Andávamos aflitas em meio os arbustos da floresta escura. Luna estava grudada em mim, ela sempre fora a mais frágil de nós quatro. Logo atrás estavam Anna e Elektra, corajosas e destemidas como sempre. A ideia havia sido de Anna. Pegar meu namorado, Taylor, no flagra. Admito não ter acreditado de início, mas cedi. Sempre achei que ele estava se distanciando, mas nunca havia cogitado em pensar nisso. Éramos inseparáveis como a pulga e o cachorro, o peito e o catarro, o dente e a gengiva, o mar e a areia. Eu sei que é meio nojento, mas..., mas nada é nojento mesmo, só que éramos como um e pensar em Traição meio que acabava comigo. Eu tinha fé que isso não passe de um mal-entendido, eu esperava mesmo...

Elektra me puxa com força me tirando de meus devaneios e nos escondendo detrás de alguns arbustos perto de um lugar mais aberto, ela aponta para uma casinha bem arrumadinha na clareira me mostrando a pior coisa do mundo, do meu mundo, ele aos beijos com Lindsay, logo com ela que posso considerar minha pior inimiga desde, desde sei lá quanto tempo. Não aguento ver a cena por muito mais tempo, saio detrás das moitas que estávamos escondidas corro até lá e dou um belo de um soco em seu nariz que começa a sangrar, saio correndo para dentro da floresta deixando as lágrimas quentes escorrerem pelo rosto manchando a maquiagem.

Fiquei horas vagando pela floresta até não sentir minhas pernas e cair de joelhos, a dor era tanta que mal conseguia enxergar, parecia que tinham arrancado meu coração e apertado até virar pó. Porque?! O que fiz de errado para ele me trocar, ainda mais com ela, aquela jararaca que usa lentes de contato só para todos pensarem que tem olhos azuis. Meu coração se partiu em tantos pedaços que não sei se vou conseguir reuni-los de novo, ele era o cara perfeito, bom era o que eu achava. O choro volta tomando conta de tudo. Depois de um tempo as garotas aparecem pondo as mãos em meus ombros tentando consolar-me mesmo sabendo que seria impossível.                      

                                                          ~~♢~~   

 Depois de três semanas trancada no quarto sem ver ninguém decido ir ao colégio, coloco uma saia preta, uma regata branca com uma jaqueta de couro preta, calço um salto preto e faço uma maquiagem simples com um batom vermelho sangue. Pego meus materiais e desço à espera das garotas. Como havia acordado mais cedo do que o normal decido ver um pouco de televisão até elas chegarem, ligo no AXN e vejo o final de criminal minds, quando acaba vou a cozinha e como um cacho de uvas inteiro apesar de já ter tomado café da manhã. Ao chegar vejo que foi uma péssima ideia quando dou de cara com Taylor e Lindsay de mãos dadas enquanto todos em volta estavam aplaudindo e elogiando, sinto meu estomago revirar, olho para as minhas amigas que me dão um olhar reconfortante, então levanto minha cabeça e vou desfilando no rumo dos dois ao chegar perto digo:

— Que bonito, mais que bonito! Será que estou atrapalhando o casalzinho ai!?

—Ora, ora, ora olha quem apareceu, decidiu sair do mato foi? - Debocha Lindsay.

—Eu sabia que você pegava meus restos, mas não sabia que estava tão carente por atenção que nem deixou eu terminar de uma vez!!!- retruquei e sai deixando ela furiosa.

Na aula as horas estavam se arrastando, não aguentava mais ficar ali estava prestes a pedir ao professor para sair quando o diretor entra interrompendo a explicação para dar um aviso importante:

—Boa tarde alunos, professor Smith por interromper por alguns instantes?

—Claro.

—Vim informar-lhes que nestas férias de verão haverá um acampamento onde todos deverão comparecer. Pois ele valerá como metade da nota de seu boletim, ele acontecerá durante toda as férias e será em Ohio. Tudo o que precisam saber sobre o acampamento está neste formulário que o Sr. Smith irá entregar, obrigado pela atenção e boa aula.

—Sério isso!? Já não basta eu ter que conviver todos os dias com a Lindsay agora as férias também? – Pergunto a Anna que está na minha frente.

—Acho que sim, mais relaxa Kim vamos estar com você e se ela vir, fazer ou falar qualquer coisa para você eu dou um jeito nela – Diz me dando uma piscadela e virando para frente. Anna sempre foi assim, dando um jeito nas coisas, concertando tudo, melhorando tudo, muito inteligente e obviamente a mais fashion de todas nós. Morena de cabelos lisos batendo na coxa e com mechas roxas nas pontas, olhos pretos como jabuticaba, corpo esbelto e alta. Cria seu próprio estilo que por sinal é sensacional.  

O resto das aulas foi um tédio, menos a educação física que passei relendo pela quinta vez meu livro favorito, enquanto as garotas jogavam vôlei. Depois de me despedir das meninas vou para casa com Isaac, meu amigo desde a 3º série, parando no parque para desenhar e tomarmos sorvete. A paisagem de fim da primavera no parque é incrivelmente bela para se colocar em um papel, não que eu seja artista, mas desenho muito bem, sempre gostei de desenhar acho que puxei minha mãe neste quesito, enquanto eu desenho Isaac tira algumas fotos para seu curso, ele simplesmente é o melhor fotografo de todos os tempos, na minha humilde opinião. Quando deu 15:30 voltei para casa sozinha queria colocar meus pensamentos em ordem, venho o caminho todo cantarolando "Carnaval - Maluma", ao chegar na porta me deparo com uma pessoa que pensei que nunca mais veria, que jurei nunca mais chegar perto e fingir não conhecer se visse outra vez ...

Ninguém mais ninguém menos que Joseph meu padrasto, um dos maiores magnatas do país, por que o odeio? Simples, ele maltratou minha mãe até ela não aguentar mais e morrer. Minha mãe o amava, ela dizia que ainda restava bondade nele mesmo eu sabendo que não.  Depois disso, quando fiz 15 anos sai de casa e vim morar com minha prima Kristen que é 6 anos mais velha que eu. Já faz 2 anos que não o vejo, aí do nada, do nada mesmo ele aparece, isso com certeza não é coisa boa, nunca é.

— Olha quem chegou se não é meu pêssego, você cresceu bastante! - Disse no seu sarcasmo cotidiano

— Olha se não é o meu querido e insuportável padrasto! - Ironizei

— Você não mudou nada pêssego. 

— Nem você e aliás o que faz aqui ?

— Vim falar com minha filhota por que mais eu viria?

— Em primeiro lugar eu não sou sua filha e em segundo não sei  por que mais você  viria, me irritar, acabar com minha alegria como sempre faz?  - Falei com a raiva já correndo em minhas veias

— Ok já vi que está estressadinha, vou direto ao ponto então.

— Ótimo. – Cruzei os braços.

— Bom, você tem um irmão chamado Vitor que é 1 ano mais velho que você, ele vai morar aqui com vocês duas, estudar no seu colégio, não adianta reclamar Kristen aceitou e como ela é a dona da casa já está decidido! - Disse como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— Como assim está decidido? Desde quando eu tenho um irmão? Kriss! -Grito surpresa e com muita raiva

— Desculpa mais ele é seu irmão - diz ela.

— Por que nunca me falou sobre ele? - Indignada pergunto.

— Por escolha da sua mãe - fala ele revirando os olhos. 

— Como assim escolha da minha mãe? - Do que é que ele está falando?

— Sua mãe não estava pronta para ter um filho então quando ele nasceu seu pai deu ele a sua avó. Logo depois você nasceu, mas sua mãe resolveu cuidar de você, pouco tempo mais tarde seu papai morreu e eu entrei na história, sua mãe achou melhor você não saber disso e o porquê não faço a mínima ideia pêssego.  

— Então eu tenho um irmão e depois de dezessete anos vou conhece-lo, sério isso?!

— Sim, ele vai estudar o último ano do colegial na sua escola e vai morar com vocês neste tempo. - Diz como se não fosse nada de mais . 

 Suspiro e levanto, subo as escadas indo direto ao meu quarto, abro a porta e me deparo com um ruivo alguns centímetros maiores que eu, bisbilhotando minhas coisas, dou duas batidinhas na porta que o faz olhar em minha direção. Com um sorriso de orelha a orelha, ele diz:

— Oi, você deve ser a Kimberly muito prazer sou Vitor, seu irmão ! 

— O prazer é todo meu - Gente ele é idêntico a mim eu estou meio que surtando aqui, por Thor eu tenho um irmão. 

— Bom, eu estava te esperando do lado de fora, mas cedi a curiosidade e entrei - disse meio desconcertado - E já deu pra perceber que você é uma dessas fanáticas por HQs em especial  DC e Marvel, o que é bem legal igual esse toque rockeiro, apesar de preferir pop eu gostei, acho que vamos nos dar muito bem .

— Eu espero, então qual você  prefere?

— Pode apostar que é DC Comics!! - Fala super animado 

— Nós daremos super bem então. - Digo tentando parecer mais animada do que estava.

Conversamos até tarde, descobri que ele ama ler histórias medievais, além de lacross é ótimo em futebol americano, já foi salva-vidas numa ilha paradisíaca nas férias de verão a 2 anos atrás. O quarto dele já estava arrumado quando cheguei então não precisei ajuda-lo em nada. Fui dormi mais tarde do que devia comendo pudim e assistindo Power rangers, o que foi uma péssima ideia pois me deu uma baita duma dor de barriga. Kriss arrumou um remédio que tinha um gosto horrível e ficou comigo até eu conseguir dormir, ela é bem carinhosa comigo, com todos na verdade sempre pronta para ajudar, morena baixinha, com exótico cabelo curto castanho cheio de mechas das mais variadas cores do arco-íris, olhos esverdeados puxado para o amarelo e bochechas cheias e coradas com poucas sardas, simplesmente magnífica ainda mais com seus óculos Ray Ban. Com certeza uma doçura de pessoa mais doce que pudim.