No meu aniversário de um ano de idade, pela primeira vez eu pisei em terra... quer dizer, pisei em areia de praia, já que papai e seus marujos decidiram passar meu aniversário em uma ilha deserta, a qual papai e eu chamamos, até hoje, de ilha do aniversário, pois todos os meus aniversários foram comemorados nessa ilha.

— Lottie, está na hora de acordar querida. – Killian falou levemente balançando, tentando acorda-la. Ele sabia que se não a acordasse, Charlotte dormiria praticamente o dia inteiro.

Charlotte coçou os olhinhos azuis com as mãozinhas e bocejou, em seguida olhou para o pai com os olhinhos ainda um pouco inchados do sono, mas sorriu ao reconhecer o pai.

— Bom dia, meu amor. – Killian disse pegando-a do berço e se encaminhou para a banheira do quarto dela.

— Dia, dia, papai. – Charlotte respondeu começando a esquecer o sono.

— Hoje é um dia muito especial, Lottie, é seu primeiro aniversário. – Killian conversou sorrindo animado para a menina, que apenas lhe olhou confusa.

O que era aniversário? E aquilo era dela? Seu pai parecia bastante empolgado com aquilo, então só podia ser coisa boa e que ela também gostaria.

Killian começou a escovar os dentinhos da menina enquanto assobiava uma canção de que Charlotte gostava. Ele lhe deu um banho e lhe colocou um vestido branco com detalhes verdes bordados ao vestido.

Depois de vestida, Killian a levou para a cozinha do navio. Na cozinha, Killian a colocou sozinha em uma cadeira com almofadas a mais no acento, para que Charlotte ficasse no tamanho ideal da mesa, e ele sentou-se em outra cadeira ao lado da filha.

— O cozinheiro fez um café da manhã especial de aniversário para você, querida. – Killian a informou nunca tirando o sorriso do rosto.

O cozinheiro, muito sorridente, se aproximou deles na mesa segurando algo atrás das costas. Apenas revelando seu conteúdo quando chegou perto deles.

— Quecas, quecas! – Charlotte exclamou batendo palminhas e sorrindo ao ver o cozinheiro colocar uma poção delas em sua frente.

— Suas preferidas, meu amor. – Killian disse enquanto também era servido da mesma comida de Lottie.

— Aproveite, pequena. Eu coloquei bastante calda de chocolate. – O cozinheiro cochichou perto do ouvido da menina e lhe lançou uma piscadela.

— Bligado. – Charlotte falou com um sorriso.

— Não a de que. – O cozinheiro respondeu retribuindo o sorriso da menina.

Charlotte começou a comer suas panquecas com o auxílio de Killian. Ele tomava todo o cuidado para que ela não se sujasse toda. Quase conseguiu, se não fosse o estado em que estava o rosto da menina.

— Pelo menos seu vestido não está sujo. – Killian comentou pegando-a no colo depois dos dois estarem alimentados.

Eles voltaram para o deque do navio e foi quando a pequena Charlotte notou que o navio estava vazio. Ela olhou para o pai confusa.

— Papai. – Charlotte o chamou e ele olhou para ela. – Smee, malujos. Cadê?

Killian deu uma pequena risada antes de responder.

— Eles estão arrumando a sua festa de aniversário, querida. – Killian respondeu. – Por incrível que pareça, todos eles se voluntariaram para isso. Aposto que foi para não terem um dia de trabalho duro no navio… ou todos eles gostam de você, o que é maravilhoso.

— Malujos gostar de mim! – Charlotte disse com um pequeno sorriso.

— Isso mesmo. E enquanto eles arrumam sua festa, eu e você passaremos um tempo juntos. Só nos dois. – Killian conversou. – O que acha?

— Malavioso! – Charlotte exclamou levantando os bracinhos para o alto em comemoração e dando um sorriso para Killian, que o retribuiu.

Killian, com uma pequena ajuda de Lottie, colocou boa parte dos brinquedos da menina no deque do navio. Eles ficariam boa parte do tempo ali. Killian havia tido essa ideia ao perceber que o sol hoje não estava muito quente e que Charlotte não brincava muito ali ao ar livre.

Eles passaram o dia inteiro juntos e parte da tarde brincando juntos. Charlotte não tirava o sorriso do rosto e dava várias gargalhadas junto a Killian. Quando já estavam acabando de colocar os brinquedos de Lottie no quarto da menina, ela levantou-se de repente, e olhando para o sol se pondo ela deu um sorriso e acenou com uma das mãos.

— Tchau, tchau sol! – Charlotte falou ainda acenando e Killian, vendo essa cena, se aproximou da pequena e enlaçou um dos braços na menina e começou a fazer o mesmo que a filha.

Quando a menina cansou de dar tchau para o sol, ela abraçou Killian fortemente. Ele se levantou com a menina nos braços.

— Tomaremos um rápido banho e depois vamos para a sua festa de aniversário. – Killian avisou se encaminhando para a banheira com a filha, que logo se animou quando ouviu a palavra banho. – Nem pense que passaremos a eternidade lá, ouviu?

— Doga. – Charlotte falou cruzando os bracinhos e fazendo biquinho.

— Quando ver a sua festa, creio que irá desfazer esse biquinho. – Killian disse em resposta.

Eles tomaram um banho juntos e Killian, já pronto, colocou em Charlotte um de seus vestidos. Esse era longo, de cor prata com flores bordadas em cor de rosa.

Ele se afastou por um momento da filha e pegou uma caixa que estava na mesa do quarto de Charlotte. A caixa era pequena e leve, parecia que não continha nada pelo seu peso. Ele voltou a sentar ao lado dela na cama e ele voltou seu olhar para a filha, que olhava curiosa para a caixinha na mão do pai. Killian respirou fundo e olhou com carinho para a filha, que lhe devolveu o olhar.

— Esse é seu presente de aniversário. – Killian disse e ele estendeu a caixinha para a filha.

Charlotte, muito curiosa puxou a tampa da caixa e visualizou uma fita de cabelo da cor preta. Ela a pegou e a estendeu para o pai.

— Colocar. – Charlotte pediu e Killian a pegou e colocou no cabelo da filha, que já começava a ter um tamanho considerável de cabelos loiros, fazendo com que um laço sempre enfeitasse os cabelos dela.

— Está linda. – Killian falou depois de ter feito um laço com a fita preta e colocado na filha.

Ele pegou um espelho e colocou-o em frente a filha, que ficou olhando, sorrindo encantada com o laço em seu cabelo, sentindo uma vontade imensa de tirar e pegar com suas pequenas mãozinhas curiosas, mas ela apenas se virou para Killian e o abraçou e o beijou no rosto.

— Bligado, papai. Lindo. – Charlotte ainda o abraçando.

— De nada, meu anjo. Agora vamos para a sua festa. – Killian respondeu e ele pegou na mãozinha dela, que sorridente e saltitante o seguiu para fora do quarto.

Killian a guiou para o deque e em seguida para fora do navio. Estranhando aquilo, Charlotte de repente parou de andar e agarrou-se a uma das pernas de Killian. Ele a pegou nos braços lhe mostrando que era seguro prosseguir. Ele saiu do navio pisando na areia da ilha deserta a qual eles haviam parado e andou para onde Smee e seus outros marujos estavam organizando a festa de sua filha. Quando chegou, ele a colocou no chão cuidadosamente. Charlotte estranhou a fofura em que seus pés pisavam e ficou olhando para a areia por uns dois minutos até que ela ouviu a voz de Smee.

— Isso se chama areia, pequena Charlotte. – Smee falou abaixado o bastante para ficar na altura dos olhos dela. Ela o olhou nos olhos e sorriu e se abaixou pegando um pouco de areia

— Aleia. – Charlotte repetiu e o olhou nos olhos, sorriu e se abaixou pegando um pouco de areia.

— Lá se foi todo o meu esforço em mantê-la limpa. – Killian comentou com um sorriso divertido. – Vamos ver como está sua festa filha.

Charlotte, ouvindo as palavras do pai, olhou para cima e viu luzes e cores que seus olhinhos e mente infantil adoraram. Ela saiu andando por ali olhando para todos os lados animada, apontando e rindo feliz para cada objeto que ela gostava. Sendo acompanhada, o tempo inteiro, por Smee e seu pai, que sempre falavam para ela o nome do objeto que ela apontava e não sabia o que era.

— Vocês fizeram um ótimo trabalho aqui. – Killian comentou analisando o local que estava enfeitado com tochas para iluminar o lugar, algumas mesas cheias de comidas do cozinheiro do navio – a maioria comidas favoritas de Lottie – e flores de todos os tipos e tamanhos espalhadas por todo o lugar. Charlotte adorou tudo isso e muito mais da festa.

A menina estava próxima a um arranjo de flores curiosa e encantada com a cor, ela pegou uma delas e mostrou a Killian.

— Nome? – Charlotte perguntou.

— Isso se chama flor. – Killian respondeu sorrindo.

Charlotte olhou para a flor como que a analisando.

— Bonita! – Charlotte afirmou, fazendo Killian sorrir. Ele pegou delicadamente a flor das mãos da filha e colocou atrás de uma de suas orelhas.

— Ela é sua. – Killian disse também fazendo Charlotte sorrir.

Ela notou os marujos perto de uma das mesas, na verdade a maior delas, e correu para lá, quase caindo, por conta da areia que ela nunca havia pisado. Quando ela chegou onde eles estavam, os marujos a receberam com alegria e ela foi passada de braço em braço, recebendo beijos e abraços que a faziam rir e retribuir de sua forma. Alguns dos marujos até lhe deram presentes.

Killian e Smee estavam um pouco afastados deles.

— Foi uma ótima ideia ter dado a fita de cabelo de Emma para Lottie. – Smee conversou.

— Foi uma ótima ideia nós termos a pegado. – Killian respondeu.

— Pensei que deixaria as coisas da senhora Emma enterradas em algum lugar do navio. Dentro de um baú em seu quarto. – Smee conversou.

— Não, eu nunca faria isso. – Killian respondeu levemente ofendido. – Eu pensei que Emma merecia estar aqui. De algum jeito, ela tinha que estar aqui. Então eu dei algo dela para nossa filha.

— Emma sempre estará conosco, capitão. – Smee afirmou. Ele colocou a mão onde seria o coração de Killian. – Aqui dentro.

— Está falando como se ela estivesse morta. – Killian observou. – Você... não acha que ela está morta, não é?

— Não! Claro que não, capitão. Muito ao contrário, Emma está muito bem viva, eu sinto. – Smee rapidamente respondeu. – Você não?

Killian olhou para a filha e notou como ela estava feliz.

— Sim, eu sinto, Smee. Emma está viva.

— Venha, temos que cantar os parabéns para sua filha. – Smee o chamou já começando a ir para a mesa onde estavam os marujos com Lottie.

Eles cantaram os parabéns para a pequena Charlotte e a menina, completamente feliz, comeu seu bolo - com bastante cobertura de chocolate, como ela gostava. -, dessa vez sujando-se inteira.

A festa de seu primeiro ano de idade não foi só aproveitada por ela, como também foi por seu pai e seus marujos, que riam e se divertiam a si mesmos e a ela, contando histórias e cantando canções antigas.

A comemoração virou noite adentro até o amanhecer. Com rum, mas apenas depois que Charlotte já havia caído no sono e ressonava no navio com Smee a vigiando a muito tempo.

Durante todo o período em que a menina esteve acordada, eles não notaram, que o colar dela não parou de brilhar, e só se apagou quando a pequena dormiu, com um sorriso no rosto. Ela havia adorado o tal de aniversário.

Eu amei mesmo o meu primeiro aniversário. Não me lembro de muitas coisas, apenas pequenos flashes e de como eu me senti alegre em estar ali com todos eles. De como adorei pisar na terra, conhecer um lugar que não fosse a Jolly, conhecer coisas que não eram de um navio e ainda, mesmo que não soubesse naquela idade, havia recebido algo de minha mãe como presente de meu pai. Mesmo que eu já tivesse o colar com o pingente de cisne, foi bom ganhar algo de minha mãe.

Ah, e como ela fez falta para meu pai naquele dia.

Ele não sabia, mas ela acompanhou nós dois naquele dia, o tempo inteiro. Desejando imensamente estar ao nosso lado naquele dia tão especial para todos nós… mas ela não podia. Não devia chegar perto de nós.