Start Over escrita por MBS


Capítulo 20
Run fast, die young




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Ponto de Vista – Abigail

Estava sentada no tapete da sala, com o notebook sobre a mesa de centro e vários papéis ao meu lado.

— O que é tudo isso? – Bianca pediu se jogando ao meu lado e estendendo-me um pote de pipoca, apenas fiz que não com a mão e continuei concentrada olhando para a tela do computado.

— A professora de literatura pediu para eu escrever uma história, mas eu não consigo inspiração pra escrever um jogo... – continuei folheando os papéis ao meu lado e logo dei um suspiro frustrada e Bianca apenas rindo ao meu lado. – O que foi?

— Seu namorado é jogador e o capitão do time, e também seu irmão jogava na época de escola. Além de que tem o Gabi, ele também pode te ajudar. – disse dando de ombros.

— Eu sei que eles podem, já pedi pro Gabi e ele me mandou vídeos pra ver se me inspiravam, mas eu empaquei puro e simplesmente assim. – apontei para todos os papéis em minha frente.

— Abby, você pode pegar um jogo de basquete se for o caso e escrever, apenas mudando o estilo de jogo e aplicando nas regras do que você quer escrever. É simples.

— Não é simples Bia, eu já tentei. Peguei futebol americano, que seria o mais próximo, o bloqueio continuou. – Encarei-a meio desesperada e ela apenas revirou os olhos – Eu tô ficando louca Bia, eu tô enrolando há duas semanas quase isso aqui.

— O que não é o seu tipo... me dá aqui o que você conseguiu escrever e onde você leu as coisas – ela disse enquanto colocava o pote para o lado e estendia  a mão em direção ao notebook. Entreguei e ela ficou concentrada lendo por um tempo – Isso aqui tá na visão de quem tá assistindo, por isso, de certa forma você ainda tá bloqueada... hm, já tentou pegar seus livros de Harry Potter? Os jogos de quadribol podem ajudar. – Ela deu de ombros e eu dei um riso nervoso.

— Quadribol, Bia? Sério? – Virei meu corpo em sua direção sorrindo. Ela apenas concordou com a cabeça.

— A J.K tem um jeito diferente de escrever, ela descreve o jogo ao mesmo tempo em que descreve as sensações, então, você meio que se emerge naquele mundo e sente o que o personagem sente de um modo que não fica cansativa a leitura.

— Okay – respondi arqueando as sobrancelhas e indo até meu quarto buscar os livros.

— TENTA A PEDRA FILOSOFAL E O PRISIONEIRO DE AZKABAN. – ela gritou do andar de baixo.

Peguei os livros na estante do quarto e voltei ao andar de baixo folheando as páginas do primeiro. Bianca estava sentada no sofá com uma bolsa de ervas na barriga enquanto tomava chá.

— O que foi? – perguntei a olhando.

— Cólica, logo passa.

— Tomou remédio? – e ela apenas assentiu. Voltei a sentar no chão e folhear as páginas até achar os jogos. – Okay, isso aqui vai ajudar, muito – falei sorrindo.

— Sempre ajuda. É Harry Potter amiga, fora que os grifinos são ótimos no quadribol, então...

— AH, por favor, Bia, não me venha com essas que grifinos são melhores, todos sabemos que os sonserinos são melhores no quadribol, e é a melhor casa de Hogwarts.

— Não vamos ter esta discussão novamente Abby. Sabemos quem vai ganhar – ela piscou e eu apenas revirei os olhos em sua direção. – Por que seus livros estão encapados com durex?

— Porque estava saindo à tinta dos nomes, e estavam caindo aos pedaços. – Falei rindo e voltando a atenção ao computador.

— Você já viu os meus livros?

— Vi, mas você já leu HP mais que eu.

— Algumas vezes, 17x, eu acho. – ela sorriu orgulhosa.

— O meu primeiro foi presente do meu pai, em um dos nossos verões. Ele lia para eu dormir na verdade. Fiquei terrivelmente decepcionada quando fiz onze anos e minha carta não chegou.

— Você não foi à única – começamos a rir depois disso.

— Falando em HP. Não lembro em que fórum que eu tinha lido, e claro, tem todo o sentido em ser mentira, mas falaram que a J.K tinha deixado subentendido em um dos livros, no Cálice, que a Hermione e o Draco tiveram um caso.

— Isso é ridículo. Ela saia com o Krum na época e outra que é desprezível imaginar ela com o Draco. Eles se odiavam. E outra que ele quase nem aparece no quarto livro e a Mione ainda zoada por distribuir aqueles bottons  - ela respondeu rindo – Mas no universo da J.K, dramione ainda é tão possível quando Harry e Draco.

— Existe pessoas que acham que eles dois tiveram algo? – estava meio pasmada e fiz cara de nojo – Isso sim é desprezível.

— Baby, você imagina Dramione, você não tem moral pra dizer nada sobre isso – Bianca deu de ombros.

— Pessoas que se odeiam podem sim ter algo a mais no fundo.

— Mentira – seu olhar era desafiador – Você e o Bernardo não se aplicam a essas regras Abby, desista. – bufei em sua direção.

— Malfoy usava o argumento “você é uma sangue-ruim”. Pode ter sido culpa da criação dele, Lucius torturava o Draco na infância, poderia muito bem ter incutido na cabeça do coitado que ele não poderia ter nada com alguém que não fosse de sangue puro.

— Lucius não é desculpa Abby.

— A criação do Draco é sim Bia.

— Abby, ele jogou feitiço pros dentes da Mione crescerem, ele tentou agredir ela até que ela meteu a porrada nele, fora que ela o achava desprezível. – Bia tentava argumentar – Sem contar que o Krum tinha interesse nela, e vamos ser sinceros, Victor ganharia do Draco fácil fácil, Malfoy pode até ser bonito, mas o Krum é talentoso, fora que gostoso também.

— Bia!

— Abby, o ponto é que, por exemplo, o Sirius tinha a família toda ferrada, mesmo assim não era alguém como o Malfoy. Ele apenas seguiu o caminho fácil, como o Snape.

— O Snape foi odiado por quase todo o tempo nos livros, até que no final todo mundo chorou com a morte dele e notou que ele não era o aquele monstro todo.

— Mas esse é o ponto, Snape sabia que a Mione era parecida com a Lilly, por isso iria achar alguém como o Malfoy desprezível se fosse inteligente o bastante, e ela foi. A Hermione nunca olharia pro Malfoy como um interesse Abby, essa é a questão.

— Claro que poderia, se ele mostrasse pra ela que poderia mudar.

— Abby, eu entendo o contexto de Dramione e tudo, mas dentro do universo da J.K, mais fácil ela ter ficado com o Harry do que com o Draco.

— Com o Harry é ridículo, não. – fiz cara de desgosto.

— Com o Draco também – ela disse jogando os braços pro alto, quando eu ia argumentar ela retomou a fala – Draco ficou assistindo a Hermione ser torturada, e não fez nada.

— Porque ele poderia ser torturado pela tia também.

— Ele não fez nada pra ajudar na fuga.

— Não sabemos ao certo sobre isso, depois que o Dobby chegou não sabemos o que aconteceu na mansão, fora que ele seria punido pela família, comensais, ou qualquer pessoa que estivesse naquela casa se ele tivesse ajudado.

— Draco é fraco Abby, aceite.

— Ele ainda é uma criança que sempre corre pro papai quando algo da errado, isso é o que eu aceito. – dei de ombros e a encarei.

— Com todo respeito, mas ele não tem personalidade própria e é mimado.

— Com isso eu vou concordar, ele não entrou na Slytherin pelos princípios da casa em minha opinião, mas sim porque desde sempre foi incutido na cabeça dele que ele tinha que ser da sonserina, então foi criado nos padrões pra entrar na casa, fora que ele era financeiramente bem de vida, então, também poderia “comprar” a passagem pra lá. Ele seria um ótimo sonserino mesmo assim, pelo dinheiro, audácia, sede de poder... mas não seria conquistado pelo mérito próprio dele.

— Eu acho ele ambicioso e tal, mas acho q o fato dele ser fraco e burro deixa ele bem chato. – Ela sorriu quando eu levantei as mãos me rendendo – Então, nada mais de Dramione, ok? Ok.

— Nunca irei te mostrar minha biblioteca nos fóruns de fanfic, me lembre isso – respondi rindo – Mas entre Dramione e a história futura, dos filhos no caso, Scarose, ainda prefiro Scarose, se bem que Rose e James seria legal também, assim como a Lilly e o Scorp.

— Tenho fanfic de ambas.

— Eu sei, já li. Ambas.

— Leu?

— Claro que sim, da Rose e do James foi à primeira inclusive.

— É um conto na verdade.

— É ótimo – Bianca sorriu tímida.

— Tá, tá, mesmo eu amando essa bajulação toda, não infle meu ego, Abigail. Mas do que é seu texto?

— Rugby. – Bianca apenas revirou os olhos. – Bia, por dois anos a professora sempre nos procura para escrevermos artigos para o jornal da escola e da universidade, porque ela sabe que nós somos boas no que escrevemos e escrevemos com paixão, coisa que muita gente no curso de jornalismo de lá não tem. Ela quer que eu escreva um texto sobre rugby, na verdade quer que eu entre na visão do jogador, mas ao mesmo tempo tenha a sensação do público presente.

— Entendi, mas sei que você vai conseguir.

— É pro anuário. – completei.

— Uou, então é importante. – ela respondeu enquanto pegava um punhado de pipoca para comer.

— Agora você entendeu meu desespero. – joguei os braços pro alto. – Mas bem, isso aqui vai ajudar. – apontei pros livros e sorri.

— Óbvio que vai. – ela sorriu – E Abby “Possuo um entendimento realista das minhas forças e fraquezas. A mente é a minha arma, e uma mente necessita de livros, assim como a espada precisa de uma pedra de amolar se quiser que se mantenha afiada. É por isso que eu leio tanto.” – ela disse com os olhos fechados como se estivesse concentrada para lembrar de cada palavra.

— Vai me citar o Tyrion, sério? – perguntei rindo.

— Ué, se serve de consolo posso citar Dumbledore também.

— Eu entendi o que quis dizer Bia. Obrigada.

— Tô sempre por aqui. – ela disse dando uma piscada e voltando a atenção pra TV, enquanto eu retornava a minha para a tela do notebook, e logo, consegui voltar a escrever.

Algumas horas depois o bloqueio havia finalmente ido embora e consegui escrever boa parte do texto, Bianca não saia do celular logo correu para o andar de cima.

— ABBY, ME TRAZ UMA TOALHA?

— TEM NO ARMÁRIO DO BANHEIRO BIA.

— NÃO TEM MAIS, EU ACABEI DE OLHAR.

Arrumei minhas bagunças e as deixei em um canto da sala indo até a lavanderia e pegando uma toalha. Entrei no quarto de Gui e bati duas vezes na porta, logo sendo aberta por Bianca.

— Esse quarto tá uma zona – olhei ao redor e encarei as roupas jogadas pelos cantos.

— Não reclama comigo ué, eu sou super organizada.

— Ata, claro, super Bia. Te conheço – respondi rindo.

— Rainha, você viu aquele meu... Ah oi Abby – Gui falou entrando no quarto e colocando sua pasta em cima da escrivaninha. Notei que seu olhar recaiu sobre Bianca apenas de toalha.

— Gente, eu ainda to aqui, não precisam se comer apenas por olhares. – Fiz cara de nojo e Bia começou a rir.

— Devia estar acostumada Abby – Bia disse.

— Sempre será estranho – caminhei até a porta do quarto – Querem o que pra janta?

— Não sei se vamos jantar em casa maninha, tem racha hoje e provavelmente eu e a Rainha vamos correr – Gui deu de ombros e afrouxou a gravata.

— Hm, mas ainda assim podemos ir jantar fora. E não adianta me revirar os olhos dona Bianca Maria, você assim como eu não está se alimentando direito, apenas quando certas pessoas ficam nos controlando. – meu olhar foi de Bianca para Guilherme.

— Vocês duas estão de novo se alimentando mal? – Gui repreendeu e nós duas apenas demos de ombros.

— Vamos jantar fora, ótimo. – falei animada e sai do quarto.

Desci novamente até a sala pegar minhas coisas e leva-las para o quarto. Senti meu celular vibrando no bolso de trás da calça, mas o ignorei. Fui até meu quarto e comecei a arrumar as bagunças que tinham em por cima da cama, meu celular vibrou novamente e o peguei para abrir as mensagens.

Número Desconhecido: Olá docinho

Número Desconhecido: Vai me ignorar? Vamos Abby, sei que quer falar comigo.

A: Vai pro inferno Carter, me esquece.

Número Desconhecido: Olha a boca Abby, sabe o quanto odeio a sua má educação.

A: Pra você nunca terá a boa educação, querido.

A: Agora vê se me esquece que eu tenho mais o que fazer.

Meu dia estava ótimo até agora, era o que me faltava esse cara começar a me encher novamente.

Número Desconhecido: Abby pare de drama.

Número Desconhecido: Podemos nos divertir hoje à noite.

A: Não vou sair com você.

Número Desconhecido: Quem disse sair?

Número Desconhecido: Pensei que iria ir à corrida do seu irmão hoje à noite.

Número Desconhecido: Aproveitar seus últimos momentos com ele *carinha sorrindo*

A: Não me faça rir com ameaças infundadas Carter.

Número Desconhecido: E quem disse que é infundada?

Número Desconhecido: Não te contei que é contra mim que ele vai correr?

Número Desconhecido: Aproveite seu irmão quanto pode Abby

Número Desconhecido: Quem sabe volto a ser rei e retiro ele e aquela rainha dos seus reinados.

Número Desconhecido: Mas não estrague a surpresa Abby.

Número Desconhecido: Você sabe que eu irei descobrir caso você conte para alguém e as consequências não serão nada boas para você.

Número Desconhecido: Até à noite, docinho.

Número Desconhecido: Esteja linda.

Fiquei relendo as mensagens por um bom tempo, minha vontade era de contar para as pessoas mais próximas a mim e achar um jeito de protegê-las.

— GUILHERME – gritei e logo a porta do meu quarto foi aberta e meu irmão ficou me encarando sem entender nada. Suas roupas estavam bagunçadas assim como seu cabelo. – Você pode me fazer um favor?

— Isso não poderia esperar Abby?

— Não, eu preciso falar com você sobre isso agora.

— Tá, o que foi?

— Me promete que não vai correr hoje a noite.

— Não posso prometer isso.

— Você pode e vai.

— Não vou não.

— Guilherme.

— O que? Não vou prometer pra você algo que eu sei que eu não vou cumprir.

— Eu preciso que você me prometa que não vai correr.

— Por que isso agora Abby? Nunca foi um problema pra você isso.

— PORQUE EU PRECISO QUE VOCÊ NÃO CORRA GUILHERME. PELO MENOS HOJE, É TÃO DIFICIL DE VOCÊ ENTENDER?

— TÁ, CALMA. Okay, você venceu. Eu não vou, vou ligar pros guris e avisar pra eles se virarem sem mim. Tá bom pra você?

— Tá sim, obrigada.

— Depois vai me explicar por que disso tudo?

— É, tá. Quem sabe.

— Okay. – fechou a porta do quarto e eu me joguei na cama. Minha cabeça estava a mil por hora, nem notei o momento em que dormi.

Senti alguém passando a mão por meus cabelos e fazendo carinho em minhas costas.

— Eu sei que você já tá acordada.

— Mais cinco minutos amor – resmunguei virando pro lado.

— Loirinha, já é de noite. Eu vim aqui pra te levar pra jantar, mas você não acorda – Bernardo continuou mexendo em meu cabelo.

— Hm, comida – falei me sentando rapidamente e fazendo meu namorado rir – Bia e Gui vão junto?

— Bia sim, Gui saiu – Bernardo falou dando de ombros.

— Calma ai, saiu? Saiu pra onde?

— Sei lá, acabei de chegar.

— Merda – resmunguei saindo da cama e correndo pela casa a procura de Bianca, que estava com a geladeira aberta provavelmente procurando algo pra comer.

— Abby, precisamos urgente fazer compras – Bia disse fechando a geladeira e com uma garrafa de suco na mão – Tá quase em falta de comida nessa geladeira, e já que eu tenho dois Carstairs lindos que fazem comida para mim, e são ótimos cozinheiros, precisamos abastecer os armários e geladeira.

— Tá tá, amanhã a gente faz isso. – Falei concordando com a cabeça e a encarando – Cadê o Gui?

— Saiu, provavelmente foi no racha. Ele disse para eu ficar em casa hoje com você – respondeu dando de ombros.

— O QUE? AQUELE DESGRAÇADO NÃO FEZ ISSO – disse saindo da cozinha apressada e voltando pro quarto.

— O que foi? – Bernardo perguntou guardo o celular no bolso.

— Nós vamos pro racha impedir que meu irmão faça merda – Comecei a me trocar em uma velocidade absurda e logo Bianca estava na porta do quarto me encarando – Vai ir assim Bia?

— Aonde?

— Impedir que seu namorado faça merda.

— Ele não é meu namorado.

— Quase, que seja. Vamos – peguei minha jaqueta de couro e sai do quarto – Vocês dois não vem? – falei apressada. Os dois ficaram me encarando – Eu sei que tô parecendo louca, o que não é uma novidade, mas eu, quer dizer, nós precisamos chegar lá e impedir o Gui de correr.

— Por quê? – Bianca pediu

— Bia, não dá tempo de explicar.

Corri até o lado do Bernardo e tomei sua chave das mãos. Bia deu de ombros e entrou em seu carro e eu fui para o lado do motorista do carro de Bernardo.

— Sério que você vai dirigir?

— Granemann, entra no carro.

— Sim senhora – Ele disse sorrindo e eu acelerei o carro seguindo Bianca.

Eu sei que eu não deveria estar dirigindo assim, mas como irmã, melhor amiga, namorada e ex-namorada de pessoas que corriam em racha eu meio que me obriguei a aprender a dirigir dessa forma. Claro, nunca chegaria aos pés do Gui, Bia ou Bernardo, até o Carter dá pra por nessa lista, mas quem sabe com um pouco de treino. Meus pensamentos começaram a entrar no lugar quando notei que estávamos chegando no local do racha.

Desci do carro possessa de raiva, será que ninguém nessa família me escuta? Caminhei mais um tempo com Bianca e Bernardo ao meu encalço, senti a mão de Bernardo se encaixando com a minha e minha raiva diminuiu um pouco. Fomos em direção a um grupo de corredores, logo identificando meu irmão no meio deles.

Guilherme notou meu olhar de longe, logo se afastando dos amigos e nos recebendo de braços abertos.

— Ora ora, a quanto tempo irmãzinha. – ele falou vindo em minha direção com um enorme sorriso no rosto. – Bernardo, Rainha.

— Pode tirando esse sorriso da cara Guilherme, você por acaso se lembra o que eu te pedi? – falei com raiva dando de dedo em seu rosto. Notei que seus olhos viraram e ele parou do lado da Bianca, cochichando algo em seu ouvido. – Da pra você parar seu inútil, eu tô falando com você!

— Abby – Bernardo me olhou pedindo para que eu abaixasse o tom de voz, notei as pessoas que estavam ao nosso redor nos encarando.

— Não Bernardo, foda-se se tão olhando. Qual foi meu pedido Guilherme? – falei diminuindo meu tom de voz, mas senti as lágrimas se formando em meu rosto.

— Que eu não corresse hoje... Abby, eu não posso deixar de correr. Eu sinto muito loirinha – ele falou colocando uma das mãos em meu rosto. – Por que está tão preocupada?

— Foda-se Guilherme... E-eu preciso que você peça para alguém ir ao seu lugar. Você não pode correr! – encarei-a desesperada.

— Eu não posso deixar de correr, a rainha não pode me acompanhar hoje ou correr no meu lugar, então eu não posso simplesmente deixar outra pessoa ir – ele falou mexendo no cabelo.

— Por favor, pede pra outra pessoa ir no seu lugar. Alguém que não seja a Bianca... Qualquer pessoa Gui... – falei segurando seu braço – Me promete Gui, me promete que você não vai correr hoje. Me promete que você por um tempo vai se afastar das corridas... e-eu não posso perder você Gui.

— E você não vai... – ele respondeu me puxando para um abraço – Eu vou ver o que posso fazer, okay?! Mas não posso te prometer que não vou correr hoje – ele falou em um sussurro em meu ouvido e logo afastou meu rosto dando um meio sorriso – Eu sou o melhor nisso, se lembra?! É só mais uma corrida Abby.

— Assim eu espero Gui. – falei tentando sorrir. Ele me deu um beijo demorado na testa.

— Te encontro em casa depois para comemorarmos mais uma vitória. – ele falou se afastando e voltando ao lado de Bianca, que o recebeu com um sorriso.  – Bernardo, por que não leva a Abby pra casa, ela parece que precisa descansar. – ele deu uma piscadela e eu respondi com um revirar de olhos. Bernardo apenas sorriu e concordou colocando a mão em minha cintura nos virando para sair, antes de irmos acabei olhando para trás e vi Bianca e meu irmão se beijando.

— GENTE VÃO PRA UM QUARTO – gritei e ambos se separaram ficando vermelhos, comecei a rir da reação deles e por perceber que demorei tanto tempo para notar que ambos estavam tendo um caso. Continuei meu caminho com Bernardo para evitar qualquer outro comentário para os dois. Paramos ao lado de Peter que me olhava rindo.

— Eu preciso de um favor seu – falei parando em sua frente e ele apenas cruzou o braço sobre o peito.

— Fala docinho – ele respondeu sorrindo provocativo, eu o respondi com um revirar de olhos.

— Me chame assim mais uma vez e receberá um soco como resposta Peter!

— Você é quase mais estressadinha que a Bianca – respondeu rindo.

— Como você... Ah deixa pra lá – falei jogando a mão para o alto como se dissesse para ele ignorar o que eu havia falado – Preciso que você impeça o babaca do meu irmão de correr.

— O que eu ganho?

— Não apanhando de mim já é uma ótima coisa – levantei uma das sobrancelhas seriamente para ele – Não ganha porra nenhuma, você vai tá ajudando seu melhor amigo a não fazer merda hoje.

— Ih, ele se meteu em alguma coisa e eu não tô sabendo?!

— Peter, só faz o que eu te pedi tá bom?! O.Guilherme.NÃO.PODE.correr.hoje. Estamos entendidos?

— Sim senhora, senhora. – falou batendo continência pra mim e eu apenas revirei os olhos.

— Ótimo.

Entrei no carro em silêncio e fiquei esperando sairmos de lá.

— Você tá bem, loira? – Bernardo pediu segurando minha mão de leve.

— Eu não sei, sinceramente. Estaria se ele tivesse vindo para casa com a gente ou até com a Bia. – falei ainda meio preocupada, ele riu.

— Amor, Gui é um dos melhores que eu conheço, não sei por que toda essa preocupação – falou me encarando, mas prestando atenção na estrada.

— Mas mesmo assim Be, o Gui devia me escutar quando minha intuição tá gritando que alguma merda vai acontecer.

— Abby, seja sincera. Alguma coisa tá acontecendo não tá?

— Não.

— Você está agindo estranha, e todo esse piti pro Gui não correr...

— Confia em mim apenas amor... – falei o encarando e pegando em sua mão.

— Okay Abby, mas como diria a Bianca, esse seu drama todo é culpa do seu ascendente em Câncer. Não sei o que isso significa, mas sei que ela fala isso quando você faz drama. – Ele falou rindo e acabei por rir também.

Chegamos rápido em casa e logo entramos.

— Vai ficar aqui, né?! – perguntei virando-me e colocando meus braços ao redor do seu pescoço.

— Claro que vou – ele falou colocando as mãos em minha cintura me puxando para um beijo demorado, nos separando quando o ar nos faltou.

— Vou preparar a janta então. – falei ficando na ponta dos pés e dando um selinho.

— E eu vou pro banho... Tem certeza que não quer me acompanhar? – ele perguntou com um sorriso malicioso no rosto.

— BERNARDO – respondi rindo dando um tapa em seu braço.

— O que? Eu tô pedindo isso pelo bem do planeta Abby – ele falou sorrindo.

— Não pense no planeta nessas horas – respondi sorrindo.

— Tem certeza?

— Vai pro banho Bernardo – falei sorrindo me virando indo em direção da cozinha.

Fui até a geladeira e peguei a pizza que estava no congelador, colocando-a em uma forma enquanto colocava o forno para aquecer. Peguei uma toalha, arrumando a mesa para o jantar, enquanto o forno aquecia.

Assim que aqueceu o suficiente, coloquei a pizza no forno, pegando meu celular e me recostando no balcão, distraindo-me, esperando a comida ficar pronta e Bernardo sair do banho. Senti uma mão tapando minha boca e me puxando para encara-lo, eu conhecia aquele toque, e minha vontade de gritar e chorar aumentou.

— Seja uma boa menina Abby e não grite. – Carter falou me encarando. – Vou tirar minha mão da sua boca, se você ousar fazer qualquer gracinha – ele colou o seu corpo no meu e aproximou-se da minha orelha – Ah você vai se arrepender se desobedecer.

Manei com a cabeça concordando com seus termos.

— Meu namorado está no andar de cima Carter, faça o favor de sair daqui. – meu tom era de puro desprezo.

— Ah doce Abby, estou pouco me importando com seu namorado no andar de cima, você sabe que eu sou o único da sua vida... mas me conte, como é não ter mais irmão? – seu sorriso era puramente diabólico. Eu, por impulso, comecei a rir ironicamente.

— Por favor, Carter, ele não correu hoje à noite. Eu me certifiquei disso a partir do momento em que você me mandou aquela mensagem idiota. – falei enquanto mexia meu corpo tentando me soltar dos seus braços.

— Tsc tsc docinho, você não ficou sabendo?

— O que?

— Ele se acidentou hoje, ele correu contra mim, e... Acidentalmente ele acabou capotando o carro.

— Você está blefando Carter.

— Eu estou? – sua mão apertou com mais força meu braço, eu via em seus olhos que ele estava mentindo, mas eu não conseguia acreditar.

— É claro que está – acabei aumentando uma oitava da minha voz, o que resultou em um aperto mais forte em meu braço.

— Eu falei para não falar alto Abigail, não seja uma má menina.

— Você está desviando o assunto Carter, e está mentindo quanto ao meu irmão – consegui soltar uma das minhas mãos e pegar meu celular, discretamente, discando o digito para ligar para Bianca que logo me atendeu.

— Aceite Abigail, você está sozinha. Ele está morto.

— NÃO, ELE NÃO ESTÁ. VOCÊ ESTÁ MENTINDO. – respondi não contendo mais as lágrimas – O GUILHERME NÃO PODE TER MORRIDO.

— O carro dele explodiu. – o sorriso no rosto de Carter só aumentava, meu sangue fervia com a reação dele e quando notei minha mão já havia acertado em cheio um tapa em seu rosto, sua mão estava em cima do local onde até a pouco minha mão tinha acertado.

— ASSASSINO, É ISSO O QUE VOCÊ É CARTER. SAIA DAQUI.

Senti meus cabelos sendo puxados e meu corpo sendo prensado na parede. Seu antebraço estava pressionando meu pescoço e eu sentia falta de ar, mas principalmente sentia minhas lágrimas compulsivamente descendo do meu rosto.

— EU FALEI PRA VOCÊ NÃO GRITAR COMIGO DOCINHO. – ele respondeu pressionando mais o braço em meu pescoço.

— SOLTA ELA – Bernardo estava no fim do corredor lançando um olhar assassino para Carter que sorriu com a reação.

— Olha, o Príncipe Encantado veio salvar a princesinha. Que cena fofa – Ele falou apertando mais o braço. Minha visão já estava ficando turva, principalmente pela falta de ar que eu estava sofrendo.

— Já falei para soltar ela Carter.

— Ou o que? – Carter mal havia terminado de perguntar e Bernardo veio correndo em sua direção, senti minha cabeça batendo na parede quando Carter me soltou para brigar de igual para igual com Bernardo.

Meu corpo não aguentou mais o peso sobre minhas pernas e acabei vindo ao chão, meus olhos não conseguiam acompanhar a cena que estava acontecendo ao meu redor, notei que Bernardo estava em cima Carter proferindo diversos socos. Olhei para a porta de entrada de casa e notei que Sophie entrava com uma cara de desesperada, e como se tivesse vindo com pressa, logo atrás estava Stavo.

Após isso, tudo ficou preto.


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