Casamento Intergaláctico escrita por BlackFlower


Capítulo 5
Capítulo 05: Não é amor


Notas iniciais do capítulo

Incrivelmente agradeço e dou feliz natal adiantado pois sei que no domingo ninguém vai ler história, vai ta todo mundo chapadão ♥
O próximo capítulo sai na segunda-feira pela noite :)
Capítulo é narrado pelo Drax, então me desculpe qualquer erro.



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CAPÍTULO 05: Não é amor.

 

Planeta B’Etor - 26 de Dezembro de 2017, Mansão Zol-Thiren

Ela entrou no banheiro com receio, os olhos avaliativos e perspicazes varreram o local rapidamente, dei um sorriso de lado pensando em como era ingênua. Ou só cautelosa, afinal quando eu deitasse poderia muito bem vizualizar o banheiro por completo e vê-la enquanto se despia. Não faria isso é claro, que tipo de pessoa EU seria?

O meu quarto continuava o mesmo por anos, uma cama king size com edredom cinza, um guarda roupa eletrônico acoplado na parede, um espelho do tamanho de um B’Etoriano em toda sua glória, 1.80, ele ficava entre a porta e o guarda roupa. Incrivelmente dentro do guarda-roupa mantinham-se minhas roupas dobradas e intactas, sem manchas ou poeiras, nem a passagem do tempo atingiu elas.

Havia as cômodas em madeira que continham abajures, livros e meus acessórios de trabalho. Havia se passado anos desde a última vez que pisei neste lugar, anos que sinceramente não pude esquecer, anos que deixaram marcas amargas. Ouvi o chuveiro ser ligado, junto dele um gemido baixo, parece que minha esposa adora tomar banhos relaxantes.

“Minha esposa”, como duas palavras podem trazer tanto significado? A palavra vinha marga em meus lábios, não por não gostar do significado e sim pela responsabilidade que viria com ela. Quando atendi ao chamado da GSGU a tempos atrás, não tinha um planeta em perigo, havia uma galáxia em perigo. A Via Láctea era um espaço neutro, com seres e planetas primitivos demais para entender a sociedade afora que os rodeava, que os visitava e vez ou outra se disfarçavam e moravam lado a lado. Os mais comuns eram os Essassani, os Pleiadianos e os Arturianos que mantinham contato com terráqueos por se parecerem fisicamente.

Haviam outros que mantinham contato, mas o contato era o rapto de animais para estudos científicos, ou até mesmo a clonagem de humanos, os cabeçudinhos cinzas eram os mais vistos e conhecidos pelos terráqueos, como podia eles verem ou terem contato e nunca sequer terem se preparado para uma invasão? E o filmes que eles faziam? Eram apenas encenação? Grande erro foi não terem ouvido os que alegavam terem contato.

Mas o líder das Tropas Intergaláctica de Ocupação, Odarin Ghuntz, achou que tempo demais passou, ele queria a galáxia para ele, queria a transformar em nada, queria totalmente seus recursos, na cabeça dele os terráqueos matariam o planeta e seus valiosos recursos antes de evoluírem o suficiente para barganhar por eles. A tropa era composta por rebeldes, que não seguiam leis ou ordem.

“A escolha é sua comandante, salve os habitantes ou nada”, a voz do líder Odarin  ainda flutuava na minha mente. Como se aquela decisão fosse apenas do comandante Yon Kluh, mas ele olhou para nós, e quando digo nós refiro-me a tripulação. Desgarrados sociais que não tinham família ou que já possuíam seus próprios medos para deixar que mais um os assombrasse.

“Preciso falar com os superiores Odarin, darei sua resposta em 1 hora”, o comandante falou incerto do destino dos terráqueos. E apenas ouviu uma risada baixa e rouca que prometia a aniquilação como tanta outras vezes.

O comandante tinha entrado na sala, a sala de reuniões, entrávamos para ouvir instruções da GSGU algumas vezes nela, dessa vez o capitão entraria sozinho, dessa vez ele ouviria por todos. E devo dizer algo sobre algo sobre a tripulação, a maioria eram desajustados sociais, daqueles que causam problemas grandes, mas que merecem uma segunda chance, a GSGU não pagava nada para eles além de tratamentos para sair da zona social de risco. Jovens delinquentes à assassinos de aluguel, temos um trabalho, dentro daquela nave, tentando salvar um planeta azul. Planeta esse que parecia alheio a tudo o que acontecia à sua volta, envolto em sonhos e névoas que dissipam a realidade.

O comandante saiu da sala de reunião com o semblante sério, não que seu rosto draconiano já não fosse algo sério, mas seus olhos perdiam o foco, ele tinha encostado sua costa na lateral da porta e estalava as mãos nervosamente. Kluh não é assim, ele não fica nervoso, ele foi escolhido para lidar com pior tipo de gente, e naquele momento era difícil acreditar que ele estava se borrando de medo.

“Temos uma resposta?”, indaguei levantando de onde estava e chegando perto.

“Temos uma positiva para salvar a Terra.”, ele virou-se para tripulação suando mesmo no frio. “Porém com ela uma condição, abram as telecomunicações com as outras naves de resgate.”, ele agora andava para a cabine de comunicação.

Demorou alguns minutos, ainda tínhamos meia hora para lidar com Anarcho, mas estabelecemos comunicação com outras naves. No começo havia apenas as instruções, eram muitos naves, porém não daria para salvar todos na Terra, não conseguimos metade do que pretendemos. Havia frustração de todos, estávamos ali para ser os salvadores, nem que fosse uma vez na vida. Instruções mais específicas como entrar em contato com presidentes e afins começaram a ser dadas. Até que o comandantes parou de falar e suspirou profundamente.

“Meus amigos, temo que apesar de salvarmos os terráqueos teremos um porém”, ele começou a falar alto e chamando a atenção de todos. Nessa hora ele ligou o microfone para o som reverberar em todos os cantos da nave. “A GSGU deixou-nos um problema em mão, não temos ainda onde estabelecer todos os humanos, ela ordenou que  todos que estiverem aptos a casar e constituir família lhes fosse dado um par. É, a regra se aplica a mim também, sei que nem todos estão satisfeitos, mas será feito, vidas estão em jogo meus amigos e é por isso que precisam de nós. Apenas solteiros é claro, aptos mentalmente, fisicamente e biologicamente.”, suas palavras até hoje me assombram. Aquele ultimato, aquela sentença, não podíamos dizer não. Era fazer e fazer, sinceramente não liguei, apenas sorri pelo destino estar a meu favor. Eu casaria, assim como meu pai ordenou, a mulher nunca saberia do meu passado manchado, não haveria aquele olhar de pena ou medo.

“Thyna faça que a ala médica esteja pronta”, ordenei a fêmea que acenou dando outras ordens a seus subordinados.

“Draxfot” o comandante chamou, seu semblante endurecido e olhei para ele. “Seus homens vão ser os primeiros a descer. A ordem é dar prioridades a mulheres e crianças. Teremos no máximo 24hrs. Não esqueça disso.”

Não houve muito depois disso, ordens foram dadas, o comandante entrou em contato com Odarin com algumas discussões ele deu 24hrs para o resgate, foram o tempo mais torturante da minha vida. Conhecer um planeta em sua morte, nunca tinha passado por isso, os humanos eram diferentes, mas no sentido bonito da frase, tinham a pele macia, olhos coloridos, não havia uma só cor, era sempre cheio de vida, enquanto em alguns aliens veriam isso como privilégio, outros veriam como aberração.

Como o idiota que o Odarin é, ele deu seu primeiro aviso, uma onda desestabilizadora, que desestruturou o clima na terra e causou o terremoto, no segundo aviso foi uma onda de poder, foi ali que conheci ela. Não me arrependo de tê-la salvo, foi o destino, e nunca tive tanta certeza na vida.

Salvei Débora por puro acaso, ela estava ali e não pude apenas deixa-la morrer, então a salvei de alguns estilhaços, e contrariando minha expectativa ela disse obrigada, de todos que tinha salvado, a única que disse obrigada. Não foi difícil escolher ela para ser minha esposa, o difícil foi tentar explicar ao meu comandante porque escolhi ela. Pois queria ter certeza que outros não teriam contato com ela. Não sei exatamente o porquê todavia sentia lá no fundo de mim que ela era importante para algo, ela tinha uma finalidade.

“Ela é legal”, foi minha resposta para o comandante que bufou indignado.

“Legal? Legal sou eu tendo que ouvir essa baboseira. Draxfot você vai aguardar na fila até as Draconianas terminarem a compatibilidade.”, vociferou ele apontando o dedo no meu peito..

“Somos compatíveis. Sei disso comandante, sinto dentro de mim.”, aleguei assustado, nunca fui de ficar impressionado mas aquela humana com aquele sorriso tinham causado algo em mim.

“Sentir? O que diabos passa na sua cabeça soldado? Está pensando com a de cima ou de baixo?”, sua voz agora era mais normal, os olhos mostrando não entender o que falava, Draconianos, não sabiam lidar com sentimentos.

“Você vai sentir isso um dia Comandante, vai ver que o que estou sentindo é mais que emoções físicas.”, tentei explicar meu ponto de vista.

“Drax você vai sair dessa cabine e vai sentar na ala sul como todos os outros, ou eu juro que entrego esta mulher para o pior de todos dessa nave.”, o comandante ditou se afastando.

Não estava apaixonado, não acreditava em amor, pra mim era apenas um sentimento ínfimo que nos deixava fracos, mas ali estava eu, decepcionado por não conseguir o que queria. Mas minha surpresa foi enorme ao ver a draconiana me colocar no mesmo quarto que Débora. Meu coração pulava de alegria, não sabia o que sentia, tinha me perdido em mim mesmo.

Quando seus olhos brilhantes me olharam, vi nele a tristeza que eu compartilhava, ela tinha sofrido o mesmo no passado, sentia toda a sua dor, maldito dom que tenho. Ela não era pequena e frágil, mas neste momento parecia muito frágil. Os cabelos curtos chegavam até o pescoço, castanhos com fios douradas discretos, os olhos verdes com pontos marrons, a pele era branca, não extremamente branca, ela não era magra, não mesmo. Tinha fartos seios, coxas grossas, uma cintura natural, a barriga não era plana, tinha carne, às bochechas eram fofas, mas de acordo com as draconianas saudável. O que importava muito mais que uma bela aparência. Mas ela é bela, diferente dos terráqueos, olhamos o que tem por dentro, literalmente, sentimos se é um bom DNA, se teremos filhos saudáveis, se sua carga genética tinha falhas, mas ela era perfeita em todos os sentidos.

Teimosa e curiosa, no meu ponto de vista dois adjetivos que juntos eram altamente inflamáveis. Mas ali ficou minha primeira impressão, uma mulher forte, que mesmo no pior manteve a postura correta, me olhava nos olhos, não aceitava não, ela era viva. Dentro de mim tinha uma revolução acontecendo.

— Ahn...eu...que lado da cama você gosta? — a voz me tirou dos pensamentos do passado.

Seu cabelo molhado emoldurava o rosto rosado pois estava envergonhada, devo dizer que isto me agradava, minha blusa ficou até no meio de suas coxas, momentaneamente minha língua inchou e fiquei sem palavras.

— Você pode ficar com o lado que quiser — respondi me afastando para o banheiro.

— O que Roxye era pra você? — ela perguntou sem rodeios sentando na beirada da cama.

— Como assim? — indaguei sem entender.

— Ela gosta de você. Sabe só quero estar preparada caso ela resolva dar uma de vilã de novela. — deu de ombros como se eu entendesse. Secava os cabelos devagar olhando para a janela.

— Temos que falar sobre isso agora?

— Pelo visto vai só me responder com perguntas, então para não me estressar com você, é melhor pararmos por aqui — ela sentenciou com a cara fechada.

Quando passei pela porta ela virou as costas, em frente ao espelho enquanto me analisava, perguntei-me o que ela via, enquanto fui tirando as roupas fui percebendo minhas marcas de batalhas, as quais cobri com tatuagem, entrei no box e como senti falta desse lugar. Devagar a água ia limpando os rastros de sujeira que ainda mantinha, renovando minhas forças, relaxando os músculos, abrindo os poros, esquentando.

Não demorei no banho, o pijama branco consistia apenas em uma calça, os terráqueos chamavam de moletom, é algo equivalente. Débora tinha o rosto colado no vidro da janela, uma chuva fraca ainda respinga lá fora, seu hálito fazia o vidro ficar embaçado. E suas lágrimas davam um ar triste a imagem que poderia ser a mais sexy que já tinha visto em longos tempos, se não fosse o sentimento amargo no ar.

Apoiei meus ombros ao batente da porta, o metal gelado pouco me incomodou, fechei os olhos tentando entender as sensações que vinham em ondas coloridas até mim. Saudade. Amor. Tristeza. E esperança. Abri meus olhos vendo que ela agora me encarava, foi por um momento, mas detectei medo.

— Me desculpe — pedi sussurrando, como se pego em algo errado. O que não deixa de ser invasão de privacidade.

— Tudo bem, já entendi que vocês conhecem melhor as pessoas desse jeito — ela deu um sorriso de canto. Não havia rastros de lágrimas além de olhos inchados.

— Você quer conversar? — perguntei sentando na poltrona.

Ela franziu as sobrancelhas em confusão, sentou-se na cama cruzando as pernas, suspirou como se desistindo de algo. Por momentos vi a empresária que ela era, os prós e contras de ter uma conversa com um alien mal humorado estampados na sua cara enquanto pensava.

— O que deseja conversar? — enfim perguntou escovando os cabelos com as mãos.

— O que você quer fazer aqui?

— Essa é uma conversa ou entrevista de emprego? — sorriu de lado e deu de ombros.

— Entendi a referência — afirmei tentando faze-la ficar mais relaxada.

Pareceu dar muito certo, ela gargalhou ao ponto de sua bochecha ficar rosada e lágrimas escorrerem de seu rosto, se não soubesse que era puramente natural seu divertimento, teria tentando fazer primeiros socorros nela. Ela levantou a mão pedindo tempo, o que foi muito estranho.

— Você é hilário Drax — ela apontou pra mim e devo ter feito uma cara de não entender nada. — A qual é você nunca viu o filme… é lógico que você não viu.

Ela desviou o olhar, ficando tudo quieto novamente, não gostei do silêncio, era mais divertido com ela sorrindo, o som era bonito, como raios de sol espantando as trevas. Queria ouvir de novo, queria muito, e foi nesse momento que entendi algo. Não era amor que me fez escolher ela, foi admiração, ela sofria mas mesmo assim continuava inabalável e forte.

— Nós temos filmes, você gosta de que tipo? — levantei espreguiçando o corpo, o relógio digital marcava 01:00 am.

— Qualquer tipo, sendo legal é um bom passo — ela afirmou puxando o cobertor — Vocês tem tipo netflix ou algo assim?

— Posso verificar o que significa isso amanhã e dar uma resposta — respondi sincero sentando no lado oposto ao dela.

— Você tem que assistir os filmes da Marvel — sorriu divertida seus olhos agora me encaravam.

Sorri tentando passar o que sentia, pelo menos acho que sorri, não era muito comum eu sorrir, me achava muito bobo o som que saia de mim, entrei debaixo dos lençóis, estava quentinho, compartilhar algo assim era bem íntimo, olhei para o lado, ainda de olhos abertos Débora encarava o teto.

Segui seu olhar, havia só a penumbra, a luz que adentrava vinha de fora, criava sombras que mexiam-se na parede, mas ela encarava o teto. Fechei os olhos mergulhando fundo nas emoções, ela estava revirando lembranças, senti o cheiro de flor, terra, comida, Débora estava revivendo suas memórias, logo isso a levaria a dor, pois isso nunca mais iria voltar.

— Isso é invasão de privacidade, se você querer ler minhas emoções a cada vez que eu ficar quieta, é muita falta de educação — a voz vinha cheia de ironia.

— Eu podia apenas estar dormindo — dei uma desculpa quaçquer. Afinal não havia muito para ela supor isso.

— Quando você lê emoções, fica terrivelmente concentrado que para de respirar — a voz embargada pela razão.

— Só queria entender seus sentimentos, é confuso, me sinto um pouco perdido perto de você — virei o rosto vendo ela me fitar.

— Meu pai diria: “Drax, entenda algo, mulheres são confusas. Um sim é não, não é talvez e talvez é sim” — disse Débora imitando a voz do pai.

— Só quero entender mais você, fazer a adaptação mais fácil, não foi a sua escolha estar comigo, nem eu queria estar comigo — sussurrei voltando meus olhos para o teto.

— Nós sempre temos o lado ruim e o lado bom, o que nos faz ser o que somos são as escolhas, se você escolhe ser um merda lide com consequências — sua mão agora estava perto do coração. — Agora se você escolhe ser alguém do bem, você não lida com consequências, você lida com amor..

— Nem sempre queremos ser ruins, alguns atos nos levam até um local sem escolhas, nessa hora você vai fazer o que tiver de fazer — virei minhas costas para ela. Não queria mais ouvir nada, lembranças antigas pernoitavam meus pensamentos.

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Planeta B’Etor - 27 de Dezembro de 2017, Mansão Zol-Thiren

Acordei de péssimo humor, já era habitual, senti um calor anormal no meu braço, perna e pescoço do lado esquerdo, me dei conta que o calor na verdade vinha de um corpo. Débora tinha me abraçado pelo meio da noite, pois ela parecia estar seriamente dormindo pesado, escorria um filete de baba da sua boca, o cabelo todo bagunçado tapava seus olhos, a perna esquerda em cima do meu abdômen e a mão descansando no meio do meu peito.

Fiquei minutos a olhando, pensando se seria assim todas as manhãs, foi uma invasão de espaço? Sim. Me senti ofendido? Não. Estou repugnado? Não. Isso poderia ser algo humano ter este tipo de contato maior com o corpo, o subconsciente lhe avisando que estava muito frio ou que necessitava de alguém.

Delicadamente levantei, ela  mexeu-se fazendo o lençol deslizar mostrando sua coxa e parte da nádega, sorri para onde meus pensamentos me levaram. Muitas fantasias que não aconteceriam, dei de ombros aceitando o fato que Débora não deixaria que o algo mais acontecesse. Pelo menos ela não deu sinal. E nem que ela desse sinal. Isso não aconteceria de novo. Não mesmo. Aprendi da primeira vez, não terá uma segunda.

Após a higiene matinal, desci para a cozinha para depositar nutrientes em meu corpo. Minha surpresa ver Leonardo na mesa, o olhar distante, levou alguns segundos para ele notar que havia mais alguém no local. Usava roupas novas, tinha tomado um banho, até seu bigode e cavanhaque estavam feitos.

— Bom dia — disse pegando a jarra de suco.

— O quanto você vai prolongar isso? — ele indagou me encarando.

— Não entendi sua pergunta meu caro — balancei a cabeça confuso. Fechei a geladeira, colocando umas frutas em cima do balcão.

— Não se faça de idiota comigo — ele levantou e apontou o dedo no meu rosto — Você não vai brincar com ela.

— Não tem ninguém brincando aqui — retruquei indignado.

— Vou reformular a pergunta já que não entendeu: quanto tempo você vai brincar de casinha até se cansar de nós e nos largar num planeta qualquer? — interrogou cruzando os braços. A cara fechada e raivosa, sobrancelhas juntas demonstravam sua posição. A preocupação vinha em ondas.

— Isso não vai acontecer — respondi em tom baixo.

— Que garantias? — exigiu balançando os braços e rindo de escárnio. — Pela amor de Deus…

— Deus? Garantias? — sorri ironicamente — A verdade é que estamos presos nessa relação de merda. Não temos garantias. Não somos um produto.

— O que está acontecendo aqui? — Jami interrompeu a discussão com sua cara de preocupação.

— Estou apenas tentando entender  até onde vai essa relação — Leonardo explicou voltando-se a minha irmã — Debby esteve em um relacionamento ruim antes. Ela foi traída pelo marido.

— Você está pensando que Drax vai traí-la porque isso não passa de jogo político. Entendo. — Jami tentava acalmar Leonardo.

Mas a palavra traição veio como ácido na minha mente, Leonardo tinha levantado algo importante ali, o que seria dessa relação mascarada em mentiras? Até que ponto eu ou Débora estávamos dispostos a dar nesse relacionamento?

— Juro que se você ferir ela…

— É mais fácil ela me ferir, aqui em B’Etor levamos violência a níveis extremos. Diferente da Terra aqui não é comum traição — rebati com a voz rouca. Jami sorriu de lado, ela poucas vezes me viu agir assim.

Se Débora estava no mesmo barco que, ferida emocionalmente ou fisicamente, a nossa relação tinha muito o que progredir, não estava certo eu usar ela daquele jeito, o que faria caso ela descobrisse? Meu pai apareceu na porta com o semblante sério, fez sinal para segui-lo, pedi desculpas para Leonardo, disse que depois conversamos, era melhor lidar com meu pai e Roxye o quanto antes.


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Notas finais do capítulo

É isso galera comentem ♥ Bjs



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