Trilha Sonora escrita por LEvans


Capítulo 16
Capítulo 15 - One


Notas iniciais do capítulo

Heeeey people!! Tudo bem com vocês? Eu seeeei que demorei, peço perdão por isso!! Mas não quero adiar mais esse momento. Vamos ao capítulo!



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Nosso momento no quarto não durou muito. Aparentemente, eu não era a única a querer matar a saudade de Harry, eu tinha que dividi-lo com meu irmão. Nada mais justo, claro. Esses dois eram inseparáveis desde sempre, mas Rony por perto significava Harry longe de mim. E quando eu digo longe, quero dizer que eu não podia ter seus lábios nos meus, seus braços rodeando minha cintura ou sua mão descansando despreocupadamente em minha coxa. 

Apesar disso, Harry sentou ao meu lado o tempo todo. Hermione chegou trazendo nosso jantar, com três pizzas que devoramos rapidamente. Ignorei os olhares sugestivos que ela lançava em direção a mim e ao melhor amigo do meu irmão. Pensei que o fato nos mantermos perto um do outro, com alguma parte do nosso corpo se tocando, não escondia que havia de fato algo entre nós, embora eu ainda não soubesse nomear.   

Se Hermione havia notado, então meu irmão seria perfeitamente capaz de perceber os sinais também. Eles estavam lá o tempo todo: nos olhares, nos sorrisos, nos carinhos involuntários. Mas só tive certeza de que Rony não estava totalmente alheio ao que estava acontecendo entre o seu melhor amigo e eu depois que Harry e Hermione haviam partido. Talvez o longo abraço e o beijo em minha bochecha que Harry havia me dado tenham sido muito sugestivos, mas quem se importava? 

—Ok. O que exatamente tá rolando entre você e o Harry? -Perguntou Rony, suspirando. O modo como ele falou me fez perceber que ele estava guardando aquela pergunta já fazia algum tempo. 

—Não sei. - Respondi sincera, e Rony revirou os olhos. 

—Gin… Eu sei. Posso até ser insensível as vezes, mas não sou cego. Ele vivia perguntando de você. -Disse ele, sentando no sofá bem ao meu lado. -Então não adianta mentir pra mim, pirralha.

—Não to mentindo, Rony. Eu não sei o que tá rolando entre nós. -Eu estava apenas sendo sincera, até porque, negar o óbvio seria idiotice. -Acho que nem ele sabe, na verdade.

Meu irmão respirou fundo, como se tivesse pensando muito bem nas suas próximas palavras. Era bom que ele pensasse mesmo.  

—Prometi pra Mione que eu não ia me meter. Mas se ele te magoar… -Disse ele, entregando o que eu já desconfiava: ele havia conversado com a namorada sobre Harry e eu. 

—Ele é seu melhor amigo. -Lembrei. 

—E você é minha irmã. É claro que prefiro Harry do que qualquer outra pessoa, mas Gin… Ele ‘tá morando em outro país. 

Achei até sensível da parte de Rony me lembrar o único fato que eu infelizmente não esquecia. Mais do que isso, seu tom não era de implicância, o que mostrava que sua preocupação não se tratava apenas de ciúme bobo de irmão mais velho. Ele parecia realmente preocupado e me olhava como se eu fosse uma menininha frágil, o que de fato nunca fui.

—Eu sei disso. Mas eu sei cuidar de mim mesma, Rony. 

—Ok… Tá bem. - Disse ele, mas eu quase podia ouvir todas as baboseiras que ele queria me dizer ecoando em seu cérebro. Ele estava realmente tentando levar a sério o que prometera à Hermione e amei mais minha cunhada por isso. -Então acho que estamos conversados. 

—Perfeitamente. -Eu já queria acabar com quela conversa, de modo que fui logo levantando do sofá. 

—Mas nada de agarração na minha frente. -Emendou ele. Bufei. Não seria Rony sem que ele soltasse alguma provocação. 

Cruzei os braços e me virei novamente em sua direção, já que eu estava quase chegando nas escadas. 

—Não se preocupe, seremos mais discretos que você e a Mione. -Provoquei, e Rony levantou do sofá imediatamente, as orelhas muito vermelhas e eu não consegui esconder o sorriso de presunção. 

—Olha aqui, Gin… 

—Ué, só você pode se agarrar com a sua namorada? 

—Eu não sabia que você e Harry já eram namorados. -Retrucou ele e eu poderia apostar que ele achava que aquilo me afetaria. 

—Não somos, do mesmo modo que você não era da Lilá quando transou com ela na varanda. -Devolvi, relembrando uma antiga amiga sua e o episódio de quando eu havia os flagrado numa situação comprometedora, sabendo que aquilo sim despertaria o lado raivoso e idiota do meu irmão. 

—Você tinha que lembrar disso, não é mesmo? -Disse ele, a cara totalmente fechada pra mim. 

—E você tinha que comentar algo idiota, não é? -Retruquei, levantando as sobrancelhas e desafiando a continuar com aquela discussão que ele já sabia que estava errado. 

—Desde que não seja na minha frente, você pode se agarrar com quem quiser, Ginny. 

—Não se preocupe, eu tenho quarto. 

—Pirralha…

—Tem uns motéis muito bons também. -Completei, só para provocar. Eu nunca disse que era inocente.  

—Ótimo! -Agora era ele que queria logo se livrar da conversa. 

—Ótimo! -Respondi, subindo correndo as escadas, sorrindo divertida. 

Me joguei na cama, relaxando os músculos. Estiquei o braço para pegar meu celular no meu criado-mudo. Havia uma mensagem de Harry. 

 

Harry, O chato: Já estou com saudade, Sapinha. 

 

Como eu estava sozinha em meu quarto, não havia riscos de ninguém flagrar meu sorriso bobo. 

 

Ginny W: Eu também, Harry. 

 

Harry, O chato: Acho que não sou mais o melhor amigo do seu irmão.

 

Ginny W: Como assim? 

 

Harry, O chato: acho que ele finalmente se deu conta de que quero agarrar a irmãzinha dele. 

 

Ginny W: Aff. O que ele fez? 

 

Harry, O chato: Na vdd, nada. Apenas uma mensagem curta e direta dizendo pra eu não magoar você. 

 

Ginny W: hahahahaha o que você respondeu?

 

Harry, O chato: Agradeci o apoio :) 

 

Gargalhei alto no colchão.

 

Ginny W: Isso era mesmo importante pra você? 

 

Harry, O chato: Não posso negar que me preocupei um pouco com isso no início. A última coisa que quero é magoar você e perder meu melhor amigo. 

 

Ginny W: E o que pretende fazer sobre isso?

 

Meus dedos foram mais rápidos que meu ceébreo ao digitar e enviar aquela mensagem. Percebi que estava mesmo com medo do que existia entre nós, mas nada desencorajada a viver aquilo. Covardia não combinava em nada comigo, além disso, não fazia mal algum nos conhecermos melhor. Eu só queria saber se nossos pensamentos estavam alinhados. 

 

Harry, O chato: Ser discreto e continuar te agarrando longe dele, Sapinha. 

 

Claro que sua resposta deu início a uma série de mensagens provocativas que sempre faziam com que eu fosse dormir excitada demais, desejando logo poder vê-lo e aliviar minha agonia. Mas os dias que se seguiram só fizeram com que ela piorasse. Minha rotina no trabalho e na faculdade me ajudaram a manter os pensamentos em ordem, porque quando eu estava com Harry eu só conseguia pensar nele. 

Verdade seja dita. Quando estávamos juntos, eu sequer conseguia pensar. Eu nunca havia desejado tanto alguém como eu o desejava e sabia que era correspondida. Eu podia sentir em seus olhares, em seus toques, e nos beijos que conseguíamos trocar nos poucos momentos que conseguimos ficar sozinhos. Nos primeiros dias de Harry em Londres, seus pais, claro, o reivindicaram só para si. Eu nem sequer poderia julgá-los quando eu mesma o queria só para mim, de preferência em um lugar onde tivéssemos privacidade. Mas infelizmente Rony quase sempre estava por perto. 

Exceto quando Harry decidiu, por acaso, ir me buscar no trabalho no fim do meu expediente, me pegando completamente de surpresa. Fora um dia atípico no jornal, de modo que acabei ficando bem mais tempo depois do meu horário. Max havia se oferecido para me dar uma carona e estávamos a caminho de seu carro quando uma buzina chamou nossa atenção. 

—Harry! -Respondi, surpresa ao vê-lo ali. Havíamos trocado mensagens antes do almoço mas logo depois uma matéria me ocupou por completo, de modo que nem olhei meu celular pelo resto da tarde. -O que você tá fazendo aqui?

—Vim te resgatar, é claro. -Respondeu ele, enquanto descia do carro. Seu olhar rapidamente encontrou Max ao meu lado antes de se aproximar de mim para deixar um beijo em minha bochecha. 

—Max ia me dar uma carona. -Falei, apontando para o meu amigo que parecia… desconfortável? 

—Que gentil. -Comentou Harry, me fazendo franzir o cenho, embora não houvesse ironia em seu tom de voz. -Como vai, cara? 

—’Tô ótimo. -Respondeu Max, que parecia ter levado um tapa na nuca. 

E então, alguns minutos de silêncio se instalaram. Max ficou olhando para Harry, especificamente para seu braço que confortavelmente enlaçou minha cintura, enquanto o moreno olhava cheio de expectativas para mim, claramente esperando uma deixa para me levar dali. Mas eu não queria ser grosseira com Max, não quando ele havia ficado para além de seu horário só para levar para casa. 

Em contrapartida, eu queria muito entrar naquele carro com Harry.

—Max… -Comecei, um pouco sem graça, mas ele não deixou que eu terminasse. 

—Tudo bem, ruivinha. -Disse ele, sorrindo compreensivo, colocando as mãos no bolso. 

—Você não precisava ter me esperado. -Acrescentei. 

—Relaxa, eu tava precisando mesmo adiantar algumas matérias da próxima semana. -Disse ele, e parecia sincero. -Acho que vou indo nessa, então. Te vejo amanhã? 

—Obrigada, Max. A gente se vê amanhã. -Eu disse, me afastando de Harry para dar um rápido abraço no meu colega de trabalho. 

—Até mais. -Disse Max educadamente em direção a Harry, e se afastou para longe de nós. 

— “Ruivinha”? -Questionou Harry, depois que entramos em seu carro e ele deu a partida. 

—Não comece.

—Muito original da parte dele. -Havia ironia em cada sílaba de Harry. 

—Você queria que ele me chamasse de Sapinha? -Provoquei. 

—Claro que não, só eu posso te chamar assim. Mas “ruivinha”? Qual é! -Disse ele, achando graça. 

—Eu acho que eu mesma posso decidir como podem me chamar, não acha? 

—Acho. -Respondeu ele, rapidamente. -É claro. Mas posso julgar as estratégias dos outros caras. E chamá-la de “ruivinha” com certeza não ajuda em nada, voce sabe. Ele gosta de você, Sapinha. 

—Eu sei. 

Harry avaliou minha expressão rapidamente quando paramos em um sinal vermelho. 

—To dizendo que ele não quer só seu amigo. -Reiterou. 

—E por que você acha isso? -Perguntei, embora eu mesma já tivesse tido minhas suspeitas em relação aos sentimentos de Max. Mas ele nunca havia deixado nada explícito. Na verdade, ele era a única pessoa com quem eu estava começando a estabelecer uma espécie de amizade no trabalho. Max sempre se mostrou muito solícito para me ajudar, além de se importar com a minha opinião sobre os próprios textos que escrevia. Ele até me fizera esquecer da presença da antipática Cho Chang.  

—Eu não poderia culpá-lo, não é mesmo? -Disse Harry, me lançando um outro sorriso que achei fofo demais para o meu próprio bem. -Ele não gostou muito de me ver lá. 

—Ele ia me dar uma carona. -Lembrei a ele. 

De repente, Harry passou a encarar o trânsito mais seriamente. 

—Ele te espera pra levar pra casa sempre? -Quis saber ele, e notei uma pitada do que presumi ser ciúme. 

—As vezes. -Falei, tentando não rir. Harry ficou um minuto em silêncio, parecendo concentrado demais nos carros a sua frente ou simplesmente ocupado com os próprios pensamentos, de modo que finalmente percebi, com o silêncio repentino, que nada tocava no som do carro. -Posso escolher a música? 

—O carro é seu, Sapinha. -Respondeu ele e rapidamente adicionei a playlist do U2, já que o show seria no outro dia. 

—Pra onde estamos indo? -Indaguei, quando percebi que o caminho que ele tomava não era o que nos levaria até minha casa. Claro que eu ainda estava curiosa sobre seus pensamentos, mas não sabia como indagá-lo sobre eles, então resolvi esperar o melhor momento para fazer aquilo.

—Pensei em irmos comer alguma coisa. Tá com fome, Sapinha? 

—Faminta. -Respondi. 

—Ouch, então tenho que alimentar esse dragão. -Falou ele, me fazendo gargalhar. 

Harry me levou em uma hamburgueria completamente nerd. Quando chegamos lá, ele deu a volta no carro somente para abrir a minha porta e segurou a minha mão. De mãos dadas, meu coração se aqueceu e senti cambalhotas no estômago diante do pensamento de que eu gostava muito delas unidas daquele jeito. O que tínham definitivamente não poderia ser resumido a palavra “relacionamento”, mas com certeza já era mais do que tínham antes da sua viagem. Essa constatação me alegrava no mesmo passo que me assustava. 

Tentando ignorar esses pensamentos, me prendi na hamburgueria. A decoração era cheia dos heróis da Márvel, DC e Star Wars. As paredes estavam repletas de quadrinhos de modo que passamos bons minutos conferindo-as antes que nossos pedidos ficassem prontos. 

—Ansioso para amanhã? -Perguntei, antes de dar mais uma mordida no meu hamburguer. 

—Para o show? Muito. -Respondeu ele, roubando um pouco do meu suco. -E você?

—Tô tentando me distrair pra ver se o tempo passa mais rápido, mas acho que ele já descobriu meu plano e tá passando bem lentamente só pra me irritar. 

—Eu posso te distrair, Sapinha. Sou muito bom na arte das distrações. -Disse ele, roubando uma das minhas batatas fritas. 

—É mesmo? -Perguntei, fingindo curiosidade. 

Harry me respondeu com um sorriso e com um carinho leve na minha coxa, que foi suficiente para arrepiar todas as fibras do meu ser. 

Ficamos conversando por horas, no fim das contas. Ele perguntou mais sobre o jornal e sobre Max. E também me perguntou sobre meu término com Dino. Mas não me senti desconfortável em falar nada sobre aquilo, não quando eu mesma fiz minhas perguntas. Já havíamos conversado soobre tudo aquilo por telefone, claro, mas pessoalmente era diferente. Ele podia ver minhas reações e eu as dele. Eu podia ao menos tentar ler seus pensamentos através das suas expressões faciais, e ele podia deixar um beijo no meu ombro e bagunçar meu cabelo fazendo o carinho mais gostoso de todos. 

Nossos momentos no telefone sempre eram especiais, mas nada se comparava com o fato de estarmos a menos de cinco centímetros um do outro. Nos conhecíamos havia anos, mas quando finalmente nos aproximamos de fato, descobrimos mais do que uma atração. Senti que finalmente eu o estava conhecendo de verdade, de modo que eu não podia mais definilo simplesmente como o melhor amigo do meu irmão. 

Harry passara a conhecer muito de mim, parte que ninguém mais conhecia. As músicas? Continuavam lá, agora mais do que nunca. Podíamos dividir o fone de ouvido e rir da voz ridícula quando o outro cantava. Eu podia corar com ele me encarando e dizendo o quando eu era linda, e eu podia fazer carinho na sua nuca, descobrindo sem querer que aquele era um de seus pontos fracos. 

Foram horas tão deliciosas que o tempo realmente pareceu passar mais rápido. Quando ele me deixou em casa, no entanto, apesar da tensão quase palpável entre nós, Harry me deu um beijo carinhoso, segurando meu rosto quase como se eu fosse de vidro e pudesse quebrar a qualquer momento. 

—Até amanhã, Sapinha -Disse ele, fazendo um carinho gostoso na minha bochecha antes que eu saísse de seu carro. 

Dormi leve, feliz, escutando U2. E acordei antes mesmo que o alarme de meu celular tocasse, mal acreditando que o dia do show finalmente havia chegado. Foram meses de espera, mas sonhos existem para serem realizados. Então eu aproveitaria cada minuto daquela experiência. 

Harry e eu trocamos poucas mensagens durante o dia. Muitas delas foram informações sobre o show, que horas tínhamos que chegar e quais eram os nossos portões. Olhei a previsão do tempo e vi que havía pouquissima chance de chover. 

Na hora de finalmente me vestir, recebi uma ligação de Hermione. 

—Com que roupa você vai? -Ela quis saber, e eu gargalhei. 

—Com a minha, é claro. 

—Você entendeu o que eu quis dizer! -Acusou ela, também rindo.

—Bem, estou encarando meu guarda-roupa nesse exato momento. Ainda vou pensar em algo. Mas vou escolher roupas confortáveis, já que iremos ficar algumas horas em pé. 

Acabei optando por uma saia jeans cintura alta, tênis, meias pretas e uma blusa da mesma cor escrita “i love U2”. Fiz um rabo de cavalo bagunçado no cabelo e resolvi passar um batom vermelho. Me olhei no espelho e gostei do resultado. Eu estava completamente pronta para cantar minhas músicas favoritas. 

Harry passou pra me pegar no horário combinado. Rony já saíra, pois Hermione morava um pouco longe do estádio onde o show aconteceria, mas marcamos um ponto de encontro lá perto de modo que não foi difícil nos encontrarmos. 

Muitas pessoas reunidas me causava uma espécie de nervoso, mas eu estava ansiosa demais e não parava de sorrir. Quando finalmente entramos no estágio, Harry segurou minha mão e seguiu Rony, para que não nos perdêssemos. 

Haviam milhares de pessoas ali. Muitas carregavam cartazes, outras trajavam blusas com trechos das músicas da banda. Eu já podia sentir alguns fios de cabelo se prenderem na minha nuca devido ao suor causado por tanto calor humano, mas era reconfortante demais estar no meio de pessoas com bom gosto musical.

 Ansiedade corria por minhas veias, de modo que eu não conseguia me manter parada. Assim que decidimos ficar num local não muito perto do palco, mas perto o suficiente para que pudéssemos ver os movimentos do vocalista, Rony se encarregou de comprar algumas bebidas para nós. Eu ficava alternando o peso do meu corpo para lá e pra cá, passando o olho pelas pessoas que nos cercavam e mordendo a parte interna da minha bochecha esquerda. Embora eu quisesse que aquela noite durasse bem mais do que algumas horas, não via a hora de ouvir minhas músicas preferidas e cantar bem alto até que o Bono pudesse me ouvir. 

—Você tá muito ansiosa, Sapinha. -Disse Harry, próximo ao meu ouvido. Havia muitas coinversas e risos ao nosso redor, e alguns sons aleatórios vindos do palco, de modo que não conseguiríamos nos ouvir sem que chegassemos perto um do outro. 

—A hora não passa. -Reclamei.

—Quer que eu apresse o relógio?

—Seria ótimo, obrigado! -Falei, rindo de sua pergunta ridícula. 

Os minutos se arrastaram. Mais pessoas começaram a chegar e fomos obrigados a ficar mais próximos um do outro. Rony voltou com algumas bebidas e molhamos nossa garganta, sabendo que a usaríamos muito durante a noite. Hermione encostou a cabeça no peito de meu irmão quando ele a abraçou por trás, naquela postura típica de namorados superprotetores. 

Olhei para Harry, que mantinha as mãos no bolso de sua calça jeans com os olhos fixos no palco, mas sua perna balançando denunciava sua ansiedade. Ele estava lindo com sua blusa azul marinho. Os cabelos despenteados e os óculos formavam um contraste perfeito, fazendo algumas mulheres lançarem olhares em sua direção. Como se não fosse o bastante, seu perfume tomava conta de todo ar ao meu redor estando tão próxima a ele. Pensei nas músicas que trocamos durante o último ano e sorri, pois não havia mais nenhuma outra pessoa com quem eu gostaria de estar naquele momento. 

—Vai começar. -Disse ele. Sendo bem mais alto que eu, ele tinha uma visão privilegiada. 

Fiquei imediatamente na ponta dos pés. Com a movimentação em cima do palco, houve uma movimentação que nos espremeu por alguns segundos, dificultando meu apoio. Segundos depois, senti as mãos de Harry segurarem em minha cintura e me puxarem em sua direção, fazendo com que minhas costas ficassem roçando em seu tronco. 

—Pode me usar como guindaste, Sapinha. -Falou ele, deixando um beijo em minha bochecha. Ele riu quando eu propositalmente pisei no seu pé por causa do comentário. 

—Só porque você é quase do tamanho do Big Ben, não quer dizer que pode sair por aí mexendo com as pessoas de tamanho normal. -Falei, virando o rosto para encará-lo. 

Ele sorriu, e seus olhos demoraram alguns segundos em minha boca antes de me responder. 

—É por isso que eu só mexo com você, Sapinha. As pessoas normais dificultam sua visão. 

Em resposta, belisquei de leve seu braço, e ouvi sua risada gostosa em meu ouvido. Mas o show logo começou e acabou com qualquer conversa. Meu olhos ficaram vidrados no palco e nas movimentações da banda. A energia da platéia era surreal, de modo que era impossível ficar parado. Pulamos em vários momentos, de modo que não ficamos abraçados mas também não ficamos totalmente distantes um do outro. 

No intervalo de uma música ou outra, eu voltava a descansar minhas costas no peito de Harry, principalmente nas músicas mais lentas. Quando os primeiros acordes de with or without you começaram, suas mãos rodearam novamente na minha cintura para descansarem na pele nua da minha barriga que a blusa não escondia. Minhas mãos descansaram em cima das suas, não havia outro lugar para eu apoiá-las e minha cabeça tombou em seu ombro, sua respiração agora em minha têpora. 

Eu estava adorando todo aquele contato e passamos o resto da música daquele jeito. Em determinados momentos, nos movíamos no ritmo da canção e cantávamos juntos as nossos versos preferidos. 

O coro da platéia abafava quase completamente a voz do vocalista, mas eu só ouvia a voz de Harry no meu ouvido, cantarolando a minha música preferida do U2. Ele poderia estar apenas cantando como todo o estádio, mas o modo como ele apertou seus braços ao meu redor e deixou um leve beijo no meu pescoço quando a música One começou logo depois me fizeram perceber que ele estava cantando pra mim. 

Eu sorri encantada, e me virei para encará-lo diretamente os olhos. Sabíamos aquela de cor, cada palavradinha. E poderia ser até meio clichê a gente cantar e se olhar daquele jeito, mas não significava que era ruim. Longe disso, na verdade. 

Ignoramos Rony e Hermione. Ignoramos as milhares de pessoas ao nosso redor. Aquele era o nosso momento. One havia sido escrita para Harry e eu, e nada nos convenceria do contrário naquele momento. 

Se me beliscassem, eu poderia até acordar. Sorte que aquilo não era um sonho: eu estava de fato no show da minha banda favorita e o homem que eu gostava estava lá comigo, iniciando uma espécie de dança só nossa enquanto ele cantararolava a música pra mim. 

Eu não era do tipo chorona, mas aquele era sem dúvida uma das melhores experiências da minha vida. Acho que meus sentimentos por Harry nunca fizeram tanto sentido quanto naquele momento, com seus braços ao meu redor e sua respirado quente no meu pescoço. Então não pude controlar a ardência em meus olhos e as lágrimas que se acumularam ali. 

Nos últimos acordes da canção, Harry voltou a me olhar nos olhos e sorriu bobamente quando percebeu que eu estava bem emociona. Uma de suas mãos de subiram para colocar uma mecha de meu cabelo para atrás da minha orelha, num gesto cheio de carinho. 

—Você é linda, Gin. -Disse ele. Eu não o escutei, claro, mas fui capaz de ler seus lábios. 

Então nos beijamos bem ali. Na frente de Rony, na frente de Hermione. Na frente do U2 e de milhares de outras pessoas. Foi carinhoso e profundo.

Foi mágico. 

—Não acredito que estamos vivendo isso, Harry. -Falei, e ele beijou a ponta do meu nariz. 

Eu poderia dar pulinhos de felicidade, mas me virei de volta para o palco e aproveitamos juntos a última música do show. No outro dia, com certeza eu estaria sem voz, mas quem se importava?? Eu estava tão anestesiada que sequer sentia as dores nas minhas pernas, por ficar tantas horas em pé. 

—Foi incrível, Sapinha. -Disse Harry, quando o show terminou. Ao nosso redor, as pessoas já se encaminhavam para a saída, mas eu continuava lá, sorrindo feito boba olhando para o lugar onde a banda havia sumido.     

—Harry… Eu nunca vou esquecer dessa noite. Eu… Nossa, não sei nem o que falar ou como agradecer. -Falei, ofegante, virando-me novamente em sua direção, incapaz de parar de sorrir. 

—Foi especial pra mim também. -Disse ele, me abraçando novamente pela cintura. Estávamos atrapalhando a passagem de algumas pessoas na direção da saída, mas não nos importamos. -Principalmente porque você ´tá aqui comigo, Gin. 

—Você é incrível, Harry. -Falei, pulando literalmente em seu pescoço para lhe dar um abraço apertado. -Onde estão Rony e Hermione? -Perguntei, finalmente olhando ao redor e percebendo a ausência do casal. 

—Bem, eles tiveram um momento também. -Falou Harry, me colocando no chão para começarmos a caminhar em direção a saída. -Não acho que eles estejam muito preocupados com a gente no momento. 

O modo como Harry me olhou me deu a certeza de que, no outro dia, eu teria uma conversa interessante com a minha cunhada. 

Demoramos alguns minutos para sair do estádio. Naquele momento, comecei a sentir as dores nas minhas pernas, mas eu ainda estava extasiada demais para me importar. Harry e eu caminhamos de maos dadas, parando para trocar alguns beijos bem demorados pelo caminho, até que começou a chover e fomos obrigados a correr. 

Entramos dentro do carro ofegantes e completamente encharcados. Gargalhamos do nosso próprio azar com toda aquela roupa molhada, mas Harry logo deu ouvidos à razão e ligou o aquecedor do carro para que não morressemos de frio. 

—Pelo menos foi depois do show. -Falou Harry, tirando os óculos para limpar as gotículas de água que haviam se estalado em suas lentes. 

—Seu cabelo tá molhando tudo! -Falei, vendo que algumas gotículas pingavam de seus cabelos bagunçados. -Ei!

Harry, de implicância, passou as mãos pelo cabelo, fazendo com que os respingos me alcançassem. Tentei me esquivar o máximo que pude, mas eu estava tão encharcada quanto ele. 

—A sua sorte é que eu já estou toda molhada, Harry Potter.

—Jura? - Ele me lançou um sorriso malicioso, finalmente recostando-se no seu banco em frente ao volante e vestindo novamente seus óculos.. 

—Ah, não é o que você está pensando. Vai precisar de um pouco mais de esforço pra isso. Você não é tão irresistível assim. -Provoquei, entendendo sua insinuação. 

Harry me encarou por alguns minutos. Meu coração batia rápido, adrenalina corria por minhas veias e minha respiração ainda estava descompensada. 

—Não posso dizer o mesmo sobre você, Sapinha. -Disse ele, ainda me olhando. E embora eu tivesse ciência de que eu estava, na verdade, uma enorme bagunça encharcada, seu olhos me fizeram sentir como se eu estivesse bem diferente disso. 

Não sei se fui eu que o ataquei ou se foi Harry que me puxou de encontro a si, ou possivelmente os dois, sedentos, que já não aguentavam tanta distância, ainda que estivéssemos a centimetros um do outro dentro daquele carro. Só sei que, no segundo seguinte, nossas bocas estavam completamente coladas. 

Sem qualquer cerimônia, apoiei uma perna do lado da sua em seu banco para poder passar a outra por cima de suas coxas, de modo que eu ficasse sentada em seu colo e de frente pra ele, numa posição que facilitava demais o desejo que ardia em nossos olhos.

Se aquilo não estivesse entre nós desde o início da noite, talvez agissemos menos desesperados. Mas havia uma necessidade incessante no ar. Eu o queria imediatamente perto e seu toque firme e sem um pingo de hesitação em minha pele me dizia que ele me queria na mesma intensidade. 

Então nenhum de nós se preocupou muito com o fato de estarmos no estacionamento de um estádio e com a rapidez daquele amasso. Fomos direto ao ponto.  

A mão de Harry foi imediatamente para minha bunda, ainda por cima da saia, apertando-a de uma maneira que quase me fez revirar os olhos em aprovação aquele gesto. A sua outra mão, porém, subiu por minha barriga, se infiltrou por minha blusa e não hesitou ao cobrir um de meios seios por cima de meu sutiã, apertando de um jeito gostoso demais aquela carne sensível. Seu toque em mim, quente e firme, me fez arranhar a pele de seu pescoço, gemer em seu ouvido e mover meus quadris contra sua parte mais sensível, adorando sentir aquele sinal tão claro de seu desejo por mim. 

—Porra, Gin -exclamou, quando eu lambi a pele de seu pescoço e me movi novamente contra seu colo, suas mãos nunca parando de me acariciar. -Preciso sentir você.

Levei uma de minhas mãos até o botão que ficava ao lado do banco, e que eu sabia que o fazeria inclinar para trás. Harry sorriu em meus lábios quando sentiu seu corpo se inclinar junto com o banco, e a sua mão antes em meu traseiro desceram do local em direção aos meus joelhos, somente para depois subirem por minhas coxa agora por baixo da saia jeans.  Mordi seu lábio inferior e aquilo foi todo o incentivo que ele precisava para ir adiante, subindo as mãos até alcançar aquela barreira mínima mas que nos deixava tão longe. 

Senti o tecido da minha saia subir e não me importei. Também senti os dedos de Harry brincaram com o elástico de minha calcinha como se ela fosse a corda de um violão e, embora não emitisseem nenhum som, fez com que eu ofegasse e que minhas unhas afundassem na carne de seus ombros. Nossos lábios se desgrudaram e ambos olhamos para baixo, onde seus dedos encontravam o tecido fino da minha roupa íntima inferior. Eu levantei um pouco meu corpo e Harry puxou meus jeans para cima, fazendo com que eles se acumulassem em meu quadril. Voltei a sentar em suas coxas e seus dedos invadiram minha calcinha, tocando em meu ponto mais sensível. 

—Harry! -gemi, minha respiração pesada. O vidro do carro já estava começando a ficar embaçado. 

Seus dedos iniciaram uma dança lenta e totalmente deliciosa, de modo que eu não hesitei em acompanhar, movendo-me contra aquela carícia tão intíma, mas ao mesmo tempo tão certa. E, ainda que não estivéssemos exatamente confortáveis, tudo aquilo não deixava de me deixar altamente excitada, e o volume já nítido em baixo de mim me mostrava que ele sentia o mesmo. 

A boca de Harry procurou ávida pela minha, inciando um beijo profundo e quente, onde sua língua acompanhava os movimentos de seus dedos sob minha calcinha. Então, seu toque se intensificou e meus quadris se moveram no mesmo ritmo acelerado de seus dedos, de modo que qualquer tentativa minha de tentar conter os gemidos que saíam de minha boca foram falhas. Eu estava cada vez mais próxima do topo da sensação gostosa que me tomava, e os movimentos de Harry contra minha parte mais sensível cada vez mais intensos, constantes me levaram ao ápice da minha excitação, me fazendo desgrudar a boca da dele para jogar a cabeça pra trás.  

Seus dedos só pararam quando obtiveram tudo de mim, fazendo-me sentar de volta no colo de Harry, meus joelhos fracos pelos movimentos anteriores. Senti um vazio quando ele subiu com sua mão, mas estremeci quando, olhando pra mim,  colocou os dedos na boca, sentindo o meu gosto. 

—Você é gostosa pra caralho, Sapinha. -Disse ele, enquanto eu ainda o olhava ofegante, os lábios entreabertos. Seus dedos saíram de sua boa e foram para a minha coxa, na parte que minha saia jeans e a meia que terminava um pouco acima dos meus joelhos não cobria. -Gin, Gin… Sabe quantas vezes sonhei em fazer isso com você, Sapinha?  

—Harry, eu… -Comecei, mas apenas sorri, ofegante e encarando-o incrédula, porque eu queria mais. 

 -Gin… -Começou Harry. Notei que ele tremia um pouco, e eu não saberia dizer se era de frio. -Você quer…

—Podemos ir pra sua casa. -Sugeri, antes que ele pudesse terminar a frase. 

—Podemos. -Concordou ele, dando um sorriso enviesado. -Não queremos atrapalhar Rony e Hermione. 

—Seria muito cruel da nossa parte. -Emendei, tentando me recompor.  

—Muito.  

Meio desajeitada, pulei de volta para o meu banco. Harry só me deixou ir com a promessa não dita de que aquilo entre nós não havia terminado. Havíamos chegado no nosso limite. Chega de expectativas, de momentos incompletos e de desejos acumulados. 

A noite estava apenas começando. 

 


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Notas finais do capítulo

É oficial: estamos na reta final de TS. Menos de 5 capítulos nos separam do fim. Ansiosos? Sei que demoro, mas eu sempre volto. E esse ano especialmente, coloquei como uma das minhas metas concluir algumas fics. Tenho tantas outras ideias no papel! Quero muito mostrar todas elas a vocês, mas acho que um bom começo seria terminar as que ainda estão em andamento, não acham?
Comentem, quero muuuito saber o que vocês acharam!!! Comentários me inspiram a continuar!!!
Alguém aí tem alguma ideia do que vai acontecer no próximo capítulo?? hihihihi
Um grande beijo, pessoal!! Espero ver vocês nos comentários!!



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