Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 39
Capítulo 39




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Trigésimo Nono Capítulo ❣️

– E é isso, cara... - Desabafou Felipe para Henrique depois de ter contado para ele tudo que se tinha passado com ele na noite anterior. Eles estavam nesse momento dentro do escritório de Felipe na Peripécia, porta trancada a chave, pois todo cuidado era pouco diante dos olhos e ouvidos de Jéssica. - Agora tudo que eu preciso é dar um jeito de desmascarar a Jéssica o mais rápido possível! Eu preciso virar esse jogo pra poder ficar com a Shirlei de novo sem culpa, sem medo... E aí, você me ajuda?

Henrique olhou para o amigo, que parecia não ter dormido a noite inteira.

– É claro que eu te ajudo, cara. Ainda mais porque ela não mexeu só com você, né?! Ela também mexeu com a minha Tancinha e nessa parte aí, ela vai ter que acertar as contas é comigo! - Henrique nunca falou tão sério em toda sua vida. Então percebeu naquele momento que estava apaixonado. E aquilo de certa forma o assustou um pouco. Entretanto, deixaria para refletir sobre aquilo depois, afinal, seu amigo Felipe era prioridade naquele momento.

Felipe sorriu diante do que o amigo disse e segurando o ombro dele, o puxou para um abraço fraterno.

– Brigado, cara! Sabia que podia contar com esse meu amigo aqui! - Henrique retribuiu o abraço, dando tapinhas nas costas dele.

– Mas e aí, já tem alguma ideia do que a gente pode fazer? - Questionou Henrique quando se soltou do abraço.

– Ainda não. A Jéssica soube fazer tudo muito bem planejado. A teia foi muito bem tecida... Até a droga do meu celular, por coincidência, inventou de sumir logo hoje, acredita? Fiquei a noite toda sem falar com a Shirlei.

– Aaaaahhh, isso explica as olheiras. - Felipe arqueou as sobrancelhas, incrédulo, pois não imaginou que estivesse tão evidente assim o fato de não ter conseguido pregar o olho. - Mas, cara, você acha que foi coincidência mesmo? Porque... como você mesmo disse... a teia da viúva negra foi muito bem tecida.

Felipe Franziu o cenho, pensativo, então foi arregalando o olhar até... em um dado momento segurar os cabelos com as duas mãos, angustiado.

– Claro! Como eu não pensei nisso antes... A Jéssica roubou o meu celular pra que eu ficasse sem acesso à Shirlei. - Concluiu, estupefato.

– Bingo! Cara, a Jéssica é uma psicopata! A tua sorte é que a Shirlei foi esperta o suficiente pra não acreditar no veneno dessa cobra porque senão, meu amigo, sem o teu celular, seria bem difícil uma comunicação tua com a tua princesa.

– Foi mesmo, cara. A Shirlei não existe... Tô tão feliz que a gente ainda esteja junto, mesmo que agora a gente tenha que esconder isso de todo mundo.

– E o pedido de casamento como fica? - Henrique questionou, curioso. - Porque que eu saiba era isso que você tava preparando pra ontem ou eu tô errado?

– Você tá certo. Era exatamente isso. E pode ter certeza que eu não desisti não. Tanto que eu preciso de um grande favor seu.

– Manda.

– Quero que você ligue pra Tancinha para que ela possa levar a Shirlei em um lugar um pouco longe daqui. Não se preocupe que eu te dou o endereço bem direitinho. Não tem erro. - Deu um suspiro antes de continuar - É nesse lugar, cara, que eu vou pedi-la em casamento. Claro que... Por enquanto ficará em segredo, mas... Eu tenho pressa, meu amigo. Quero logo a Shirlei como minha noiva. Não aguento mais esperar... E logo que isso tudo acabar, levarei ela para o altar e a farei minha... Pra sempre!

Henrique sorriu, feliz pelo amigo. Até porque naquela mesma manhã entendeu o que era está apaixonado de verdade. Então, pegando o celular, discou o número da namorada.

" O telefone chamado encontra-se desligado ou fora da área de cobertura"

– Ué, que estranho, a Tancinha nunca desliga o celular... - Henrique falou para si mesmo com a testa franzida.

Henrique ficou desconfiado. De quê? Ele ainda não sabia. Mas achou bastante suspeito sua namorada não ter atendido o celular naquela manhã. Ainda mais depois dos últimos acontecimentos da noite anterior.

– Qual foi, Henrique? Algum problema? - Felipe quis saber, quando o amigo ficou silencioso.

– N..Não. Problema nenhum. - Henrique não quis preocupar o amigo com suspeitas ainda infundadas. Achou melhor ter certeza antes de dizer alguma coisa para ele. - Só que a Tancinha não atendeu, então eu vou... Terminar umas apresentações para finalizar a Campanha dos perfumes e depois eu dou um pulinho na casa dela. O que você acha?

Felipe abriu um sorriso, contente.

– Acho ótimo, cara! Só toma cuidado pra não esbarrar com a Carmela. Porque por mais que a Shirlei diga ao contrário, aquela garota não me desce, meu amigo.

Henrique soltou um riso pelo nariz.

– Não se preocupe, cara. Porque aquela ali só consegue enganar a família dela. Tanto que tenho pra mim que ela ainda vai causar grandes problemas pra muita gente.

– Tenho essa mesma impressão. - Concordou Felipe. Mal sabendo ele o quanto estava certo.

***************************************

Enquanto isso, em um restaurante próximo dali, Carmela mal podia acreditar no que seus olhos viam ao se deparar com a quantia escrita no cheque no valor de cem mil reais que foi entregue a ela naquele mesmo instante pelas mãos de ninguém menos que Vitória.

– Espero que isso seja o bastante para pagar pelos seus serviços. - Vitória disse com desdém. - Mas lembre-se de que o meu filho nunca, ouviu bem, nunca, deve saber que eu estou envolvida nessa sujeira!

– Fica fria, madame, que com uma quantia dessa - Carmela começou a falar, mastigando um chiclete - minha boca fica trancada até dois mil e setenta e quatro. Então até lá seu filhinho já esqueceu a princesinha dele.

Vitória levantou uma sobrancelha, tentando raciocinar o ano mencionado por Carmela, mas achou melhor deixar pra lá, pois aquilo deveria ser coisa de quem não tinha concluído nem o primeiro grau, por isso inventou qualquer número só pra dizer que entende um pouco de matemática.

– Está certo. Assim espero. Agora... Você tem certeza de que a sua mãe e a sua irmã mais velha não irão estragar os nossos planos?

Carmela deu uma última mastigada no chiclete e retirando da boca, colou-o embaixo da mesa para horror de Vitória, que fez uma careta, enojada com o gesto.

– Que nada. A essa hora a Tancinha e a mãe estão bem longe daqui. Na casa de uma tia da gente, no interior de Pernambuco. Elas foram pra lá pra esfriar a cabeça por causa do negócio da Cantina e como eu disse que a Shirlei tava muito bem aqui com o Felipe... - Pausou, deixando essa parte na imaginação de Vitória - Fica tranquila aí que com o resto, eu me viro. Sei bem como enrolar todo mundo da minha família.

Vitória bebeu um gole de sua champanhe e sorriu, vitoriosa.

– Sendo assim, acho que poderei voltar hoje mesmo para Itália antes que o Mário invente de vir para o Brasil. Pois do jeito que aquele ali é apaixonado pelo enteado, quando o Felipe começar a choramingar pela perda da namorada, é capaz de mandar mover céus e terras em buca dela, então eu preciso estar lá para que isso não aconteça. Mário e Felipe não podem se falar por um bom tempo, pelo menos até que o meu filho se dê conta de que essa mulherzinha não serve para ele.

Carmela concordou com o olhar, enquanto bebia um gole de sua champanhe.

– Um brinde então ao fim do conto de fadas: Shirlei e Felipe. - Sugeriu Vitória para Carmela, erguendo sua taça.

– Ao fim do conto de fadas. - Concordou Carmela, batendo com sua taça na taça de Vitória, sorrindo de forma maquiavélica. Mas para sua inteira surpresa, as taças se quebraram, de repente, levando-as a se levantarem da mesa, abruptamente, com o susto.

Dois garçons que presenciaram a cena correram com guardanapos nas mãos para enxuga-las e ajudá-las com os cacos de vidros. Nesse entremeio, Carmela encarou Vitória, ambas assustadas com o que havia acontecido e no fundo imaginando se aquilo não era um sinal de que aquele plano malvado delas não estava fadado ao fracasso. Entretanto, diante daquilo só o tempo tinha o poder de revelar se suas intuições estavam corretas.

***************************************

Algumas horas depois, Felipe esperava ansioso pela volta de Henrique da casa de Tancinha, foi quando finalmente a porta do seu escritório abriu e seu amigo entrou. Entretanto pela sua expressão, ele não trazia boas notícias e Felipe já temia que tivesse a ver com sua princesa. Seu coração disparou e de alguma forma que ele não conseguia explicar, sentiu uma espécie de vazio, ausência, saudade... E aquilo doeu fundo na alma.

– E aí, cara, falou com a Tancinha? - Felipe perguntou, agoniado. Numa mistura de entusiasmo e aflição.

Henrique passou a mão na nuca e demorou um pouco para responder. Sabia que agora tinha que escolher bem as palavras e que aquele não era momento para brincadeiras, pois o que tinha para falar para o amigo era bastante sério e pesaroso.

– Na verdade não. - Respondeu ele após alguns segundos, refletindo. - A Tancinha viajou, cara. Parece que ela e a Dona Francesca tiveram que fazer uma viagem pra casa de uma tal de Cleonice, tia da Tancinha.

– Quem te falou isso? E por que elas viajaram assim, tão de repente? - Felipe quis saber, curioso.

– A Carmela. - Respondeu ele de forma natural. - Bom, ela me disse que foi porque elas quiseram esfriar um pouco a cabeça por causa do problema com a Cantina, mas sinceramente, meu amigo, achei tudo isso muito estranho. Ainda mais porque a Tancinha não me falou nada.

– E a Shirlei no meio disso tudo...?

Henrique engoliu a seco. Era exatamente essa a pergunta que ele tanto estava temendo naquela conversa.

– Bom, a Shirlei... Ela... Também viajou.

– Com a Tancinha e a mãe? - Felipe perguntou, mas ao encarar o amigo, ele soube que talvez não viesse a gostar da resposta.

– Antes de responder, eu preciso lembrar a você que ontem a Shirlei te deu uma prova do quanto confia em você, então agora é a sua vez de provar pra ela o mesmo, ok?

Felipe pareceu não ter ouvido uma só palavra do que ele disse, pois como um animal raivoso, ele se aproximou do amigo.

– Henrique, atenha-se a responder apenas o que eu perguntei. O que eu vou fazer com a resposta diz respeito apenas à mim! Então, pra onde a Shirlei viajou?

Henrique arregalou o olhar.

– Chile. - Falou de uma só vez e aguardou a reação de Felipe que veio através de um urro e um murro na mesa do escritório.

– COMO É QUE É? Não! A Shirlei não pode ter feito isso comigo. - Disse como se falasse consigo. - Ela não pode ter viajado pro Chile depois de ontem! - Agarrou o colarinho de Henrique, expressão de desespero no olhar. - Fala que isso é algum tipo de brincadeira sua. Vamos, Henrique, FALA!

Henrique segurou as mãos do amigo que seguravam seu colarinho e o encarou com expressão solidária.

– Cara, eu juro que eu queria que fosse brincadeira, mas... Eu liguei pra um amigo meu da companhia aérea que ela viajou e em off ele me confirmou que ela havia embarcado. Eu sinto muito, cara. De verdade.

A respiração de Felipe começou a se acelerar, o tórax subindo e descendo no mesmo ritmo dela. Enquanto lágrimas começaram a se formar em seus olhos.

– Shirlei não podia ter feito isso comigo, cara. Ela não podia. - Felipe desabafou.

– Calma, cara. Talvez, ela tenha tido algum motivo sério pra viajar e...

– Que motivo? Porque o único motivo pra ela ir pro Chile que eu consigo enxergar agora é ir atras do ex noivo. E isso, eu não vou perdoar nunca!

– Ou talvez ela tenha ido pelo irmão. Não foi você mesmo quem disse que ela tem um irmão lá?

Felipe ficou pensativo. Bem que ele queria pensar assim. Mas quem disse que o ciúme deixava!

– Se foi assim, então por que ela não me ligou avisando?

– Será porque você tá desde ontem sem o seu celular? - Henrique lembrou Felipe de um detalhe óbvio que o fez ficar esperançoso outra vez.

– Claro, cara! Então... Eu preciso dar um jeito de entrar em contato com ela e... - Felipe falou já se dirigindo para a porta do escritório na intenção de ir até a casa de Shirlei, mas imediatamente, Henrique segurou o pulso dele, impedindo-o.

– Tá maluco, cara?! Esqueceu da Jéssica? Quer botar tudo a perder? - Henrique teve de lembrar de mais isso, pois Felipe parecia só ter o Chile em sua mente.

– Droga! Mas, Henrique, eu preciso falar com a Shirlei de alguma forma... Preciso saber o motivo porque ela viajou e... Mais do que tudo, eu preciso ter certeza de que não foi pelo Adônis.

Henrique repousou suas mãos nos ombros do amigo e o encarou de maneira fraternal.

– Eu sei, meu amigo. Mas tudo no seu tempo... Tudo no seu tempo. Primeiro a gente tem que pensar numa maneira de dá uma rasteira na Jessica pra só depois da um jeito de recuperar nossas garotas!

Felipe concordou mesmo com pesar, pois sabia que aquilo poderia demorar. E ele não estava disposto a ficar tanto tempo longe de sua princesa.

***************************************

Sem saber de nada do que estava acontecendo no Brasil, Shirlei desceu do avião e ao desembarcar, com uma mochilas nas costas e segurando o carrinho de bagagens, esticou o pescoço o máximo possível a fim de encontrar o seu irmão que já deveria está ali esperando por ela. E estava mesmo, inclusive de uma maneira bem engraçada, segurando uma cartolina com o nome dela em letras garrafais acima de sua cabeça, sorrindo de canto a canto da orelha.

Assim que o viu, Shirlei correu para abraçá-lo. Ele retribuiu, segurando-a nos braços e rodopiando com ela, de maneira que ela ficou no ar, com os pés fora do chão.

– Shirlei! Que saudade! - Exclamou Giovanni quando finalmente a colocou de volta no chão. - Eu juro que quase não acreditava quando a Carmela me ligou dizendo que você vinha.

– Eu também tava com muita saudade. Como é que você tá? - Shirlei perguntou, segurando o rosto do irmão entre as mãos, como que querendo acreditar que o estava vendo mesmo.

– Eu tô ótimo. Mas e você? Me conta... Tá tão bonita, Shirlei! Sério. Mais madura... Sei lá, tem alguma coisa em você diferente.

– Brigada. Você que tá gato! Quer dizer, mais gato, né? Deve tá fazendo um sucesso louco aqui.

Giovanni deu um sorrisinho malicioso.

– Fazer o que, né? Esse sangue meio italiano-brasileiro que me persegue deve atrair as chilenas.

Shirlei deu um tapinha no irmão, que a abraçou, fazendo cócegas. Shirlei não pode deixar de se lembrar das inúmeras vezes que seu príncipe fizera isso com ela. Então seu semblante mudou.

– Que foi, baixinha, disse alguma coisa de errado?

– Hã? Não... Claro que não. É que... Acabei de me lembrar de uma coisa... Seu carro tá estacionado muito longe?

– Não. Ele tá bem aqui na frente, por quê?

– É que... Será que você pode levar minha bagagem enquanto eu faço uma ligação. É importante.

Giovanni deu um sorrisinho malicioso.

– Huuuuuum, ligação importante é...? Depois eu quero saber nome, sobrenome, RG e CPF dessa ligação importante, viu? Afinal, eu ainda sou o seu irmão mais velho, tá pensando o quê?

Shirlei ruborizou, mas quando ela viu Giovanni se afastar com suas malas, abriu o zíper de sua bolsa e vasculhou dentro dela a procura de seu celular. Nada. Nenhum sinal dele. Procurou em cada bolso. Milimetricamente. Ficou desesperada. Como iria se comunicar com seu príncipe sem seu celular? Olhou para o pulso, mais especificamente para a pulseira e bateu uma saudade tão grande que chegou a corroer seu coração.

– Eu só espero que você me entenda, meu amor... - Disse para si mesma, olhando para pulseira, e uma lágrima escorreu de seu olho esquerdo.

Minutos depois, ela viu quando seu irmão acenou para ela do portão de fora do aeroporto, então após se recompor e enxugar a lágrima, ela se dirigiu até ele.

Chegando lá, ela entrou no carro dele e pôs o cinto de segurança. Então seu irmão deu a partida no carro.

– Shirlei, posso te fazer uma pergunta? - Giovanni perguntou, entre uma passada de marcha e outra, interrompendo os pensamentos de Shirlei que naquele momento estavam no Brasil, em um certo príncipe.

– Claro. - Sorriu fraco.

– Qual o motivo dessa sua viagem pra cá, assim... Tão de repente? A doença do Adônis?

Shirlei mordeu o lábio inferior.

– É... A Carmela me falou que ele não tem se cuidado, abandonou o tratamento e tudo.

– Mas você sabe que não tem culpa disso, né? Que isso é problema dele. Shirlei, eu sei que você tem um coração de ouro, mas você não pode se deletar por causa dos outros não! O Adônis tá muito grandinho pra precisar de uma babá!

Shirlei baixou a cabeça.

– Giovanni, eu não posso abandonar o Adônis quando ele mais precisa. Você sabe... Foi ele quem me ajudou quando o...

– Quando o Danilo te deu um pé na bunda, eu sei. Aí por causa disso, você vai viver em divida com ele? Shirlei, eu não tô gostando do jeito como o Adônis tá se portando em relação a essa doença e muito menos com o fato dele tá te chantageando com ela, então... Eu vou ficar fora disso, tá?

Shirlei Franziu a testa, sem compreender o porque do seu irmão está tão revoltado com o amigo.

– Giovanni, achei que você fosse amigo do Adônis?

– E eu sou. Mas... O Adônis não mora mais comigo. E... A gente mal se fala por vontade dele, então... Tudo que eu posso dizer é que eu já tentei me reaproximar, na ele cria mil barreiras e eu tô de saco cheio. Portanto... - Abriu a porta do carro para que Shirlei pudesse descer - Aqui é o novo apartamento dele, ele mora no quarto andar. Venho te pegar daqui a meia hora. Boa sorte, baixinha!

Shirlei o encarou, incrédula, mas teve de compreender as razões de seu irmão assim como ela esperava que ele pudesse compreender as dela. Desceu do carro. Acenou para o irmão e se dirigiu até o apartamento munida apenas de sua bolsa.

Com um espanhol muito acanhado, Shirlei pediu para o porteiro para que avisasse para Adônis de que ela estava subindo. Então quando o mesmo o fez, Shirlei pegou o elevador, apertou no quatro e subiu, sem tirar o olho um segundo de sua pulseira como se ela a estivesse punindo pelo que ela ia fazer.

Chegando lá, Shirlei bateu na porta por três vezes.

– Shirlei? Que surpresa boa. - Disse Adônis, expressão abatida. - Entra.

Shirlei entrou, timida. E tudo que disse, pra deixar bem claro logo de cara, foi:

– Adônis, eu vim como amiga... Pra te ajudar no que precisar.

Adônis sorriu, ar de mistério, pois seus planos, ao contrário dos dela, eram outros. Por hora se contentaria com aquilo. Mas não por muito tempo, pensou ele, maquiavélico.

***************************************
~ UM MÊS DEPOIS ~

– Que bom que você aceitou meu convite, Giovanni. - Shirlei disse, abraçando seu irmão quando ele apareceu na praça de alimentação do shopping onde ela e Adônis tinham ido jantar.

– Que fique claro que eu vim porque você me pediu, não por ele. - Giovanni falou, ríspido, sentando-se à frente dos dois.

– Oi pra você também, Giovanni. - Adônis provocou, sorrindo sarcástico.

Giovanni revirou os olhos sem dar cartaz para o ex amigo.

– Cê pediu o que pra comer, baixinha?

– Nada. Eu... não tô com fome. - Shirlei falou rápido, pois sabia que ia ser repreendida.

– Nem vem com essa! Hoje você vai comer sim, nem que não queira! Vou pedir uma pizza pra mim e você vai comer comigo... Vai, escolhe um sabor... Isso é uma ordem!

Shirlei fez uma careta, mas para não contrariar o irmão, resolveu escolher qualquer uma pra satisfazer sua vontade porque a sua era sair dali e vomitar.

– Marguerita.

– Boa escolha. Então vamos de Marguerita. - Giovanni disse já se levantando pra ir fazer o pedido.

– A minha pode ser de... - Adonis começou a falar, mas foi completamente ignorado pelo ex amigo que deu as costas e saiu. - Ih, ó o cara aí!

– Adônis, me desculpa pelo meu irmão, ele as vezes é um pouco... Rabugento!

– Ás vezes? Esse cara é um pé no saco isso sim! - Resmungou ele.

– Também não precisa falar assim, né? - Shirlei o repreendeu, mas foi nesse momento que uma criança passou do seu lado com um pizza de calabresa. E quando Shirlei sentiu o cheiro, seu estômago começou a embrulhar. Rapidamente, ela se levantou, mão segurando o estômago e a outra a boca. - Adônis, com licença, mas eu preciso ir ao... Com licença! - Correu antes de completar a frase, deixando Adônis sem entender o que havia acontecido.

– Cadê a Shirlei? - Giovanni perguntou ao voltar, cinco minutos depois que ela havia corrido.

– Voltou a falar comigo? - Adônis provocou, mas ao receber o olhar de fuzilamento que o ex amigo lhe lançou, achou melhor responder de imediato. - Sei lá, brow, a maluca saiu correndo daqui dizendo que ia pra algum lugar, acho que tava se sentindo mal!

Giovanni Franziu a testa, indignado.

– E você diz isso assim como se num fosse nada? - Questionou ele para em seguida segurar o colarinho de Adônis, erguendo-o um pouco da cadeira - Eu não sei o que você fez pra minha irmã. Só sei que faz um mês que ela vive chorando pelos canto, num come direito, vive enjoada... Se eu souber que você fez algum mal pra ela... Ah, cara, não queira saber o que um irmão mais velho é capaz de fazer com o cara que se mete a besta a Irma dele! Não queira!

Adônis apesar de ser maior do que Giovanni tremeu nas bases diante da ameaça, então quando Giovanni o soltou, ele se sentou na cadeira e ficou penteando o cabelo com os dedos rezando para que Shirlei estivesse bem porque do contrário, ele que não queria ver a fúria do Giovanni, mas não queria mesmo!

Depois de usar o banheiro, vomitando até o que não tinha, Shirlei saiu de lá se sentindo um pouco tonta. Abriu a torneira e colocou um pouco de água na nuca, mas aquilo pareceu não ser o bastante para amenizar aquela sensação vertiginosa. Então resolveu sair para encontrar-se com o irmão a fim de lhe pedir para ir pra casa. Realmente não estava se sentindo bem.

Tateando as paredes do shopping, foi andando bem devagar, entretanto em determinado ponto e antes de alcançar a praça de alimentação, o sangue pareceu sumir de suas veias e o mundo a sua frente rodou, então Shirlei perdeu suas forças e desmoronou, só que em vez de se estancara no chão, ela caiu nos braços de alguém, que a segurou firme e carinhosamente.

Piscou os olhos várias vezes, tentando fazer força, pois tinha de ver o rosto de seu salvador antes de desmaiar por completo e qual não foi sua surpresa quando seus olhos se cruzaram com os olhos lindos e fascinantes de seu...

– Príncipe...? - Sussurrou ela quase sem voz e sem forças, tentando sorrir. - É você... mesmo?

– Sou eu sim. - Sorriu, com o mesmo sorriso que ela bem conhecia e amava mais do que tudo. - Esqueceu, princesa, da minha promessa de nunca te deixar cair?

Ela conseguiu enfim sorrir e segurar o rosto dele por alguns segundos até que tudo escureceu.

***************************************

– Príncipe???? - Shirlei gritou, como que acordando de um pesadelo.

Giovanni se aproximou dela e segurou sua mão, acalmando-a.

– Ai, Graças a Deus, finalmente você acordou! Mas agora fica calma, tá bom? Vai ficar tudo bem.

Shirlei encarou o irmão e só nesse momento se deu conta de onde estava. Em um quarto de Hospital, deitada em um leito com um soro enfiado em sua veia.

– O..O que aconteceu? Como eu vim parar aqui?

– Você não se lembra? - Shirlei negou com a cabeça. - Você desmaiou no meio do shopping.

As lembranças do desmaios voltaram a sua mente, inclusive o seu príncipe. Segurou o pulso do irmão com ímpeto.

– Quem me trouxe até aqui? Aliás, quem me pegou nos braços? Giovanni, tinha um homem quando eu desmaiei. Você o viu? Ele disse alguma coisa? Fala!!!

Giovanni deu um sorrisinho de lado.

– Ei, calma, baixinha. Tinha um homem sim. - Shirlei abriu um sorriso esperançoso. - Ele devia ter uns setenta anos, sei lá... - O sorriso se desfez - Mas por que a pergunta?

– Tem certeza? Não tinha um mais jovem, alto, bonito...?

– Sei lá, Shirlei, cê acha que eu ia prestar atenção nisso quando a minha irmãzinha tava no chão desmaiada? Não, né?!

Shirlei concordou, frustrada.

– Com licença? - Um homem vestido de branco, estetoscópio no pescoço, prancheta na mão, pediu ao abrir a porta e entrar, atraindo a atenção dos irmãos, que se viraram em sua direção. - Meu nome é Tiago, eu sou o médico que atendeu a paciente Shirley, é isso?

– É Shirlei, Doutor. - Giovanni corrigiu, educadamente.

– Ah, perdoe-me... Mas enfim... Como está a nossa paciente? - Tiago perguntou se aproximando de Shirlei, e pousando o estetoscópio sobre o tórax dela.

– Ela está muito bem, doutor. - Respondeu Giovanni, polidamente - Mas eu queria saber... Ela fez uns exames. Será que estão prontos?

Tiago passou algumas folhas de sua prancheta, examinando-as, concentrado. Parou em uma delas.

– Ah, aqui está. Shirlei Rigoni de Marino. Está sim. Você é marido dela?

– Não, doutor, eu sou irmão, por quê? É alguma coisa grave?

– De maneira nenhuma. É algo, digamos, sublime. Parabéns, você vai ser titio.

Giovanni arregalou o olhar e foi perdendo as forças nas pernas e escorregando na cadeira até ficar sentado.

Shirlei também ficou paralisada, coração disparado.

– Como é que é, doutor? - Shirlei quis saber. Precisava ter certeza se tinha ouvido direito.

– É isso mesmo que você ouviu. Você vai ser mamãe. Está de três semanas e meia. Aqui está o resulta do beta HCG. - Entregou o papel para Shirlei com a palavra positivo escrita. E só aí Shirlei abriu um sorriso de canto a canto da orelha e segurou o ventre já imaginando a expressão de seu príncipe quando soubesse da novidade.

– Grávida? - Falou para si mesma, expressão de Felicidade estampada no rosto.

– É, baixinha, e acho que você me deve uma explicação, não é? Porque do Divino Espírito Santo é que não é. - Giovanni disse, e Shirlei ruborizou, ainda com a mão no ventre já acariciando seu rebento.


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