I Will Survive escrita por Iphegenia


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, queridinhos!
Mais um capítulo para vocês ♥
Recebi uma pergunta pertinente sobre a relação de Henry e Regina na frente de Júlia e gostaria de aproveitar para dizer a todos que uma conversa a respeito disso acontecerá no próximo capítulo. Eu já escrevi essa parte e espero que seja esclarecedora.
Qualquer dúvida vocês podem perguntar nos comentários que eu respondo tudinho.
Boa leitura!



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Durante aquela noite na delegacia, Emma, que se voluntariou para o plantão, não conseguia se concentrar nos relatórios, no livro que levou para passar o tempo, em acertar os dardos, no preso e nem mesmo nos brownies de chocolate. Sua mente viajava até a conversa que teve com Regina mais cedo. Havia ficado muito claro que a morena não se incluiu entre aqueles que precisariam lutar pela cidade. Emma sabia que Regina não era uma má pessoa, apesar de seu passado. Sabia que ela era apenas rainha Regina antes de alguém acrescentar o má, não apenas no nome. Havia humanidade naquela mulher que criou seu filho com tanto amor, que fazia bolo de chocolate para a filha pequena e que dançava e cantava enquanto cozinhava. Antes mesmo de ser exilada, Regina estava mudando, e agora, cinco anos depois, ela era uma pessoa doce e generosa. Emma percebia isso pelo olhar castanho escuro e pela forma com que a morena a tratou desde que se reencontraram. Mesmo sendo rivais na última vez que haviam se visto, Regina foi educada, gentil e estavam construindo uma amizade bonita, pelo menos por parte dela. Então, por que Regina estava se recusando a ajudar a salvar a cidade? Essa era a pergunta que ela se fazia quando David chegou na estação e a despertou de seus pensamentos ao depositar um copo de chocolate quente a sua frente.

— Por que não está dormindo?

— Eu estou de plantão, a ideia é ficar acordada. - Emma experimentou a bebida ainda um pouco distraída e acabou se queimando. - Droga!

— Mas você sempre dorme. - Ao receber um olhar irritado da loira, David caminhou até a cela do homem que havia invadido a cidade no dia anterior. - Ele já falou alguma coisa?

— Nada. - Emma encarou o desconhecido buscando a confirmação que precisava, uma vez que esteve tão distraída, que se ele falasse algo, ela não ouviria. - Eu já vou. Bom trabalho!

Emma caminhou pelas ruas da cidade até o porto e sentou-se em um banco encarando o mar. Tentou fugir dos pensamento que a rondaram a noite toda antes que enlouquecesse, mas eles se recusavam a deixá-la. Escorou-se e fechou os olhos. Nesse momento sentiu algo cair sobre ela e depois atingir o chão. Abriu os olhos assustada e encontrou um pássaro morto, ele não parecia ferido, seu pescoço não parecia quebrado e ela havia amortecido sua queda, ainda assim ele estava morto. Como um estalo, a resposta da pergunta que se fez nas últimas intermináveis horas lhe abateu.

Emma estava segura de que Regina não fugiria para sua outra casa levando a filha e talvez até Henry. Ele não era mulher de fugir. Com isso concluiu que quando Regina se excluiu daqueles que lutariam contra os invasores, ela estava se rendendo. Como aquele pássaro, Regina havia desistido. A rainha não estava disposta a lutar pela vida por sentir-se morta.

Imediatamente Emma correu até sua casa e pegou a mesma garrafa que tinha levado até Regina duas noites atrás, e foi até a mansão. Bateu incessantemente na porta até ela ser aberta por uma Regina irritada e com a filha no colo.

— Ela estava dormindo, Swan. Que desespero é esse?

Emma ignorou a pergunta e entrou na casa com passos largos em direção à cozinha. Pegou duas taças, derramou a bebida e ofereceu para Regina.

— Eu não vou beber com você agora, Swan. Não são nem 7h.

— Lembra o que nós brindamos aquela noite? - Emma colocou as taças sobre o balcão, passou as mãos pelos cabelos de Júlia chamando sua atenção e, quando a menina lhe estendeu os braços, a pegou no colo e caminhou até a sala. - Nós brindamos a vida.

— E? - Regina observou Emma colocar Júlia no sofá e lhe entregar o pinguim de pelúcia que estava junto de uma pequena manta na poltrona ao lado. Após isso, a loira voltou para a cozinha.

— Eu entendo que você está sofrendo, que o seu mundo perdeu a cor e o sentido, mas você precisa reagir. - Emma, novamente, estendeu uma taça para Regina, mas a morena apenas olhou. - Você disse que precisa honrar o sacrifício de sua esposa, ao abrir mão do tratamento em nome da filha de vocês, e existe maneira melhor de fazer isso do que lutando por ela tanto quanto Luna lutou? Você não pode desistir, Regina. Você não morreu, você está viva!

Regina sentiu o nariz arder e a garganta se fechar com o choro que queria sair sempre que ela pensava sobre aquilo. Respirou fundo, soltou o ar lentamente e encarou a loira.

— Foi apenas um brinde, Swan. Ninguém presta atenção no que é dito. Agora eu gostaria que você fosse embora.

Emma deixou a mansão sem nem mesmo se despedir, estava frustrada e com raiva. Ela sabia que o tempo estava se esgotando, que ela precisava de uma estratégia de guerra e que sem Regina ela nunca conseguiria vencer, mas sua frustração ia além disso. Ela também sentia raiva por Regina desvalorizar a qualidade da própria vida, pois todos ali sabiam que quando Storybrooke fosse tomada, caso sobrevivessem, seriam presos ou escravizados. Emma não conseguia entender como Regina podia saber disso e estar em paz, saber qual seria o destino dos seus dois filhos e não se importar. Quando já estava perto de sua casa, deu meia volta e bateu novamente na mansão.

— Pelo amor de Deus, Swan. Pensei que tivesse sido clara quando...

— Diga que eu estou errada. - Emma a cortou. - Eu tinha certeza que você não iria embora e nos deixaria aqui reféns do tal rei, mas você insiste em recusar-se a lutar e essa é a única coisa que faz sentido no momento, uma vez que você não permitiria que seus filhos sofressem nas mãos dos invasores.

— Entre. - Regina usou o tom mais calmo que conseguiu e levou a sheriff até o escritório. - Sente-se.

— Regina…

— Eu já entendi, Swan. - Regina pegou um documento na mesa e caminhou até poltrona que ficava de frente para o sofá onde Emma estava. - Você está parcialmente certa. Eu não estarei aqui quando essa guerra eclodir. Eu não tenho forças para lutar por nada e Júlia é muito pequena para passar por isso.

— Eu não posso acreditar. - Uma lágrima de decepção rolou pelo rosto de Emma. De tudo que ela ouviu sobre a morena, de tudo que elas viveram, Emma nunca seria capaz de imaginar que Regina fugiria de uma luta, abandonaria o seu reino. Ela acreditou que Regina lutaria, não necessariamente por amor ao povo, mas por orgulhoso que fosse. Emma aceitaria qualquer razão, qualquer atitude, menos essa.

— Emma, eu nunca disse que ajudaria com isso. - Regina sentiu um nó se formar em sua garganta ao ler os sentimentos no rosto da loira. - No entanto, em fiz uma lista. - Estendeu o documento que tinha em mãos. - Estes são os meus Cavaleiros Negros que estão na cidade. Eu irei convocá-los, traçarei uma estratégia de luta e farei com que eles treinem o restante da população. Após isso, eu vou embora e gostaria de levar o Henry. Isso aqui não vai ser lugar para ele, ao menos por um tempo.

— Você sabe que isso não será suficiente. Nós precisamos de você.

— Pode ser suficiente. - Regina colocou a lista no colo de Emma, que se recusava a pegá-la. - Você estava certa mais cedo. Eu não morri, mas me sinto uma pessoa morta que ainda respira, que conversa, que dorme e acorda, mas, ainda assim, morta. Lutar contra sei lá quem não vai fazer com que isso mude.

— Regi…

— Eu estou te oferecendo uma chance, salvadora. É pegar ou largar.

Emma pegou a lista em seu colo e saiu pela porta mais frustrada que da última vez.

 

***

 

Emma passou os próximos dois dias evitando Regina. Ela soube pelo pai que a morena havia se encontrado com os Cavaleiros Negros e que já trabalhavam em uma estratégia. Nesse período ela ficou praticamente todo o tempo na estação interrogando o soldado do tal rei Dionísio, que ela nem sabia se era mesmo um soldado. As informações que ele deu não eram nenhuma novidade para a sheriff. O exército do rei estava esperando o feitiço de isolamento de Rumple cair para invadir a cidade, tomá-la, prender a realeza e escravizar a população, “isso se não decidirem pela morte de todos”, era o que ele sempre dizia. Sobre planos de como pretendiam atacar a cidade e quais armas tinham, ele se recusava a falar.

— Minha mãe já teria arrancado o coração dele e o obrigado a contar tudo. - Henry chegou assustando Emma, que encarava a expressão debochada do homem.

— Você acha que eu deveria fazer isso?

— Não. - Henry apontou para a sacola que tinha em mãos e acenou para que Emma o acompanhasse até a mesa. - Trouxe rosquinhas açucaradas.

— Só isso pode animar o meu dia. - Emma sentou-se na cadeira e colocou os pés sobre a mesa.

— Minha mãe perguntou por você.

— É? - Emma tentou parecer desinteressada, mas falhou miseravelmente quando seus olhos arregalaram-se brilhantes. - O que ela queria?

— Ela queria saber porquê você não voltou lá. - Henry sentou-se sobre a mesa e mordeu uma rosquinha enquanto oferecia outra para a loira.

— Ela te contou que vai nos abandonar?

— Contou. - Ele limpou os açucares que ficaram grudados em sua bochecha e apontou para Emma. - E eu fiquei me perguntando o que você está fazendo que não é tentando convencê-la a ficar?

— Eu já tentei.

— Tente mais. - Henry deu uma última mordida na rosquinha e saltou da mesa para a cadeira a frente dela imitando a posição de Emma. - E ela não está nos abandonando, ela simplesmente vai voltar para a casa dela. Você fala como se fosse um marido traído.

— Com quem você aprendeu a ser tão abusado? - Emma mirou uma caneta no filho e fingiu arremessar. - Regina não parece ser do tipo que trai. - Henry suspirou não entendo o rumo daquela conversa e revirou a sacola escolhendo mais uma rosquinha. - Ela me disse que sente-se como se estivesse morta.

— Então faça com que ela se sinta viva.

Quando a compreensão atingiu Emma, ela beijou a testa do filho e saiu correndo da estação em direção ao píer. Ela entendeu que estava falando, falando e falando, mas que apenas palavras nunca bastaram nem mesmo para ela e não seria com uma mulher determinada como Regina que surtiriam efeito. O que ela deveria fazer era parar de dizer que a vida valia a pena e, ao invés disso, mostrar esse valor para Regina. Chegando lá, ela revirou cada canto até encontrar algo que viu ali algumas semanas atrás: um jet-ski. Ela tirou o celular do bolso e digitou uma mensagem para Regina.

 

Me encontre no píer antes do pôr no sol. Use trajes de banho.

 

***

 

1º dia

 

No horário combinado Emma estava sentada no píer agitando os pés na água esperando por Regina. A morena não havia respondido a sua mensagem e isso a deixava apreensiva, mas alguns minutos mais tarde ela ouviu passos e levantou-se para receber a rainha.

— Sério? - Regina correu os olhos pelo biquíni que a loira usava. - Amarelo é mesmo sua cor.

— E preto é a sua. - Emma esforçou-se para falar enquanto sua atenção era capturada pelas curvas morenas que Regina exibia. A rainha usava um conjunto de biquíni preto e uma canga branca com transparência amarrada na cintura. - Você veio caminhando assim pela cidade?

— Oh! Claro! - Regina ironizou e apontou para o carro estacionado alguns metros dali. - Então, para quê tudo isso? - Apontou para o próprio corpo e depois para o de Emma.

— Vamos fazer um passeio. - Emma sentou-se no jet-ski e bateu com a mão atrás de si, indicando que Regina deveria fazer o mesmo.

— Não sei se quero fazer isso.

— Vem, Regina.

Resmungando, Regina sentou-se atrás de Emma e enlaçou a cintura da mulher para equilibrar-se na moto aquática, a loira apenas sorriu para as palavras da morena. Já distantes da praia, Emma parou a embarcação e apontou para onde o sol se punha.

— Quando eu era criança achava que o sol era engolido pelo mar.

— E eu achava que ele se escondia atrás da montanha. Era a vista do meu quarto.

— Devia ser uma vista bonita. - Emma pulou no mar e estendeu a mão para Regina.

— E era. - Regina olhou para a mão que lhe era estendida, observou o mar a sua volta e encarou os olhos de Emma. - Natação não é meu esporte favorito.

— Você pode se apoiar em mim.

Emma sorriu para a revelação de que Regina não sabia nadar. Ao olhar para a morena, a loira tinha a impressão de que ela era capaz de tudo, mas descobrir coisas que não conseguia fazer, como nadar, não quebrava a imagem imaculada que Emma tinha dela, apenas fazia com que enxergasse a rainha com cada vez mais humanidade, porque ser humano é justamente isso: não ser perfeito. E Emma já havia vivido o suficiente para saber que era aí que as paixões se fortaleciam.

Regina saltou do jet-ski e montou nas costas de Emma. A rainha tinha o rosto corado de vergonha e isso só fazia com que o sorriso da sheriff se alargasse.

— O que isso significa? - Regina deitou levemente a cabeça para conseguir olhar o rosto da loira, ao menos de perfil, mas não obteve resposta. - Um passeio como esse nas vésperas de uma invasão deve ter algum significado.

— Você acha que a barreira do Rumple pode cair hoje?

— Não.

— Então vamos continuar apreciando o passeio.

Elas ficaram encarando o horizonte até que o sol ser engolido pelo mar ou até ele se esconder atrás dele, como cada uma daquelas mulheres poderia pensar. Quando o céu já estava estrelado, Emma ajudou Regina aboiar e fez o mesmo ficando ao lado dela.

— É lindo. - Regina estava hipnotizada pelas estrelas e brincando, mentalmente, com as formas que poderiam ser criadas se elas fossem ligadas por um fio uma na outra.

— Você quer nadar? - A sheriff recebeu um suspiro frustrado em resposta. - Temos o lençol e o teto perfeito, é um crime estar aqui nesse momento e não nadar.

Emma ficou em posição vertical e trouxe Regina com ela, que imediatamente se agarrou ao seu pescoço. A loira nadou alguns metros e girou fazendo Regina gritar em protestos, mas logo se acabar em risadas, e nesse momento Emma descobriu qual era o seu som favorito no mundo: a risada da rainha. Era grave, mais alta do que Emma previa, ritmada e terminava da melhor forma, com um suspiro.

Em um dos giros, Regina escorregou das costas de Emma e a loira nadou desesperada até ela para ampará-la.

— Tudo bem?

— Tudo. - Regina ainda estava sorrindo e a loira soltou o ar aliviada. Ali, sob a luz do luar, elas se encararam por alguns segundos. Regina corou com o olhar que recebia e Emma usou o tempo para decorar cada centímetro do rosto daquela mulher que, impressionantemente, parecia ainda mais linda.

Regina usou um braço para sustentar-se em Emma e com o outro apoiou-se no jet-ski para conseguir subir. Lá de cima, ofereceu a mão para a outra mulher. Fizeram o caminho de volta em silêncio, mas não um daqueles constrangedores, e sim um que dizia tudo. Regina havia se divertido pela segunda vez desde seu último dia na casa da serra. A primeira, foi ao dançar e cantar com Emma. Então ela percebeu que nos momentos em que não estava chorando escondida ou apertando os lábios para conter as lágrimas diante da filha, ela estava com Emma. De alguma forma era a loira que desencadeava aqueles bons momentos.

Quando chegaram ao píer, Emma desceu primeiro e ajudou Regina. Caminharam juntas até a Mercedes preta.

— Obrigada pelo passeio.

— Eu que agradeço. - Emma abriu a porta, que Regina deixou destrancada, para a morena entrar. - Vai direto para casa?

— Vou pegar Júlia no loft primeiro. Quer uma carona?

— Não. Eu me mudei.

Regina entrou no carro e quando estava prestes a fechar a porta, Emma a impediu.

— Acha que consegue convencer a Mary a cuidar de Júlia amanhã também?

— Para quê?

— Até amanhã, Regina.


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Notas finais do capítulo

Comentários, críticas construtivas, conspirações e ideias são sempre bem recebidas.
Espero que tenham gostado ♥