Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 28
Capítulo 28




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Vigésimo Oitavo Capítulo ❣️

– Carmela?! Você tava aí o tempo todo? - Shirlei perguntou, escorregando na parede com a ajuda do namorado e se recompondo dos amassos dados minutos antes.

– Não. Acabei de chegar. É que quando eu tava subindo as escadas, eu escutei uns ruídos estranhos e... - Felipe e Shirlei olharam de lado, ruborizados - Enfim, acho que vocês sabem que existem lugares mais apropriados para esse tipo de coisa, né? - Ironizou Carmela, recebendo de Felipe um olhar fulminante e de Shirlei um olhar extremamente envergonhado. - Ai desculpa, gente, eu não tava querendo atrapalhar o namoro de vocês não. Quer saber? Podem continuar aí o que vocês tavam fazendo que eu tô indo lá pra cima colocar meus tampões de ouvido, tá?! Casal fofo! Meu Deus, como esse casal é fofo! - Gritou ela, exageradamente, e subindo alguns degraus, deixando Felipe desconfiado.

– Não, Carmela, pode ficar. Porque... a verdade é que já tá tarde e... Eu já tava mesmo indo embora. - Felipe falou por educação.

– Que isso, gogoboy, pode ficar. Fica a vontade aí. Como eu disse... Tenho tampões de ouvidos. Excelentes. - Provocou ela, e sorrindo com malícia, subiu os degraus que faltava desaparecendo no andar de cima.

Felipe trincou os dentes e fez menção de ir atras dela para responder a altura, mas Shirlei o impediu, segurando seu braço.

– Calma, príncipe. Não vale a pena. Desculpa pela Carmela, mas é que às vezes, ela é um pouco...

– Sincera demais... ? - Felipe completou, a voz irônica, amenizando o que realmente queria dizer.

– É. Mais ou menos isso. - Shirlei baixou a cabeça, sem saber mais o que dizer.

Felipe deu um suspiro profundo e se aproximando da namorada, segurou os braços dela, massageando-os de cima para baixo; ela então levantou o olhar para encara-lo.

– Princesa, eu sei que é sua irmã e desculpa falar assim, mas... ela não me desce. E eu acho que também não desço pra ela, então...

– Príncipe, eu acho que o problema de vocês dois é que a Carmela ainda não se acostumou com o fato de eu ter acabado meu noivado com o Adônis. Eles são muito amigos, ou eram, não sei. Só pra você ter uma ideia hoje mesmo ela me perguntou se eu ainda pensava nele.

– E o que você respondeu? - Felipe quis saber, mas nem raciocinou antes de perguntar.

Shirlei arregalou o olhar, incrédula, e segurando o rosto dele entre as mãos, fixou os olhos nos dele.

– Príncipe, hoje eu te disse com todas as letras o quanto eu te amo. Sério que você ainda acha que precisa dessa resposta?

Felipe deu um suspiro apaixonado e um sorriso se desenhou em seu lábios. Então ele também segurou o rosto dela, selando os lábios da namorada com um beijo.

– Não, princesa. Desculpa essa minha insegurança boba. - Mordeu o lábio inferior dela, sorrindo. Depois segurou abraçou a cintura dela - Mas então quer dizer que eu tenho a meu favor, a Dona Francesca, a Tancinha e o Tito e ele só tem a Carmela e o Giovanni. Olha só... tô ganhando dele. Três contra um.

– Quatro. - Ela disse, olhando de lado e sorrindo misteriosa. Então Felipe Franziu a testa, tentando se lembrar de quem ele poderia ter esquecido - Contando comigo. - Ela completou e ele sorriu, apertando-a em seus braços e levando seus lábios até os dela para um beijo apaixonado. Em resposta, ela segurou sua nuca, acariciando seus cabelos com os dedos.

– Huuuum - Gemeu ele dentro do beijo - melhor eu ir... huuum... antes que... seja a Dona Francesa que pegue a gente... huuuuum... aqui. - Ele falou, mas o beijo continuava loucamente. Até que o ar foi acabando e os dois, mesmo sem querer, começaram a parar, os lábios entumecidos e vermelhos, as respirações ofegantes. Olhos nos olhos, quase suplicantes. - Princeeeeesa, num olha pra mim desse jeito pelo amor de Deus...

Shirlei deu um suspiro.

– É que eu já tô imaginando dormir hoje sem você...

Felipe fez um carinho no rosto dela com os dedos e sorriu, afetuoso.

– Huuuum, nem fala, princesa. Você dorme com a Carmela, né? E com a minha mãe lá no apartamento, acho bom a gente num arriscar. Quer voltar pro barco? - Felipe brincou.

Shirlei riu, escondendo o rosto no tórax do namorado, que a abraçou com carinho.

– Vou sentir a sua falta, príncipe. - Ela sussurrou, a voz abafada pela camisa dele.

Ele a apertou forte nos braços. E deu um beijo demorado no alto da cabeça dela.

– Eu também, princesa. Tanta! Que eu nem sei se vou conseguir dormir direito hoje.

Diante disso, ela levantou a cabeça, com o queixo ainda encostado no tórax de Felipe, e se deixou ser beijada nos lábios por ele.

– Agora eu tenho mesmo que ir. Mas antes eu vou lá na Carol buscar a Cris e o Tito. Vamos lá comigo?

– Vamos sim. - Ela respondeu prontamente, já calçando os chinelos e se permitindo ser levada pela mão até a porta.

Mas assim que os dois chegaram lá fora, Shirlei, estranhamente e bruscamente, soltou a mão dele.

– Que foi, princesa, por que soltou a minha mão? - Felipe quis saber, a testa franzida.

– É que... A Talita mora do lado da Carol e... ela ainda não sabe que a gente tá... Cê entende né? - Shirlei explicou, atropelando as palavras e tentando não magoa-lo.

Felipe até tentou disfarçar a decepção, mas era impossível, ela ficou estampada em seu rosto.

– Entendo... - Foi só o que ele disse, atravessando a rua ao lado de Shirlei sem toca-la ou falar qualquer coisa.

Até que...

– Príncipe?! - Ela chamou baixinho.

Ele parou e virou o rosto pra ela.

– Fala. - Foi só o que ele disse, também baixinho.

– Só não esquece que eu te amo, tá? - Ela disse e ele teve aquela velha sensação de estar se derretendo por inteiro. Era sempre impossível ficar chateado com ela por muito tempo. Shirlei tinha sempre esse poder sobre ele. Estava definitivamente perdido com ela e pra ela.

Ele sorriu de lado, mostrando uma barroquinha que tinha na bochecha, que ela achava linda. Então sentiu quando o dedo mindinho dela se enroscou no dedo mindinho dele. Bom, ela não segurou a mão dele, mas com os dedinhos entrelaçados, ele sabia que seus corações estavam mais juntos do que nunca.

Por fim, os dois seguiram em direção à casa de Carol, onde Cris já esperava com Tito para irem embora.

***************************************

No dia seguinte, às 11:30, Felipe chegou na casa de Shirlei para buscá-la para enfim, eles irem almoçar com a mãe dele, que já os estava esperando em um restaurante que ela mesma fez questão de escolher e que, claro, era um dos mais finos e caros de São Paulo.

Chegando lá, Felipe abriu a porta para namorada, que naquele dia em especial, tinha escolhido vestir um vestido preto florido. Estava linda em seu jeito Shirlei de ser, que ele tanto amava. Ele por sua vez tinha escolhido calça preta e camisa de cor rosa.

De mãos dadas, os dois foram recebidos pelo maître e conduzidos até à mesa onde a mãe de Felipe estava, mas ao avista-la, Felipe parou bruscamente com o olhar arregalado e puxou a namorada para um canto.

– Que foi, príncipe? Aconteceu alguma coisa? - Shirlei perguntou, estranhando o gesto do namorado.

Agoniado, Felipe pousou uma mão na cintura e com a outra mão passou na testa.

– Aconteceu. Aconteceu que a minha mãe passou de todos os limites.

Shirlei Franziu o cenho.

– Não entendi.

– Princesa, a minha mãe teve a brilhante ideia de convidar a Jéssica pra vir almoçar com a gente. Eu acabei de ver ela sentada lá na mesa com ela.

Shirlei encarou Felipe, incrédula.

– O quê? Mas eu achei que...

– Que era só a gente? Eu também. - Felipe bufou de raiva. Para em seguida, segurar o rosto da namorada entre as mãos - Princesa, se quiser ir embora, eu vou entender e...

Mas antes que ele pudesse completar a frase, Shirlei segurou as mãos dele, que seguravam o seu rosto.

– Não, príncipe. A gente vai enfrentar mais essa... Juntos! Só que com a Jéssica, eu não prometo me comportar muito bem não, viu?!

Felipe deu um sorriso, malicioso.

– Ai de você se inventar de se comportar com ela. - Felipe brincou e depois de piscar um olho, deu um selinho nela.

Então erguendo as cabeças, os dois seguiram em frente até chegarem à mesa onde se encontravam Jéssica e Vitória conversando animadamente.

– Oi mãe. - Felipe cumprimentou, chamando a atenção das duas, que se viraram instantaneamente. Ele estava bem abraçadinho com a namorada e fazia questão de estar assim.

– Oi meu amor. Finalmente chegou. Quase cheguei a pensar que não vinha mais. - Vitória disse se levantando para trocar um beijo no rosto com o filho. E fazendo questão de ignorar completamente a presença de Shirlei.

– Mãe, essa aqui é a Shirlei, minha namorada. - Felipe apresentou, apontando e olhando para Shirlei, sorrindo, fascinado.

– Muito prazer, Dona Vitória. Seu filho me falou muito da senhora. - Shirlei cumprimentou, sorrindo, mas não estendeu a mão nem se aproximou, pois achou melhor não se arriscar, vai que ela se recusasse, a mulher parecia muito esnobe. Iria aos poucos com ela. Por Felipe. Somente por ele.

Vitória olhou Shirlei de cima a baixo com extremo desdém.

– O prazer é meu. - Foi só o que ela disse, a voz fria. E logo seus olhos se voltaram para Jéssica, que estava como que aguardando sua entrada triunfal naquele "teatro". - Acho que você deve conhecer a Jéssica, não é?

Jéssica forçou um sorriso para Shirlei, que retribuiu com a mesma intensidade.

– Sim. Já tive o prazer. Como vai, Jéssica? - Shirlei cumprimentou e Felipe se sentiu orgulhoso dela. Shirlei estava arrasando em seu comportamento. Só que ele não precisava entrar nesse joguinho. Não mesmo!

– Mãe, da pra me explicar o que a Jéssica tá fazendo aqui? - Felipe encarou a mãe.

– Olha, eu quero avisar que eu não tenho nada a ver com isso. A Vitória me convidou e eu vim. Mas se eu soubesse que era um almoço para apresentar a sua... - Jéssica desembestou a falar, mas logo foi interrompida por Felipe.

– Ah, cala a boca, Jéssica! Por favor, nem vem com essa que você num engana ninguém!

– Felipe Miranda!!! - Esbravejou Vitória - Que modos são esses com a minha convidada, posso saber? Não é porque você terminou o seu noivado que vocês precisam ser inimigos. Além disso, você sabe muito bem que a Jéssica e eu somos amigas, então não vejo problema nenhum em querer a presença dela neste almoço.

Felipe abriu a boca pra falar, mas acabou virando o rosto sem paciência.

– Calma, príncipe. - Shirlei pediu bem baixinho, fazendo um carinho no rosto do namorado. - Num vê que é exatamente isso que a Jéssica tá querendo... Que você se altere e que a gente vá embora.

Ao sentir a mão delicada de sua namorada em seu rosto, Felipe foi se acalmando aos pouquinhos.

– Tá. Você tem razão, princesa. - Ele sussurrou pra ele para em seguida se dirigir pra mãe - Ok, Dona Vitória, a senhora venceu. Vamos comer pra vê se termina logo esse almoço e a gente vai embora?

Vitória concordou e se sentou, então todos os outros se sentaram. A partir daí, todos fizeram seus pedidos e enquanto esperavam, um pequeno silêncio se fez, até que Jéssica quebrou.

– Sogrinha, você já perguntou aonde a Shirlei trabalha?

Felipe perdeu a paciência outra vez.

– Em primeiro lugar, Jéssica, a minha mãe não é mais a sua sogra pra você tá chamando ela ainda de sogrinha e em segundo...

– Ai, Felipe, quanto estresse, desculpa! - Falou Jéssica, dessa vez ela o interrompendo - É que eu tava tão acostumada a chamar ela assim que acabou saindo.

– Eu trabalho no restaurante da minha família. Sou garçonete lá. - Shirlei respondeu, agora interrompendo os dois. - É um restaurante Italiano muito bom que fica na Zona Leste. A senhora precisa ir lá pra conhecer. - Felipe olhou com tanto orgulho para namorada, que o sorriso ia de um canto a canto da orelha. Essa era a Shirlei que ele conhecia e que amava. Aquele que nunca se rebaixava. E era forte em qualquer circunstância.

– Italiano é? - Questionou Vitória com desdém - Pena. Estou de dieta, querida.

Shirlei forçou um sorriso, olhando de lado. Então para dar uma força, Felipe segurou a mão de Shirlei debaixo da mesa e com o dedo indicador escreveu a frase "eu te amo" na palma de sua mão, fazendo-a sorrir para ele e encostar o nariz e lábios em seu rosto, roçando de leve com carinho.

– Eu também, príncipe. Muito. - Ela sussurrou.

E os dois ficaram se olhando por alguns segundos de forma cúmplice como se no mundo só existissem eles dois. Até que Vitória fez o favor de interrompê-los.

– Mas olha que coincidência, acabei de ver uma grande amiga minha entrar no restaurante. Com licença vocês porque tenho que ir lá para cumprimentá-la - Vitória avisou já se levantando e se dirigindo na direção oposta à que eles se encontravam.

– Qual é a tua Hein, Jéssica? Virar amiguinha da minha mãe de uma hora pra outra... - Felipe puxou conversa.

Jéssica deu uma risada irônica.

– Ai, Felipe, tá com medo de quê? Que a sua mãe goste tanto de mim que não tenha espaço pra aceitar a sua namoradinha garçonete é?!

Felipe trincou os dentes, com raiva.

– Jéssica, não provoca que hoje eu não tô bom! Esse almoço tá sendo uma palhaçada e eu só não fui embora até agora em respeito a Shirlei que é a única que tá sabendo se portar de verdade.

Jéssica soltou outro riso sarcástico.

– Oh, nossa! Agora a ladra de namorados é que é a educada na história! Era só o que me faltava viu?!

– Ladra de namorados?! Pirou, Jéssica?! A Shirlei nunca me tirou de você porque a verdade é que você nunca me teve. Nunca!

Shirlei assistia a discussão calada, mas a vontade dela naquele instante era sair dali. Vitória ela podia aguentar, mas Jessica era pedir muito.

– Príncipe, vamos embora? Sinceramente, pra mim já deu. - Pediu Shirlei sem mais paciência.

– Já vai tarde, queridinha. Pode ir com o príncipe porque já viu que a sogrinha vai ser difícil conquistar, né?! - Jéssica provocou. - Quer que chame a carruagem?

Felipe bufou e já ia se levantando de mãos dadas com a namorada se não fosse ter escutado a voz de sua mãe, impedindo-os. Mas ela não estava sozinha. Ao seu lado, estava a tal amiga que ela tinha ido cumprimentar minutos antes.

– Mas o que está acontecendo aqui? Por que está indo embora, meu amor? Logo agora que queria te apresentar minha grande amiga...

– Não acredito! - Exclamou a amiga, estarrecida, interrompendo-a. - Shirlei?! É você mesma, querida?

Felipe e Shirlei, que já estavam de costas, ao reconhecerem a voz, se viraram de volta sorrindo.

– Dona Berenice?! - Shirlei exclamou, já indo ao seu encontro, pois a senhora se encontrava com os braços abertos à espera do abraço da nova amiga. - Eu é que não consigo acreditar.

– Não. Quem não consegue acreditar sou eu. - Vitória disse, embasbacada. Vocês se conhecem?

– Sim. Eu tive o prazer de conhecer essa jóia de menina no hotel em que me hospedei a uns dois dias atras. E olhe, Vitória, que Thaís, minha Nora, não me escute, mas quem dera ter sua sorte de ter Shirlei como nora, viu?! - Vitória forçou um sorriso, fingindo concordar. - Felipe, meu querido, e você como está? Já resolveu seu probleminha com meu marido?

– Ainda não, Dona Berenice. Mas ainda essa semana pretendo ligar para o seu Alvarez para marcarmos uma reunião. - Felipe disse, dando uma olhada de esguelha para Jéssica, que se engasgou com o suco que tomava naquele instante.

– Opa, minha querida! Engasgou? - Berenice perguntou, tentando ajudar - Levante os braços! Meu marido se engasgou um dia desses e isso ajudou.

– Ah, a Jéssica conhece ele, dona Berenice, num é, Jéssica? - Felipe provocou, maldoso. Jéssica o fuzilou com o olhar.

– De vista só. Já ouvi falar. Quando eu era noiva do Felipe. - Jéssica rebateu.

Berenice arregalou o olhar.

– Mais gente! Então você já foi noiva do Felipe? E o que está fazendo em um almoço com a sogra e a namorada dele, meu bem?

Felipe e Shirlei não aguentaram e soltaram uma risada. Jéssica trincou os dentes.

– Fui convidada pela dona Vitória.

– Ah, entendi. - Bernice respondeu e chegando perto de Vitória, sussurrou: - Então Vitória, minha querida amiga, deixa eu te dizer uma coisa: A troca foi excelente, pode confiar!

Jéssica bufou de raiva, pois escutou muito bem. E Shirlei teve de conter o sorriso.

– Bem, agora eu tenho que ir, mas foi muito bom encontrar com você, minha querida... - Berenice foi dizendo, mas antes que ela completasse, Vitória foi logo se intrometendo achando que Berenice estava falando com ela mas a verdade era que ela estava falando com - Shirlei.

Vitória ficou completamente sem graça.

– Foi muito bom reencontrar a senhora também, dona Berenice.

E elas se abraçaram, sendo fuziladas por Vitória e Jéssica.

– Felipe, por acaso lá na Peripécia estão precisando de Controler? Meu filho Rogério trabalha nesse ramo.

– Por acaso estamos sim, dona Berenice. Peça para que ele vá lá na segunda pra gente conversar.

– Está bem, meu querido. Porque se ele não trabalhar lá, pelo menos, quem sabe vocês não viram amigos, hum? E a Thaís, noiva dele, pode conhecer a Shirlei. Ai querida, vocês iam se dar super bem. Certeza! Ela é feirante, sabia? Tenho muito orgulho disso!

Shirlei sorriu para ela. Nunca conheceu alguém tão rica e humilde como dona Berenice. Bem que Vitória podia ser como ela! Sua vida com Felipe seria bem mais fácil.

– Sendo assim, já quero conhecer ela, dona Berenice!

Berenice sorriu e beijando as bochechas de Shirlei, despediu dela, depois de Felipe. Por fim de Vitória e se esquecendo de Jéssica, foi embora, acenando.

– Vamos almoçar? Não sei por que, mas agora fiquei com uma fome. E você, princesa? - Felipe perguntou, animado.

Mas agora quem perdeu a fome foram as duas filhotes de cobra, que já não tinham mais nem veneno pra destilar. E o almoço passou em paz, sem mais provocações de nenhuma parte.

***************************************

A noite, Shirlei estava terminando de ajudar Tancinha com o Restaurante. Faltavam apenas dois últimos clientes para que ela pudessem fechar. As duas estavam exaustas. Já era quase oito horas da noite.

– Shirlei, será que você me pode fechar a cantina só hoje? É que o Henrico me ficou de passar hoje pra gente pegar um cinema. E eu já me tô toda atrasadinha. Shirlei? - Tancinha tentou chamar atenção da irmã, que parecia está no mundo da lua. Elas estavam limpando, cada uma, uma mesa vim pano úmido. - Shirlei?

– Hã? Oi? Desculpa, Tancinha. Eu posso fechar sim, pode deixar.

Tancinha Franziu a testa e parando o que estava fazendo, se aproximou da irmã.

– Ma o que foi que houve, Shirlei, que você me tá toda aluadinha aí?

– Nada. É que... sabe o que é, Tancinha... Hoje é o sétimo dia e o Felipe não deixou nenhum bilhete, nada, sei lá, tô tão acostumada com o romantismo dele que... tô estranhando. E como teve esse almoço hoje, tô com medo da mãe dele ter feito a cabeça dele, sei lá...

Tancinha abraçou a irmã.

– Ai minha nossa senhora da Achiropita Lá vem você com essas paranóias! Shirlei, o Felipe me ama você! Ele só me deve tá ocupado. Você já ligou pra ele?

– Já. Umas sete vezes. Só da fora de área. E mandei mensagem e ele num respondeu nenhuma. Ai, Tancinha, tá estranho, ele num é assim.

– Calma! Tenho certeza que ele me deve ter uma boa explicação pra isso. Confia nele, Shirlei!

– É, né? - Deu um suspiro. Então foi aí que as duas perceberam que o último cliente foi embora.

– Pronto. Tô indo. - Tancinha disse, retirando o avental - Mas você vai ficar bem se eu me for mais cedo?

Shirlei forçou um sorriso.

– Vou sim. Pode ir, Tancinha. Eu fecho a Cantina. Divirta-se com o Henrique.

Tancinha deu um beijo no rosto da irmã, animada.

– Brigada, Shirlei. E tomara que seu príncipe me apareça daqui pra mais tarde pra me botar um sorriso nessa sua carinha.

Shirlei tentou sorrir, então viu quando Tancinha saiu correndo porta afora quase tropeçando nos saltos.

Depois disso, Shirlei ainda tentou mais uma vez ligar para o namorado. Nada, caixa postal mais uma vez. O que será que estava havendo? Ficava cada vez mais preocupada. Teve vontade de pegar um táxi e ir bater lá no apartamento dele, mas reencontrar Vitória àquela altura da noite não era bem um sonho de consumo para ela. Então resolveu se conformar e seguir, primeiro trancando todas as janelas da cantina, portas, depois fechando o caixa com senha e por fim, pegou um pé de cabra para puxar o portão, que ficava no alto para tranca-lo no chão com cadeado.

Com tudo finalizado, abriu a bolsa para verificar se tinha dinheiro na carteira, foi quando uma luz intensa invadiu seu campo de visão, fazendo com que ela tivesse que colocar o braço no rosto para proteger seus olhos. Era uma moto, que havia acabado de parar em frente à cantina. Engoliu a seco. Droga! Ser assaltada era tudo que ela precisava agora, pensou. Ela olhou de um lado para o outro. A rua estava deserta. O coração disparou e as pernas ficaram bambas.

Quando o cara da moto desceu, ela foi se afastando, trêmula, mesmo sabendo que não adiantava, pois não tinha como fugir.

– Olha, moço, o senhor pode levar tudo, mas por favor não faz nada comigo! - Shirlei implorou.

– Aí fica difícil porque... Eu não quero nada. Mas quero fazer tudo com você. Então... a gente vai ter que chegar a um acordo aqui, mocinha.

Shirlei franziu a testa, mexendo a cabeça de lado, quase reconhecendo a voz.

– Felipe?!

O motoqueiro misterioso foi retirando o capacete devagarzinho.

– Oi, princesa. Achou mesmo que eu ia me esquecer do sétimo dia? - Questionou ele, e prensando ela no portão com o peso do próprio corpo, segurando os braços de Shirlei no alto, beijou-a com ardor, deixando-a completamente sem fôlego e sem ação.


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