Me joguei na cama de Rose, cansada. Estava para dormir com aquela roupa mesmo, mas a loura entrou no quarto, me acordando e tirando meus sapatos.

— Bonnie parecia triste que você não foi com ela na reserva. E Elena achou melhor ela não ir sozinha, então teve que se afastar um pouco do lobo. - disse alto, sentando-se do meu lado e me encarando. - sério que já está com sono?

— Sim, estou cansada. Meu cérebro vai derreter, preciso de um pouco de descanso. E eu tenho que ir pescar com Charlie ainda. – Fechei os olhos e fui virando pro lado. Ela veio e arrancou meu tênis. – vai tirar minha roupa é?

— Sabe, é uma boa ideia. - ela disse brincalhona, ameaçando abrir minha calça. A empurrei rindo. Ela ia avançar em mim novamente quando Emmett entrou.

— Opa. Luta sexy para tirar a roupa? Gosto disso. - disse brincalhão, cruzando os braços. Revirei os olhos e me enfiei debaixo da coberta.

— Quero dormir, vão embora. - murmurei, afundando a cara no travesseiro.

— Que eu saiba esse é meu quarto, então vá embora você. - Rose ralhou brincalhona, eu sorri e me agarrei no travesseiro.

— Daqui eu não saio e daqui ninguém me tira.

— Você realmente não devia ter dito isso. - Emmett disse ameaçador, abri os olhos e fiquei confusa com os vultos e uma certa náusea. Quando consegui me localizar, estava na sala, jogada no sofá.

— Emmett! - ralhei irritada. Ele e Rosalie riam em minha frente. Não arrisquei me levantar, já estava tonta sentada, imagine ao me erguer. - Eu não vou dormir no sofá!

— Bons sonhos. - Rose gritou já na escada, subindo com Emmett em um piscar de olhos.

Porém, estava cansada demais para procurar um lugar para dormir. A casa estava extremamente bagunçada, não sabia onde estava o restante do clã, então decidi me deitar ali mesmo e orar ao tal Deus que minhas costas não doessem tanto ao acordar, apesar de um sofá macio, era pequeno.

Porém, pouco depois de cair no sono, senti alguém me carregando. Estava cansada demais para me importar e abrir os olhos. Fiquei em uma cama extremamente macia. Pensei seriamente ser Edward. Porém, ao abrir rapidamente os olhos quando a cama afundou ao meu lado, me surpreendi ao encarar aqueles olhos azuis de Damon. Mas nem tal surpresa foi o suficiente para me acordar, dormi que não senti mais nada.

— Bom dia Bella Adormecida.— a voz de Damon soou rouca em meu ouvido. Resmunguei baixo e ergui a coberta até a cabeça. - Esta um belo dia para pescar alguns peixes inocentes e ouvir historinha de lobisomens.

— Por que diabos você me trouxe pra cá? - finalmente o encarei, um tanto irritada. Ele se afastou de mim, ficando de pé.

— Não sou obrigado a responder. - disse dando de ombros, retirou a camiseta branca.

— Damon! - ralhei colocando a mão nos olhos. - dá pra esperar eu sair antes?

— Ué, quer perder o show?

Coloquei a coberta na cara e continuei deitada. Porém aproveitei uma brechinha para vê-lo retirando o resto da roupa.

Jesus amado, dê-me forças.

Ele estava só de cueca em minha frente, e era melhor que até mesmo Brad Pitty sem roupa. Nunca havia ficado na frente de um homem semi-nu dessa forma, ainda mais um homem tão... droga, lindo.

— Eu sei que você está olhando pela brecha da coberta, Isabella. - disse distraidamente, procurando sua roupa pelo quarto. - não precisa cobrir a cara pra olhar, é de graça.

Apesar de estar completamente vermelha e envergonhada, mordi os lábios e decidi, mais uma vez chutar a droga do balde e retirei a coberta da cara. Ele me encarou rapidamente, mas se fez de desinteressado e começou a vestir uma calça jeans.

O observei quieta, memorizando os traços de seu corpo. Ele é tão lindo que me deixa confusa. Não conseguia pensar em outra coisa que não envolvesse ele, seu corpo... Pensamentos impróprios surgiram, fazendo-me prender a respiração. Isso o fez sorrir de forma extremamente convencida.

— Você é muito cheio de si. - resmunguei mais para mim mesma, olhando para o teto.

— E eu não devo ser? - perguntou após soltar um riso. - eu sei que sou maravilhoso e que causo... reações primitivas até nas mulheres mais fieis e controladas.

Revirei os olhos e me levantei, evitando ao máximo olhar para ele. Enquanto ainda despertava, o ouvi andando pelo quarto, colocando o tênis, até parar na minha frente com um sorriso malicioso.

— Você dormindo é uma coisa muito engraçada. Suas falas são as melhores.

Soltei um resmungo baixo e me levantei, saindo rapidamente do seu quarto. Ouvi barulho na sala, mas fui primeiro atrás de Rosalie e Emmett, os xingar por terem me expulsado do quarto. Sequer pensei em perguntar a Damon porque dormi em seu quarto – aliás, porque dormi no quarto dele com ele. Pois aquela exposição de seu corpo tirou qualquer pingo de bom senso e foco que eu tinha. Eu precisa ir para longe, refrescar a cabeça e os pensamentos.

Nada melhor que pescar ao lado do pai e do melhor amigo, não?

— Pai, pai tá puxando. - Eu gritei assustada quando senti o peso na vara. - O que eu faço?

— Puxa a corda! - ele gritou animado, pedindo pra Jacob segurar a vara dele e vir atrás de mim. Eu ri, ainda assustada. Com dificuldade, levando algumas cotoveladas na orelha, conseguimos puxar.

— Eu peguei um peixe, eu peguei um peixe! - gritei animada, rindo. Não sabia de onde vinha tanta alegria. E ele parecia tão feliz quanto eu, ajeitando peixe morto ao nosso lado.

— Por mais que a alegria de vocês seja contagiante, eu realmente estou com pena do peixinho. - Jacob comentou ao meu lado, fazendo careta.

Embora eu quisesse concordar – e até considerar o veganismo em minha vida. - eu fiquei comemorando com Charlie a minha vitória após o dia inteiro pescando, conversando, contando piadas sem graça.

— Vamos comer peixe frito! - Billy gritou animado, batendo no braço de Jacob. - e quem vai fritar é você, garanhão.

— Eu realmente vou virar vegetariano. - Jacob resmungou baixo, nos fazendo rir de sua careta de nojo.

Demorou algumas horas até arrumarmos todas as coisas no carro. Sue foi ajeitar a pequena quantidade de peixe que pegamos para ser mais fácil de fritar ao chegar na reserva. Enquanto eles faziam o trabalho duro, eu e Jacob fugimos para caminhar ao redor do lago e conversar. Decidi não puxar o assunto, esperando ele se sentir confortável para falar.

Após alguns minutos, ele finalmente falou;

— Eu não imaginava que era assim. Imaginava que... que era uma coisa estúpida, claro. Como se pode amar alguém sem nem saber o nome dela? Como pode ser tão... forte assim? Era uma coisa estúpida e realmente... irracional. Eu preferia estar apaixonado por você e você com o vampirinho. Achava que era melhor.

Continuei calada, o observando. Tentei não me incomodar quando começou a garoar. Ele pareceu nem notar.

— E então... eu olhei pra ela e foi como se nada do que já vivi fizesse sentido se ela não aparecesse. Foi como se... - ele respirou fundo, mexendo as mãos no ar. Quis rir de sua dramatização. - foi como se tudo que eu já passei, todas as guerras nesse mundo, tivesse valido a pena. Como se eu fosse feito justamente para amá-la.

— Desculpa, isso é... bizarro. - comentei com uma careta, olhando para o lago.

— Eu sei, eu também achava. Mas agora é tão... não vejo a hora de encontrá-la de novo. Diz que ela vai com você pra fogueira.

Eu ri e assenti, imaginando que teria que chamá-la ainda.

— Vai contar a ela? - perguntei o encarando. Ele balançou a cabeça negativamente.

— Melhor não, vou... esperar essa guerra toda acabar.

Assenti e fiquei em silêncio. Não conversamos pelos próximos minutos, até ouvir meu pai gritando para voltarmos.