Vou me comportar, Evans escrita por L C Crimson


Capítulo 2
Capítulo 2




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Acordei e pulei da cama quando me lembrei que era dia 24. Dali a algumas horas seria a ceia de natal com Lilian e eu imaginava que seria a melhor ceia da natal da minha vida.

A neve caía lá fora, então escolhi um suéter preto que eu tinha porque ele era mais quente que os demais, enrolei meu cachecol da Grifinória, mexi aleatoriamente nos meu cabelos e limpei meus óculos.

—Olha só quem já está acordado! -Sirius mal havia aberto os olhos. -Está ansiosa, princesa? Falta umas doze horas pro baile, Cinderela.

—Calado, Sirius. -Bufei indo na direção da saída do dormitório, mas parei no meio do caminho e fiquei encarando minhas botas.

—O que há, Pontas? -Almofadinhas bocejou e levantou-se indo para o banheiro.

—É que… -As palavras estavam todas bagunçadas em minha mente, fazendo-me gaguejar. -É que Lilian…

—Desembucha!

—Lilian aceitou fácil demais.

—Está pensando que talvez ela estivesse sob efeito de álcool?

—Exatamente. -Ri. -Estou pensando em perguntar pra ela se está tudo confirmado para hoje a noite, só que receio que ela diga que estava confusa.

Sirius apoiou-se na batente da porta do banheiro enquanto escovava os dentes. Tentou dizer alguma coisa, mas tudo saiu como resmungos.

—Sabe o que eu entendi? Nada. -Disse eu.

Ele ergueu um dedo pedindo um instante e entrou no banheiro. Quando voltou, sua boca estava livre e secava o rosto recém-molhado com uma toalha. Disse:

—Você só vai saber se perguntar, mesmo. Mas não creio que Lilian se embebedaria. Ela é chata, Pontas, chata! Toda certinha! Não faria nada por impulso. Se aceitou seu convite, é porque realmente irá jantar com você!

—Ainda assim… -Comprimi meus lábios.

—Vai lá e pergunta. Depois encontre Remus e eu no campo de Quadribol.

—Tudo bem.

Saí do dormitório, desci as escadas e segui pelos corredores sempre olhando em volta em busca de cabelos ruivos escuros. Evans tinha mania de acordar cedo (eu, como um grande admirador, sabia disso) e fazer alguma coisa produtiva: adiantar matérias, fazer deveres, estudar para provas. Sempre estava na biblioteca, mas não naquela manhã.

Encontrei-a tomando café da manhã no refeitório, conversando com uma menina mais nova que eu desconhecia. Quando a menina me viu, apontou para mim e Lilian virou-se. Sorri, nervoso, e desviei o olhar. A jovem fez menção de se levantar, mas fiz um gesto para que parasse.

—Pode ficar -eu disse. -Serei breve.

Sentei-me ao lado de Lily com as pernas viradas para fora e de costas para a mesa. Sorri e ela ergueu as sobrancelhas em resposta.

—Eu queria confirmar se, ãh… Se vamos mesmo, ãh…

—Jantar juntos na ceia?

—É! Isso!

Ela sorriu, sincera.

—Já disse que sim, Potter.

—Ah, é que… Você sabe, não é? -As palavras se embolaram novamente. -É um tanto… estranho e repentino.

Lilian sorriu novamente.

—Já te vi paquerar várias meninas, Potter, mas nunca te vi constrangido diante de alguma delas.

—É só com você. -Disparei sentindo meu rosto esquentar. -Você é diferente. Nenhuma delas eu fiquei perturbando por anos, fiquei?

—Não, só eu tive esse azar!

Sorrimos juntos dessa vez e ficamos quietos por algum tempo.

—Eu vou encontrar Sirius agora. Então… Onze horas?

—Onze horas. -Evans assentiu voltando a prestar atenção em seu café.



Apesar do clima estar bastante frio, tomei outro banho às dez horas e troquei de roupa optando por um suéter verde escuro, um casaco preto por cima, o cachecol da Grifinória enrolado no pescoço e luvas de palmas que deixavam meus dedos livres.

Fechei a porta do banheiro atrás de mim e avistei Sirius e Remus pulando de um lado para o outro com chifres de rena saindo de suas cabeças enfeitiçadas.

—Jingle bells, jingle bells, jingle all the way! Oh, what fun it is to ride in a one horse open sleigh!*

—Estão me plagiando? -Perguntei me referindo aos chifres.

—Estamos assim para te desejar boa sorte e dizer que estamos do seu lado! -Aluado me abraçou rapidamente. -Ah, e Sirius tem um rabo de rena também.

No mesmo instante, Sirius saltou virando de costas para Remus e eu e balançou o quadril.

Realmente havia um rabo de rena lá.

Gargalhei tão alto que meus pulmões doeram e meus olhos lacrimejaram.

—Equipe do Potter! -Almofadinhas começou a fazer passos de líderes de torcida.

—Venham cá. -Chamei rodeando meu braço no pescoço ligeiramente mais alto de Remus e agarrando a manga do suéter de Sirius. -Vocês são meus melhores amigos. Peter também, é claro. É ótimo ter vocês comigo!

—O mesmo, Pontas! -Sirius abraçou-nos fortemente.

—Desejo tudo do melhor pra vocês! -Confessou Aluado.

—Agora chega desse momento muito, muito esquisito. -Desvencilhei-me. -Tenho uma Evans para conquistar!

—Boa sorte! -Sirius gritou pulando e virando-se de costas para balançar o quadril e mostrar seu rabo.

Remus riu e ordenou em tom de brincadeira:

—Comporte-se, Almofadinhas!

 

Meus passos eram mais largos do que nunca. Senti-me numa montanha-russa: quando os carrinhos estão subindo e a gravidade puxa nossos corpos para trás. Era uma sensação esquisita que misturava medo, ansiedade, curiosidade em relação ao futuro próximo...

Algumas pessoas faziam o mesmo caminho que eu na direção do refeitório, mas nenhuma fazia com tanta inquietação.

O cachecol parecia sufocar, as botas pareciam frouxas, minhas mãos soavam e não era por causa das luvas, uma mecha rebelde atrapalhava meu campo de visão, a barra da calça estava mais comprida do que deveria... Tudo parecia ter uma dimensão maior do que realmente tinha.

Tive medo de ela não aparecer, de ser só uma brincadeira de mau gosto… Ah, mas ela estava lá.

Ela estava lá.

Avistei seus cabelos ruivos de longe: ela estava parada, em pé, olhando para a árvore de natal e observando os enfeites que se mexiam.

Seu vestido era longo, sem mangas e num tom bem claro de roxo; seu cabelo estava preso num rabo-de-cavalo baixo; para afastar o frio, tinha um pano denso roxo escuro envolvendo seus ombros e braços.

Mesmo que ela estivesse de costas, eu já sabia que estava linda.

Aproximei-me e toquei seu ombro levemente.

Sorrindo, ela se virou.


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Notas finais do capítulo

*"Tocam os sinos, tocam os sinos, tocam por todo o caminho. Oh, é tão divertido conduzir um trenó puxado por um cavalo [...]" ou "Bate o sino pequenino, sino de Belém. Já nasceu Deus menino para o nosso bem [...]"



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