Like a Rolling Stone escrita por MrsSong


Capítulo 14
Anything, Anything


Notas iniciais do capítulo

Agradeço à DaianaCaster pela recomendação. Muito obrigada.
Para quem não conhece, "Anything, Anything" é uma música da banda Dramarama. Amo essa música.



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Estávamos nos beijando com a sede de um perdido há dias no deserto, até que Giane se soltou do meu abraço e me encarou, como se quisesse parar tudo antes que fôssemos longe demais. Observou as caixas jogadas no chão e me disse:

— Precisamos voltar para casa, cara.

— Por quê? - perguntei sem camisa enquanto observava Giane observar as peças que possuía ali. O ventre completamente à mostra porque também estava sem camiseta.

Seios bonitos como os dela não deveriam ser cobertos nunca, eu tinha decidido. Ela não se importava com sua relativa nudez, acho que modelos não sentem desconforto por conta da carreira e do fato que acabam tendo que se trocar na frente de inúmeras pessoas.

Não reclamaria se conseguisse a visão que ela estava me proporcionando mais vezes. Definitivamente. E tentei não pensar naquelas tais fotografias para o Andy.

— Porque daqui algumas horas é o evento do seu pai e, por mais que você se negue, você vai, Fraldinha. - ela respondeu, pegando uma espécie de terno e o observando antes de largá-lo na caixa com um suspiro.

— Ele mentiu para mim! - lembrei e ela me encarou sem paciência.

Como se eu fosse um garoto mimado que merecesse tomar uma bronca porque estava tendo um ataque de manha.

— E também fez de tudo para que fosse bem-educado e se sentisse amado por ele. - Giane ressaltou, pegando outra peça, parecendo entediada ao colocá-la contra o corpo. - Você precisa lembrar que ele só fez o melhor que pôde dada a situação, Fabinho.

— Que situação? A que a minha mãe não se importava e quem se sentiu mal com isso foi a enfermeira que cuidou dela? - eu reclamei e ela me encarou. - Pela mulher que me pariu, eu teria crescido num lar de crianças abandonadas! No mesmo lar que a Amora foi encontrada!

— Pensa assim, teríamos crescido juntos e você teria sido menos fraldinha. - ela sugeriu com um meio sorriso, tentando fazer a situação ser menos horrível para mim.

Uma vida conhecendo e crescendo com Giane… Ter sido o primeiro daquela maloqueira, ter passado a minha vida ao seu lado. Parecia interessante demais, mesmo que eu tivesse a certeza de que crescer com o amor do meu pai era melhor que a sensação de abandono de ambas as partes.

Mesmo que eu tivesse a certeza de que meu pai não teria culpa.

— Eu não quero ir na pré-estreia, pivete. Podemos ficar aqui? - sugeri e ela riu sem o menor pingo de humor.

— Num apartamento que não tem nada? - ela me perguntou e eu a observei com meu melhor olhar de cachorro que caiu da mudança.

— A gente pode pedir uma pizza e ficar aqui em vez de virarmos animais de circo para a mídia, que tal? - sugeri e ela me encarou com uma sobrancelha arqueada e um sorriso completamente cínico.

— Adivinha?

— Não? - perguntei e reparei que Giane encarava uma jaqueta de couro como se considerasse a possibilidade.

— Exatamente. - ela me encarou por sobre o ombro e eu notei a tatuagem em sua nuca.

— Garota, seus rockstars não sabem mesmo como te fotografar. - comentei pegando meu celular (cheio de ligações de Malu e meu pai que não atendi) para fotografá-la. Ela riu, vestindo a jaqueta e me encarando.

O cabelo desgrenhado, os lábios vermelhos… A aparência tentadora. Giane era tudo o que eu jamais acreditei que fosse possível existir em uma mulher.

Mas desejei com toda força.

— Vou avisar que você quer trabalhar como fotógrafo do novo álbum deles. Eu fui convidada para ser capa mais uma vez. - ela comentou sem muito interesse.

— O rockstar está cheio de saliências com você, então? - tentei disfarçar meu ciúme com deboche.

Porque, sim, eu sentia ciúme da Giane.

— Não, ele quer que eu fotografe para a capa do novo álbum dele. Um trabalho, só isso. - ela respondeu e continuou percorrendo suas roupas. Parecia interessada em uma saia verde metálico e eu não acho que era no sentido bom de interesse.

— Você não está nem aí para esse cara, né? - perguntei sentindo um pouco de esperança.

— Não estou nem aí para cara nenhum, Fraldinha. - ela respondeu. - Agora se arruma que temos que te deixar em casa para você ir para a festa do seu pai.

Aquilo doeu, mas eu não podia deixá-la perceber que sua falta de interesse em mim tinha machucado. Porque eu precisava de Giane perto de mim.

 

A mídia estava vibrante com a minha presença, enquanto eu só pensava em voltar para casa e assistir alguma série de TV das antigas de pijamas. Monty Python cairia bem agora, pessoalmente.

E agora vamos falar com a modelo que não modela, namorada que não namora e florista que não cuida direito das flores: Giane de Sousa”. Corta para minha expressão desconfortável.

— Giane! - uma voz conhecida exclamou meu nome e eu percebi tarde demais que era Lara Keller. - Uma palavra para o Luxury, querida?

— Comam os vegetais e os legumes, crianças. - eu disse sem muito interesse.

— Isso é você assumindo publicamente sua gravidez? - ela perguntou fingindo interesse.

— Não, essa sou eu dizendo que as crianças desse país deveriam comer todos as verduras e legumes para crescerem fortes e saudáveis. - respondi abrindo um sorriso animado. - Não é, Malu?

Malu passava por perto e abriu um sorriso contente em me ver, se aproximando.

— O quê? - ela perguntou, percebendo as câmeras em nossa direção.

— Estava dizendo para Lara da importância de uma alimentação com verduras e legumes na infância. Para ajudar no crescimento da criança, sabe? - debochei sobre o tamanho de Lara, mas Malu, a pessoa angélica, logo começou um pequeno discurso sobre alimentação saudável e cuidados infantis.

Me afastei discretamente, sendo puxada pela cintura por Fabinho que queria me apresentar a todo mundo do filme. Sorri e me envolvi numa conversa interessante com o diretor de fotografia e com a responsável pelos figurinos.

— Posso tirar uma foto? - um jornalista perguntou com um sorriso educado e Fabinho e eu abrimos sorrisos contentes idênticos.

Antes do flash estourar, Fabinho depositou um beijo em minha bochecha, arrancando uma risada das pessoas ao nosso redor.

Parecíamos um casal em sintonia. Gente jovem e apaixonada… O tipo de foto que eu detestava que tirassem de mim agora parecia só uma grande gracinha.

O fotógrafo se afastou e eu sabia que ele receberia uma boa grana por aquela foto, por mais boba que ela fosse.

O engraçado foi que eu não me importei em saber que eu seria notícia em sites de fofoca.

Plínio decidiu se aproximar pouco tempo depois da foto adorável que tirei ao lado de Fabinho. O sorriso que ele me deu era claramente falso, mas ele parecia estar contente ao meu lado para as fotos.

— Precisamos conversar. - ele disse entre dentes e eu abri mais ainda meu sorriso para as câmeras.

No shit, Sherlock.

Foi então que Plínio começou a gargalhar e as câmeras começaram a pipocar as câmeras em nossa direção e me encarou com um sorriso real.

— Plínio Campana, como você se sente sobre o relacionamento de seu filho com Giane? - um jornalista mais corajoso perguntou e Fabinho se aproximou com Malu.

Família de comercial de margarina.

— Giane é uma mulher forte e determinada. O tipo de pessoa que queremos ver com nossos filhos. - ele respondeu.

— O fato da garota ser linda quase não ajuda, não? - o jornalista engraçadinho perguntou e os outros riram do com gosto. Eu vi vermelho, sentindo meu sangue ferver nas veias.

— Giane é muito mais do que bonita, cara, e se você acha que o que me atraiu nela foi a beleza, não sabe quão inteligente e interessante ela é. Que vergonha, cara. Que vergonha. - Fabinho me defendeu e fiquei mais irritada.

— Isso é uma forma de não ser posto pra dormir no sofá, hein? - comentou outro sem-noção.

Não sou mulher que espera homem vir me salvar. Eu posso muito bem me defender.

— Sabe, eu não gosto de ouvir comentários sobre a minha aparência que eu não tenha perguntado. E, vejam só, principalmente quando não são comentários direcionados para a minha pessoa. - lembrei com um sorriso cínico. - Mas, por favor, continue. Como eu posso alterar a minha existência para agradar vocês?

Então os flashes disparavam loucamente e eu já via os programas de televisão falando como eu era uma mulher cheia das vontades e mimada… Nada que eu nunca tivesse ouvido ao meu respeito.

Como se eu me importasse realmente com o que pensam sobre mim.

 

GIANE DE SOUSA ESTÁ DE VOLTA!

A modelo resolveu lembrar a todos nós porque ela é quem é.

 

Quem acompanha o mundo da moda sabe que algumas modelos são bad girls naturais e Giane de Sousa é uma dessas garotas que sabem ser más e são extremamente sexys ao serem.

Ela, que parecia estar bem mais calma com o relacionamento com Fábio Campana, mostrou que suas garrinhas nunca deixaram de ser afiadas regularmente ao lembrar a mídia que ela não gosta de ser tratada como só uma garota bonita na pré-estreia do novo filme do seu novo sogro, que parece bem contente com a norinha, Plínio Campana.

Pelo menos dessa vez ninguém teve o nariz quebrado, não é, queridinha? Seria constrangedor fazer isso na frente do seu novo sogro, que é um homem tão discreto.

Vale também lembrar que as más-línguas dizem que Fábio Campana também tem fama de garoto problema, inclusive tendo um possível histórico com drogas… Será eles são os nossos novos Kate Moss e Pete Doherty? Se for o caso, já queremos acompanhar de perto esse relacionamento que pode ser cheio de reviravoltas, muito sexo, drogas e rock’n’roll. Bem de perto, viu, pombinhos?

 

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— Vim conversar. - disse e percebi Plínio lendo a notícia sobre a minha volta ao mundo que diziam que eu pertencia, mesmo que não quisesse.

Na verdade, nunca quis.

— Você veio explicar porque a mídia parece acreditar que você quebrou o nariz de um jornalista uma vez? - Plínio debochou me encarando sem paciência. - Eu entendi, Giane. Você não quer ser lembrada de quem você foi, eu posso respeitar isso.

— Mas? - perguntei o observando sem paciência.

— Você sabe muito bem que meu filho está emocionalmente envolvido com você. Provavelmente bem mais do que você. - ele parecia bem mais velho de repente. - A vida toda ele passou se sentindo abandonado e agora ele tem você…

— E eu pareço tão errada para seu filho de bairro nobre, não é? - perguntei debochada.

— Nunca isso, Giane! Eu não sou o homem ruim que você pensa que sou! - ele se defendeu e eu o olhei furiosa.

— Então quem você é, Plínio Campana? - perguntei num fio de voz.

— Um pai que teme pela felicidade do próprio filho, Giane. - ele me respondeu francamente.

 

Duas semanas depois…

 

Ah, Giane, essa é a Rita de Cássia e a amiga dela, a Margot. Elas leem para as crianças. - Malu me explicou, enquanto transportávamos as caixas das roupas que tínhamos separado para o leilão. - Essa é a Giane, namorada do meu irmão.

— Prazer. - abri o meu melhor sorriso ao apertar as mãos delas.

— Você é muito bonita pessoalmente. - Rita me disse, ainda segurando as minhas mãos. Eu agradeci e logo começamos a conversar.

As duas pareciam ser pessoas muito boas.

 

JAQUETA EXCLUSIVA DE GIANE SERÁ LEILOADA

Anúncio veio por meio do site do projeto Pitanga e Mirtilo

 

Quem viu as fotografias da pré-estreia de Saudade, o novo filme de Plínio Campana, pode ter reparado na jaqueta de couro super estilosa que a modelo Giane de Sousa usava no evento do último dia 15.

Pois bem, Malu Campana acaba de postar um vídeo no site em que ela e Giane separam as peças da modelo para o evento e, sim, a jaqueta estava na lista de roupas disponíveis para lance.

O Bazar ocorrerá no próximo final de semana. Espero que tenham preparado suas carteiras, porque a lista de peças para o leilão só cresce e temos vontade de comprar tudo!

Principalmente porque é para uma boa causa.

 

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Como se faz para se dizer que desejamos ser mais do que amigos para uma pessoa que finge não saber do nosso interesse? Como eu posso convencer a garota de que eu posso ser uma opção maravilhosa para a vida dela?

Como convencer a Giane que ela me ama?

Os sites de notícia pipocavam histórias sobre como Giane e eu estávamos vivendo como hedonistas em meio a lençóis finos e muito sexo.

Infelizmente, uma mentira. Principalmente porque ela estava me evitando.

— Pensar demais faz o cérebro entrar em curto-circuito, Fabinho. - Érico me disse se sentando na minha frente.

— Foi o que me disseram, mas eu preciso pensar mesmo que seja só um pouco, não? - rimos e ele me encarou como se pesasse as palavras.

— Tenho uma proposta para você. - ele disse e eu dei uma gargalhada e o encarei.

— Uma daquelas que eu não posso recusar? - perguntei imitando Dom Corleone.

— Exatamente. - Érico também imitou, entrando na brincadeira.

 


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