Hogwarts, Outra História escrita por The Escapist


Capítulo 93
Capítulo 93




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Harry adorava o trabalhocomo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts, mas um dia de folga, longe do barulho dos estudantes e principalmente dos bruxos adolescentes era sempre bem-vindo, por isso ele ficou visivelmente surpreso quando chegou em casa e deu de cara com três garotas muito bem acomodadas na sala, rodeadas por papéis coloridos, envelopes e falando, todas ao mesmo tempo e rindo. Harry se perguntava qual era o dialeto que elas falavam, como conseguiam se entender quando era praticamente impossível distinguir a voz de uma misturada às outras. O fato de uma das garotas ser a sua filha, não deixou Harry menos desanimado; esperava que a sua princesa passasse o dia passeando com as amigas, qualquer coisa, menos em casa, e com convidadas ainda por cima!

— Olá, papai!

— Olá, Sr. Potter!

— Olá garotas! — Harry sorriu desajeitado e sumiu direto para a cozinha, onde encontrou Giny terminando de aprontar o almoço. — Eu trouxe uma garrafa de hidromel, madame Rosmerta praticamente enfiou nas minhas mãos.

— O que houve, Harry? Que cara de desanimo é essa?

— Tem “garotas” na nossa sala, Giny!

— Oh! Lily está organizando a festa de aniversário dela; claro, ela não confia em mim para isso.

— Hum; mas por que ela tinha que escolher esse dia para trazer as amigas em casa?

— Ora, Harry Potter, qual é o problema?

— Nós tínhamos planos, esqueceu?

— Não! Mas, você já reparou como a Lily mudou? Ela trouxe as amigas e está tão animada com a festa, acho que a gente pode adiar esses planos para depois, hum?

— Hum!

— Afinal, é o aniversário de 17 anos dela, Harry, você sabe, não é todo dia que uma bruxa fica maior de idade!

— Honestamente, eu preferiria que a Lily continuasse menor!

— Hey, querido, não banque o “chato”, assim você acaba perdendo o posto de pai mais sexy.

— Muito engraçadinha, Sra. Potter! Elas vão ficar o dia inteiro?

— Provavelmente — Harry fez uma cara de desânimo, ao mesmo tempo em que da sala veio uma risada eufórica. — Bom, pelo menos elas estão se divertindo.

As garotas estavam preparando os convites para a festa de aniversário de Lilian, que seria no próximo fim de semana, ali mesmo na casa dos Potter em Hogsmeade.

— Lily, você não vai convidar o Mears, vai? — Avril perguntou.

— Claro que não. Professores estão vetados, certo?

— Bom, na verdade eu pensei em convidar o professor Andrew.

— Bem, você que sabe, mas professores na festa, não sei não!

— Eu sei, mas de qualquer forma, meus pais vão estar em casa, não é?

— É, vendo por esse lado... você vai usar corujas para entregar?

— Não, eu pensei em entregar pessoalmente, com a ajuda de vocês, é claro. Porque demora bem menos do que mandar uma coruja, afinal tá todo mundo em Hogwarts mesmo!

— Justin, Erick ou Martin? — Sheryl perguntou com um ar de suspense.

— Ham? — Lilian fez que não entendeu.

— Quem você vai convidar?

— Os três.

— OS TRÊS? —Sheryl e Avril disseram em uníssono.

— Qual o problema, gente?

— Lily, você não pode convidar os três.

— Por que?

Argh! Porque isso pode causar uma briga.

— Que exagero, Sheryl, ninguém vai brigar na minha festa.

— Se você vai convidar os três, quer dizer que você vai ficar com os três? — perguntou Avril e Lilian revirou os olhos.

— Ou que eu não vou ficar com nenhum deles.

— Nenhum? — Lily assentiu.

— Mas Lily, se você vai dispensar os três porque vai convidá-los para a festa?

— Poxa, Avril, hello! O Erick e o Justin são nossos amigos, e o Martin... bom, eles são os caras mais populares da escola, acho que isso é o suficiente para serem convidados para uma festa! E além disso, eu espero que eles entendam, de uma vez para sempre que eu não quero namorar nenhum deles.

— Mas você não quer mesmo?

— Claro que não, Sheryl, já falei!

— Então, você não vai ficar chateada se outra pessoa ficar com ele? — Lilian sabia muito bem que “outra pessoa” queria dizer a própria Sheryl.

— Eu não, Sheryl, mas talvez o Guy... — Lilian parou de falar quando Giny entrou na sala.

— Hey, com licença, meninas. Que tal uma parada para o almoço?

As garotas só voltaram ao trabalho à tarde, e para total desespero de Harry, estavam com força total. Mais tarde quando Sheryl e Avril foram embora, Lilian estava terminando de arrumar a bagunça.

— Então esses são os convites da festa? — Harry perguntou apontando a pilha de envelopes em cima da mesa; Lilian assentiu. — Se você ia convidar a escola toda a gente deveria ter pedido à Susana para fazer a festa no Grande Salão de Hogwarts, assim pouparia o trabalho de dar autorização.

— Grande ideia, pai! E por falar em autorização, aqui está a lista, pode fazer a sua parte, ok? Obrigada. Eu te amo — Lilian deu um beijinho na bochecha do pai e saiu para o quarto.

— Por que ela sempre consegue tudo o que quer? — Giny sorriu enquanto Harry analisava a lista de convidados de Lilian, a parte dele, como ela dizia, era levar aquela lista para que os diretores das Casas autorizassem a saída dos alunos.



Lilian entregou todos os convites da festacom a ajuda de Sheryl e Avril. Faltava apenas um que ela fazia questão de entregar pessoalmente.

— Professor Hawkins? — chamou da porta da sala de Andrew, e como não obteve resposta entrou. — Professor? — logo pôde perceber que ele não estava; mas Lilian preferiu esperar.

Enquanto esperava ficou mexendo nos livros de Andrew que estavam em cima da mesa; sua atenção logo foi atraída para um pedaço de pergaminho. Lilian tinha plena consciência de que xeretar as coisas dos outros era o cúmulo da falta de educação, mas a curiosidade ao ver aquele pergaminho escrito com a letra de Andrew era muito maior que o seu bom senso. É claro que podia ser apenas alguma coisa relacionada às aulas, mas assim que chegou mais perto, Lily percebeu que era uma carta — uma carta para o pai dele — Lilian pensou em apanhar a carta e ler, mas antes disso, Andrew entrou na sala.

— Senhorita Potter? — Lilian deu um salto com o susto.

— Eu estava, ahm, esperando por você.

— Algum problema? — Andrew contornou a mesa e ficou atrás ao mesmo tempo que Lilian passava para a frente; Andrew pegou o pergaminho e guardou embaixo de um dos livros.

— Eu, queria te dar isso — Lilian entregou o envelope lilás; Andrew abriu, leu e sorriu.

— Convidando um professor para a sua festa de aniversário?

— Bom, não é um professor qualquer, é você... — ela falou quase num impulso e ficou vermelha quando os seus olhos e os de Andrew se encontraram, ele também não parecia à vontade com o silêncio que havia entre os dois; Lilian mordeu o lábio. — Quer dizer...

— Eu agradeço o convite, senhorita Potter. Obrigado.

— Mas você vai?

— Eu não sei, talvez, mas preciso ver como estão os meus compromissos, e, bom, eu não sei se terei esse dia livre...

— Porque é muito importante pra mim que você vá, Andrew! — Andrew contraiu o rosto e Lilian teve a impressão de que ele estava sentindo alguma dor, pois seu rosto parecia demonstrar um sofrimento enorme.

— Eu tenho um aula agora, senhorita Potter, os alunos já devem estar chegando —Andrew ofereceu a porta de um jeito tão brusco que quase fez Lilian chorar, mas antes que ela saísse ele voltou a falar, embora parecesse fazer um esforço enorme para isso. — Lilian... — seja lá o que Andrew ia dizer, foi interrompido pelos alunos do quarto ano que chegavam para a aula. — Você deve ir — uma pequena esperança nascia no coração de Lily quando ela saiu da sala de Andrew; talvez fosse uma esperança vã, mas pensava cada vez mais ser possível que Andrew sentisse alguma coisa por ela. Se não, como explicaria aquilo que tinha acabado de acontecer?

— Ele não me chamou de senhorita Potter afinal!



Tudo estava perfeito, do jeito que Lilian tinha planejado; a casa estava arrumada, as bebidas e a comida estavam “ok”, a música era agradável, os pais estavam se comportando relativamente bem e a galera estava se divertindo. Lilian estava particularmente linda, usando um vestido preto bem curtinho (que quase foi vetado por Harry), os cabelos presos deixavam à mostra suas costas bonitas, e a maquiagem realçava os olhos. Lilian só esperava a chegada de Andrew para poder dizer que estava cem por cento feliz. Mas à medida que o tempo foi passando e ele não apareceu, a festa começou a ficar sem graça para ela e foi preciso se esforçar bastante para continuar sorrindo; só conseguia pensar que, se não tivesse falado besteira e dado tanto mole, ele poderia estar ali.

Quando a festa acabou e os últimos convidados foram embora, Lilian nem sequer cogitou a possibilidade de ajudar a arrumar a bagunça e foi direto para o quarto. Todos os presentes que tinham chegado pela manhã estavam empilhados em cima da cama; como tinha ficado ocupada com a arrumação da festa, Lilian ainda não os tinha aberto; mas a empolgação que sempre tivera para abrir presentes parecia ter desaparecido e ela resolveu abri-los apenas no dia seguinte; começou a transferir os presentes de cima da cama para a poltrona.

Tinha recebido presentes de toda a família: Tiago e Loreley, Alvo, os avós Weasley, e até do Ministro da Magia, mais um presente inútil, pensou Lilian sacudindo o embrulho que continha um timbre do Ministério, e jogou-o sobre a pilha. O último presente em cima da cama era um embrulho pequeno, envolto num papel lilás ornado por pequenas luas douradas; Lilian ficou curiosa, principalmente porque não tinha nenhum cartão junto ao embrulho; rasgou o papel e abriu a caixinha; dentro estava uma correntinha de ouro com um pingente em forma de lua; Lilian pegou a correntinha.

Quem tinha lhe mandado aquele presente? Não conseguia imaginar algum dos amigos de Hogwarts; talvez Guy, mas não, era muito pouco provável que ele tivesse sensibilidade de dar um presente tão meigo a uma garota, além disso ele não tinha como saber quando era seu aniversário. Colocou a corrente dentro da caixa e deixou na mesinha de cabeceira; se trocou para dormir e quando deitou, a sua atenção voltou ao presente anônimo; pegou-o novamente e passou tanto tempo imaginando quem poderia ter lhe mandado que acabou adormecendo com a joia enrolada nos dedos.




Todos que foram pra festa de Lilian Potter estavam comentando entusiasmados o que tinha acontecido; se Lilian não estivesse tão arrasada por Andrew não ter sequer dado uma desculpa para não ir, estaria orgulhosa pelo sucesso da sua festa. Estava sentada na sala de estudos quando Avril e Sheryl chegaram.

— Hey, Lily!

— Hey!

— Tudo bem com você, Lily?

— Estou bem, bom, meio cansada, a festa foi... cansativa, né?

— Foi, bom, mas foi ótima não é? Quer dizer, todo mundo gostou.

— Que bom — Avril ficou sem graça, pensando que Lilian estivesse agindo estranha por causa dela e Erick. — Você e o Erick se acertaram?

— É...

— Legal, sempre achei que vocês combinavam.

— Sério? Quer dizer, você não tá chateada comigo?

— E por que eu estaria, Avril? Já falei mais de mil vez que não quero o Erick! — Lilian falou rispidamente e imaginou que as amigas estavam pensando que a princesa sonserina tinha voltado ao normal. — E você Sheryl? Eu não te vi com o Justin... na verdade eu vi o Justin com a Joan!

— Eu pensei no que você disse, sobre o Guy, quer dizer, eu não posso trair ele assim, sem mais nem menos.

— Tem razão.

— Que lindo, Lily! — Avril reparou na corrente com pingente em forma de lua que Lilian estava usando.

— Eu ganhei de aniversário.

— É mesmo lindo! Quem te deu?

— Não sei, não tinha nenhum cartão, nem nada.

— Que estranho, tem certeza que não está enfeitiçado? — Sheryl parecia falar sério, mas Lily e Avril acabaram rindo. — Isso é sério, gente! Tem muita gente invejosa no mundo, Lily, e bom, muita gente que gostaria de ter sido convidada para sua festa!

— Ah, Sheryl, você acha que o meu pai não saberia reconhecer um objeto enfeitiçado? — Sheryl admitiu que Lily estava certa.

— Bom, mas é sempre bom ter um pouco de preocupação. Mas, vocês viram com quem o Martin da Grifinória ficou na festa?

— Eu fiquei muito boba com aquilo, gente! — Avril e Sheryl ainda conversaram muito sobre tudo que tinha acontecido na festa, quem tinha beijado quem, e assim por diante; mas Lilian não estava dando muita atenção às duas.

Estava concentrada olhando para o professor que estava de pé andando pelo sala prestando atenção aos alunos enquanto eles estudavam. Era Andrew. Ele ainda nem tinha falado com ela desde a última vez que estiveram juntos na sala dele quando Lilian lhe convidou para a festa de aniversário.

— Bom a gente já vai para o salão comunal, você vem Lily?

— Eh, não, eu vou ficar um pouco mais, tenho que estudar um pouco mais.

— Então a gente se vê — depois de Sheryl e Avril, outros alunos que estavam estudando foram saindo; depois de meia hora, Lilian estava sozinha; sozinha com Andrew. Ele estava agora sentado em uma das mesas, lendo. Lilian se aproximou e sentou em frente a Andrew.

— Pensei que veria o senhor na minha festa, professor!

— Eu tive compromissos — os olhos dele fixaram-se no pingente que Lilian estava usando. — Sinto muito.

— Eu estou cansada disso!

— Então é melhor ir dormir, senhorita Potter.

— Pare de me chamar de senhorita Potter o tempo inteiro! Você ainda não entendeu que eu...

— Cuidado com o que você vai dizer — de repente ele colocou o dedo sobre os lábios de Lilian, ela parou, ficou olhando para Andrew, os olhos cheios d’água, logo viu que ele também estava emocionado. — É impossível, Lilian — disse ele, quase num sussurro.

— Por que?

— Eu sou seu professor. Você é uma criança. Seu pai é meu amigo.

— Você esqueceu o mais importante, Andrew, eu te amo — Lilian pensou que talvez Andrew fosse rir da sua cara; mas era visível o esforço emocional que ele estava fazendo para se controlar.

Até que não foi mais possível. Lilian estava tão perto, tão linda. O beijo que ele lutava para evitar há muitos dias aconteceu; depois de dias resistindo ao fascínio de Lilian todas aquelas vezes que a encontrara na floresta, tentando convencer a si mesmo da impossibilidade daquele sentimento, ele foi traído por um instante apenas. Andrew afastou-se um pouco, afagou com a mão o rosto de Lilian, e pegou o pequeno pingente.

— Foi você?

— Lilian, presta atenção. Eu gosto de você, eu não deveria te dizer isso, mas eu, eu não sei por que, só sei que eu sinto por você o que nunca senti por nenhuma garota antes —o rosto de Lilian se iluminou, estava ouvindo exatamente o que queria. — Mas isso é impossível. Nós não podemos ficar juntos. Nunca.

— Faltam poucos dias para acabar as aulas, logo eu não serei mais uma das suas alunas...

— Você é uma criança...

— Eu não sou criança, Andrew.

— Olha, se alguém descobrir o que aconteceu, isso pode causar um grande problema, pra nós dois...

— Eu não vou contar a ninguém, vai ser o nosso segredo! — o som de passos na sala assustou Lilian e Andrew; era o velho Sr. Filch patrulhando o castelo. O velho soltou um espécie de grunhido que Andrew entendeu como sendo um alerta de que estava tarde para os alunos estarem fora da cama.

— Sr. Filch tem razão, senhorita Potter, está na hora de ir.

— Está bem, boa noite, professor!

Andrew gostaria de ter explicado tudo a Lilian antes que Filch tivesse aparecido; não era mentira o que tinha dito; estava apaixonado por uma aluna. E essa aluna era Lilian Potter. Mas não poderia jamais pensar em levar esse romance adiante, não havia nenhuma chance disso acontecer. Precisava acabar com aquilo antes que as coisas saíssem ainda mais do seu controle.

No dia seguinte, quando saiu pra fazer sua caminhada vespertina, esperava encontrar Lilian, como fazia todas as vezes e ela fingia que tinha sido um encontro casual; mas dessa vez ela não apareceu. E por incrível que pareça ela não foi nos outros dias, embora estivesse sempre olhando e sorrindo para o professor, o que fazia Andrew entender que ela ainda estava com aquilo na cabeça, e por isso ansiava por um momento a sós com Lilian para poder esclarecer a situação entre eles.

Não raro estava dando aula, ou na sala de estudos observando os alunos, quando um passarinho de papel aparecia voando ao seu redor, bastava ver a cara de cúmplice de Lilian pra saber que tinha sido ela, e nessas horas era difícil ficar indiferente e o sorriso meio que escapava involuntariamente do seus lábios.


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