Herança Real escrita por TessaH


Capítulo 17
Eu corro pra você




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"Eu fujo do ódio

Eu fujo do preconceito

Eu fujo dos pessimistas

Mas eu fujo tarde demais

Eu levo minha vida

Ou é ela que me leva?

Fujo de meu passado

Eu corro muito rápido

Ou muito lento, parece."

 

Capítulo 17

Eu estava deitada em uma areia quente. Meu corpo descoberto sob o sol, somente com um biquíni, estava, definitivamente, mudando de cor. Mas eu não me importava, tinha aceitado finalmente a sugestão de Marie em sair para tomar uma cor. Eu me sentia tão feliz, mesmo que não tivesse um motivo aparente.
Apertei fortemente os olhos, querendo estender a sensação gostosa que se espalhava desde meu fio de cabelo até o dedinho do pé.
Felicidade.
Até que percebi uma sombra pairar sobre mim contrastando com o beijo do sol no qual estava me adaptando.
— Serena.
Meu nome foi como um sopro convidativo naquela voz tão conhecida.
Ao abrir meus olhos, fitei o dono de outros dois verdes.
— Está aproveitando?
— E como. - suspirei, feliz, e notei que Conrad se sentou ao meu lado na areia.
Ele estava só de bermuda, dessa vez. Seus músculos desenhados estavam expostos e eu não me lembrava de vê-lo tão bonito quanto agora.
— Veio passear? - arrisquei perguntar, mas não me movi para ficar sentada também.
— O mar estava muito bom. - ele respondeu e notei que ele estava molhado, com gotículas brilhando pelo corpo, cabelo e rosto.
— Preciso te falar uma coisa. - ele disse repentinamente e tive que pôr as mãos sobre os olhos para fitá-lo.
— Pode dizer. - me senti nervosa pelo tom de voz ansioso dele, me fazendo recordar do nosso quase beijo do dia anterior.
— Eu... Er... Não sei como dizer isso de outra forma, então lá vai. - ele engoliu profundamente o ar e soltou. - Estou gostando de você, Serena. De verdade.
Eu fiquei calada diante da declaração.

Meu Jesus.

E ele se aproximou bastante, eu sabia o que viria e nunca nem poderia querer fugir.
Conrad me beijou.
Mesmo beirando meus vinte anos, ele era o segundo cara que eu beijava, mas podia jurar que ninguém no mundo poderia me trazer as sensações que ele me trouxe.
Correspondi ao beijo, ainda sem saber como me sentir por sua declaração branda e como responder, mas depois eu pensava nisso.

Os olhos verdes de Conrad se abriram no momento em que ele se afastou minimamente de mim.
— Eu sabia que você era diferente, Serena. No momento em que trombamos, ou bem antes, quando a vi na festa. Você não existe!
Então ele sorriu para mim de um jeito novo, como se nem abrindo toda a boca pudesse exprimir o que seus olhos deixavam transparecer.
Eu ia responder que eu gostava bastante dele também, da companhia dele, da personalidade, dos olhos, da boca...
Porém um grito ribombou por minha cabeça.
— SERENA! TELEFONE PARA VOCÊ!

Droga! Mil vezes droga!
E como assim eu sonhava com Conrad? Beijando-o?!
Atordoada, me levantei da cama e espantei meu sonho da cabeça.

Eu não ia pensar nisso só para me deixar mais confusa, porque eu me sentia muito perdida ao reviver as memórias ao lado de um certo alguém e vê-las sobre uma perspectiva... Romântica.

O que tinha me dado?
A voz de Marie soou novamente, e eu corri pela casa até onde ela estava.
— É um fotógrafo querendo marcar com você a sessão de fotos que você o prometeu.
Lembrei-me do convite para ser o rosto da próxima matéria da causa beneficente aceitei sem pensar, pois estava distraída, seguindo Conrad com o olhar.
Olha ele de novo nos meus pensamentos!
— Me dá. - peguei o telefone de Marie, que saiu para a cozinha. - Oi, aqui é a Serena.
— Senhorita Kane! Sou James, o fotógrafo do evento de ontem! - o francês do fotógrafo estava carregado de um sotaque britânico.
— Eu me lembro. Você ligou para marcar aquela sessão?
— Exatamente! A revista que me contratou quer publicar o quanto antes! A senhorita estaria livre hoje?
Eu me observei de pijamas e pantufa no meio da sala.
— Er... Não vai dar hoje, senhor James. Será que amanhã pode ser?
Uma dor de cabeça já despontava por trás de meus olhos.
— Oh, pode sim! Anote o endereço, por favor.
Fiz tudo como planejado e desliguei.

Pronto, eu tinha uma sessão de fotos amanhã. Até parecia que era modelo.Ri sozinha com o pensamento e Marie me abordou.

— Está rindo de quê? Demorou a acordar hoje, achei que só estaria aqui para o jantar!
Revirei os olhos.
— Eu estava muito cansada de ontem, tá bom? Abusada!
Marie deu uma risada e me chamou para a mesa.
— Quais são seus planos para hoje, mademoiselle?
— Bom... Vários nadas!
— Seu tio não pôde ficar hoje. Pediu-me para te dizer que só voltará pela noite.
Assenti, frustrada. Sem planos de leituras hoje.
— Então irei me entupir de filmes! E comidas!
— Você não tem jeito!
Marie mandou serviu o almoço e comi, lutando para afastar alguém da cabeça pelo resto do dia, se fosse possível!

♚ *♜* ♚ * ♜

Minha tarde já estava garantida. Inclusive tinha convencido Marie a assistir a alguns episódios de série que eu estava acompanhando.

— Serena, eu tenho meu trabalho!

— É só um pouco, Marie, por favor. - eu implorei mais uma vez só porque não queria ficar sozinha. Toda confusão da minha vida até o momento tinha deixado uma parte de mim insegura.

Fiquei com Marie até o mordomo nos interromper e falar que tinha alguém na porta que queria gostaria de falar comigo. Franzi o cenho e me dirigi à porta.

— Boa tarde, senhorita. - foi o cumprimento do rapaz dono dos olhos que eu tentara afugentar de minha mente o dia todo.

Por surpresa, demorei para cumprimentá-lo, o suficiente para um riso encabulado sair dele.

— Não vai me responder?

— Er... Boa tarde, Conrad. Desculpe, é que fiquei surpresa de vê-lo... aqui.

— Eu imagino... - a frase pendeu no ar e as mãos (que eu sabiam que eram quentinhas!) entraram nos bolsos da calça. - Mas a casa do senhor Burnier é conhecida por aqui.

Eu queria saber mesmo o que você faz aqui, Conrad.

— É. - minha garganta entalada.

Minha relação com Conrad, por incrível que pareça, afinal ele era um rapaz quase da minha idade e atraente (eu não era cega), não fora de momentos constrangedores como estávamos inaugurando aquele. Tivemos momentos para compartilhar em que cada um soube lidar de uma forma inusitada, mas que funcionou, então eu estava incomodada com o silêncio que pairou.

— Olha, você está envergonhado? - soltei, concluindo que ele só poderia estar daquele jeito todo calado se fosse pelo incidente de ontem.

E ele estivera tão transtornado com alguma coisa ontem...

Não, Serena! - ele rebateu rapidamente e viu minha careta descrente. - Quer dizer, mais ou menos porque eu queria pedir desculpas.

— Pedir desculpas, por quê?

— Porque eu avancei para cima de você, Serena, sem nem te perguntar e... Posso entrar?

Dei-me conta que aina estávamos na porta e dei passagem. Ele pareceu tão torturado ao explicar para mim o motivo do pedido de desculpas que nem respondi.

— Queria me desculpar pela minha atitude impensada. Não quero e nem vou estragar nossa amizade.

Pronto. Ele tinha achado um erro.

— Olha, não precisa vir me pedir desculpas porque eu deixei, tá legal? Se tivesse, sei lá, me ofendido eu tinha me portado de forma diferente, pode ter certeza disso.

— O que você teria feito? - um riso escapou dele e percebi que voltava a reconhecer aquela parte do rapaz à minha frente. - Você me bateria, Serena?

— Eu posso fazer pior! - acabei por relaxar e corresponder ao sorriso. - Posso, hm... Que tal blackout?

Conrad arqueou somente uma sobrancelha, bem alto. Quem não conhece essa mania dele, não é mesmo?

Eu gargalhei.

— Deixa disso. Não precisa. - afastei o assunto para não tê-lo que explicar meu último incidente afastando um beijo indesejado. - Quer sentar?

— Na verdade, também vim para fazer uma proposta.

— E qual seria?

— Já que você ainda é uma turista pelo principado, queria te mostrar um lugar que combina com você.

— Uau, estou surpresa!

— Então vai logo trocar de roupa, pequena - Conrad soltou bem relaxado, acomodando-se no sofá da sala. - Eu espero.

Tentei não me desconcertar com o apelido. Oras! Ele já tinha me chamado de pequena e não tinha mexido tanto comigo! Vamos lá, Serena, acalme-se!

— É melhor esperar e pedir um chá a Marie porque vou demorar! - gritei para provocá-lo e tentar resgatar a Serena normal que aflorava em mim como sempre e não aquela maior de idade que suava frio feito uma adolescente.

— Duvido você ser do tipo que demora, querida.

— Vamos apostar?

  ♚ *♜* ♚ * ♜  

http://enterview.fr/musee/oceanographique.html

(visite você o museu pelo modo 360°!)

 

A viagem com Conrad no carro foi, no começo, estranha. Sob meus olhos, um choque de imagens era transmitido, porém com um olhar diferente de antes. Eu passara a ver aquele rapaz ao lado somente como um cara com quem paguei um mico ao conhecer... Trombei nele fugindo de outro desconhecido, não pretendia nada, tampouco ficar observando-o com outros olhos, outras intenções. E por uma brincadeira do destino, continuei naquele principado por mais dias e a cada surpresa, eu ia encontrando-o, aproximando-nos e já estávamos conversando como velhos amigos e, ainda assim, eu não me sentia daquela forma, afinal ele estava sendo solícito como outras pessoas também o eram, Marie, Vic, tio Jean... Embora eu soubesse no fundo, que a companhia dele era preferível sobre as demais.

Deixei-me levar pela insegurança devido a magnitude do evento que eu protagonizara e acabei estreita nos braços dele, desejando tanto quanto ele, aquele velho conhecido, dos olhos verdes mais bonitos que eu já tive o prazer de fitar, que se aproximasse até não restar uma distância entre nós.

Desde quando, Serena?

Aquilo não podia continuar, aqueles novos olhos, aquela ânsia... Você vai embora, Serena, minha mente me dizia. Ele também é inatingível, quem seria você aqui?

E quem, em primeiríssimo lugar, disse que era recíproco?

Balancei forte a cabeça, porque aquele redemoinho de pensamentos e apreensão me deixavam fragilizada, com saudade da minha rotina, do meu conhecido e causariam lágrimas. O que não entrava em questão.

— Mas então... Eu perdi a aposta.

Forcei um sorriso sem mostrar os dentes.

— Eu trapaceei mesmo, então...

— Sabia! - ele me olhou de relance enquanto se fixava na estrada. - Nem valeu, viu?

— Eu sei que não, relaxa.

Cortei o papo, mas nem foi por querer, só tinha batido uma leve tristeza pós-crise existencial.

— Que houve, Se? - Conrad se virou para mim ao estacionar. Era a primeira vez que alguém me tratava com apelido do meu próprio nome. - Você ficou tristinha no caminho, não quer mais ver a surpresa?

Fiquei mais mal, se fosse possível, porque ele estava todo preocupado, franzindo o cenho de um modo... fofo.

— Não, não é isso! Claro que quero ver o que você bolou, não quero perder essa.

— Então o que foi, Se?

Alguém avisa a ele que não dá pra pensar se ele continuar a me chamar assim com essa voz?

— Fiquei com saudade de casa, só, não se preocupa. - omiti. Não era mentira, aquele pensamento também rondou na minha crise existencial do caminho.

— Então vem comigo para eu te mostrar algo que espero que goste tanto quanto eu.

Descemos e notei os trajes despojados de Conrad pela primeira vez, enquanto ele colocava um boné e óculos escuro.

— Ué, pra que isso tudo? - consegui rir um pouquinho, de verdade dessa vez. E ele pareceu mais contente pelo comportamento.

— Este... - ele ajeitou o boné e veio para o meu lado. - sou eu, querida, me disfarçando!

Eu ri.

— E é estrela do rock ou de cinema?

— Estrela dos paparazzi desocupados mesmo. Vem!

A tal surpresa dele era um lugar impressionante: o museu oceanográfico de Mônaco, que ficava em Monte Carlo, por isso demoramos além do normal para chegar já que ficava um pouco distante de Mônaco Ville, a capital.

— Aqui é um dos pontos turísticos que eu mais gosto, depois dos jardins. - Conrad parecia pipocar de empolgação. - Não esquece de me lembrar para te levar lá também!

A estrutura era fincada nas pedras, de frente para o mar revolto. Parecia um castelo sim, e por dentro não deixava a desejar também. Três bifurcações só na entrada, com duas escadarias para cada lado e um monumento à frente. Cada detalhe em dourado ou cada plaquinha indicando os lugares me faziam ter vontade de fotografar tudo a fim de nunca esquecer.

— Já é incrível daqui.

— Imagina o que vou te mostrar. - ele selou, uma promessa expressa nos lábios sorridentes.

Não sei se queria continuar ainda mais. Onde eu estava me metendo, meu Deus. Para de sorrir assim, garoto.

Conrad fez questão de me levar a cada parte do museu, me contando as histórias das peças que achava mais interessante, inclusive quis tirar foto fazendo pose engraçada com algumas. Chegamos a uma parte interessante sobre seres marinhos raros. Um ambiente na iluminação azul, parecendo de verdade as profundezas do mar e entendi o porquê da fascinação de Conrad no lugar. Ele devia ser um peixe!

"O segundo mito, descende da antiga mitologia babilônica, onde existia a Deusa Atargatis, Deusa da fertilidade e do mar, que se apaixonou por um mortal. De uma beleza impressionante, a deusa, movida por um amor maior, quis encontrar o amado.Quando ele morreu, ela se jogou ao oceano com a esperança de se tornar um peixe, mas o oceano não conseguiu transformá-la completamente, tornando-se então metade Deusa e metade peixe."— Conrad leu em uma plaquinha sobre sereias e me sorriu. - Parece você, sereia.

— Uma megera que se suicidou?!

— Bonita, profunda. - ele rebateu. - Gosto de ler mitos sobre elas, mesmo que saiba que não existem.

— Será que não? - brinquei.

Mas ele me olhou sério.

— Quer me mostrar o contrário?

Fiquei muda, e me virei para olhar outras peças, desviando o foco dele. Continuamos a observar quase tudo, igualmente impressionados com aquela beleza marinha. Ao fim, cansados e com fome, Conrad me guiou até uma lanchonete lá fora (e já era noite) e depois de comprar uma besteira para comermos, voltou para o museu e subimos para o terraço.

Ai sim eu fiquei sem palavras e quase engasguei com o café que bebia.

 

O terraço ficava para o mar, que estava negro, porém ao lado a cidade se erguia com pontos brilhantes, e eu me sentia só um espectador da vida diante da imensidão. Saber que cada pontinho brilhante era algum lugar, com pessoas distintas, seus mundos, seus dilemas, aflições e paixões. Quem éramos nós? Ora, nossos problemas eram mesmo tão grandes?

Diante daquilo, eu não tinha resposta.

— É lindo, não é? De dia também, mas agora... Não tem nada igual.

— Nunca vi nada tão bonito na vida. Tão... Significativo.

— Fico pensando no quão pequenos somos nesse principado, nesse país, nesse mundo.

Assenti, sabendo exatamente que sensação era aquela, que ardia em mim mesma.

— Penso se vale a pena tudo que fazemos nessa vida... Pior, me recrimino por ter sido privilegiado e ainda esquentar a cabeça com problemas.

Ah, Conrad, está lendo pensamentos?

— Tive a vida fácil, sim, comparada a de muitos. Sou filho único, cresci em uma casa gigantesca, muito lugar para se esconder e muitos brinquedos. Mas sozinho. - Conrad confessava num sussurro, quase como se me pedisse um segredo, e eu guardaria qualquer palavra sua até o túmulo.

— Mas então, meu primo passou uma boa temporada comigo por problemas em casa, nem sei os motivos até hoje. Eu nem sabia do que importava ser um futuro duque e nem ele, que seria quase um rei. De que valia tanto título? Éramos só crianças, sem pretensões.

Conrad, afogado nas próprias lembranças e em seu croassaint, riu descrente.

— A prima dele também ia pelas tardes brincar conosco porque os pais eram relapsos, não se importavam com a educação da primogênita justo por ser menina. Diziam que iam tentar um menino pra herdeiro, sabe? Só que a mãe sofreu de um aborto e se viram só com ela. Que nem a minha família.

Eu escutava o desabafo dele com o coração nas mãos. Imaginando um menininho de olhos verdes, que só queria brincar, mas já impugnavam-lhe deveres para com uma sociedade hierarquizada.

— O nome dela é Cecile. Na época de criança, a gente sempre acha que tudo é bom, mas crescemos e... Temos um dever.

Eu não conseguia pará-lo, nenhuma palavra saia da minha boca porque não existiam, mas ele não parecia se importar.

— Ela voltou e minha mãe... Argh! - Conrad não terminou, mas parecia mais transtornado do que antes.

— Ela está te obrigando a algo?

— Está. - ele confessou, depois de suspirar pesadamente. - E o pior é que eu sei que devo fazer, porque eu sempre soube. Mas é difícil, parece errado, não sei.

Mordi o lábio inferior, pensativa. Morta de curiosidade sobre o que era, mas não ia me intrometer nos assuntos da família, então continuei a tomar meu café e observar a cidade.

— E você, sereia, o que tem para contar de onde vem?

Ele me perguntou depois do nosso confortador e conhecido silêncio. Parecia mais contido, dessa vez.

— Não tem muita coisa para se descobrir. Vim de um interior aqui mesmo, da França. Desde de garotinha que só tenho meu pai, ele disse que minha mãe morreu quando eu era bebê demais. Vivemos por lá, cresci ali e continuei até o dia em que ele quis tirar férias pela primeira vez. Eu cuidava da casa enquanto estudava e meu pai trabalhava. Nada demais.

Claro que tinha muito percalço, muito chão em toda minha história, mas não queria falar demais para não assustá-lo. Aquilo estava bom, por hora.

— Oh, sereia. - ele murmurou, bem próximo ao meu ouvido, quando ficou atrás de mim. - Você deve sentir falta dela, não é?

Ele meio que me abraçava, com o braço que podia. E foi a primeira pessoa que não detectei pena no tom ao falar da minha orfandade materna. Somente... solidariedade.

— Sinto falta da ideia de mãe. Sinto falta de crescer sabendo o que seria uma, como ela se comportaria comigo, se eu seria diferente por tê-la em minha vida, hoje. Mas da minha mesmo, eu nem posso ter uma recordação, só fico com o desenho na cabeça daquilo que meu pai me conta. Que sou parecida com ela, exceto os olhos.

— Ela deve ter sido uma mulher sensacional, então. - era a segunda vez na noite que Conrad me lançava comentários assim e meu coração esquecia uma batida. - Ouvir você falar de mãe assim me faz pensar na minha.

— Você tem sorte em tê-la ao seu lado.

— É verdade. Mesmo com os contras e pesares, ela é minha mãe.

— Tenho a ideia de que, ao ser mãe, ela vive pra gente, sabe? Então, tem que aguentar as coisas ruins pelas boas, Conrad.

E era verdade. Eu tinha aquela ideia na cabeça porque sempre, na minha vida toda, pensei muito no termo 'mãe' e suas implicações. A gente sente muita falta quando vemos todos tendo algo e você sabe que falta em si mesma, uma parte imprescindível.

— Obrigado pelo conselho, Se. - ele me cochichou, tão baixinho que quase não o escuto.

E no abraço quente de Conrad, com seu suspiro com cheiro de café e olhando para aquela cidade enormemente iluminada, eu percebi que lançávamos uma âncora. Porque eu tinha consolidado um laço com aquele homem, que por mais que eu tentasse fugir, não conseguiria desfazê-lo.

 A confiança.

A reciprocidade.

Ele me contou as coisas escuras do coração e eu compartilhei as minhas. Demos um pedaço de si para o outro e aquilo foi construído e um muro, derrubado. E era irremediável.

No entanto, uma sensação ruim vinha junto. O medo arranhando as paredes do meu coração, querer consumir a corda daquele laço. Eu sabia que no momento que Conrad quebrasse aquela confiança, o que construíamos, eu estaria perdida.

"Este mundo continua girando depressa

Em um novo desastre, então eu corro para você

Eu corro para você querida

Quando tudo parece se tornar lamentações

Querida você é a única para quem eu corro

Eu corro para você."

—*_*_*_*_*_*_

 

Olááá! Genteee, tudo bom? Primeiramente queria desejar um começo de ano muito bom! Que 2017 seja doce para todos nós! Segundamente, queria pedir desculpas pela formatação  que saiu horrível e estou pensando em como consertá-la ainda, então desconsiderem aí. E também queria pedir a opinião de quem lê! É importantíssima pra mim! 

E, ah!, eu estou pondo às vezes partes de músicas porque eu amo música e quero que voce^s entrem no ritmo tanto quanto eu! Um beijo!


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