Chances. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 13
Capítulo 13 - Olhos Verdes.


Notas iniciais do capítulo

Ei gente, esse é o primeiro capítulo narrado pela Carlie, e ele apresentará alguns mistérios que serão desvendados de acordo com o desenvolvimento da história. No geral, a história será narrada por quatro ponto de vistas; Bella, Edward, Alec e Carlie.

Pouco a pouco vocês entenderão a personalidade da menina Biers.

Ah, fiquei muito feliz pelos comentários do capítulo anterior e espero ter essa retribuição de novo♥♥♥
Boa Leitura!



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Ponto de vista: Carlie Biers.

Um sobrenome. Um legado. Um futuro; Foi isso que sempre carreguei comigo, digo, quando você tem algo do que realmente se orgulha, é fácil honrar, e ser uma Biers, isso era o que me movia dia após dia. Se você me perguntar se eu sou feliz, eu te responderei: Como não seria?

   Tenho uma família maravilhosa, consegui entrar na faculdade que queria e tinha em meu quarto uma coleção de medalhas e troféus que provava que a minha determinação ia além de qualquer coisa.  

       Eu era conhecida em Forks; Como um furacão atrevido que enchia aquela pequena cidade de confusão, mas, eu não enxergava as coisas dessa forma, afinal é errado não ter vergonha de fazer o que seus instintos dizem para fazer? Só há uma vida, e se você não aproveitar as chances que ela te concede nada terá valido a pena.

             As pessoas dizem que sou inconstante, que nunca me contento com o que tenho, que volta e meia sou ambiciosa por desejar coisas que não deveriam estar em meu alcance, mas, novamente, tenho outro ponto de vista sobre isso; Acho que se você tem a oportunidade de conseguir mais, não pode se limitar ao necessário.

      Olhei ao meu redor e gargalhei quando me deparei com uma visão mais do que engraçada em um dos campos vazios de Forks; Owen tentava domar um cavalo pela décima vez desde que iniciamos nossas férias aqui, e pela décima vez não estava obtendo sucesso nisso. Ele era simplesmente um desastre. Um desastre com olhos magnéticos e um corpo gostoso. O meu ex desastroso primeiro amor.

O fato dele nunca ter conseguido cavalgar era motivo de piada constante para mim, afinal o mesmo tinha aquele cavalo desde os dez anos, quando começamos a vir passar nos férias aqui em Forks. Juntos.

Fazia uma semana desde que chegamos ao meu lugar predileto no mundo todo. Decidi que viria antes dos meus pais se mudarem oficialmente para cá, pois precisava treinar para a próxima competição do Haras, e Manhattan não me oferecia nem um espaço para isso.

Owen veio comigo pois não sabia viver longe de mim. É, talvez eu possa estar sendo pretensiosa, ele me acompanhou pois queria estar comigo o máximo de tempo que conseguisse, antes da minha decisão ser oficializada. Havia uma parte de mim, uma quase digna que sabia que eu deveria ter dito a ele para se afastar, não alimentar de novo sentimentos que nunca conseguiria retribuir,  mas, a parte egoísta vencia; Eu precisava do Owen. Precisava que ele me amasse. Porque era seguro.

Decidi por fim que não deixaria o coitado continuar passando por aquela humilhação e me aproximei dele lentamente, assobiando para que o animal que antes se encontrava descontrolado se acalmar. Foi o que aconteceu. O mesmo ficou parado tal como uma estátua, e quando Owen desceu dele só conseguiu o olhar como se o acusasse de ser um traidor.

Ri por isso.

—Como domador de cavalos, você é um ótimo... — fingi pensar. — O que você faz de bom mesmo? — zombei de forma que vi seus dentes extremamente brancos me agraciarem com um meio sorriso.

—Ah, quer que eu te lembre então? — o homem que foi criado junto a mim como se fosse parte da minha família me questiona. Owen era lindo fisicamente, céus, ele realmente era, mas, o fato dele ser uma das pessoas mais importantes do mundo para mim só aumentava sua beleza. Nunca soube pontuar o que tínhamos, digo, poderíamos nos considerar amigos? Não, acho que não, amigos não beijam um ao outro, amigos não transam um com o outro e amigos não deixam claro que se desejam. Ele sempre foi algo para mim, e agora eu sabia que perderia isso, e tudo que eu continuava a fazer era continuar aquele jogo estúpido.

                   Talvez o mundo estivesse certo ao meu respeito; Eu sou egoísta.

—Tem lembranças que devem continuar sendo só isso; Lembranças. — esbarro em seu ombro de forma divertida, antes de me afastar minimante do mesmo e chegar mais perto do cavalo que antes ele tentava controlar. Sorrindo, alisei sua crista e senti o mesmo soltar um som como se aprovasse minha caricia.

                   Nunca entendi isso, mas, desde pequena, eu tinha uma conexão com aqueles animais. Algumas pessoas chegavam até a dizer que era um dom, pois eu conseguia controlar até mesmo os mais ferozes. O que elas não entendiam é que para se dar bem com eles não há nenhum tipo de segredo, é só mostrá-los segurança no toque, como em uma promessa silenciosa de que não vamos  machucá-los, é se mostrar tão vulnerável quanto eles. É ser leal.

               Meu amor por cavalos até poderia ser herdado do sentimento do meu pai sobre eles, mas, o que ele sentia era diversão ao cavalgar, para mim ia além disso, quando eu domava um cavalo, eu acalmava todos os temores da minha alma, eu me sentia completa. Eles eram meus melhores amigos. Minha mãe um dia chegou a me dizer que quando eu era criança preferia cavalos de pelúcia do que bonecas, ou seja, foi um amor que surgiu sem meu controle.

               Foi por isso que me dediquei tanto tempo aos estudos para conseguir uma bolsa na Columbia; Especificamente, uma bolsa para medicina veterinária. Eu queria que meu amor virasse cuidado. Uma profissão. Uma missão.

                Já havia feito um semestre e me saído totalmente bem nisso, agora, mesmo aproveitando o que Forks tinha a me oferecer com suas lindas paisagens, ansiava voltar logo para NY e estudar mais, mas, para isso tinha que esperar as férias acabarem.

                  Owen preferiu não continuar com as insinuações, se limitou a se aproximar de mim, e observar meu rosto de modo calmo.

               Ele sabia que eu não coraria, mas, não desistia de tentar. Mordi meus lábios, e pude supor que meus olhos verdes tão diferentes do resto da minha família brilharam em diversão.

— Eu acho que chega de tentativas para mim por hoje. — me conta, enquanto ainda continuo a mimar o cavalo.

—Está desistindo, Connor? Me sinto decepcionada. — brinquei, não sabendo se me referia a montaria ou as provocações, Owen me deu as costas, mas, eu sabia que sorria.

—Devia parar com isso, Carlie. — me aconselha, começando a caminhar em direção as cercas, que o tirariam do campo.

—O que? — me fiz de inocente.

—De começar o que não pode terminar. — ri levemente por suas palavras, notando que de alguma forma eu estava condenada.

                         Agora, somente acompanhada do cavalo que meu pai presenteou seu amado sobrinho, decidi que podia relaxar um pouco, antes de voltar para a mansão Biers, e receber minha família, que a essa altura já deve estar chegando a Forks.

—Preparado para cavalgar de verdade, trovão?  — sorri um pouco mais ao pronunciar o nome que Owen deu a ele.

            Não esperei resposta, em um salto típico e cheio de maestria eu já me encontrava em cima do animal de grande porte. Segurei seu cabresto com firmeza, tal como tinha costume de fazer e após um impulso meu já estávamos correndo pelas colinas de Forks.

              Só conseguia sorrir pela liberdade que sentia cada vez que fazia isso.

                      Foram alguns bons minutos de corrida, até eu parar Trovão bruscamente, próximo a cerca de divisão da fazenda vizinha a nossa. Eu sabia que aquela propriedade era de uma família com sobrenome Cullen, mas, segundo as histórias espalhadas por Forks faziam vinte anos que eles não pisavam aqui, então só pude estranhar quando avistei dois carros caros estacionando em frente a propriedade.

                        Como assim uma família influente voltava a Forks, e os fofoqueiros não estavam avisados sobre? Isso, é bizarro.

                     Não sei porque, mas, senti uma coisa estranha ao observar aquela cena, um incomodo que me alertava que era melhor eu me afastar.

                       No fim, eu era curiosa demais para isso.  Foi seguindo a tal curiosidade, que guiei Trovão em direção aos estábulos dos Cullen, esses que eram comandados por Alice Brandon desde sempre.

               Com minha expressão mais cínica parei o cavalo em frente as esses e desci do mesmo, logo o colocando amarrado em uma das cercas. O estábulos deles era grande, mas, não tanto quanto o nosso, que havia sido ampliado quando aprendi a cavalgar. Bem, nenhum se comparava ao estábulo do Haras Volturi.

                         Lá dentro, espalmei minhas mãos sob a calça jeans, fitando ambiente a procura da figura minúscula que fingia me odiar. E foi só quando executei aquela ação que notei quão suja eu estava, digo, durante a corrida minha blusa branca havia se tornado um trapo e minhas botas repletas de terra.

                    Carlie Biers. Um exemplo de elegância realmente.

                  Coloquei um fio do meu cabelo acobreado atrás da orelha, sendo esse um que escapou do meu rabo de cavalo e continuei procurando quem eu queria encontrar.  Alice mesmo a contragosto, e depois de um discurso sobre como minha mãe odiaria saber que eu estava com ela, me contaria o que a tal família viera fazer aqui em Forks após tanto tempo. Quem sabe eles não seriam minha próxima diversão nessa cidade pacata.

                   Ia continuar minha busca pela Brandon, mas, parei quando vi que um dos capatazes da fazenda treinava um cavalo específico no centro do lugar. O velho animal se recusava a obedecer as ordens do homem e eu sorri pela teimosia dele. Leal era rabugento desde a primeira que eu o vi. Isso quando tinha onze anos e havia brigado com minha mãe, eu queria simplesmente fugir da fazenda Biers, e esse estábulo foi o mais longe que consegui ir. Foi ai que conheci Alice também, a mesma demonstrou todo incomodo possível com minha presença, mas, atrevida como era não liguei. Eu gostei dela. Sabia que minha mãe tinha uma cisma com ela, e que isso tinha a ver com meu pai, mas, decidi que os problemas passados deles nada tinha relação comigo. Então houve mais uma visita, e outra, e outra, e outra e sem que a própria Alice percebesse ela já ia com a minha cara, me ensinando a maioria das coisas que sei sobre os cavalos.

                 No entanto, ela nunca chegou a admitir que se importava comigo. Enfim, havia uma parte boa de mim que se sentia feliz em ser a companhia daquela mulher que nunca se casou ou formou uma família. Então, em todas minhas férias, contra as ordens da minha mãe fiz desse lugar, o meu lugar especial.

                    Voltando a Leal, mesmo com toda sua implicância ele confiava em mim. E segundo Alice eu era a segunda pessoa no mundo por quem ele se deixou ser domado, ela nunca me contou quem foi a primeira.

                  Entrei no lugar que o cavalo estava e sorri para o homem.

—Posso tentar? — indaguei arqueando uma sobrancelha, olhando na direção do cabresto que ele segurava. Simplesmente assentiu, pois conhecia meus talentos com o ser mal humorado a sua frente. Ele sabia que Leal não oferecia perigo a mim. Então simplesmente me deixou sozinha com o animal.

—Sabia que senti sua falta? Não é tão legal cavalgar com cavalos que não fazem charme para serem controlados. — comentei segurando seu focinho e inclinando sua cabeça na minha direção.  Ele me entendia.  — Eu sinto muito por sumir, tenho sido uma péssima amiga, não é mesmo? Bom, as coisas estão complicadas para mim agora, tomei decisões que vão mudar minha vida para sempre, e não acho que minha mãe tenha gostado disso...O fato é que não quero ser a pessoa que vive sob as expectativas de alguém. Será que sou uma vadia por isso? — questiono logo após meu desabafo. — Sinto que se não tomar rumo agora, estarei abandonando a mim mesma...Eu amo o Jacob, eu sei que amo...Mas, a maioria das pessoas só acham que estou com ele para poder provar algo...É como se... — não consigo terminar. — Só é difícil. — murmuro e o cavalo que antes parecia tão arredio me olha com calma.

                      Calma essa que se rompe quando ele vê algo a sua frente.

               Dou um pulo para trás e quase tropeço em meus próprios pés com a ação agressiva dele. É ai que fito a direção que ele encarava e me deparo com uma presença completamente desconhecida. Engulo a seco, com o coração ainda acelerado pelo susto. Há um grupo de pessoas me encarando com curiosidade, mas, o homem em frente a eles parece o mais interessado em mim. Tenho a impressão que é da idade do meu pai, e noto que está mais velho do que deveria. Tem os cabelos em um acobreado perfeito e são poucos os fios brancos, o rosto é másculo, e os olhos tão verdes, olhos que tenho a impressão que já vi em outro lugar.

                    Quando seu olhar intenso sob mim se torna desconfortável, desviou os meus dos dele e fito agora Alice que me encara com uma preocupação extrema em sua expressão. O que droga estava acontecendo ali?

— Carlie, o que faz aqui? — ela quebra o silêncio estranho que paira sobre o ambiente e eu agradeço por isso.

—Eu...Vim te ver...Como sempre. — é a explicação que tenho no momento, e a mulher se limita a suspirar e balançar a cabeça negativamente.

                          Finalmente consigo me concentrar nas outras pessoas, e encontro uma mulher extremamente parecia com o homem que antes me fitava longamente. Posso supor pela aparência que é sua mãe. O jeito que ela me fita deixa claro certo desprezo.

                Franzo as sobrancelhas para isso, e então olho para minhas roupas e entendo o julgamento no olhar. Socialite rica, típica julgadora de primeiras impressões.           Adoro essas. Quase me dou ao direito de sorrir com escárnio, mas, me controlo.

                          A próxima pessoa que encaro é uma mulher loira, alta, magra e com o olhar tão enojado quando a primeira pessoa que fitei. Uau. Isso sim que eu chamo de circo dos horrores.

—E o que te deu ao direito de ficar mexendo em um dos cavalos da nossa propriedade? — a mulher de olhos verdes gélidos indagou, com uma pose irritante, e eu a olhei incrédula.

              Quem droga era ela para me olhar como se eu estivesse cometendo um crime ao cuidar dos animais que eles deixavam abandonados aqui?

—Carlie, tem um apreço especial por eles, ela sempre que pode vem visitá-los. — de alguma forma, Alice se põe em minha defesa. Isso porque adivinha o quão rude poderia ser minha resposta a dondoca.

—Mãe, por favor controle, a garota não estava fazendo nada errado. — quando ouvi a voz do homem, sentido um embrulho no estomago, a mãe dele por sua vez o olhou totalmente chocada por sua repreensão. —Leal, parece gostar de você. Ele nunca gostou de muita gente. — fala se dirigindo a mim, mas, olhando na direção do cavalo que agora corria de modo descontrolado pela areia. Foi ai que eu descobri; Ele foi o primeiro a domá-lo, e ela por sua presença ali que Leal estava agitado.

—Ele gostou de primeira. — me vejo contando isso, quase orgulhosa, e novamente o estranho até agora sem primeiro nome. — está obvio que o sobrenome é Cullen. — me fita. — Ele sempre confiou em mim. Ele é leal realmente. — afirmo, e o homem de olhos verdes me encara com seriedade. — Você sabe; Os cavalos são mais leais que os humanos. — me lembrei da frase que uma vez minha mãe me disse, e o homem ficou pálido.

—Eu... — ele ia dizer algo, mas, Alice o interrompeu.

—Carlie, acho melhor você ir agora. — ainda parecia receosa sobre algo.

—Sim...É melhor mesmo. — concordo, hesitante de um jeito que nunca estive na minha vida.

—Se não trabalha aqui, onde trabalha? — o homem cujo nome eu ainda não sabia me questionou, e eu franzi a testa ao notar que ele era tão julgador quanto as mulheres. Digo, minha aparência nada arrumada agora o fez ter a impressão de que sou uma cuidadora de cavalos e ele nem se mostra sutil quanto a isso.

—Logo ao lado. Qualquer um pode me encontrar na fazenda Biers. — falo sinalizando para minha casa, ele me olha parecendo ofegante, e Alice o fita de rabo de olho.

—Eu sou Edward, a propósito. — fala, quando nota que não se apresentou. — Edward Cullen. — enfatiza.

—Eu sou Carlie, mas, acho que isso você já notou. — digo de modo calmo. — E a propósito também, você é uma péssima pessoa. — todos se surpreendem por minhas palavras, menos Alice, que me conhece. — Você fez o cavalo confiar em você, te deixar controlá-lo, e depois o abandonou, como se ele fosse um brinquedo quebrado. Você não foi leal com ele. — sou direta ao dizer isso. — E pelos céus, vocês são abomináveis com essas expressões de falsas suposições. — se antes eu estava curiosa sobre os Cullen, agora repudiava a ideia de me aproximar. — Uma roupa. Um cabelo desajeitado. A droga de uma aparência. É disso que precisam para alguém receber um olhar de cima a baixo de vocês? —  questiono achando a situação ridícula.  — É deprimente. Como consegue viver juntos sendo tão mesquinhos? — indago com deboche e a mulher mais velha me fita com fúria.

—Tão atrevida. — grita para mim.

—Desculpa. Te ofendi? — me faço de inocente. — Tenho essa coisa de não me importar. — pisco para ela, e me vejo preparada para ir embora. — Não faço a mínima ideia de como eram as coisas quando vocês estiveram aqui pela última vez, mas, se eu me deparar com um de vocês direcionando aquele olhar a um dos funcionários do Biers...Bem, vocês não gostariam de saber como eu retrucaria. — sou enigmática.


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Notas finais do capítulo

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