Já era tarde da noite quando o carro de Guy parou em frente à casa dos Weasley, mas os dois não pareciam dispostos a se separar; aquela tinha sido uma noite agradável; Guy era o tipo de cara perfeito segundo os padrões de Lilian; a maior parte da noite, entre muitos beijos, ele ficou ouvindo-a falar sobre si mesma e lhe fazendo elogios.

— Hey, acho que está na hora de entrar.

— Ainda está muito cedo... — Guy brincou com uma ponta do cabelo de Lilian.

— Não está nada cedo!

— Tudo bem, será que a gente ainda vai se ver outra vez?

— Eu não sei, eu tenho a escola...

— E se eu te raptasse? Ham? O que você acha, princesa sonserina?

— Não acho uma boa ideia, humhum, meu pai é o maior bruxo de todos os tempos, meu irmão é o maior jogador de quadribol de todos os tempos, e meu outro irmão vai entrar para a Ordem de Merlin, e todos eles são muito bravos! E a minha mãe manda neles, então, acho que você teria problemas.

— Ham, o seu pai usa vestido e aqueles chapéus pontudos?

— Não!

— Então eu não tenho medo.

— É sério, eu preciso entrar, senão meu tio vai me denunciar, eu posso acabar muito encrencada!

— Ok, então, boa noite, Lilian.

— Boa noite, Guy.

— Ahm, um beijinho de boa noite? — Lilian deu mais um beijo em Guy, que durou mais de cinco minutos e finalmente desceu do carro; com um último aceno ele deu partida; ela esperou o carro desaparecer do outro lado da rua antes de entrar em casa. Só não esperava dar de cara com o mau humor da tia Hermione.

— O que você pensa que está fazendo, Lilian? Você não pode sair de casa assim, sem dizer a ninguém aonde vai, nem... escuta o que eu estou falando mocinha! — Lilian respirou fundo, o melhor seria não criar um caso com a tia, senão ela ia contar aos seus pais.

— Desculpa, tia, não foi por mal — disse, fazendo a cara mais manhosa que conseguia. — Eu fui para o aniversário de uma amiga de Hogwarts, a Sheryl, sabe? Eu fui vê-la hoje à tarde e ela me chamou para a festa, então eu não tive como dizer não, mas eu esqueci de telefonar avisando, eu sinto muito!

— Nós ficamos preocupados, Lilian, você está na nossa casa e, portanto, é nossa responsabilidade, imagina se acontecesse qualquer coisa.

— Obrigada pela preocupação, tia, eu realmente sinto muito.

— Bom, dessa vez eu vou deixar passar, mas não faça mais isso, ok?

— Pode deixar, tia, obrigada.

Lilian foi dormir tranquila, com a certeza de que não teria problemas com os pais, porque Hermione não ia lhe dedurar para Harry afinal, pôde passar um bom tempo da noite ainda pensando em Guy, cogitando a possibilidade de ir vê-lo nos próximos dias, já que ainda teria três dias de férias.

Quando acordou pela manhã, a primeira coisa que viu o primo Hugo, que até onde ela sabia estava nos EUA, sentado no parapeito da janela.

— O que você tá fazendo aqui?

— A pergunta certa, Lily seria, o que você tá fazendo aqui? Afinal, eu moro aqui! Aliás, bom dia para você também.

— Você não estava nos EUA?

— Estava é uma palavra que denota um estado passado — Hugo riu de um jeito sarcástico.

— Argh! Você passou muito tempo com a Bones — Lily empurrou os lençóis de cima, mas ficou sem jeito quando se deu conta de que estava usando apenas um baby-doll curtinho, de modo que suas pernas ficaram inteiramente à mostra, e Hugo não conseguiu deixar de olhar. — Você não deveria entrar no quarto de uma garota assim —disse Lily puxando os lençóis e cobrindo-se.

— Só lembrando mais uma vez, Lily, que esse não é o seu quarto, além disso, sossega, eu não tô nem aí para as suas pernas! Você é praticamente minha irmã. E mais, não banque a recatada, ok? Eu vi o que você estava fazendo ontem à noite!

— Oh! Hugo Weasley!

— Até por que você não fez questão de guardar segredo, né?

— Que eu saiba não fiz nada demais.

— Não, claro, eu até concordo, não é nada demais ficar com alguém, assim, só por ficar, principalmente se for com algum trouxa, mas o tio Harry, tem a mesma opinião? Alguma coisa me diz que não! Quer dizer, acho que ele não ia gostar de saber que a garotinha dele anda beijando garotos londrinos que ela mal conhece!

— Definitivamente você passou tempo demais com a Bones!

— Tudo bem, pode ficar tranquila, eu não vou contar ao tio Harry.

— Quem disse que eu estou com medo de você contar alguma coisa ao meu pai? E mesmo que você conte, por que ele iria acreditar? Agora, sai, que eu preciso me vestir.

— Não, na verdade, Lilian, eu não vim aqui só para ver você de roupa intima — Lilian jogou uma almofada em Hugo. — Sério! Deixa eu falar! Eu queria que a gente voltasse a ser amigo!

— Ham?

— Nós tivemos diferenças nos últimos tempos, mas acho que foi parte do processo natural de crescimento...

— Você tá falando igual a sua mãe!

— Mas a gente sempre foi amigo, então não seria bom que as coisas voltassem a ser como antes, ou pelo menos parecido com o que era quando nós éramos crianças?

— Você só está dizendo isso por que a sua parceira no crime foi embora, Hugo. Aliás, eu nunca entendi exatamente qual era o lance de vocês!

— Bom, nem eu, não era algo que pudesse ser entendido, sabe?

— Entendo.

— Bom, amigos? — Hugo estendeu a mão, mas Lilian ponderou um pouco.

— Você vai me obedecer e concordar com tudo que eu disser?

— Como sempre.

— Ok, amigos — ao invés de apertar a mão de Hugo, Lilian deu um empurrão. — Agora, dá o fora daqui!

— Hey, eu ainda preciso lembrar que essa é minha casa? Ah, Lily espera — Hugo segurou a porta impedindo que Lilian a fechasse. — me ensina como enrolar a minha mãe, você foi incrível!

Lilian passou os três dias seguintes fazendo coisas de trouxa com o primo; foram ao shopping, cinema, e até museus e por isso não teve mais tempo de voltar a procurar por Guy; nem mesmo com Sheryl falou, pois quando telefonou para convidá-la pra sair junto com ele e Hugo a Sra. Atwood disse que a filha tinha ido passar os últimos dias de férias em Manchester.

No último dia de férias, os dois foram junto com as mães ao Beco Diagonal, embora precisassem de pouco material para o ano letivo — ambos já tinham a maior parte dos livros que precisariam.

— E então, como é nos EUA? —conversavam enquanto caminhavam pelo Beco Diagonal.

— É um pouco diferente, sabe? Mas é ótimo.

— E a Bones encontrou o pai?

— O que isso importa?

— Não importa, eu só estou conversando. Além disso, fala a verdade, você tá louco para falar dela! — Hugo teve que admitir, estava sentindo falta de Penélope, que se Hermione tivesse permitido teria ficado nos Estados Unidos com ela.

— Eles se encontraram sim; sabe, Lily, vocês nunca se deram bem, mas a Penélope não é tão má assim como você pensa. Ela tem aquele jeito, mas... enfim, ela e o pai acabaram se entendendo, eles tem um jeito muito parecido.

— Então ela vai ficar lá para sempre?

— Ah, eu não sei, nunca sei o que se passa na cabeça da Penélope; é possível que ela apareça em Hogwarts quando menos se esperar!

— Hey, vocês dois — Hermione chamou ao acompanhá-los. — Vamos?