A primeira semana de férias de Lilian não foi a mais agradável; como Giny ainda estava em Dublin quando ela e Harry chegaram de Hogwarts, Harry estava tendo que lidar com o mau humor da filha sozinho, e eles até discutiram algumas vezes. Harry já não conseguia nem sequer imaginar o porquê do humor tão sensível da filha. As aulas já tinham acabado e tudo o que tinha acontecido na escola tinha ficado para trás.

— Eu preciso ir a Londres, você quer ir?

— Não.

— Você poderia visitar a Hermione....

— Já falei que não quero ir, pai, pode ir eu fico em casa sozinha, sem problemas.

— Está bem.

No dia seguinte, Giny voltou de Dublin, mais sossegada, ao que parecia Loreley já conseguia dar banho nas crianças sem colocar as vidas dos gêmeos em risco. A exemplo de Harry também achou muito preocupante o comportamento da filha. Depois de conversarem, resolveram sugerir que ela passasse as férias na Irlanda; primeiro Lilian não gostou da ideia, não estava se sentindo no clima para viajar, mas depois resolveu reconsiderar e aceitar a proposta dos pais. Talvez um tempo fora ajudasse a esquecer Andrew, pensava, embora não acreditasse realmente nisso. Mas antes que a viagem acontecesse, a moça teve a maior surpresa da sua vida.

Estava fazendo as malas, quando, do seu quarto ouviu um barulho de carro parando no lado de fora da casa dos Potter em Godric’s Hollow; era estranho receber visitas que chegavam de carro ao invés de simplesmente aparatar na sala, ou sair pela lareira. Lilian colocou a cabeça na janela para ver quem era, mas a visita já tinha entrado. Foi até o closet para pegar mais roupas e percebeu que a sua blusa preferida não estava lá; então foi à procura da blusa junto às roupas lavadas; mas a sua atenção foi desviada para a visita que conversava na sala com o seu pai.

Lilian parou na escada e viu, sentado de costas um homem bem mais velho que Harry, meio gordo e de cabelos bem grisalhos; o homem estava vestido impecavelmente, com um terno preto e, mesmo de costas Lilian poderia ver que ele tinha uma postura majestosa. A voz também parecia firme, austera, do tipo de pessoa que quando fala não pede atenção; a julgar pela expressão com que Harry ouvia o visitante, Lilian imaginou que talvez fosse alguém do Ministério. Aguçou um pouco os ouvidos para tentar entender o que eles estavam conversando, mas não obteve sucesso; as palavras do homem conversando com Harry não faziam nenhum sentido a Lilian.

— Devem estar falando de trabalho! — concluiu e voltou ao objetivo inicial de localizar a sua blusa preferida. Passou pela sala se esgueirando para não chamar a atenção e interromper a conversa do pai; felizmente deu certo, e ela entrou na cozinha onde Giny estava preparando uma bandeja de chá; Lilian ficou admirada de ver a mãe usando o aparelho de chá mais chique que tinham, um luxo que tanto Giny quanto Harry normalmente dispensavam. — Visita importante?

— Humhum — como Giny não demonstrou interesse em contar quem era o visitante, Lilian deduziu que a sua teoria sobre alguém do Ministério estava correta.

— Mãe, você viu aquela minha blusa rosa?

— Está na roupa lavada — Lilian foi até a área e encontrou a cesta com a roupa lavada, revirou tudo e como não conseguiu encontrar preferiu usar a magia, censurando a si mesma por não ter feito isso antes já que agora era uma bruxa maior de idade e poderia usar magia para qualquer coisa! Quando voltava para o quarto, não conseguiu passar invisivelmente pela sala, e parecia que estavam falando dela. — Bom, aí está ela —Giny falou assim que Lilian parou um pouco envergonhada, segurando a blusa na mão; o homem velho de voz firme e cabelos grisalhos estava olhando para ela como se lhe avaliasse. Mas o que deixou Lilian completamente petrificada foi perceber que havia uma segunda visita na sala; não sabia como tinha passado por ali a primeira vez sem vê-lo.

— Bom, você não exagerou nem um pouco! — o homem velho falou, depois de “avaliar” Lilian, dirigindo-se ao outro visitante; Lilian não conseguiu respirar quando ele sorriu e mexeu nos óculos.

— Lilian, você está bem, querida? — Giny falou quando parecia que Lilian ia desmaiar.

— Lily? — Harry pareceu preocupado.

— Estou bem, desculpem — Lilian conseguiu gaguejar, sentindo o sangue na face.

— Bom, querida, eu acho que é melhor você está bem mesmo, por que o Andrew veio aqui para pedir permissão para vocês namorarem! — Harry falou com um sorrisinho no canto da boca e Lilian ficou tonta de novo, e até desejou estar desmaiada; praticamente se arrastando, Lily se deixou cair sentada no sofá ao lado de Giny.

— Acho que não foi uma boa ideia — viu o homem velho cochichar no ouvido de Andrew, e um sorriso enorme estava formado na boca bonita dele, e isso foi como uma luz no fim do túnel, e Lilian desistiu da ideia de desmaiar.

— Lilian — o som da voz dele dizendo seu nome era inebriante, Lilian fechou os olhos um instante como se saboreasse aquela sensação. — Esse é o meu pai; eu queria que ele te conhecesse para que entendesse a minha decisão, e também para que seus pais soubesse que o que eu sinto por você é muito sério — Lilian tinha todos os motivos para ficar com raiva de Andrew, afinal, aquilo era o maior mico que um ser humano poderia pagar na vida, mas, ao contrário, Lilian estava achando a coisa mais linda do mundo; voltando do momento de transe, se levantou, e estendeu a mão ao pai de Andrew.

— É um prazer conhece-lo, sir — Lorde Hawkins pegou a mãozinha de Lilian e beijou.

— O prazer é todo meu, Srta. Potter — quando ele soltou a sua mão, e Lily ficou frente a frente com Andrew teve medo que de repente aquilo se acabasse e ela se desse conta que estava sonhando, por isso antes que “acordasse” ela atirou os dois braços em volta do pescoço do rapaz e deu-lhe um beijo, indiferente à presença dos pais de ambos ali na sala, e não fosse Andrew se afastar um pouco, sorrindo, encabulado, Lilian não sabia se teria parado de beijá-lo tão cedo.

— Bom, Andrew, parece que eu não tenho escolha a não ser te dar permissão para namorar minha garotinha.

Depois de mais alguns minutos na sala, Lilian pode ficar sozinha com o namorado enquanto Harry continuava conversando com o Lorde Hawkins, então Andrew contou como tinha resolvido desistir do noivado, mesmo contra a vontade do pai, como o tinha convencido de que ela era a única garota a quem amava, e como tinha achado que seria digno antes de qualquer coisa procurar Harry e esclarecer o que tinha acontecido em Hogwarts.

— Essa foi a coisa mais maluca que eu já fiz!

— Tenho que concordar com você! Mas também foi a coisa mais linda do mundo.

— Então você quer ser minha namorada, Lily Potter?

— Claro que sim, professor Hawkins.

Depois que Andrew e o pai foram embora, antes que jurasse a Lilian que se veriam todo dia, a garota ficou tão feliz que os pais mal a reconheciam. Mas, uma vez Lily Potter sempre Lily Potter, e Lily era a garota que quando queria alguma coisa batia o pé e não sossegava até conseguir, e queria de qualquer jeito ficar perto de Andrew, convencê-lo a viajar com ela para Irlanda pra passar pelo menos uma semana de férias, mas dessa vez foi ele quem conseguiu dobrá-la. Argumentou que estava ocupado demais ajudando a Hermione Weasley com a finalização do livro e não poderia viajar de repente, pela primeira vez Lilian entendeu o mau humor do tio cada vez que alguém comentava o quanto Hermione estava trabalhando nesse novo livro!

— Por que você tem que trabalhar tanto, se nem vai ter o seu nome no livro?

— Na verdade, a Sra. Weasley fez um belo agradecimento à minha contribuição na pesquisa — ele respondeu com um sorriso bem maroto. — Falta muito pouco, Lily. O lançamento será antes do início do ano letivo em Hogwarts.

— Mas depois que você se livrar da minha tia, nós vamos ficar o tempo inteiro juntos não é?

— É claro que sim. Agora, eu tenho que ir embora.

— Mas já? Ah não!

— Ah sim! Já está um pouco tarde, não é mesmo? — Lilian fez uma cara amarrada; Andrew apertou a bochecha sabendo que isso a deixava irritadinha. — Já tá na hora de mocinhas da sua idade irem para a cama.

— Você não deveria deixar uma mocinha com eu ir para a cama sozinha! — Lilian lançou o olhar mais sedutor a Andrew e jogando os braços no pescoço dele, deu um beijo demorado; ainda com os rostos colados Andrew sorriu e tocou a ponta do nariz de Lilian.

— Boa noite, Lily — ele voltou a beijá-la e antes que Lily pudesse continuar com o joguinho de sedução que Andrew quase sempre perdia, ele desaparatou.