A família Malfoy desde a queda do lorde das trevas já não tinha o mesmo prestigio de antes; além do nome reconhecido como um dos principais a apoiar Voldemort, até mesmo a fortuna da família tinha sido gravemente afetada.

Depois que saiu da escola de Hogwarts, Draco Malfoy conheceu uma moça que, embora tenha nascido numa família bruxa, não tinha poderes mágicos. Contrariando o preconceito de sua família contra os trouxas e sangues-ruins, Draco casou-se com Jane, e com ela teve um filho, James.

Nos primeiros anos, Draco chegou a pensar que, assim como a mãe, James não teria poderes mágicos, mas logo o garoto fez três anos, a magia nele começou a se revelar. Até os onze anos, James frequentou a escola trouxa, e então entrou para Hogwarts. A primeira recomendação de Draco foi para que ele ficasse longe dos Weasley e dos Potter; a última coisa que Draco poderia desejar ao filho era que ele revivesse a rivalidade que outrora existiu entre ele e Hermione, Ron, e principalmente Harry. Além disso, qualquer aproximação com eles despertaria atenção sobre o próprio James, e já bastava ele ter que lidar com o fato de que seus avós tinham sido fies servidores de Voldemort.

Era por causa do passado de sua família que Malfoy tinha adotado uma vida mais próximas dos trouxas que ele tanto desprezou no passado; ocupava um apartamento em Londres, no mundo dos trouxas; agora tinha um trabalho trouxa, casara-se com uma trouxa. Em meio a pessoas comuns, não havia quem soubesse quem eram os Malfoy, nem tampouco Lorde Voldemort, e não havia comentários, nem sussurros diante de sua presença em algum lugar.

Em suma, Draco e a família evitavam as reuniões de bruxos, e preferiam viver no anonimato dos trouxas; só resolveram mandar James para Hogwarts por que ele precisava aprender a controlar seus poderes, e Draco não demonstrava nenhuma habilidade em ensinar magia ao filho.

James não sentia nenhum orgulho de ser um dos Malfoy. Conhecia bem a História da Magia; lia todos os livros, os de antes de Voldemort e os de depois; era muito triste para ele ver o nome de seus parentes aparecendo nos livros como vilões, como servos de um bruxo das trevas. James podia sentir que o próprio pai não mais se orgulhava do passado, e se esforçava para não ter que fazê-lo lembrar dele; ficar longe dos Potter e Weasley seria uma boa forma de ajudar.

Quando entrou em Hogwarts não esperava que teria em sua turma justamente o filho de Harry Potter e a filha de Ron e Hermione Weasley. Tiago Potter não demonstrava nenhum interesse em querer ser amigo, nem inimigo de James, e os dois nem ao menos se falavam; mas, a maioria da escola sabia quem era James, e não faltava alguém olhando torto para ele, e aqueles comentários maldosos quando ele passava.

James sofria por que não queria ser julgado pelo passado de sua família, mas não contou nada ao pai, e consigo mesmo resolveu não se incomodar; não poderia fazer muita coisa contra a opinião das pessoas, apenas mostrar através de suas atitudes que era diferente. E foi assim que ele se tornou um dos melhores alunos de Hogwarts e foi até escolhido para ser monitor.

Como o passado dos pais era conhecido como parte da própria história do mundo bruxo, comparações com Tiago Potter aconteciam frequentemente; mas não era o que James queria; ele tirava boas notas simplesmente por que estudava, não jogava quadribol por que não queria, e não por medo de não ser melhor que Tiago como diziam pela escola; enfim, ele não agia com nenhum sentimento de competição, e algo lhe dizia o mesmo em relação a Tiago. Até que o outro começou a se deixar levar pela popularidade; ridicularizar Malfoy tinha se tornado o hobby preferido de Tiago, mas James também não se importava.

Mas havia Rose; James não teve esperança quando a conheceu, mas depois ela começou a vê-lo de outro modo, e também concluiu que o garoto não era “do mal”. A implicância de Tiago Potter com James Malfoy tomou forma, e agora ele sabia que era ciúme que o Tiago sentia dele e Rose.

James não sabia como dizer ao pai que estava namorando Rose Weasley; essa notícia não seria recebida de bom grado por Draco, James podia apostar, por isso decidiu não tocar no assunto quando chegasse em casa para passar as férias do Natal; preferia esperar mais um pouco e então preparar o pai. Mas não conseguiu esconder nada.

Draco foi buscá-lo em King’s Cross e ali mesmo o viu se despedir de Rose aos beijos — felizmente antes que os Weasley pudessem ver. Draco não falou nada enquanto não estavam em casa; ele e o filho permaneceram em silêncio durante o percurso de King’s Cross para o apartamento dos Malfoy no centro de Londres.

— James, eu vi você e aquela menina. — James sentiu como se tivesse levado um soco no estômago — isso está errado.

— Eu gosto dela.

— Você não pode... Eles não vão aceitar, você não está pronto pra isso.

— Eu não sou um monstro, pai, por que os pais da Rose não podem me aceitar?

— Você acha que isso vai acontecer? Eu duvido muito que o Weasley permita que a filha dele namore você, James.

— Eu não esperava contar com o seu apoio mesmo — James disse magoado.

— Não se trata de apoiar... Você não entende? Existe uma mancha no nosso nome, James, uma mancha que o tempo não vai apagar, todos vão sempre lembrar de como os Malfoy serviam ao lorde das trevas e de como foram covardes, e blábláblá...

— Acontece que eu não sou igual a você! — James berrou; não queria magoar o pai, mas estava cansado daquilo. — Eu não vou pagar pelos seus pecados.

— Ótimo, eu realmente fico muito feliz por saber que você não é igual a mim, mas as pessoas não sabem disso, para elas você ainda continua um Malfoy.

— Não me importa o que as pessoas dizem ou pensam.

— Você não está pronto pra isso, não está... — Draco não sabia como explicar; o seu medo era o medo de sempre, de que seu filho sofresse as consequências de seus atos do passado.

— Por quê? Por que eu não posso viver como uma pessoa normal? Tudo o que eu quero é viver como uma pessoa normal. Eu não quero competir com ninguém, eu não quero me esconder nem tampouco me orgulhar de nome nenhum; eu só quero viver, será que eu posso fazer isso?

— Espero que você saiba o que está fazendo — Malfoy disse apenas, e saiu.

O clima entre pai e filho desde então não era dos melhores, principalmente quando James saia para se encontrar com Rose.

James e Rose — que estava passando as férias na casa dos avós trouxas — se encontravam praticamente todos os dias. Era simplesmente maravilhoso para os dois se encontrarem fora de Hogwarts, afastados dos olhares e comentários de toda a escola. Assim como James, Rose também não contou aos pais que estava namorando o Malfoy, mas intimamente ela sabia que eles — e principalmente Hermione — já suspeitava disso.