Nunca brinque com magia! escrita por Lyana Lysander


Capítulo 14
Escuridão!


Notas iniciais do capítulo

Como prometido aí está!



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—Na verdade meu corpo todo esquentou, e as pequenas feridas que eu tinha não existem mais.

—Minha intenção... não era curar, era apenas... tirar os inimigos de nossa volta e mostrar o caminho à no... -minha garganta doía demais. -Mas fico.... que estejam... bem...

—Pare de falar Aura, está nos angustiando. -falou um Sam preocupado. E eu assenti.

Nos sentamos ao redor e uma pequena fogueira foi feita para cozinhar, já que agora não tínhamos inimigos ao nosso redor. 

—Você está bem mesmo? -Legolas que parecia meu protetor pessoal não saia de meu lado por nada.

Balancei a cabeça afirmando.

—Não sabia que você ficaria desse jeito por usar seus poderes, não deveríamos ter pedido isso a você, é... -apertei sua mão com a minha o fazendo me fitar.

—Estou bem... Ainda aprendendo a usar... poderes... -ele me fitou preocupado e eu sorri. -Preciso... treinar...

—Tente descansar, os outros já se aproximam. -ele parecia muito preocupado comigo, então quando me ofereceram um tigela de sopa e pão os aceitei e os comi animada, fazendo com que ele parecesse mais calmo.

Os outros realmente não demoraram a chegar, e logo se reuniram a nós alegres pelo cheiro de comida quente.

—Onde encontraram a madeira para fazer o fogo? -perguntou Boromir enquanto dava as primeiras colheradas na sua sopa.

—Todas as árvores ao nosso redor estão secas, achamos que isso foi graças a Aura. -comentou um Pippin animado. -Até porque todos os nossos machucados também foram curados com a música.

—Nossas mãos também foram. -Aragorn me sorriu grato.

—Bom vamos descansar um pouco, mas logo devemos continuar. -alertou Gandalf. -Aura nos deu uma enorme vantagem, e não podemos desperdiça-la. 

E assim eles voltaram a comer e a conversar alegremente, mas notei os olhos de Boromir para mim, porém pelo jeito não fui a única.

—Algum problema Boromir? -perguntou Legolas ao meu lado.

—Não, só estou achando a jovem senhorita muito calada. -ele comentou me avaliando.

—Aura está com a voz ruim desde que parou de cantar. -comentou um displicente Pippin.

—Estou... bem. -tentei parecer casual mas não deu muito certo.

—Se precisar de algo...

—Ela não vai, estou aqui exatamente por esse motivo. -o jovem elfo ditou as palavra duramente, fazendo todos o olhar.

—Tudo bem meu bom amigo, só ofereci minha ajuda como todos aqui fariam. -Boromir sorriu de lado.

—Obrigada. -achei melhor mudar o assunto pois o clima ficou estranho. -Comida... deliciosa Sam... Mais por... favor.

—Claro Aura. 

Sam pegou minha tigela e foi colocar mais comida, enquanto Aragorn e Gandalf se olharam soturnos e depois sorriram. Frodo tratou logo de puxar conversa com Marry e Gimli sobre o caminho a frente, e Pippin ainda se empanturrava com a comida como se nada tivesse acontecido.

Boromir e Legolas se olharam por uns segundos antes de mudarem seu campo de visão.

—Coma. -apontei para a tigela dele que estava intocada. -Por favor.

—Devia estar mais preocupada consigo mesma. -ele pontuou e eu dei de ombros.

—Estou bem. -sorri. -Graças... a você... -percebi meu erro quando ele me fitou. -Todos.. á vocês todos. -meu rosto esquentou um pouco e eu me virei envergonhada, mas logo fui salva por um Sam que trazia uma tigela de comida para mim.

Legolas finalmente comeu depois de um tempo, e não tardamos muito ali.

Logo começamos nossa caminhada, que por mais engraçado que pareça, era novamente uma descida, e quanto mais descíamos mais e mais escuro ficava, como se a noite acompanhasse-nos.  O frio logo voltou a nos assombrar, então vestimos nossas capas e cobrimos nossas cabeças com o capuz, e seguimos a frente em fila indiana, com Aragorn a frente. 

Olhei para cima e vi uma gigantesca ponte quebrada, o que me arrepiou, pois me pareceu com um cenário de filme de apocalipse. 

Continuei a caminhar apesar das dificuldades, pois os pedregulhos machucavam nossos pés. Mas apesar das dificuldades seguíamos em frente pois tínhamos agora um rumo definido.

—Frodo venha aqui, dê uma pequena ajuda a esse pobre velho. -chamou Gandalf e eu ri, a quem ele queria enganar?

Estava escurecendo muito rápido , e o clima além de frio parecia úmido. Estávamos ficando cansados, mas a viagem em si parecia bem mais tranquila.

—Como está seu ombro? -ouvi Gandalf cochichar para Frodo.

—Melhor do que antes, a música da Aura ajudou bastante. -ele sorriu animado

—E o Anel? -Frodo foi a sua frente e o encarou assustado. -Sente o poder dele crescendo não é? Também já senti. Precisa ter muito cuidado, o mal será atraído a você de fora da sociedade, e também de dentro. -Gandalf olhou ao redor taciturno assuntando o hobbit ainda mais.

—Em quem devo confiar?

—Deve confiar em si mesmo, confie na sua força. 

—O que quer dizer? -choramingou Frodo.

—Há muitos poderes nesse mundo, para o bem ou para o mal. Alguns são maiores do que eu, e contra alguns eu ainda não fui testado.

—O paredão... De Moria. -apontou misteriosamente Gimli tirando minha atenção da conversa deles.

Havia a nossa frente um vale raso além da cachoeira, que conduzia direto para as Muralhas de Moria, e o Sirannon corria ao lado, acompanhado pela estrada. Gimli e Gandalf caminharam a frente e encontraram os degraus de pedra sem dificuldade, e Gimli os subiu rapidamente, seguido por Gandalf e Frodo. Quando chegaram ao topo, perceberam que não poderiam continuar por ali.

—Sirannon era um rio livre e veloz, que corria por milhas e milhas sem fim, mas olhe agora o que foi feito dele. -comentou um triste Gandalf.

O Sirannon tinha sido represado, e suas águas enchiam agora todo o vale. Além da água agourenta erguiam-se vastos penhascos, cujas encostas austeras estavam pálidas na luz minguante, impossíveis de se atravessar.Olhei a frente mas não pude ver qualquer sinal de portão ou entrada, nem uma fissura ou fenda na enorme rocha hostil.

—Ali estão as Muralhas de Moria. -disse Gandalf, apontando em direção à outra margem da água. -E ali ficava o Portão, outrora, a Porta Élfica no final da estrada que vinha de Azevim, pela qual viemos. Mas este caminho está bloqueado. Ninguém da Comitiva, creio eu, estaria disposto a nadar nessa água sombria no fim do dia. Tem uma aparência maligna. -sabiamente pontuou o mago.

—Devemos achar uma passagem contornando a encosta Norte. -disse Gimli. -A primeira coisa que a Comitiva tem a fazer é escalar pelo caminho principal e ver aonde ele nos conduzirá. Mesmo que não houvesse o lago, não poderíamos levar nosso pônei com as bagagens por esta escada. 

—Mas de qualquer modo, não podemos levar o pobre animal para dentro das Minas. -explicou Gandalf. -O caminho sob as montanhas é um caminho escuro, e há lugares estreitos e íngremes pelos quais ele não poderá passar, mesmo que nós consigamos.

—Pobre Bill. -disse Frodo. -Não tinha pensado nisso. E pobre Sam! Fico pensando no que ele vai dizer. 

—Sinto muito. -disse Gandalf. -O pobre Bill tem sido um companheiro útil, e corta meu coração pensar que devemos soltá-lo agora. Eu preferia ter viajado com menos bagagens e não ter trazido animal algum, e menos ainda este, do qual Sam gosta tanto, se tivesse podido escolher. Durante todo o tempo receei que teríamos de tomar esta estrada.

O dia tinha chegado ao seu fim, e estrelas frias cintilavam no céu acima do sol poente,quando nós na maior velocidade possível, subíamos as encostas e atingíamos a margem do lago.Sua largura parecia não ultrapassar quatrocentos ou seiscentos metros no ponto mais amplo. A que distância ele se estendia em direção ao Sul não podia ver sem a luz do dia, mas a extremidade Norte não ficava a mais de meia milha de onde estávamos, e entre as bordas rochosas que envolviam o vale e a beira da água havia um trecho de chão aberto. Todos nos apressamos,pois tínhamos ainda uma ou duas milhas para caminhar antes de chegamos ao ponto na margem oposta, para o qual Gandalf se dirigia, e depois disso, ele ainda teria de encontrar as portas. 

Quando chegamos ao ponto mais distante do lado Norte do lago, encontramos um riacho estreito que barrava o caminho. Era verde e estagnado, estendido como um braço limboso em direção às colinas que cercavam o lugar. Gimli foi à frente sem medo, e descobriu que a água era rasa, chegando apenas à altura dos tornozelos na beirada.  E atrás dele, fomos todo sem fila, pisando com cuidado, pois sob as poças cobertas de vegetação havia pedras escorregadias e pisar ali era perigoso. Frodo pareceu estremecer enojado, ao sentir o toque da água suja em seus pés, mas quem sou eu para falar dele, já que me senti da mesma forma.

No momento em que Sam, o último a atravessar, que conduzia o pônei para o terreno seco do outro lado, passou, houve um ruído baixo, um zunido, seguido de outro barulho, como se algo tivesse caído na água, ou como se um peixe tivesse perturbado a superfície parada da água.Voltamo-nos rápido, e vimos ondas negras sob a luz que enfraquecia, grandes círculos se expandiam a partir de um ponto distante dentro do lago. Houve um barulho de bolhas, e depois silêncio. A escuridão parecia aumentar a cada momento, assim como o medo em meu coração.

Gandalf agora forçava um passo rápido, e nós o seguíamos o mais rápido que conseguíamos. Alcançamos a tira de terra seca entre o lago e os penhascos, era estreita, geralmente de uma largura que não chegava a doze metros, e cheia de rochas e pedras caídas, mas eu encontrei um caminho, agarrando-me ao penhasco, e mantendo a maior distância possível da água escura. Uma milha mais ao Sul ao longo da praia, encontramos azevinhos.Tocos e ramos mortos apodreciam nas partes mais rasas, ao que parecia, restos de antigas moitas, ou de uma cerca-viva que certa vez teria emoldurado a estrada através do vale submerso. Mas próximas ao penhasco ainda havia, fortes e vivas, duas árvores altas, mais altas que qualquer azevinheiro que eu jamais tinha visto ou imaginado. As grandes raízes se espalhavam da rocha até a água. Sob os imponentes penhascos, tinham parecido meros arbustos,quando vistas à distância, do topo da Escada. Mas agora se erguiam acima das nossas cabeças, rígidas,escuras e silenciosas, jogando profundas sombras noturnas em volta de nossos pés, eretas como pilares feito sentinelas no final da estrada.

—Bem, finalmente estamos aqui. -disse Gandalf. -Aqui termina o Caminho dos Elfos de Azevim. O Azevinho era o símbolo do povo daquela terra, e eles o plantaram aqui para marcar o fim de seu domínio, pois a Porta Oeste foi feita principalmente para ser usada por eles em seu comércio com os Senhores de Moria. Aqueles foram dias mais felizes, quando havia ainda uma forte amizade entre povos de raças diferentes, até mesmo entre anões e elfos.

—Não foi por culpa dos anões que a amizade acabou. -falou Gimli.

—Nunca soube que tenha sido culpa dos elfo. -comentou Legolas. 

—Ouvi as duas coisas. -disse Gandalf. -E não vou fazer um julgamento agora. Mas peço a vocês dois, Legolas e Gimli, que pelo menos sejam amigos, e que me ajudem. Preciso de ambos. As portas estão fechadas e escondidas, e quanto mais rápido as encontrarmos, melhor. A noite já está sobre nós.

Ele voltou-se para nós e disse: 

—Enquanto procuro, vocês poderiam se aprontar para entrar nas Minas? Pois aqui receio que devamos dizer adeus ao nosso bom animal de carga. Devem deixar de lado a maior parte das coisas que trouxemos contra o clima mais rigoroso, não vão precisar delas lá dentro, e nem, espero, quando tivermos atravessado e avançarmos para o Sul. No lugar dessa bagagem, cada um de vocês deve pegar uma parte do que o pônei vinha carregando,especialmente a comida e os frascos de água.

—Mas não podemos deixar o pobre e velho Bill para trás neste lugar abandonado, Sr. Gandalf. -gritou Sam, furioso e aflito. -Não vou permitir isso, e ponto final!Depois de ele ter vindo até aqui e tudo mais!

—Sinto muito, Sam. -disse o mago. -Mas quando a Porta se abrir, acho que você não vai conseguir puxar o seu Bill para dentro. Terá de escolher entre Bill e seu patrão. 

—Ele seguiria o Sr. Frodo até dentro da caverna de um dragão, se eu permitisse. -protestou Sam. -Não faria nenhuma diferença matá-lo ou soltá-lo aqui, com todos esses lobos rondando.

—Espero que faça alguma diferença. -disse Gandalf, colocando a mão sobre a cabeça do pônei, e falando em voz baixa. -Vá e leve consigo palavras de proteção e orientação. -disse ele. -Você é um animal sábio, e aprendeu muito em Valfenda. Faça seu caminho por lugares onde possa achar capim, e desse modo chegue em tempo à casa de Elrond,ou a qualquer lugar aonde deseje ir.

Me aproximei de Bill, pois eu também tinha me apegado ao animal e o abracei.

—Leve com você minha proteção Bill, para que os inimigos não o vejam, e que encontre em seu caminho amigos que possam te ajudar. -falei baixo por causa da garganta dolorida. E depois me afastei deste triste.

—Olhe, Sam! Ele vai ter exatamente a mesma chance que nós de escapar dos lobos e chegar em casa. 

Sam ficou parado obstinadamente ao lado do pônei, sem responder nada.

Bill, parecendo entender bem o que estava acontecendo, aproximou-se dele,colocando o focinho perto da orelha de Sam. Sam rompeu em lágrimas, soltando as correias e descarregando todas as mochilas do pônei, jogando-as no chão. Os outros Hobbits escolheram as coisas,fazendo uma pilha de tudo o que poderia ser deixado para trás, e dividindo o resto entre nós.

Quando terminamos, nos voltamos para Gandalf. Ele parecia não ter feito nada. Estava parado entre as duas árvores, olhando fixamente a parede lisa do penhasco,como se fosse perfurá-la com os olhos. Gimli andava de um lado para o outro, batendo na pedra aqui e ali com seu machado.

Legolas se encostava contra a parede, como se tentasse escutar alguma coisa

—Bem, aqui estamos nós, todos prontos. -disse Merry. -Mas onde estão as Portas? Não vejo qualquer sinal delas.

—As Portas dos Anões não são feitas para ficarem visíveis quando fechadas. -disse Gimli. -São invisíveis, e nem mesmo seus donos podem encontrá-las ou abri-las, se seu segredo for esquecido.

—Mas esta Porta não foi feita para ser um segredo conhecido apenas pelos anões. -explicou Gandalf, de repente voltando ao normal e virando-se para nós. -A não ser que as coisas estejam completamente mudadas, olhos que sabem o que procurar podem encontrar os sinais.

O mago andou para frente, em direção à parede. Exatamente no meio da sombra das árvores havia uma superfície lisa, sobre a qual ele passou suas mãos de um lado para o outro,murmurando palavras num tom baixo. Então recuou outra vez.

—Olhem! -disse ele. -Podem ver alguma coisa agora? -a lua agora brilhava sobre a face cinza da pedra, mas os  por um tempo nos não vimos nada de diferente, por mais que procurássemos com afinco. Então,lentamente, sobre a superfície, onde as mãos do mago tinham passado, linhas claras apareceram, como veias finas de prata correndo na pedra. No início, não passavam de uma teia de prata, tão fina que apenas piscava oscilante nos pontos onde a luz da lua batia, mas gradativamente as linhas ficavam mais largas e visíveis, até que podemos adivinhar o desenho que formavam.

     


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