Chances. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 32
Capítulo 31 - Nosso amor a qual ninguém celebrou


Notas iniciais do capítulo

Amor e Ordem acabou e parei de postar, mas não quer dizer que não esteja preparando algumas coisas, voltei com o penúltimo capítulo de Chances e espero que ainda que ainda existam pessoas que querem saber como essa historia acaba, e tenho que dizer que esse é meu capítulo favorito dela.
Assistam o vídeo das notas finais com um desabafo meu.



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De novo ela avistava o amanhecer coberto pela neblina do clima frio que se iniciava na fazenda, mas nessa vez ela não estava sozinha no início do percurso, sua mão entrelaçada a de Alec constantemente era alvo de brincadeiras, se soltando dele, pegando de volta, fazendo cócegas na palma, beliscando os dedos enquanto seus pés afundavam na terra caminhando pela extensão da propriedade rumo ao lago, riam de algo bobo, abraçados de lado paravam para se beijar logo depois que Carlie explicava algo interessante sobre a vida ali, mesmo não sendo o mais focado no assunto quando ela falava Alec apenas a fitava encantado, pensando sobre como ela parecia linda mesmo naquela blusa enorme de xadrez, jeans e nenhuma maquiagem. A dualidade de Carlie de ser simples e ser muito nunca pararia de o fascinar.

Fazia uma semana que estavam juntos, todos sabiam, não porque eles disseram mas porque não esconderam contatos físicos, ele aprendeu que Carlie não tinha vergonha de demonstrar escolhas e apontar evidências daquelas que não virariam arrependimentos. Talvez pouco a pouco ela podia o contagiar com essa tendência de considerar que se algo te faz feliz é apenas sobre como você vê essa coisa não como as outras pessoas enxergam. Ela não era perfeita, só que as qualidades dela eram ótimas.

Também passou a conviver mais com a família dela, e se admirou sobre como relacionamentos podiam ser saudáveis, mesmo que amasse o pai admitia vendo Bella que ela teve um futuro muito melhor se casando com Jasper, o que eles tinham parecia irreal de tão bonito. Não tinha certeza se ele e Carlie conseguiriam construir algo parecido, no entanto ele certamente tentaria.

O avô deles passou pelo procedimento que deveria e até agora tudo se encontrava bem, com ele se recuperando com a ajuda das visitas de Carlie, era como se o mundo finalmente fosse o lugar que ele supostamente deveria ser; com Jane se acertando com a família sobre seu erro, Bree indo embora desistindo de ser um empecilho, Carlie e Edward fazendo passeios juntos, ela aceitando constantemente jantar com os Cullen e uma história que começou com férias desastrosas, continuando com férias que salvaram pessoas. 

Agora ele repetia mais um dos encontros com os Biers, tomando café perto da piscina deles, com todos amando uns aos outros sem que houvesse uma explicação lógica. Talvez fosse isso que ele tenha aprendido, o amor faz parte de uma linguagem que não precisa de explicações.

Em determinado momento era tanto para se absorver, essa quantidade absurda de sentimentos bons. Ele precisou de alguns segundos para se recuperar da experiência positiva que nunca teve em sua vida, então enquanto eles se distraíam no caos alegre ele se levantou com a xícara de chá fumegando se aproximou da enorme varanda da propriedade onde podia ter uma visão de tudo. Até da fazenda dos Cullen contrastando com a felicidade excessiva. Alguém se aproximou, ficando ao seu lado, Owen completamente sério, é lógico que a calmaria momentânea em algum momento seria substituída por discussões confusas.

— Você está com Carlie. — obviamente não é uma pergunta, Alec se surpreende que não há um tom amargurado na constatação, Owen soa conformado com a situação e não porque ele não lutou para não acontecer, sim porque ele lutou demais. As pessoas ao redor de Carlie não desistem fácil. — Você acha que ela parece com a sua família. — outra afirmação, só que essa vem seguida de uma risada sem humor. — Mas Carlie? Ela não é covarde como vocês, ela é corajosa, não de um jeito que dá para se admirar cem por cento do tempo. Quando a Carlie quer algo ela fez, ela não se importa com nada além de preencher sua vontade, nem passa pela cabeça da Carlie que alguém pode se magoar. A cada segundo ela só se importa em ser feliz, e não inclui a opinião dos outros. Então constantemente você vai se magoar, por pequenas coisas, por enormes. Só esteja certo que sua alma Cullen repleta de medos pode lidar com esse desastre emocional. Porque às vezes Carlie é. — é um aviso que de forma alguma é atencioso para o lado de Carlie, a coloca como uma vilã, mas Alec sabe que ele a ama demais para vê-la assim, então reflete.

— Vale a pena? — enquanto pergunta lembra de todos os sorrisos, toques e palavras trocados, não há como não valer. Carlie é um chance que não se desperdiça. Que se conquista e não se perde. O sorriso que Owen abre mostra que Alec entendeu o ponto.

— Não há nada que valerá mais. — Alec também se permite sorrir, um tanto grato, por notar que ao menos o amor que ele decidiu para si não trará tristeza para ninguém. Se ele fosse dizer algo secreto não poderia porque Carlie surgiu o chamando. Quando ela os viu não se preocupou que um deles estivesse revelando para o outro alguma versão dela que ela ainda não tinha apresentado. Carlie não se escondia, ela beijou de leve o rosto de Owen e logo estava pegando a mão de Alec de novo querendo o juntar com a diversão. Enquanto os observava ir, trocando sussurros tão evidentes Owen descobriu o que os que separa tanto de Edward e Bella; nenhum deles tinha vergonha de mostrar que se amavam.

O resto do dia se passou sem pressa, criando-se tradições que talvez pudessem se repetir na próxima temporada ali, porque estava acabando, mais um capítulo de amor que teria que se tornar outro em uma nova e mais bonita estação. Os personagens completamente diferentes e seus fins também.

Bella mal podia acreditar que aceitou se juntar aos Cullen naquele fim de semana com sua família, mas Carlie pediu para tentarem, e ela o faria pela filha. Então na tarde musical no Haras Volturi dividindo uma mesa com aqueles que um dia destruíram uma parte dela ela bebida de seu vinho tentando lembrar da versão que era agora. Jasper parecia mais confortável que ela, não por ele não ter sido a vítima de tudo, mas porque ele sempre foi melhor que ela em superar. Seus filhos amaram Jane então interagiam sem saber os cacos que seu coração carregava, os avós de Carlie eram apaixonados por ela agora, para Carlisle se recuperando ela era como o sol depois da tempestade, e ainda que a esposa de Edward não parecesse a mais animada de todas ali ela gostava do quão feliz o filho estava. Porque sim, Carlie e Alec eram a combinação perfeita em demonstrar sincronia, ela nunca tinha visto a filha tão completa, tão sem parecer que precisava estragar algo para ser inteira.

— Alec concordou em passar uma temporada comigo em NY logo que as férias acabarem, não é incrível? — ela praticamente corre para Bella para contar sobre seu poder de convencimento, a mãe assente tão plena quanto, a abraça por trás enquanto Carlie aceita ser segurada por ela, e beija seus cabelos, e um por um curto momento seu olhar encontra o de Edward, que antes também estava focado no jovem casal. Eles sempre disseram muito no silêncio, e dessa vez no meio de todas as falas o que estavam pensando juntos era; podia ter sido nós. Nosso amor podia ter sido comemorado assim. Mas um deles não conseguia.

E Bella  não conseguia desviar, as lágrimas queriam deslizar porque ela lembrava muito bem quando o sentimento era inconsequente, inocente e inacabável. Edward também, tanto que foi ele o primeiro a fugir daquela situação anunciando que precisava visitar Leal.

Um tempo depois Bella o seguiu, esperando não ter sido observada por todos aqueles testemunhas da história triste. Edward alisava a pelugem de Leal com nostalgia como se quisesse ser o cara que fez aquilo pela primeira vez, chegando perto ele ficou surpreso quando ela o imitou e acariciou o animal. Ela não tinha mais medo dele, tinha medo dos humanos e do quanto eles podiam a deixar para trás.

— Não vou ser uma daquelas pessoas super evoluídas que dizem obrigada por quebrar meu coração. — ela esclarece com um sorriso quase desapontado, Edward saber que não tem como cobrar isso. — Mas se não fosse nós, se a Carlie não tivesse surgido na história, eu nunca teria ficado com Jasper. — Edward fica surpreso com a revelação. — Nunca achei que o merecia, e ele tão mais do que qualquer um poderia merecer. — era como se sentia, como se fosse uma pequena coleção de fracassos. — Você sempre me amou. — nunca duvidou disso, e Edward agradeceu, porque ele queria que ela fosse convicta sobre essa parte honesta dele. — Mas você nunca gostou de me amar. — Edward arfou com a conclusão dela. — Era como se fosse um infortúnio me amar, uma miséria com a qual você tinha que viver. — quantas vezes não tiveram que se esconderem? E quando se revelaram o quão ruim foi?. — Para Jasper, me amar era uma benção. Ele sempre tratou o amor dele como uma coisa pura, como se... Não é que ele sempre esteve lá por mim, é que eu nunca precisei pedir. Nunca precisei questionar a mim mesma se de fato tínhamos algo ou era só uma distração. — nada daquilo era para machucar, era só que havia tanta coisa subtendida entre aqueles dois jovem que acabaram a juventude com um amor estragado.

— Agora eu vejo de uma maneira menos problemática. — ele admite que sempre carregou o fardo de amá-la. — Por causa de Carlie. — é a verdade, agora parece algo melhor tê-la amado do que só uma culpa, a primeira lágrima escapa de Bella, é uma espécie de libertação. — Nunca te mereci. — lhe conta.

— Nunca. — Bella tem certeza.  A mão dele se sobrepõe a dela em Leal, não há os arrepios da primeira vez que se tocaram, não há um futuro ilusório a frente, só a realidade nada cruel. Pelo menos nesse momento eles sabem que só o que aconteceu foi que jogaram um jogo a qual ainda não sabiam jogar.

E com Jasper, Bella virou especialista.

Mais tarde logo depois de algumas risada trocadas com Jasper contando algumas histórias das crianças, Esmee se aproximou o suficiente para um pouco da Bella em pedaços se revelar no íntimo da Bella adulta. No entanto ela não estava ameaçadora, só um tanto envergonhada. Agradecendo que todos ainda estavam em suas próprias distrações ela encarou a jovem que um dia tanto humilhou.

— Não acho que pedir desculpas vai adiantar, ou então dizer que não devia ter feito todas as coisas que fiz, porque sabemos que eu faria, sendo quem eu era naquela época ainda faria. Só que agora eu te respeito muito mais, não pelo dinheiro que tem, mas o que se tornou depois do que fiz a você. — aquele era um sinto muito da melhor forma que Esmee Cullen podia, Bella suspirou.

— Te respeito também, pela perda que sofreu, por ter conseguido se reerguer e por amar minha filha, te perdoei há muito tempo, mas para termos uma convivência pacífica nunca mais tente me fazer me sentir menos do que sou. — lhe avisa cheia de sobriedade, Esmee gosta do acordo e levanta sua taça concordando. Estão acertadas sem drama. Como deveria ter sido.

O próximo com quem conversa em meio aquele evento de diálogos resolutivos é Alec, de alguma forma aquele garoto antes tinha uma sombra sob si, como se o mundo só tivesse o cedido escuridão e agora a luz finalmente inundou sua alma. A fazia orgulhosa que essa era sua filha. Enquanto observavam Carlie e Edward cavalgarem juntos os dois tinham oportunidade de se comunicarem. E ele queria. Sentia que precisava.

— Não se sente esquisita que depois de tudo que houve com meu pai eu esteja me relacionando com Carlie? — era tão mais digno que qualquer um dos Cullen só por perguntar aquilo. Bella sorriu contemplativa sabendo que Carlie fez uma escolha incrível.

— Não, me sinto bem de saber que um rapaz que pode acolher a intensidade da minha filha a queira. — porque Bella sabia que na maioria das vezes o que mais era necessário não era alguém te amar, mas estar disposto a te amar. Em todos os momentos.

Eventualmente Cullen e Biers se separam, cada um parte para suas interações, mais uma fogueira está feita, nos braços de Jasper, com sua taça de vinho na mão Bella dança sob luzes alaranjadas de um fogo que um dia já foi perigoso só que agora é acalentador. De repente a imagem de Alec e Carlie felizes juntos mais cedo vem a sua mente, e é completada com Jasper acolhendo sua pele com tanta propriedade mas liberdade ao mesmo tempo. Ela sorri em seu ombro, aspirando o cheiro do homem que foi seu passado salvador, é seu presente honrado e seu possível futuro clichê. Ela descobre que algumas histórias não são necessárias boas porque deram certo, mas sim porque nasceram de erradas que um dia valeram a pena.

 

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

https://www.youtube.com/watch?v=0ewvPY21jNM



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