A situação na casa dos Weasley se tornou insuportável; Rose entrou numa depressão de dar pena; passava o dia inteiro trancada no quarto, a maior parte do tempo chorando; Ron com um mal humor do tamanho do mundo, e Hermione dividida entre os dois. O único que parecia alheio aos acontecimentos era Hugo, que estava na casa de Harry.

Além da situação desagradável em casa, Rose estava morrendo, quase literalmente, de saudade de James, não se viam há vários dias, e se falavam apenas por cartas, já que ela não tinha nem mesmo coragem de usar o telefone para falar com ele na presença de Ron. Mas no dia que o pai foi à casa dos Potter para buscar Hugo, Rose pediu que James fosse até lá pra vê-la, claro que seria arriscado, mas estavam com muita saudade um do outro.

Rose estava sozinha em casa quando ele chegou. Os dois deram um abraço apertado.

— Você está bem, Rose? Bem mesmo?

— Sim, agora que você está aqui, tudo bem.

— Como estão as coisas com seus pais?

— Não estão muito bem, meu pai não fala comigo, mas também não me deixa sair de casa, me vigia o tempo todo, acho que ele a mamãe andam até brigando.

— Sinto muito! Eles não estão em casa agora?

— Não, mamãe precisou resolver assuntos de trabalho no Ministério, e o papai foi à casa do tio Harry buscar o Huguinho.

— Eu sinto muito que você tenha brigado com seus pais.

— James, não é sua culpa...

— Claro que é, Rose... naquele dia eu não deveria...

— Eu não me arrependi de nada, James.

— Nem eu, eu só não queria que você sofresse.

— Amor, a gente vai resolver isso. Eu não aguento mais ficar longe de você...

— Eu também estou sentindo muito a sua falta, Rose; estou tentando imaginar um jeito de resolver isso, alguma solução para nossa vida. Eu não sei, talvez alugar um apartamento para a gente morar, procurar um emprego, enfim... o que foi isso? — James ouviu o barulho de porta batendo. — Alguém chegou.

— Deve ser a minha mãe. Mãe?

— Rose, sou eu querida, hum, onde está seu pai? — Hermione gritou lá de fora.

— Ele foi buscar o Hugo na casa do tio Harry.

— Hum, e você, está bem?

— Ah sim, estou, mãe... — os passos de Hermione foram se aproximando do quarto de Rose. Ela abriu a porta e deu de cara com James.

— Rose... oh, não! James?

— Olá, Sra. Weasley.

— Você não deveria estar aqui, oh, o Ron, ele não vai gostar, Rose.

— Mãe, eu sei, mas eu precisava ver o James, eu não aguentava mais de saudade.

— Desculpe, Sra. Weasley. Sra. Weasley, eu, queria, eu, sei que a senhora e seu marido não gostam de mim, eu até entendo seus motivos, mas, eu amo muito a Rose, eu queria pedir a permissão da senhora pra me casar com ela — Hermione foi pega de surpresa. Agora era mesmo a hora de resolver de que ‘lado’ ia ficar.

— Casamento é uma coisa muito séria, James.

— Eu sei, senhora.

— A Rose disse que você brigou com seus pais...

— Eles não aceitam que eu fique com a Rose, mas eu não posso viver sem ela, eu sei que não vai ser fácil para nós no começo, mas eu juro, Sra. Weasley, eu vou fazer de tudo para ver a sua filha feliz. Eu juro.

— Ok, James, a Rose vai ter um bebê e você é o pai, eu não estou feliz com isso, mas eu também amo a minha filha, e ela morreria sem você, então... agora, não é uma boa ideia o Ron te encontrar aqui, ele ainda precisa de um pouco de tempo para digerir essa situação, é melhor você ir embora antes que ele chegue... você tem a minha permissão para se casar com a Rose.

— Obrigado, Sra. Weasley, obrigado mesmo.

— Certo, agora vá, antes que o Ron...

— Hermione? Você já chegou? Você não acredita no que eu soube na casa do Harry...

— Tarde demais. Fique aqui, em silêncio — Hermione saiu do quarto de Rose e fechou a porta, quando se virou Ron estava na sua frente. — Ron! Que susto!

— O que aconteceu?

— Nada, eu só vim ver como a Rose estava, ela passou mal hoje de manhã... então, o que você descobriu na casa do Harry?

— Hermione, o que você está me escondendo?

— Escondendo? O que eu estou te escondendo, Ron? Eu não estou escondendo nada — Hermione falou sem nenhuma segurança, Ron olhou desconfiado para a porta do quarto de Rose, e fez menção de abri-la. —Ron...

— O que foi que a sua filha aprontou dessa vez?

— Ron! — instigado pelo aparente nervosismo da esposa, Ron abriu a porta.

— Pai!? — James engoliu em seco.

— Então é isso? Hermione, você...

— Ron...

— Como você teve coragem?

— Ron, por favor.

— Por favor, eu digo, por favor, você ajudando a sua filha a esconder esse moleque dentro da nossa própria casa! E você, moleque, o que está fazendo na minha casa? Ham? — James não abriu a boca, nem teve coragem de olhar para Ron. — Seu Malfoy nojento! Como você teve coragem de encostar na minha filha, na minha Rose? Eu vou matar você! — Ron arremessou contra James e deu um soco no garoto que o jogou no chão.

— Ron!

— Pai!

— Malfoy desgraçado... — Ron continuou batendo em James que tentava se defender dos socos, sem muito sucesso, enquanto Rose e Hermione também tentavam fazer Ron parar.

— Ron, pare com isso, agora, você está machucando o garoto, pára.

— Pai, para, com isso, para, por favor! — Rose se colocou no meio do pai e do namorado; Ron quase acertou um soco nela — Para. Você vai matá-lo!

— Essa é a ideia.

— Você não entende que eu o amo? — Rose ajudou James a se levantar do chão e sentar na poltrona. — Desculpa, desculpa.

— Ronald, pelo amor de Deus! O que você fez? — Hermione rapidamente pegou uma bolsa de gelo para colocar no rosto inchado de James; a raiva de Ron só parecia aumentar vendo a mulher e a filha “paparicando” James.

— É melhor eu ir embora.

— Não! Você não vai, você vai ficar aqui.

— Nunca! — Ron disparou.

— Você quase o matou, ele não vai sair daqui assim.

— Ele não vai ficar aqui!

— Ok, papai, para mim já chega, eu não aguento mais viver assim! Eu amo o James! Se você não consegue entender isso, eu sinto muito, mas eu vou ficar com ele sim, vou me casar com ele, sim! Não me importa se ele é ou não um Malfoy. Agora é você quem tem que resolver, se me aceita com ele ou não!

— Você não... pode, fazer isso, Rose!

— Se você colocar o James para fora da nossa casa, eu vou embora com ele, e você nunca mais vai me ver!

— Rose, não... — até Rose ficou surpresa com sua atitude, não imaginava que teria tanta coragem para bater de frente com o pai daquele jeito, e sem cair no choro; Ron perdeu a batalha, não podia mais argumentar, não poderia correr o risco de perder a filha para sempre, talvez fosse esse o maior teste da sua vida, ter que aceitar o filho de Draco Malfoy dentro da sua própria casa por amor a Rose. — Isso não é justo, não é justo — deixou o quarto da filha com os olhos cheios de lágrimas.

— Pai...

— Deixa, Rose. Deixa que eu falo com o seu pai, cuida do James.

— Está bem — Hermione saiu do quarto.

— Sinto muito, Rose.

— Tá, não fala nada, você precisa descansar, isso deve está doendo muito.

Hermione tentou falar com Ron, ele estava no quarto, para surpresa da esposa, chorando; ela podia imaginar como era difícil para ele.

— Ron...

— Eu lembro o dia que ela nasceu, sabe, eu queria ter um filho, um menino, assim como o Harry e Giny tiveram o Tiago, mas quando eu vi o rostinho dela, foi o dia mais feliz da minha vida, Hermione.

— Eu sei...

— Quando ela começou a falar... a primeira coisa que ela disse...

— ‘Papai’.

— Papai... eu não posso perdê-la — Hermione deixou Ron sozinho para que ele pudesse pensar e se acalmar e foi preparar o jantar; Hugo tinha ouvido toda a discussão sem entender nada direito; entrou na cozinha e sentou à mesa.

— É verdade que a Rose vai ter um bebê? — perguntou, e Hermione se sentiu culpada, com tudo que estava acontecendo em casa, Hugo estava praticamente esquecido.

— Hugo, querido, é sim, a Rose vai ter um bebê.

— E ela vai casar com o James?

— É, sim.

— Por isso o papai está triste. Não gosto de ver o papai triste, nem a Rose, nem você.

— Unhum. Escute, meu amor, não se preocupe, isso é coisa de adulto mesmo, tudo vai se resolver. Está bem? — Hugo acenou que sim com a cabeça. — Então, por que você não conta como foi na casa do tio Harry?

— Bem. O Tiago tem uma namorada, sabia? A tia Giny não gosta dela, por que eles passam o dia inteiro...

— O que, Hugo?

— No quarto — Hermione riu do jeito envergonhado de Hugo.

— O seu primo não tem mesmo jeito, Hugo.

Depois do jantar desagradável, Hermione arrumou o sofá da sala para James dormir, mesmo contra a vontade de Rose que queria que ele dormisse pelo menos no quarto do Hugo, mas James aceitou dormir no sofá sem problemas, ainda estava todo dolorido por causa da surra que levou, mas o sofá deveria ser mais confortável do que o Caldeirão Furado, por que quando chegasse lá com a cara toda amassada daquele jeito, logo seus pais ficariam sabendo, e ele teria que explicar o que aconteceu; tudo o que menos queria era começar uma briga entre as famílias.

Quando Ron entrou na sala ele pensou que apanharia de novo, se levantou do sofá com susto.

— Ai!

— Eu não gosto de você, nem de nenhum Malfoy...

— Ahm...

— E isso não vai mudar... mas eu amo a minha Rose, e eu não matei você hoje, mas se você não fizer a minha garota feliz, eu vou terminar o serviço, entendeu?

— Sim, senhor.

No dia seguinte ficou resolvido que James e Rose ficariam morando na casa dos pais dela até que se “ajeitassem” na vida. Rose mal podia acreditar que estava acontecendo, talvez ainda demorasse até Ron aceitar realmente, mas contando que ele não tentasse matar seu namorado outra vez, já era alguma coisa. A única exigência que Ron fez foi que eles cuidassem logo com o casamento, antes que ‘o mundo inteiro ficasse sabendo da gravidez’.

A notícia do casamento de Rose e James Malfoy foi recebida com surpresa por toda a família Weasley e amigos mais próximos, os únicos completamente felizes eram os próprios noivos, eles estavam apaixonados, isso sim era o mais importante.