Preço do Amanhã escrita por Cristabel Fraser, Sany


Capítulo 23
Tomorrow Will Be Kinder


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde amadas leitoras, mais uma vez demoramos, mas voltamos. Nos perdoe por isso, a Sany ainda está se organizando, mas deixa bem claro que dará continuidade aos projetos dela, então (a nós fãs dela rss) vamos segurar a ansiedade e aguardar mais um pouquinho, ok? Bem, eu tbm estava um tanto atolada com a faculdade, trabalho e cursos, mas boas notícias, consegui me organizar e conversando com a Sany decidi de dar uma atenção a mais ao projeto PA. Por hr eu que estarei atualizando as postagens, ela estará como consultora rss até a rotina dela dar uma brecha pra ela continuar a me ajudar com a edição. Procurarei manter as postagens quinzenal, mas posso tentar postar todos os domingos, ok? Ainda mais porque, por enquanto, não estou com nenhum outro projeto postado aqui no site. Nós duas agradecemos muito a interação de vcs, cada comentário é especial demais para nós e lemos todos com muita atenção e carinho. Obrigada pessoal... Bem, como disse nas notas do último capítulo, estamos construindo acontecimentos e capítulos extraordinários e esperamos que todos que chegaram até aqui, continuem conosco. Vamos ao capítulo? Preparamos algo especial, esperamos que gostem... boa leitura.



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Nuvens negaras estão atrás de mim
Eu agora consigo vê-las a frente
Frequentemente eu pergunto porque tento
Esperando por um fim

A tristeza pesa meus ombros para baixo
E os problemas caçam minha mente
Mas eu sei que o presente não vai durar
E o amanhã será gentil

O amanhã será gentil
É verdade eu já o vi antes
Um brilhante dia vem no meu caminho
Sim, o amanhã será gentil

(Tomorrow Will Be Kinder – The Secret Sisters)

 

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Sinto cócegas em minhas bochechas. Em seguida, algo pequeno aperta meu nariz e ao abrir os olhos, vejo minha garotinha com os cabelos desgrenhados sorrindo.

— Bom dia, minha lindinha. Hoje você está completando seu primeiro aninho. – Sento sobre a cama e puxo-a para meus braços. A encho de beijos e a abraço com carinho. — Parabéns a você, meu anjinho. – Hope começa a tagarelar algo ininteligível e acabo por rir. — Onde está seu pai? – Ela olha em direção a porta e um cheiro delicioso invade minhas narinas. — Acho que o papai está aprontando algo. Vamos lá espiar?

Hope esboça algumas expressões faciais engraçadas. Isso me lembra muito o Peeta. Me troco rapidamente e antes de ir até o banheiro, coloco Hope de pé no chão, segurando na cama. Ela já começou a dar alguns passinhos, mas tem medo de andar sem que esteja segurando em algo. Deixo a porta aberta e enquanto faço minha higiene matinal fico observando-a e ela também me encara curiosa. Escovo meus cabelos rapidamente e os deixo solto. Pego Hope no colo e descemos até a cozinha.

Noto um vinco na testa de Peeta. Ele está concentrado no que faz e ao me aproximar mais, o vejo confeitando um bolo com glacê amarelo e rosa-claro. Hope nos denuncia dando alguns gritinhos e logo ele ergue o olhar, me fazendo paralisar por alguns segundos.

— Conseguiu acordar a mamãe, Hope! – Me coloco ao seu lado e ele acaba por me roubar um beijo rápido dos meus lábios. — Bom dia, pelo visto dormiu bem.

— Dormi bem sim, mas a Hope...

— Ela acordou às cinco, mais ou menos, daí desci e preparei uma mamadeira bem gostosa. Tomou tudo ainda sonolenta e acabou voltando a dormir, e a coloquei do seu lado e vim pra cozinha preparar um café da manhã especial.

Hope tem pouco mais que uma dúzia de dentinhos em sua boca. Ela já nem se amamenta mais em mim e confesso que sinto um pouco por isso. No entanto, foi preciso passar para a mamadeira, nossa garotinha estava irritada por conta da gengiva coçando. Minha mãe me deu algumas dicas e preparou alguns chás, que segundo ela, acalmaria um pouco o incomodo que tanto sentia.

— Hum... café da manhã especial. – Já sinto minha boca salivar. — E o que teremos padeiro?

— Pães de queijo, chocolate quente, morangos...

— Ai, que delícia, Peeta. – Minha voz soa um tanto estranha. Talvez a culpa seja do meu estômago vazio. — E esse bolo?

— É pra nossa filha, em comemoração de seu primeiro ano. – Ele sorri enquanto a pega do meu colo a erguendo no ar e, dando voltas e mais voltas pela cozinha com ela. É maravilhoso a forma como ele fica quando está em um momento com Hope. — Em casa, era um ritual meu pai fazer, um pequeno bolo em comemoração de algum ano meu ou dos meus irmãos. Já que não tínhamos o luxo de poder comer sempre que queríamos.

Sempre pensei que, quem morava no centro do distrito tinha mais privilégio, mas estava enganada. Peeta não podia usufruir dos benefícios da padaria. Ele mesmo já me confessou isso uma vez.

— Meu pai sempre trazia alguma lembrança da floresta, contava uma história e cantava uma canção. – Lembro de uma época feliz e não tem como não sentir o velho aperto no peito.

— Você pode cantar pra Hope esta noite, o que acha? – Peeta nota meu pequeno devaneio, pois infiltra seus dedos sob meus cabelos e, me dirige um olhar e sorriso solidário.

— Sim, claro... vai ser bom poder fazer isso.

Peeta me entrega nossa filha e a coloco no cadeirão que ganhei de presente. É mais um apetrecho moderno vindo da Capital. Sento à mesa e olho em direção ao loiro que, termina de confeitar o bolo – colocando algumas florezinhas decorativas – e logo o guarda na geladeira. Ele se senta à minha frente e começamos a tomar nosso café da manhã. Hope já se encontra lambuzada de morango. Descobrimos recentemente que ela adora essa fruta.

Nos agasalhamos bem e saímos para caminhar. Durante nossa pequena jornada, Peeta conta que quer oferecer um jantar a nossas famílias, convidando ao Haymitch e o Doryan, em comemoração à data de nossa filha e depois de sobremesa, o bolo. Concordo e passamos na padaria para convidar sua família. Como sempre, Hope é o centro das atenções. Mesmo minha sogra sendo uma bruxa, sei que gosta da nossa pequena. Hope ganha um biscoito confeitado de seu avô e Esdras lhe entrega um bichinho feito de madeira.

— P-a-t-o – diz, letra por letra. — Pato. Vamos, Hope diga pato. – Ele dá uma risadinha para ela e faz:  — Quaque. Quaque.

Ela sorri, o fazendo se derreter e não tenta repetir o que ele diz. Percebemos que amou o novo brinquedo, e só quando Esdras dá as costas, é que ela tenta pronunciar algo, que sai de forma enrolada. Acabamos por rir e logo nos despedimos deles.

Após o “acidente” na padaria, a Capital enviou todo tipo de material, fogões novos e fizeram uma nova instalação. Nesse meio tempo, a família de Peeta ficou hospedados em nossa casa, até a equipe da reforma, dizer que era seguro voltar a morar no andar de cima da padaria.

— Vamos passar na casa da sua mãe para convidá-las – sugere Peeta.

Assim que batemos à porta, Prim nos atende já estendendo os braços para pegar a sobrinha.

— Parabéns pelo seu um ano, Hope! – As duas começam a dançar pela casa e logo minha mãe surge secando as mãos em um pano.

— Chegaram na hora certa. Acabei de preparar um ensopado de pato selvagem. – Vou até minha mãe e a abraço.

— O cheiro está ótimo – elogio.

— Hoje é um dia especial. Eu tinha guardado o pato que, você caçou antes de ontem – diz ela, com seu olhar concentrado na neta e na minha irmã. Hope logo vem para o colo da avó. — Você está mais pesada, menininha.

— Realmente ela está um chumbinho, dona Clara. – Peeta se aproxima e os dois iniciam uma conversa.

— Como o tempo está passando depressa, não é? – Prim esbarra propositalmente seu ombro no meu.

— Mais depressa do que gostaria – desabafo.

— Pois é, daqui a pouco você estará com dezenove...

— E você com quinze.

Encaramos uma a outra. E, é neste olhar, que sentimos o quanto precisamos estar unidas cada vez mais. Em toda colheita, sinto a mesma angústia e tensão. Não só pela Prim, como também pelos irmãos de Gale, já que ele mesmo, não tem mais seu nome posto dentre os demais. E dou graças aos céus, pela sorte estar ao nosso favor. Nenhum deles ainda foi sorteado. No entanto, outros jovens, de outras famílias, passaram por tantos percalços que, de um jeito ou de outro sinto-me angustiada por todos.

Almoçamos com minha mãe e Prim. É um momento agradável. Peeta se oferece para ajuda-la com a limpeza da cozinha e ela aproveita para preparar chá para nós.

Antes de retornarmos pra casa, convidamos as duas para jantar conosco.

— Vou aproveitar o cochilo da Hope e vou dormir um pouco também – comento, notando que Peeta não retirou seu agasalho.

— Vou aproveitar e ir na casa do Haymitch e do Doryan para convidá-los e ver como estão.

— Ótima ideia. – Peeta aproxima seu rosto do meu e beija meus lábios com carinho. Também beija a cabecinha de nossa filha, que se encontra sonolenta em meus braços, e depois se vira saindo pela porta.

Quase no fim da tarde, Peeta e eu terminamos de preparar o jantar. Minha mãe e Prim chegam e ficam com Hope na sala da lareira. Quando terminamos de pôr a mesa, a família de Peeta chega. Haymitch e Doryan vêm logo em seguida e nossa pequena festa particular se inicia. Esdras trouxe Delly, dissemos a ele para fazer isso, afinal, ela já faz parte da família. O jantar transcorre tranquilo sem fortes emoções ou farpas trocadas. Após o acidente na padaria, as coisas andam um pouco mais tranquilas. Ainda sinto um olhar de desprezo, por parte do meu cunhado Sedah e de sua mãe, mas isso não me atinge.

Após o jantar, Peeta traz o bolo com uma velinha solitária acesa. Hope olha curiosa e coloca o dedinho indicador na cobertura do bolo. O mesmo dedo ela leva até sua boca e faz um som como “hum”. Todos rimos e comemos o bolo que, devo confessar, estava uma delícia.

— Já vi que a docinho puxou a mãe. Tanto na feição travessa, quanto na comilança – observa Haymitch, dando uma de suas gargalhadas.

— Fala sério. – Lanço uma careta e ele diz que não se assusta comigo.

— Tchau, Hope. E mais uma vez parabéns... quaque, quaque. – Doryan brinca com ela, já que Hope ficou entregando o patinho de madeira a ele.

Ela dá um sorriso mostrando seus dentinhos e tenta imitar o som do pato, mas sai enrolado.

Quando fica somente Peeta e eu, sentamos no sofá – frente a lareira – ele passa o braço entorno dos meus ombros e com Hope em meu colo, inicio uma canção que, meu pai cantava e dizia que era uma letra mais antiga que ele. Ela tem algumas estrofes até bem tristes, mas ao mesmo tempo, passa esperança de um amanhã melhor.

“O amanhã será gentil

É verdade eu já o vi antes

Um brilhante dia vem no meu caminho

Sim, o amanhã será gentil.”

 

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Garrafa de suco. Garrafa de água. Pães fatiados. Queijo. Frutas. Copos. Talheres. Guardanapos... Mamadeira pra Hope, bolo e toalha. Checo mais uma vez a cesta de piquenique, vendo se não estou me esquecendo de nada.

­— Acabei de trocá-la. Acha que precisamos levar mais mantas? – Peeta que tem Hope em seus braços questiona.

— Uma já dá. Você colocou mais algum casaco pra ela, caso esfrie?

— Sim e coloquei um extra.

— Estamos prontos pra ir então.

Hoje sendo domingo, acordamos animados para fazer um passeio até à Campina. Decidimos passar o dia todo lá.

Algumas novidades estão previstas. Ainda nesta semana teremos o enlace matrimonial de Esdras e Delly. Os dois já organizaram a casa que irão morar. Até mesmo eu e Peeta, juntamos algumas coisas que nunca usamos, do enxoval do nosso casamento e demos aos dois. Uma costureira do nosso distrito está adaptando um vestido meu. Eu tinha alguns guardados no armário da época em que trouxeram vários pra sessão de noiva. Sei que eu não precisaria e como escutei ela comentar que, não tinha condição de fazer um, fiz questão de oferecer a ela. Delly ficou radiante quando lhe dei a opção de escolha. O sapato, o pai mesmo estava fazendo um especialmente para a data. Não seria um casamento estrondoso como nosso, segundo as palavras de Esdras, mas ele queria que fosse especial. Era nítido o amor e cuidado entre os dois. De certa forma, invejava ver os dois juntos. Parecia tão natural, tão cumplice o que sentiam. Ainda assim, com as atuais mudanças no que realmente sinto pelo Peeta, não tenho do que reclamar.

— Então Sra. Mellark, pronta pra irmos? – Sacudo levemente minha cabeça e retribuo o sorriso que está lançando a mim. Em um braço ele segura nossa filha e no outro a cesta de piquenique.

— Você não vai carregar todo esse peso – finjo estar brava, tratando de pegar Hope de seu colo que, não protesta com o ato, já que está saboreando um biscoito que Peeta fez ontem à tarde.

— Já te disse hoje o quanto está linda? – Ele pega a mochila que arrumou com as roupinhas e objetos de higiene pessoal de nossa pequena, e a coloca nas costas.

— Acho que me lembraria se tivesse dito.

— Ainda são oito da manhã – argumenta, checando as horas no relógio de parede. – De qualquer forma, digo quantas vezes for preciso. Você está linda, meu amor. – Ele dá alguns passos à frente e acaricia meu rosto, e no processo coloca alguns fios de cabelo, atrás da minha orelha que insistem em ficar soltos.

— Obrigada, é sempre bom escutar um elogio seu.

Mama... mama... papa... papa— Hope dispara em pronunciar algumas palavras que deu de falar. O engraçado é que, essas duas palavrinhas se parecem com papai, mamãe ou mama de mamadeira, e papa de comida.

— Ei, sei que estamos enrolando, filha. – Peeta olha para ela que aponta para a saída. — Desde que você acordou, estamos falando que vamos passear e nada de sairmos. Mas o dia em que você encontrar alguém, que ame, como amo a mamãe. Todo o tempo que você parar e ficar horas, apenas olhando nos lindos olhos, será pouco tempo.

— O dia em que brigarmos e eu ficar brava com você, não vai querer me admirar assim, Mellark. – Sustento um olhar desafiador e ele apenas dá de ombros.

— Enquanto brigarmos e fazermos as pazes, tudo bem, mas nem quero pensar nisso agora. – Finalmente conseguimos atravessar a porta principal e saímos em direção ao nosso passeio. — Deixarei esses pães na casa dos Hawthorne.

Batemos à porta da casa de Hazelle e Gale atende. Depois do ocorrido com o comandante Thread, ele tem ficado bem ausente da floresta. O que muito passou a me preocupar – como iriam se sustentar –, mas Peeta tem sido tão perfeito em preparar pães, alguns pratos principais que uma pessoa possa ter em uma refeição e gentilmente traz a eles.

— Olá, como estão? – Ele enxuga as mãos em um pano, talvez esteja ajudando a mãe em alguma tarefa, penso.

— Viemos lhes trazer esses pães que assei hoje cedo. Apenas sinto muito de não ter trazido mais cedo...

— Não esquenta, Peeta. Temos uma enorme dívida por estar praticamente nos trazendo todos os dias.

— É sempre um prazer podermos ajudar.

— Sua mãe e as crianças estão bem? Precisam de alguma coisa? – pergunto, ajeitando Hope que não para de se mexer em meus braços.

— Estão bem, apenas Posy que anda com o nariz congestionado. Acho que a mudança de tempo não ajuda muito.

— Falarei com minha mãe para fazer um xarope e vou trazer um descongestionador nasal que temos. Hope pegou um forte resfriado neste último inverno e praticamente montamos uma farmácia em casa.

— Obrigado.

Peeta estende um pouco mais a conversa, perguntando como está indo o trabalho nas minas e Gale responde que bem. Nos despedimos e seguimos nosso caminho até a Campina.

Os raios do sol batem nos arvoredos, apenas deixando o tom verde mais intenso. Peeta estende a toalha e ajeita todos os nossos quitutes, e ao lado, uma manta para sentarmos.

— Vamos treina-la mais um pouco. Percebeu que está dando passinhos sozinha? – observa Peeta.

— Percebi, principalmente quando estou sozinha com ela e você chega da padaria.

Colocamos Hope de pezinho e deixemos que ela se agarre em nossos dedos e sustente sozinha seu peso. Ela já em seu, um ano e dois meses, até está andando sozinha, mas meio cambaleando.

— Hope, vem aqui com o papai, vem – motiva Peeta, ela ri fazendo gracinhas e acaba indo engatinhando. — Ah, assim não vale. Tem que vir andando menininha.

Papa...— Ela acaba por infiltrar suas mãozinhas gorduchas e espertas dentre os fios loiros do pai. Quando ele a sustenta no ar, Peeta acaba fingindo desespero pelo gesto, que agora ela passou a puxar.

Estamos no início da primavera e quase toda a Campina está repleta por diversas flores silvestres.

Me esparramo na manta e finjo estar dormindo. Logo sinto uma garotinha puxar meu nariz e brincar com minha trança. Quando abro os olhos Peeta segura algo.

— Pra você.

Me apoio sobre os cotovelos e pego o dente-de-leão que acabou de colher. Sustento um sorriso que o mesmo tem direcionado a mim. Isto me traz uma enxurrada de lembranças.

— Obrigada, minha vida. – Aguardo o tão esperado beijo e o recebo sentindo seus lábios quentes sobre os meus. Ele aprofunda o beijo e começo a sentir aquela velha ânsia que nunca vai embora. Entretanto, Hope acaba por atrair nossa atenção e passamos o restante da manhã brincando com ela.

 

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Não consigo me lembrar a última vez que fiquei tão agitada, como estou neste exato instante.

— Katniss, respire...

— Estou respirando. Onde está o prendedor de cabelo da Hope? Não o acho em lugar algum... pare de rir e me ajude, Mellark! – Ele acaba elevando sua risada ainda mais, enquanto o fuzilo com meu olhar.

— Este prendedor serve, meu amor? – Sua risada diminui no momento em que, se levanta da cama e vem até onde estou – andando de um lado para outro ­– e tira algo, que acidentalmente estava grudado em meu vestido.

— Como eu... ah, deixa pra lá. – Dou alguns passos até minha cama, onde deixei Hope sentada, e coloco o pequeno arranjo em seus cachos castanho claro. — Pronto, ficou ainda mais linda – elogio com orgulho, minha pequena vestida em um belo vestido primaveril.

Hoje é o casamento de Esdras e Delly. Sei que falta um tempinho, mas já me adiantei.

— Podemos ir?

— Calma. – Coloco Hope de pé, que fica se admirando com o que veste, e dou atenção a gravata mal ajustada de Peeta.

— Você é maravilhosa – pronuncia ele, de forma carinhosa.

— Não sei como ainda não aprendeu arrumar isso.

— Eu coloquei certo, mas uma certa pessoinha desajeitou.

— Pronto, está perfeito agora. – Ele me puxa pela cintura e sela nossos lábios.

— Sabe, nós dois podíamos aproveitar a noite romântica de hoje e refazer nossos votos com nossa tradição – sugere, enquanto pego Hope no colo.

— O que quer dizer?

— Quero dizer... – Ele se ajoelha e busca por minha mão, como quando me pediu em casamento em rede nacional na Capital. — Katniss, aceita se casar comigo novamente?

Penso por um instante, mas não tenho muito tempo pra refletir, já que Hope não para de se mexer em meus braços.

— Claro que aceito.

— Você me fez novamente, o homem mais feliz de toda Panem, ao aceitar meu pedido.

— Você é tão exagerado.

— Não sou, não. Sabe muito bem que sempre desejei estar com você. – Sorrio notando sua sinceridade e logo nos dirigimos ao Edifício da Justiça.

Esdras e Delly tem um olhar apaixonado quando terminam de assinar os papeis necessários. Estão presentes: a família Mellark, eu, Hope, minha mãe e Prim. Olho para um lado e para o outro e não vejo Haymitch. Acho que esse tipo de evento não o interessa muito.

Após a cerimônia, um jantar especial, é oferecido na casa da família Cartwright. O vestido ficou ótimo em Delly. Noto o quanto ela gostou. A costureira conseguiu adaptar e ficou realmente bonito. Durante jantar os noivos sorriem um para o outro e noto um empurrãozinho em meu ombro. Peeta ergue sugestivamente as sobrancelhas. Não sei o que pensar sobre isso.

— O quê? – pergunto, quando ele insiste com o gesto. Hope dorme tranquila aconchegada em seu peito e amparada pelo seu braço esquerdo. Ele aproxima o rosto do meu e cochicha bem próximo:

— Daqui a pouco, é a nossa hora.

Então, percebo alguns comendo pão junto com a sopa que foi servida. Peeta se refere ao momento que teremos depois que chegarmos em casa. Nosso ritual com o pão torrado. Sinto o rubor se espalhar pelo meu rosto e tento disfarçar.

De sobremesa, é colocado à mesa, um lindo e ornamentado bolo. Sei que Peeta passou a manhã ajudando o pai na padaria, e o resultado à minha frente é magnifico. O casal de noivos, se coloca de pé e trocam algumas palavras de carinho, antes de cortarem o primeiro pedaço de bolo. O irmão mais novo de Delly cutuca o glacê com o dedo e suja a ponta do nariz da irmã.

— Bran... seu... – Ela também cutuca o bolo e corre atrás do irmão para sujá-lo. É engraçado vê-los assim.

No fim da noite, todos se encontram exausto. Pego Hope dos braços de Peeta, para que descanse um pouco e se despeça do irmão.

— Felicidades a vocês dois. Que dias melhores venham para que possam usufruir bem da vida a dois com boa saúde. – Peeta está emocionado quando abraça o irmão.

— Obrigado irmãozinho. Sabe, que sempre desejei o mesmo a você e a Katniss.

— Parabéns por este dia, Delly – digo sincera, quando a abraço, mesmo tendo minha filha aconchegada a mim. — Desejo muitas felicidades a vocês. – Não sei mais o que dizer, já que, nunca fui muito boa mesmo com palavras.

— Ah, Katniss obrigada! Estou muito feliz. E agradeço por você ter vindo. – Seu sorriso irradia todo seu rosto. É notável sua alegria.

Nos despedimos dos demais e Peeta joga uma manta em cima dos meus ombros e braços, cobrindo nossa filha. A noite está agradável e ao chegarmos em casa, levo Hope para seu quarto, enquanto Peeta prepara uma mamadeira pra ela. A troco e ela acaba acordando meio sonolenta, mas assim que Peeta traz seu leite, ela toma já retornando ao seu sono.

— Vou te esperar lá embaixo. – Ele beija o topo da minha cabeça ao sair do quarto e começo a sentir uma ansiedade estranha.

Hope dorme profundamente e a coloco em seu berço. Apago a luz e ligo o pequeno abajur, fechando a porta a seguir.

Ao adentrar a sala, o vejo com um atiçador cutucando o fogo da lareira. Sinto minhas mãos suarem e logo as passo em meu vestido azul-claro para secá-las. Há uma grade, como a de um fogão, na lareira. Peeta coloca sobre a grade, uma frigideira de ferro e alguns pedaços de pão dentro. Com uma espátula ele os controla até ficarem torrados. Depois coloca os pães sobre um prato e como está ajoelhado, o imito, ficando de frente pra ele.

— Pode começar por você – sugiro, tentando dar tempo para que minha mente pense em algo agradável para lhe dizer.

Nossa pequena cerimônia particular, onde devíamos acender nossa primeira fogueira, torrar alguns pães e compartilharmos entre nós, deveria ter acontecido assim que nos casamos. Talvez seja uma coisa antiquada, mas ninguém se sente realmente casado no Distrito 12 até que o pão seja torrado. Entretanto, não era um casamento real no início, mas agora o tornamos verdadeiro.

— Eu, Peeta Mellark aceito você, minha doce e amada Katniss como esposa; para continuar te respeitando e amando até meu último dia – declara ele, trazendo um pedaço do pão torrado até meus lábios. Os entreabro e mastigo o pedaço que, se encontra quente, mas não o suficiente para queimar minha boca.

Mastigo e engulo antes de respirar fundo e segurar um pedaço entre meus dedos, e tentar dizer algo parecido com que acabou de falar.

— Eu, Katniss Ever... Mellark— pigarreio antes de prosseguir –, aceito você meu bom e gentil Peeta Mellark como meu marido; prometo continuar a te amar e respeitar até meu último dia. – Levo o pedaço de pão que seguro, até seus lábios e ele os entreabre, aceitando de bom grado e acaba por segurar minha mão e beija a ponta de cada dedo.

— Eu amo você... – sussurra ele, aproximando seu rosto do meu.

— E eu você... – Não tenho tempo nem pra respirar, pois, seus lábios cobrem os meus de modo exigente. Nós dois estamos de joelhos sobre a manta que ele forrou o chão frente a lareira. Há algumas almofadas ao nosso arredor.

Não é preciso permissão, então, ele procura pelo fecho do meu vestido localizado nas costas e logo o encontra para abri-lo. Meus dedos trabalham nos botões de sua camisa e pouco a pouco, vejo a pele de seu peito. Seu beijo transmite calor por todo meu corpo. Tenho certeza que a quentura da lareira, não é a única responsável por isso. Seus lábios deixam os meus para retirar o vestido e ergo os braços para ele fazer isso.

— Você é linda. – Acabo por esticar meus lábios em um sorriso constrangedor. Pode passar o tempo que for, seus elogios me causam essa reação. Agora Peeta beija meu pescoço e clavícula, tirando dos meus lábios suspiros e murmúrios.

Após nossas roupas serem tiradas, ele cobre o meu corpo com o seu e demonstra tudo o que sente por mim, assim, como eu sinto por ele.

 


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Bem, eu já li outras fanfics THG onde retratam o ritual dos pães (ou o casamento no Distrito 12). No livro não detalha timtim po timtim, mas tentei criar algo baseado nos post que pesquisei na net. Um em especial diz assim: O BRINDANDO É UM RITUAL DE CASAMENTO NO DISTRITO 12, ONDE UM CASAL RECÉM-CASADO CRUZAR O LIMIAR EM SUA NOVA CASA, FAÇA SEU PRIMEIRO FOGO JUNTOS, E DE BRINDE UM PEDAÇO DE PÃO. Foi assim que li em minha pesquisa, espero que tenha ficado legal rss. Aguardamos cada um nos comentários e se tudo der certo, e espero que sim, até o próximo domingo ou daqui a 15 dias. Ótima semana a todos, beijinhos e abraço.



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