Um Anjo Em Minha Vida - Concluída escrita por Julie Kress


Capítulo 2
Febril & confuso


Notas iniciais do capítulo

Hey, guys!!!

Fiquei super feliz com os comentários, favoritos e acompanhamentos. Valeu, mesmo!

Espero que gostem! Haha

Boa leitura!!!



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P.O.V Da Jade

Quando chegamos na minha casa, o rapaz já estava consciente. Porém, ele estava muito atordoado e febril, devia estar delirando, pois soltava resmungos incoerentes e pronunciava algumas palavras com certa dificuldade e sem sentido algum, eu não conseguia entender nada. Tive que apoiar seu braço direito por volta do meu ombro, ele parecia não ter equilíbrio e seus passos eram desengonçados, e para abrir a porta de casa, tive que deixá-lo sentado no chão, encostado na parede. Após guardar meu Toyota na garagem, entramos. Acendi a luz da sala e o deitei no sofá, joguei minha bolsa na mesinha de centro e respirei fundo. O rapaz estava fraco e debilitado, precisava de cuidados e de um abrigo. Aquilo tudo era evidente.

— Caramba! O que fizeram com você, hein? - Pousei minha mão direita sobre sua testa.

Sua pele estava pelando de tão quente, os cantinhos de sua boca e seu queixo estavam sujos de sangue seco, assim como o seu nariz. Ele mantinha os olhos semicerrados e a boca entreaberta, seu corpo tremulava e ele apenas conseguia balbuciar uma única palavra naquele momento.

"Al'gnls"

Muito estranho, o que seria "An'gnls"? Uma palavra de uma outra língua, talvez? Qual seria sua tradução? Ou sua mente delirante havia criado aquela palavra? Nada parecia fazer sentido...

— O que eu faço com você? - Murmurei me afastando, comecei a andar de um lado para o outro, circulando pela sala, pensativa.

Sua febre precisava ser baixada urgentemente. E eu não levava jeito algum para cuidar de pessoas doentes e pelando de febre. Como faria aquilo? Oh, deveria tê-lo levado para um hospital, por quê não havia pensado nisso antes?

— Huum. - Um gemido alto escapou por seus pequenos lábios trêmulos e ressecados quando apertei uma pequena toalha de lavabo encharcada de água fria sobre sua testa.

Água fria resolveria, não? Sinceramente, não fazia ideia. Um banho gelado o mataria? Acho que não. Sei lá, como eu poderia ajudá-lo? Como?

— Shh. - Continuei passando a toalha molhada e fria por sua testa, e por seu pescoço. Aquilo tinha que resolver, certo? Senão, ele morreria sob os meus "cuidados". - Aonde dói? - Perguntei, ele não parava de gemer de dor. Aquilo era... Um pouco angustiante, devo admitir.

Por quê diabos eu tinha que entrar naquele beco? Eu deveria tê-lo trazido pra casa? Será que foi uma boa ideia?

Suas mãos subiram para a sua cabeça e ele apertou as laterais, soltou um grito alto, agonizante e quase horripilante que soou pela sala, com o susto me joguei no chão, ao lado da vasilha com água fria. Seu grito de dor continuou tão forte e vibrante, o lustre acima de nós tremeu por alguns segundos, meus ouvidos zuniram e as paredes pareciam estar se mexendo, como se estivessem tremulando. Foi sinistro, muito sinistro mesmo. Trovejou lá fora, a chuva só aumentava e houve uma queda de energia por algumas frações de segundos.

— Mas que porra...? - Levantei-me zonza, olhando para o moreno imóvel, deitado no meu sofá.

Me aproximei com certa cautela e me inclinei um pouco sobre ele, encarando seu rosto. Será que ainda está vivo? Seus olhos arregalaram e ele se engasgou, rolou para a beira do sofá e curvou a cabeça, vomitando puro sangue no meu carpete marrom.

— Merda! - Sobressaltei, dando um passo para trás. Assistindo ele quase pôr as tripas pra fora. Foi perturbador e nojento, seria divertido ver aquela cena num filme de terror, mas na vida real aquilo não era nenhum pouco agradável. Garanto. - Se for morrer, que morra logo! Mas pare de sujar o meu carpete preferido! - Falei alterada.

Seu corpo caiu no chão causando um baque mudo. Será que... Freiei meus pensamentos equivocados quando ele passou a ter uma crise de tremedeira. Que ótimo! Só me faltava aquilo... O cara era epilético. Rapidamente me abaixei, pegando a vasilha com água e cubinhos de gelo.

— Pare com isso! - Praticamente ordenei jogando a água e a vasilha em cima dele.

O moreno cabeludo parou de tremer e ficou completamente imóvel. Que maravilha...

"Aonde eu escondo cadáver? No jardim dos Bennett ou no jardim dos Glinter? Porra, Jade. Pense em alguma coisa! Pense em alguma coisa, e rápido!"

Minutos depois...

— Por acaso o William levou uma garrafa de Absinto para o encontro?" - Tori perguntou alarmada quando estávamos conversando, eu havia ligado pra ela.

— Estou sóbria, Vega! - Me controlei para não xingá-la e prossegui. - Acredite em mim, não estou sob efeito de álcool ou de drogas. - Afirmei convicta.

 — Tem certeza que não está vendo nenhuma fadinha verde sobrevoando sobre sua cabeça? - Riu me fazendo bufar, frustrada.

— Tori... - Pronunciei seu apelido irritada. - Dá pra parar com isso? É sério. Eu trouxe um homem fraco e debilitado pra casa, ele vomitou sangue no meu carpete e pelo menos agora não está mais com febre. Mas ele está dormindo pelado no meu sofá! - Falei tentando manter a calma.

Sua risada irritante ecoou do outro lado da linha e eu a xinguei mentalmente.

— Como assim você carregou um sem-teto para a sua casa? Enlouqueceu, Jade. - Indagou, séria.

— Agora você acredita em mim?

— Acredito... - Ouvi ela suspirar profundamente.

— Ele não parece um mendigo! - Comentei, observando ele dormir, parecia tão sereno.

— Mas parece surreal, sabe? Você teve compaixão. Tô ficando emocionada... Se eu tivesse no seu lugar, sairia correndo e nem olharia para trás. E você se arriscou entrando naquele beco... Meu Deus! Amiga, você salvou a vida dele. Pois ele poderia estar morto, com certeza iria congelar lá, largado no chão. - Disse me fazendo refletir.

— É... Você tem razão. Portanto, ainda estou brava com você. Que tipo de amiga arruma um encontro com um completa babaca para a outra? Nunca mais faça isso, entendeu? - Esbravejei.

— S-sim. - Gaguejou. - Me perdoa, Jay. - Choramingou. - E o alimente quando ele acordar, ok? O pobrezinho vai acordar faminto. E não o assuste com suas tesouras. Tenha cuidado! E me ligue se precisar. Agora tenho que desligar... Você interrompeu meu orgasmo. Vou voltar a...

— Me poupe, Vega! - Exclamei ainda irritada.

— O André te mandou um abraço... - Falou com a voz soave.

— Hum... Diga a ele que estou mandando outro. Tchau! - Encerrei a ligação na cara dela.

[...]

— Deve servir. - Empurrei uma muda de roupa para suas mãos quando estávamos no antigo quarto do meu irmão. - Jonas não irá se importar mesmo... - Dei de ombros. - Venha... - Agarrei um de seus braços e o conduzi para o banheiro. - Fique à vontade! - Abri o box, liguei o registro e o empurrei para dentro.

Nenhuma palavra saiu de sua boca desde a hora que ele havia acordado. Mas eu sabia que ele não era mudo... Talvez, fosse apenas um doente mental. Recolhi os portas-retratos do meu irmão e guardei todos dentro da última gaveta da cômoda que havia ali. Fechei as portas do guarda-roupa e sentei na cama de solteiro. E fiquei ali sentada e pensando. Quêm era aquele homem? Por quê ele parecia tão perdido e sem memórias? O que havia acontecido com ele? Como foi parar naquele beco? Por quê eu decidi ajudá-lo?

Depois de alguns minutos, a porta do banheiro foi aberta. E ele saiu de lá sem toalha, completamente molhado e com seus cabelos lisos e pretos respingando. Evitei olhar para suas partes íntimas e levantei da cama, indo até ele.

— Qual é o seu problema? Será que tenho que secá-lo e vestí-lo? - Indaguei impaciente.

Entrei no banheiro e peguei a tolha que estava no suporte, respirei fundo pegando a muda de roupa também.

— Acho que você vai me trazer problemas. - Murmurei me colocando nas pontas dos pés para poder secar seus cabelos. Ele era uns oito centímentros mais alto que eu, ou talvez uns dez. - Fica quieto! - Mandei empurrando-o contra a cama, o fazendo sentar. - Espero que você não seja chave de cadeia. - Parei de secar seu cabelo e fitei seu rosto, ele era todo lisinho, pele perfeita. Não havia nenhum mísero machucado, mas ele estava sangrando quando eu o trouxe. Mas o quê? Por quê seu rosto estava em perfeito estado, então?

Fiz ele levantar e passei a enxugar seu corpo, tomando cuidado para não tocar em suas partes íntimas.

— Tome, vista-se. - Coloquei a calça cinza de moletom e a camisa branca em suas mãos.

Mas ele apenas olhou para as roupas e fez careta.

— Se vista logo! - Me irritei.

Seus olhos castanhos escuros me encararam e ele entortou a boca, fazendo careta novamente.

— Droga! - Revirei os olhos e o puxei. - É tão simples. - Resmunguei e ele largou as roupas no chão e seguiu para perto da janela, ainda chovia e a água batia contra o vidro da janela ruidosamente.

O moreno caladão afastou as persianas e tentou abrir a janela, mas não conseguiu.

— Volte aqui. - O chamei, caminhando até ele.

Parei de andar quando meu olhar se fixou em suas costas desnudas. Algo me chamou atenção. Era uma cicatriz. Uma grande cicatriz na forma de um V maiúsculo estampado em suas costas, estava levemente avermelhada... Voltei a andar e parei atrás dele, tocando o seu ombro.

— Venha, você precisa cobrir sua nudez e comer algo. - Falei com a voz firme.

— Aonde estou? - Foi a primeira vez que ouvi sua voz com tanta nítidez. Era rouca, bonita e me causou um pouco de arrepios.

— Em Boston, na minha casa! - Respondi.

— Hum... - Se virou para mim e se aproximou lentamente, parando tão perto. - Você me salvou, moça de olhos bonitos. - Seus dedos quentes tocaram o meu rosto, me acariciando. - Sinta! - Puxou minha mão direita e a pousou sobre seu coração, estava tão acelerado. - Bate igual ao seu! - Sorriu pondo sua mão sobre o meu, sentindo minhas batidas. Fechou os olhos e respirou fundo. - Acho que não vou me arrepender... - Sussurrou abrindo os olhos, olhando-me profundamente.

O quê? O que ele estava falando? O que significava aquela cicatriz em forma de V? Quêm causou aquilo? Ele era tão... Estranho. 


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Notas finais do capítulo

E aí??? O que acharam??? Algum palpite sobre o nosso moreno???

Até o próximo! Bjs



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