Hogwarts, Outra História escrita por The Escapist


Capítulo 95
Capítulo 95




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Lilian mal pode acreditar quando abriu a carta que recebeu da sua coruja no café da manhã. Nunca na vida um aluno ficaria tão feliz por ser convocado por um professor. Andrew pedia que ela se o encontrasse no “lugar de sempre, na hora de sempre” aquela tarde. Estava tão ansiosa por encontrá-lo a sós, que chegou com mais de uma hora de antecedência. Quando Andrew chegou a encontrou praticando um feitiço.

— Oi.

— Olá, Lilian, que bom que você veio.

— Eu também estava com saudade, mas, você sabe melhor do que ninguém, eu tive muito o que estudar esses último dias.

— Os N. I. E. M.s estão chegando, vocês devem estar preparados.

— É, eu sei, não falam de outra coisa na escola inteira; dos NIEMs e do teste de Aparatação.

— Como você tem se saído nas aulas de aparatação? Não é uma coisa tão simples quanto parece.

— Bom, não tão mal quanto algumas pessoas. Mas eu admito, o papai tem me dado aulas extras!

— Isso é ótimo — Andrew ficou pensando, imaginando a melhor maneira de começar a dizer o que precisava falar, embora duvidasse que existisse uma maneira boa de dizer aquilo.

— Hey, Andrew, quando a gente vai poder se beijar? — Lilian falou, depois de alguns minutos em silêncio, com o jeito mais brincalhão que podia.

— Eu não... não sei se...

— Porque eu pensei que, bom, ninguém precisa ficar sabendo, não é? Eu sou muito boa em guardar segredo, e para falar a verdade em mentir também. E eu conheço alguém que não se importaria de fingir que é meu namorado... bom, mas isso é só uma brincadeira. Andrew?

— Tem uma coisa que eu preciso te dizer, Lilian.

— Ok, pode dizer.

— É muito importante que você entenda.

— Tá, eu vou entender... — antes que Andrew conseguisse raciocinar de novo, Lilian estava com os dois braços em volta do seu pescoço, e os dois se beijavam. — Eu amo você, Andrew.

— Lilian...

— Sabe, quando eu terminar a escola tudo vai ser mais fácil, pra nós, não é? Quer dizer, a gente não vai ter que ficar em segredo... tá, desculpa, você tinha uma coisa muito importante pra me falar — o sorriso da garota deixou Andrew sem força para falar, e ele precisou se esforçar.

— Nós não podemos continuar com isso, Lilian — falou finalmente.

— Do que você tá falando? — o sorriso tinha desaparecido do rosto de Lilian.

— Estou falando que nós não podemos continuar, não podemos ficar juntos, Lilian.

— Não brinca comigo, Andrew.

— Não é mentira o que eu disse que sinto por você, nunca foi mentira, mas é impossível que você e eu fiquemos juntos. Eu sinto muito.

— Sinto muito? Ora, não venha com essa conversa de sinto muito, Andrew. Nós vamos ficar juntos, em três meses as aulas acabam e então...

— Nós não vamos ficar juntos, Lilian, não podemos.

— Você não pode estar falando sério! Você disse...

— Eu nunca quis te magoar...

— Você está me magoando agora!

— Você não entende, você é jovem demais para entender...

— Eu não sou criança, eu sei o que eu sinto, e sei que não é brincadeira, eu sei que eu te amo e quero ficar com você... e...

— Eu vou me casar, Lilian.

— O que?

— Eu vou me casar. Era isso que eu tentava te dizer...

— Não, não, você não pode estar falando sério... para de brincar, Andrew, isso não tem a menor graça...

— Eu bem que gostaria que fosse brincadeira, Lilian, mas... não é. Eu não fui a sua festa de aniversário porque estava num jantar de noivado, meu noivado.

— Mas você gosta de mim, não é?

— Mas eu tenho um compromisso com a minha família. E o meu pai acredita que o casamento com a filha de um conde é o melhor para mim.

— E ele também pensou que Durmstrang seria bom para você, não foi? Só que ele estava errado e você nunca foi feliz lá e nem vai ser feliz se casando com uma trouxa de quem você não gosta! Você não pode fazer isso! Eu amo você, Andrew, você não pode me deixar assim... não pode.

— Lilian, isso é para o seu próprio bem...

— Você vai simplesmente me trocar por uma trouxa idiota qualquer, só por que o seu pai acha que isso é o melhor para você? Essa é a sua decisão?

— Eu sinto muito, Lilian. De verdade — se sentindo um covarde, Andrew não teve coragem de encarar os olhos de Lilian, não soube o que dizer quando ela foi embora com raiva e chorando muito. Com certeza a situação tinha saído completamente do seu controle.

Lilian foi direto para o salão comunal, chorava compulsivamente, não queria falar com ninguém, mas Sheryl assim que a viu entrar, foi atrás pra tentar ajudar. Lilian acabou contando a amiga o que tinha acontecido.

Uma nova fofoca estava tomando conta da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Doente e sem sair do dormitório, Lilian Potter ainda não sabia disso, embora fosse uma das pessoas envolvidas na fofoca. A outra, o professor Hawkins; Andrew andava pelos corredores e ouvia as conversas a sua volta, os cochichos, como se não bastasse o remorso por ter magoado a garota, ainda corria o risco de ser mandado embora. Já poderia até imaginar o que ouviria do pai quando essa história chegasse aos ouvidos dele.

Lilian estava deitada no dormitório de Sonserina com a cara escondida nos travesseiros; com a desculpa de que estava com cólicas, pôde faltar as aulas do dia anterior. Harry esperou até que todas as garotas se arrumassem para o café da manhã, depois entrou e foi até o quarto de Lilian. Tocou no ombro da filha para ver se ela estava acordada.

— Me deixa em paz, Sheryl! Que saco! — Lilian falou com a voz abafada pelas almofadas.

— Lilian.

— Papai? — Lilian sentou assustada, levou as mãos à cabeça, era cedo demais para ter que encarar Harry. — O que você tá fazendo aqui?

— Você não foi para a aula ontem, suas amigas disseram que você estava doente, eu fiquei preocupado.

— Eu estou bem, pai, não precisa se preocupar.

— Então você vai para a aula hoje? — Lilian lembrou que o primeiro tempo daquele dia era aula de História da Magia e sentiu um embrulho no estômago.

— Eu...

— É melhor levar você até a Mme. Pomfrey.

— Não!

— Lilian, você está pálida, você...

— Eu estou bem pai, já estou melhor... — Lilian sabia que não convenceria o pai tão fácil. — Eu vou para a aula, está bem? Eu só preciso me vestir.

— Eu vou esperar você na minha aula, ok? Se você não for, então eu vou saber que você não está nada bem.

— Não se preocupe, eu estou bem.

Assim que Harry deu as costas, Lilian se jogou na cama, a vontade era ali e não ir pra aula nenhuma, mas se fizesse isso, Harry iria voltar e, então teria que se explicar se não quisesse ir parar na enfermaria de Mme. Pomfrey. Finalmente trocou de roupa e foi direto para a sala de aula de História da Magia.

O encontro com Andrew não foi nada agradável. O tique nervoso dele, de mexer nos óculos estava muito pior e ele nem sequer teve coragem de olhar pra Lilian, que sentou-se quieta no fundo da sala e lá ficou sem dirigir nenhuma palavra a ninguém. A aula não foi proveitosa, os alunos estavam dispersos e Andrew teve que pedir silêncio várias vezes; o próprio professor não estava concentrado no que fazia, tanto que liberou a turma dez minutos mais cedo.

Talvez por costume, Lilian ficou por último na sala; pensou em falar com ele, talvez tudo tivesse voltado ao normal, talvez ele sorrisse com seu jeito encabulado, e ajeitasse os óculos. Mas antes que qualquer coisa acontecesse, Lilian teve um susto quando Ben Mears entrou na sala. Andrew, que estava arrumando o material na pasta, também ficou surpreso.

— Professor Mears?

— Professor Hawkins, a diretora Bones quer falar com o senhor.

— Ah, sim, eu já...

— Imediatamente.

— Está bem, estou indo agora mesmo —Ben lançou um olhar acusador a Andrew e depois a Lilian, e então saiu.

— O que aconteceu? — Lilian perguntou.

— Acho que esse foi meu último dia de trabalho — ele respondeu sem levantar os olhos.

— Andrew... — ele ainda parou um instante na porta, antes de desaparecer, caminhando a passos largos na direção da sala da diretora.

Enquanto andava pelos corredores, de cabeça baixa, Lilian sentia que em todo lugar tinha um grupinho falando dela, por algum motivo que ela não conhecia, mas que sabia, não estavam falando de bem.

Ela parou um instante e encarou um grupinho da alunas de Lufa-Lufa depois de ouvir a frase “ela não é nenhuma santinha”. As garotas disfarçaram, e Lilian continuou andando e ouvindo mais comentários. Então começou a montar o quebra-cabeças: as pessoas falando dela pelas costas, Andrew chamado à sala da diretora Bones. Parecia claro que o seu romance fracassado tinha virado notícia. Mas Lilian pensava que era impossível, afinal as únicas pessoas que sabiam disso eram ela e Andrew e ela não acreditava que Andrew tivesse contado a alguém; ela também não contou a ninguém, a não ser...

— Sheryl?

— Hey, Lily! Como você está se sentindo, querida?

— Não muito bem.

— O que houve, Lily?

— Toda a escola está falando de mim pelas costas — as duas estavam no gramado e Lilian apontou as pessoas em volta. — Como é que você teve coragem de contar?

— Eu... não fui eu, Lily, eu só contei para a Avril, ela também é sua amiga, e ficou preocupada.

— Contou para a Avril! Há! Que maneira mais fácil de fazer a escola toda saber, não?

— Não foi por mal.

— Eu confiei em você, Sheryl, eu me abri com você, você disse que era minha amiga!

— E sou...

— Amigos não espalham os segredos dos outros pela escola inteira.

— Bom, eu pensei que você quisesse que a escola inteira soubesse sobre a sua nova conquista — Sheryl falou com uma calma programada. — Princesa Sonserina!

— É isso que você pensa? Você acha que eu... deixa pra lá.

— Você não adora ser o centro das atenções?

— Por que você está fazendo isso?

— Ahm, deixa eu ver, não sei, porque é divertido, talvez.

— Você só fingiu que era minha amiga, esse tempo todo?

— Não, eu fui sincera com você, eu queria ser sua amiga, Lilian, porque eu pensava que você era gente, mas depois do que houve entre você e o Guy.

— O Guy?

— O Guy! O meu Guy. Você foi para a minha casa, usou meu vestido e passou a noite com o cara por quem eu era apaixonada.

— Você, você estava com outro.

— Bela justificativa! Você ficou com o Guy pelo simples prazer de mostrar que a princesa sonserina pode ter todos os homens aos seus pés.

— Isso não é verdade.

— Você sabia o que eu sentia pelo Guy...

— Olha, você poderia até querer se vingar de mim, Sheryl, mas você prejudicou o Andrew, ele pode ser mandado embora.

— Não, Lily eu não prejudiquei o professor Hawkins, você sim! Afinal, foi você, e não eu quem andou se agarrando com ele por aí — Sheryl se virou e foi embora, como se nada tivesse acontecido.

Embora estivesse com muita vontade de azarar Sheryl, Lilian teve que admitir que ela estava certa, “parcialmente certa”, em relação a Guy, talvez, mas quanto a Andrew, é claro que Andrew nunca seria apenas uma conquista, ele era o homem de sua vida! Agora, por sua culpa, ele poderia ser mandado embora, e pior, ficaria moralmente arruinado, logo ele, sempre tão certinho, tão preocupado em manter a moral e os bons costumes.

Lilian não poderia deixar que isso acontecesse. Se ela não tivesse insistido tanto, ele não estaria encrencado; mesmo que ele sentisse por Lilian o mesmo que ela sentia por ele, era dela a culpa, porque ele nunca teria tomado a iniciativa. Portanto, ao contrário do que muita gente pensava, ela não era uma pessoa tão egoísta e egocêntrica, se tinha uma chance de “salvar” Andrew, então ela salvaria.


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