White Room escrita por Kev1n


Capítulo 3
Reconhecimento Pessoal e Treinamento


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior eu meti um equívoco, mas já corrigi.
Demorou um pouco esse cap, problemas técnicos.
Agora ele está pronto para seus olhos e bocas.
Espero que gostem :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/721878/chapter/3

Logo depois daquela reunião, se é que posso chamar assim, me dirijo para o meu quarto. Foi bem mais fácil e rápido chegar nele do que da última vez. Quando me aproximo da porta do meu quarto, percebo que nela há um bilhete preso na porta.

“Favor se dirigir até a Sala de Treinamento, sua roupa estará pronta em cima de sua cama. Seja rápido.”

Fiquei um pouco confuso. Adentrei o meu quarto, e o que vi me deixou boquiaberto. O quarto estava diferente, minha cama não era mais de metal, não tinha nenhum elemento nela, era apenas a cama, porém tinha duas partes, uma dura e outra macia e fofa e em cima dela havia uma blusa branca com uma linha preta indo do ombro esquerdo até a cintura e uma calça preta com uma linha branca que ia da cintura até o meu pé direito. Havia também um guarda-roupa de madeira, igual a madeira do casebre no solo. A estante se transformara em prateleiras com alguns livros e embaixo dela havia uma mesa com um computador, teclado e mouse também. Me dirigi para onde ficava a televisão, ela continuou no mesmo lugar, mas agora havia uma pequena cômoda com os DVDs e várias gavetas, o aparelho de DVD estava suspenso no ar por duas hastes de metal que se ligavam na parede, além disso o quarto possuía uma coloração azul, eu nunca tinha visto essa cor, até achei ela meio bonita.

Vesti a roupa que estava na cama e fui para a Sala de Treinamento, no caminho me encontrei com July.

— Oi July. — Comecei.

— Oi Jake. — Ela retrucou. — Martha e Kenny me pediram para ser sua tutora.

— Quem são eles? Tutora, o que é uma tutora? — Perguntei e ela soltou uma risadinha.

— Martha e Kenny são o casal com quem você falou mais cedo e que deu aquele aviso no refeitório. Como tutora eu basicamente vou mostrar a você cada lugar dessa nossa instalação, vou lhe dizer as regras, lhe apresentar ao pessoal e serei também a sua personal trainer.

— O que é uma personal trainer?

— Meu Deus, você ficou quanto tempo preso lá?

— 16 anos.

— Eu sei disso. — Ela toca em meu ombro. — Foi uma pergunta retórica, e antes que você me pergunte, uma pergunta retórica é uma pergunta que não precisa de resposta e um personal trainer é alguém que vai lhe ajudar a se exercitar e ficar em boa forma.

— Certo. Então... todos aqui na instalação tem poderes? — Pergunto enquanto viramos um corredor e sem querer esbarro em alguém. — Me desculpe. — Falo para ele ou ela.

— Não, a maioria aqui são parentes de pessoas que tinham poderes e morrerem ou foram capturadas pela CPA e estão aqui para vingá-las ou salvá-las.

— Qual você é? A que tem poderes ou a que quer vingar ou salvar alguém?

— Eu sou a que tem poderes. — Ela fala e me para, impedindo com que eu esbarre alguém.

— Qual o seu poder? — Falo e penso “Essa sala não chega nunca?”

— Eu meio que converso com máquinas. Posso ligar uma máquina sem precisar de energia, posso controla-las mesmo a mais de 3km de distância, posso fazê-las funcionar mal, posso quebrá-las ou consertá-las instantaneamente, entre outras coisas.

— Uou. — Fico pasmo com o poder dela. — O que é CPA?

— Centro de Pesquisa Avançada. Ela é como se fosse o comandante de todos os Centros de Pesquisa, ela que os criou, ela que os controla e ela que fez a gente também.

— Vocês falam da CPA como se fosse uma pessoa, porquê disso?

— CPA não é só um lugar, ela também é uma máquina, uma máquina que o governo criou para saber de tudo o que acontece no mundo e todas as pessoas que vivem nele. Ela sabe absolutamente tudo. — Antes de eu perguntar algo paramos numa porta. — Chegamos. — July diz e aperta o botão ao lado dela. A porta se abre dando lugar a um espaço enorme e com vários equipamentos.

Havia um pequeno lago, troncos de madeira sem folhas numa área, havia todas as armas que se pode imaginar, pessoas vestidas iguais a mim, mas diferentes. Algumas a linha preta era azul, outras era amarela, outras era vermelha. Havia um outro compartimento com vidros que espelhavam a sala, logo uma paisagem é formada, uma garota entrou na sala, hologramas começaram a aparecer e atacar ela, mas era incrível. A garota com um sopro congelava os hologramas que caiam e se partiam, rapidamente a simulação acabou e ela saiu da sala, e os espelhos voltaram.

— Isso é... Incrível. — Digo quase sem fôlego.

— Vem. — July me guia para um grupo de pessoas. — Tem pessoas que eu quero que você conheça. — Sigo ela, e logo a roda de pessoas é aberta, se tornando algo desorganizado.

— Pessoal. — Ela começa. — Esse é o Jake, eu o resgatei na última missão. — Ela se vira para mim. — Jake, essa é Milla, ela assopra nitrogênio líquido.

— Prazer Jake. — Ela estende a mão e eu aperto.

— O prazer é todo meu. — Falo e ela dá uma pequena tossida e uma névoa sai da boca dela. — Você é a garota que acabou de entrar naquela sala? — Pergunto apontado para a sala que continuava como espelho.

— Sim, fui eu. — Milla me responde. Milla não parecia ser como as outras garotas, foi isso que gostei nela. Sua pele era pálida, como a de um vampiro, seu cabelo caía até os ombros e era em um degrade que ia do loiro ao branco e seus olhos eram de uma cor vermelha, o que me lembrou ainda mais os olhos de um vampiro. Ela usava uma blusa branca com uma linha azul.

— Esse é o Luke. — July me apresenta ao próximo garoto, ele tinha uma pele branca, puxado ao moreno, tinha cabelos loiros curtos, olhos azuis vívidos e uma cicatriz abaixo do olho esquerdo. Estava vestindo a blusa branca com a linha vermelha.

— Oi. — Ele diz friamente.

— Oi, qual o seu poder? — Pergunto para o garoto.

— Eu te mostro. — Ele me olha fixamente e percebo que seus olhos ficaram totalmente obscuros. Após um tempo me olhando, começo a estranhar.

— Seu poder é deixar os olhos escuros?

— Ok, isso é estranho. — Ele diz mudando o peso do corpo de um pé para o outro.

— O que? — Alguém do grupo pergunta.

— Ele não tem nenhum medo. — Luke responde, ainda me encarando desconfiado.

— O poder do meu amigo Luke aqui é fazer a pessoa viver os piores medos dela. — July chega perto dele e bate em seu braço que estava cruzado. Ela se dirige ao garoto que tinha feito a pergunta.

— Esse é Freddie e ele consegue queimar as coisas, uuuuu. — Ela apresenta o garoto e ri. Ele parecia ser o contrário de Milla, tanto pelo poder quanto pela aparência. Seu cabelo era um castanho escuro, seu tom de pele era moreno e seus olhos eram de um castanho claro, muito claro e usava uma roupa branca com uma linha azul.

— Olá. — Ele pega minha mão e começa a apertá-la e percebo que ele está usando luvas pretas.

— Oi... Sem querer ser incômodo, mas por que está usando luvas? — Pergunto.

— Como July disse eu faço coisas queimarem, inclusive eu mesmo. Ainda não tenho total controle, então as luvas me ajudam a não causar nenhum estrago. — Ele gesticula com as mãos e dá um sorriso simpático no final da frase.

— E essa. — Ela me puxa, pois estava muito longe da próxima pessoa. — É Marjorie. Ela controla a natureza, e com natureza eu quero dizer, os animais, os elementos, os lugares, as catástrofes, tudo mesmo.

— Nossa, isso é incrível. — Marjorie estende a mão e eu a aperto. Marjorie tinha um gorro na cabeça que escondia seu cabelo, mas será que ela tem mesmo cabelo? Sua pele era um moreno escuro, quase negro, mas não chegava nesse ponto, seu olhos eram verdes misturados com um amarelo suave, sua roupa era branca com uma linha amarela. — Percebi que você é meio tímida... Mesmo assim, foi um prazer. — Afasto-me um pouco e percebo que July está usando uma blusa branca com linha preta, igual a minha. — Qual é das linhas? Contei 4 cores, preta, azul, amarelo e vermelho.

— Azul são para as pessoas que possuem poderes físicos. — Freddie diz. — Assim como eu e Milla.

— Vermelho são para as pessoas que possuem poderes mentais. — Luke responde.

— Amarelo são para as pessoas que controlam coisas grandes. — Milla fala. — Como a Marjorie.

— E preto são para as pessoas que controlam coisas variadas. — July retruca. — Assim como eu e você. — Ela sorri.

Começamos a conversar e fazer algumas brincadeiras, até que um alarme soa e uma voz diz.

“Jake, favor se dirigir à Sala Espelhada para treino.”

— O que isso quer dizer? — Pergunto olhando para cima tentando procurar de onde vinha voz.

— Quer dizer que você tem que ir naquela sala. — Luke fala e aponta para a sala dos espelhos. — Idiota. — Ele fala baixo quase sussurrando.

— Não liga pro Luke. — Retruca Milla me dirigindo até a sala. — Ele é um pouco estressadinho, ainda mais que ele não conseguiu usar os poderes dele em você. — Chegamos à sala e a porta se abre.

— O que eu tenho que fazer? — Pergunto curioso.

— Mate os hologramas de pessoas más e tente não matar os hologramas de pessoas boas. — Ela fala e me empurra para dentro da sala. — Boa sorte. — Escuto ela falando e a porta se fechando logo depois.

A sala parece fazer algum tipo de scan em mim. Uma paisagem é criada. Estou numa cidade, cheia de prédios, ruas, calçadas com pessoas andando nelas, lojas e vários automóveis. Fico pensando se as pessoas do outro lado da sala conseguem ver o que eu vejo, mas eu não consegui ver a paisagem de Milla, a não ser que não tivesse paisagem. Meus pensamentos são interrompidos quando uma explosão numa loja acontece e quatro bandidos saem correndo, entram num carro e começam a fugir.

Corro tentando alcançar o carro, mas ele é rápido demais. Com um pensamento e um levantar de mãos faço o automóvel ir aos ares e cair capotado. Continuo correndo em direção ao carro capotado, enquanto me dirijo até ele, três bandidos saem de dentro dele. Alcanço o carro e vejo que o quarto bandido tinha sumido.

— Mas o que...? — Ouço um grito de uma mulher.

— Minha bolsa, ele pegou minha bolsa. — A mulher grita.

Corro até o bandido tentando alcança-lo. Ele está à frente de mim por alguns metros, mas eu consigo pegá-lo e jogá-lo no chão. Pego ele e lanço contra a parede e ele some juntamente com a bolsa. Tento descobrir o que está acontecendo, olho pro lado e vejo um carro desgovernado indo em direção às pessoas que estão andando nas calçadas. Eu grito alertando elas, mas parece que elas não me escutam.

O carro está quase chegando perto das pessoas, faço com que postes sejam arrancados dos seu lugares e os coloco no início da calçada. O automóvel bate e o motorista é lançado contra os postes e some. Algo me diz que ainda não acabou e eu estava certo. O último bandido, mas não era o último bandido, havia mais bandidos, muito mais, uma quadrilha, todos armados, helicópteros voavam acima de mim todos eles carregados com um míssil.

Todos os integrantes da quadrilha miram em mim, assim como os helicópteros. Tento me preparar para o pior, mas lembro que tudo não passa de uma simulação, eu não vou me machucar. Os misseis são lançados e os tiros começam, de alguma forma eu consigo parar o tempo, eu nem sabia que era capaz disso. Consigo ver os misseis vindo até mim e as balas quase perto do meu corpo. Me concentro bastante, o tempo começa a acelerar um pouco, os misseis e as balas começam a se virar ao lado oposto, mirando nos helicópteros e nos bandidos. O tempo vai acelerando cada vez mais e logo ele fica normal, explosões acima de mim acontecem, o barulhos dos tiros acontecem e os bandidos desaparecem.

A paisagem começa a ficar preta com linhas horizontais e verticais se cruzando, como se fosse aquele painel. Aquela cidade some e estou de novo na sala, a porta está a minha frente e se abre, quando saio da sala todos estão olhando para mim. Uma salva de palmas e urros começa, todos gritando de alegria e alguns dizendo “Aqueles malditos da CPA estão acabados.”. Encontro o meu grupo de amigos e vou até lá.

— PARABÉNS JAKE JAKE UHUUU. — Grita Freddie em meu ouvido.

Me visualizo e estou muito cansado e suado.

— Nossa, você precisa de um banho. — Diz July.

— Eu concordo com você Ju. — Digo enquanto desgrudo a camisa do meu corpo molhado.

— É... eu também concordo. — Uma voz doce diz, todos olham para Marjorie, inclusive eu e percebo que ela está olhando de uma maneira cínica para mim. De repente sinto água batendo nas minhas costas e se espalhando para o meu corpo todo, sou erguido do chão alguns metros, mas logo volto a ele de novo caindo de costas.

Todos começam a rir.

— Isso não tem graça Marjorie. — Falo espremendo minha blusa tentando tirar a nova água dela.

— Agora você vai ter que tirar essa blusa Jay Jay. — Diz Milla e logo após pisca para mim.

— Okay. — Digo e tiro minha blusa. De repente o semblante feliz e alegre de todos se torna sombrio, percebo alguns até colocando a mão na boca de tão chocados. Olho para o vidro da sala espelhada que reflete a sala de treinamento e consigo me ver de lado. Eu me viro e o que vejo é assustador. Meu corpo todo, coberto de cicatrizes, marcas roxas, arranhões. Eu solto a camisa de minhas mãos e levo elas até meu pescoço, que está com marcas finas e grandes vermelhas, como se eu tivesse usando uma coleira de fogo por horas, mas não era marca de fogo aquilo, eram marcas de choques.

Continuo pasmo olhando para mim daquele jeito, eu dou um, dois passos para trás e sinto braços me segurando e me puxando. Eram Freddie e Luke. Ele me puxam para fora da Sala de Treinamento e me levam para algum lugar.

— Onde estamos indo? — Pergunto ainda abalado

— Para o vestiário. — Responde Luke.

Eu estava muito pasmo, quase não conseguia respirar. Como eu nunca tinha percebido aquelas marcas em mim antes? Flashbacks passam rapidamente em minha cabeça. Neles eu estou sendo torturado pelos guarda por não fazer o que me pedem, em outros estou levando choques durante treinamentos, estou caindo no chão da floresta, rasgando a camisa e me arranhando quando eu tentava escapar. Esse tempo todo, eu provoquei aqueles machucados e eu nunca tinha percebido. Uma raiva sobe pelo meu corpo, eu quero... acabar de vez com a CPA.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do Cap e não esqueçam de comentar e acompanhar a fic para os próximos caps, vejo vocês em breve :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "White Room" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.