Uma semana depois, Tiago e Alvo voltaram para casa, em Godric’s Hollow para as férias de Natal. Harry foi buscar os dois em King’s Cross.

— Você tem alguma coisa pra me contar, Tiago? — perguntou assim que o filho entrou no carro.

— Muita coisa — disse dissimuladamente; podia perceber que Harry já sabia o que tinha acontecido na última semana de aula e que enrolá-lo não seria tão fácil quanto enrolar McGonagall.

— Sei, nós vamos conversar em casa! E você, Al, como está indo? — daí o pequeno começou a falar, contar cada por menor dos seus dias em Hogwarts e como tinha se dado bem em todos os exames. Harry ouvia tudo satisfeito.

Os dois irmãos discutiam, riam, e faziam o pai rir também. Assim que eles entraram, Giny correu para abraçar os filhos; teria abraçado os dois ao mesmo tempo, se Tiago não fosse tão alto.

— Mamãe! — disse ele sufocado com o abraço de Giny.

Somente a noite Harry voltou a tocar no assunto de antes; Tiago preferia não falar sobre suas “aventuras” em Hogwarts; seria melhor que o pai continuasse sabendo apenas de suas habilidades e popularidade. Tiago estava deitado lendo uma revista trouxa, quando Harry entrou.

— Então?

— Então o que, pai?

— Você vai me contar o que aconteceu de verdade, ou não?

— Eu pensei que a professora McGonagall tivesse mandado uma coruja contando.

— Você pode ter enrolado a professora McGonagall com aquela história de confundir-se com um feitiço, Tiago, aliás, você está de parabéns por conseguir dobrar McGonagall, mas comigo essa história não cola.

— Pai...

— Eu sei que você fugiu da escola, e sei que usou magia contra um trouxa, ok, quero saber por quê?

— Por que ele queria me bater, só por isso, se eu não tivesse usado magia ele tinha me mandado direto pro Saint Mungus.

— E o que você estava fazendo fora da escola?

— Ah, pai, me divertindo. Qual é?

— Você não pode seguir as regras de vez em quando?

— Olha só quem tá falando em seguir regras!

— Tiago!

— Qual é o problema em se divertir um pouco? Poxa!

— Você pode se divertir, claro que pode, o que não pode é passar dos limites; primeiro você não deveria estar fora de Hogwarts — Tiago bufou, — e não adianta fazer cara feia.

— Sabe o que é pior, é você, logo você me dando sermão; ouvir isso da professora McGonagall ainda vá lá, mas de alguém que fugiu da escola para correr atrás de horcruxes, fala sério!

— Você não pode comparar, Tiago, presta atenção, são situações completamente diferentes.

— Como assim, a diferença é que eu não tenho um lorde das trevas querendo minha cabeça, mas, fato, papai, você nunca foi muito fã das regras, concorda?

— Você tá tentando me confundir, garoto. Mas, não vai conseguir. Você tem que entender que o privilégio de poder usar magia implica em responsabilidades; a magia é um dom, e não é para ser desperdiçado por qualquer bobagem, muito menos na frente de trouxas, isso pode colocar muita coisa em risco — Tiago ouvia impacientemente o sermão de Harry. — Você nem deveria ter entrado numa briga, muito menos usado magia para se defender; fazer isso contra um trouxa, é no mínimo covardia. Você tem que valorizar mais o seu poder, Tiago, e entender que existem momentos que você não precisa necessariamente usar magia; talvez você possa entender quando ficar um tempo sem usar seus poderes, talvez assim você passe a dar mais importância a eles.

— O que você quer dizer com isso, papai?

— Quero dizer que você está de castigo, e não vai usar magia durante as férias.

— Como é que é?

— Você ouviu muito bem. Eu vou ficar com a sua varinha até o dia que você voltar a Hogwarts, até lá, tente imaginar como é não ter poderes, ok, e talvez você entenda como é para um trouxa.

— Pai, isso não é justo, você não pode pegar minha varinha, eu não vou entregar —Tiago disse, mesmo sabendo que era inútil.

— Accio varinha! — a varinha de Tiago voo da mochila direto para as mãos de Harry. — Tiago é para o seu bem. Ora, procure aproveitar suas férias, não é por que você não pode usar magia que não vai se divertir, certo? A propósito, seu tio Ron vem no próximo fim de semana, espero que você possa derrotá-lo no xadrez — Harry saiu do quarto e fechou a porta atrás de si.

Ainda era difícil bancar o pai pra Tiago; se ele não tivesse a responsabilidade de ser pai, com certeza acharia o máximo o filho ter conseguido um jeito de quebrar os feitiços e sair do castelo de Hogwarts sem ser descoberto e ainda inventar uma história para convencer McGonagall que era inocente.

Tal como acontecia com ele quando era adolescente, e todo mundo lhe dizia que ele era igual ao pai, acontecia com Tiago agora; afinal, exceto pela parte dele “não ter um lorde das trevas querendo sua cabeça”, ele era muito parecido com Harry, embora, Harry concordasse, ele era muito melhor, a julgar pela quantidade de corujas que recebia das bruxas de Hogwarts durante as férias.

— Isso está começando a ficar irritante, Tiago! — reclamava Giny, que não achava a menor graça em ter tantas bruxinhas querendo seu filho.

— Mãe, o que eu posso fazer? Não vou pedir para as garotas não me escreverem, poxa!

— Você está ficando muito engraçadinho, Tiago — ouviram uma batida na porta. — Deve ser o Ron e a Hermione, por que você não abre a porta, Tiago? — Giny lançou um olhar furioso para o filho e Harry que já tinham feito as pazes, embora Harry tenha se negado a devolver a varinha ao filho e Tiago continuasse sem poder usar magia, e conversavam, rindo debochadamente, Giny não gostava que Harry incentivasse a “libertinagem” do filho.

— Sim, senhora. — Tiago deu um beijo na mãe, e correu para abrir a porta.

Seu tio Ron, Hermione e Hugo, o filho mais novo, estavam esperado

— Tio, entrem — Tiago ficou arrasado por não ver Rose.

— Ron, pegue as malas! Olá, Tiago, como você está querido? — seguiu-se uma sequência de abraços, cumprimentos, apertos de mãos, enquanto Harry ajudou Ron com as malas; Ron e a família passariam as férias em Godric’s Hollow, na casa de Harry e Giny, por isso Tiago estava tão triste por Rose não está lá.

— Onde está a Rose? — perguntou e viu o tio fazer uma careta.

— Ela preferiu passar as férias com os meus pais. Ron acha que é por causa do garoto que ela está namorando. — Tiago sentiu como se tivesse levado um soco no estomago, “namorando? Rose namorando?”

— Infelizmente as crianças crescem, Ron — disse Giny, lançando o mesmo olhar furioso a Tiago, mas dessa vez o filho não respondeu; depois de saber que Rose estava namorando o dia ficou muito chato pra ele, que se trancou no quarto durante o resto do dia.