pedido que fosse. Ele se aproxima mais e acaricia meu rosto suavemente. Sei que ele conhece meus medos e sei que tem a maioria deles também. Porque valorizamos e amamos praticamente as mesmas coisas e pessoas. Porque conhecemos nosso inimigo bem suficiente e sabemos do poder que ele tem. Porque fomos ao inferno naquela arena e voltamos.

— Você sabe que, eu daria a minha vida pra não ver a Hope, ser levada para os jogos. Independentemente da situação, jamais deixarei algo ruim acontecer a vocês. Você e a Hope, são tudo pra mim. – Suas palavras atingem meu peito de uma forma tão forte, que por pouco, penso que vou cair.

— Ah, Peeta... – Suspiro profundamente antes de avançar e beijá-lo. Sempre fui péssima com as palavras, ele bem sabe, mas intensifico o beijo transmitindo o que não consigo dizer. O beijo dura até a necessidade de pararmos pra respirar.

— Se não existisse os jogos e toda essa loucura, você concordaria em termos outro filho?

Sou pega de surpresa. Não imaginava que ele sentisse falta de ter outro filho. Talvez se não existissem os Jogos Vorazes, eu nem estaria casada com ele. Nem sei o que pensar sobre isso, mas procuro não o decepcionar.

— Eu concordaria sim, em termos outro filho. Você é um ótimo pai, Peeta. Sempre me ajudou com a Hope e com outras tarefas. Não negaria isso a você. – Acaricio seu rosto e ele está sorrindo singelamente.

— Eu continuo me apaixonando por você, todos os dias, sabia?

Entrelaço nossos dedos e saio de dentro do banheiro com ele. Encerramos nossa noite com beijos calorosos e muita entrega.

 


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Notas finais do capítulo

Perceberam como nossa Hope está cada vez mais linda ❤
Então amores repararam que adiantamos os fatos? Pois é, já é ruim o bastante temos que vivenciar as perdas todas as vezes e há rumores de um certo Legendary Quell por aí. A partir do capítulo que vem vamos começar uma nova fase de PA. Por isso agrademos muito aos leitores para interagirem e nos dizer nos comentários sua opinião, ok? O que acharam do capítulo de hoje?

Mais uma vez obrigada pelo carinho e nos vemos EM BREVE!



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