Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 20
Capítulo 20




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Vigésimo Capítulo ❣️

– Cara, quase que eu num entrava. Eu acho que a porta tava emperrada, sei lá... - Henrique explicou para Felipe e Shirlei, quando finalmente conseguiu entrar na cabine. Os dois tentando disfarçar a expressão de travessura que tinham em seus rostos. Em vão. Era evidente demais para esconder.

Felipe coçou a nuca, envergonhado.

– É, cara, eu até tava dizendo aqui pra Shirlei que... - pigarreou antes de continuar - mal a gente chegou e... já tem coisa pra consertar, né, princesa?

Shirlei que parecia está em outro mundo, voltou o olhar pra ele rapidamente, que pediu com o olhar pra ela entrar na mentira dele. Ela entendeu. Mas já era tarde demais, Henrique já olhava de um pra outro com uma expressão bem sugestiva.

Shirlei pigarreou também - É, o... Felipe tava me dizendo exatamente isso.

– Sei... - Concordou Henrique - Eu bem tô conseguindo imaginar que vocês deviam está aqui dentro dessa cabine... sozinhos... discutindo sobre isso.

Com esse comentário, Shirlei sentiu seu rosto queimar, de tanta vergonha que sentiu, enquanto Felipe trincou os dentes e quis esganar o amigo com o olhar.

– Henrique, fora ser totalmente inconveniente que é o que você faz de melhor, o quê que cê veio fazer aqui? - Felipe perguntou, meio brincando, meio sério.

Henrique ficou pensativo como se tivesse esquecido o que tinha ido fazer ali. Felipe revirou os olhos, impaciente.

– Ah, é que o seu motorista tá lá fora só esperando a gente ir lá pra pegar as malas das meninas.

Felipe bateu na testa ao se recordar do pequeno detalhe.

– Ih, cara, é mesmo. Mas vai indo aí que eu já vou... - Então Felipe virou-se na direção de Shirlei - Já volto, princesa. - Ele disse e segurando o rosto da namorada entre as mãos, selou seus lábios com um beijo, demoradamente. - Daí quem sabe a gente termina aquele assunto que a gente começou aqui... - Felipe provocou, mordiscando o queixo Dela e finalizando com uma piscadela sedutora. Shirlei se derreteu toda, sorrindo.

Então ele a soltou e saiu da cabine, fechando a porta atras de si.

– Mas já, cara?! - Henrique questionou Felipe no percurso até onde se encontrava o motorista com as malas.

– Já o quê? - Felipe perguntou se fingindo de desentendido.

– Nem bem chegou, já tava pegando a menina?! - Explicou ele. - Desse jeito vou ter que estabelecer medidas drásticas aqui. Separar os dois. Botar um na proa do barco e outro na popa. - Diante daquilo, Felipe o fuzilou com o olhar - Que foi? - Henrique passou o braço esquerdo ao redor dos ombros de Felipe e com a mão direita deus uns tapinhas no peito dele. - Num foi exatamente pra isso, que cê me trouxe nessa viagem? Só tô sendo coerente com o seu pedido, amigão.

Felipe estreitou os olhos para o amigo. A essa altura, os dois já tinham chegado ao seu destino.

– Rá, rá, muito engraçado você! Agora vamos parar com as gracinhas e me ajudar aqui com as malas.

Henrique soltou uma gargalhada gostosa, enquanto segurava a mala que o motorista tentava jogar da passarela de madeira para dentro do barco.

– Ah, Felipe, já ia me esquecendo de dizer... - Henrique começou a dizer.

– Quê que foi dessa vez? - Felipe perguntou, enquanto abria a carteira e separava o dinheiro para pagar a quantia combinada, para o motorista.

– Tô precisando urgentíssimo de um colete salva-vidas.

Antes de estranhar aquela resposta, Felipe sorriu para o motorista e apertou sua mão educadamente, agradecido por tudo. Depois franziu a testa para Henrique, enquanto o motorista ia embora.

– Pra que um colete agora se a gente ainda nem zarpou, cara? Além disso, se tem alguém aqui que sabe nadar como ninguém, esse alguém é você.

Henrique coçou a nuca, os cabelos jogadinhos se bagunçando.

– É que... Eu tenho a impressão que daqui pro final dessa viagem, a doida da sua cunhada vai me atirar no meio do mar.

– Mas eu achei que cês tinham se acertado, cara.

– Pois é... eu também, mas... Cê sabe que eu nunca fui muito bom com esse negócio de ser amigo de mulher, né? Aí hoje eu acho que... eu falei besteira e ela num gostou.

Felipe passou a mão no rosto, revirando os olhos e já aflito com o que Henrique poderia ter dito.

– Henrique Velásquez, que besteira foi essa que cê falou pra Tancinha?

Henrique desviou o olhar já imaginando o grito que ia levar.

– Nada demais... eu só falei pra ela que a gente podia aproveitar pra dar uns pegas nessa viagem. Só pra gente num servir de castiçal pra vocês dois, ora!

– Dar uns pegas? Você usou esse termo: Dar uns pegas? Henrique, pelo amor de Deus, quando é que cê vai criar juízo? Me fala! Quantas vezes eu vou ter de te falar que com a Tancinha é diferente, que você tem que chegar com jeito, com sensibilidade... Cara, cê num aprende mesmo, hein?!

Henrique fez muxoxo como uma criança que acaba de ser repreendida pelo professor de escola.

– Ah, Felipe, nem vem que o príncipe aqui é você! Eu sou eu mesmo e pronto. Se gostar de mim, gosta do jeito que eu sou, senão, paciência.

Felipe esticou o braço e segurou o ombro do amigo com um pouco de força, fraternalmente.

– É, nisso, cê tem razão. Se a Tancinha gostar de você, ela tem que gostar de você do que jeito que cê é. Não adianta botar máscara que uma hora ela cai. Mas... tenta ser um pouquinho menos sincero que ajuda e muito, né?! Pelo menos pra num virar comida de peixe nessa viagem.

Henrique balançou a cabeça de um lado para o outro, concordando, e os dois começaram a rir com a cumplicidade de grandes amigos que eram. Depois Felipe combinou algumas coisas importantes com Henrique, antes de finalizar com:

– Eu vou levar a mala da Shirlei lá na Cabine social e depois eu te espero lá na cabine de comando, tá certo? Pra gente combinar como vai ser a nossa viagem e o nosso itinerário. - Felipe avisou para Henrique.

– Sim, senhor, Capitão! - Henrique exclamou e bateu continência para Felipe, que revirou os olhos.

– Eu nem vou tentar pedir pra você pra não me chamar assim, porque já percebi que isso vai ser o seu maior motivo de diversão nessa viagem, né?!

– Exatamente, Capitão! - Henrique exclamou de novo, rindo de si mesmo, enquanto Felipe escondendo o riso e balançando a cabeça de um lado para o outro, se afastava dele, indo na direção da Cabine social de Shirlei.

Chegando lá, ele bateu na porta, que estava encostada. E ao ouvir a voz de sua princesa dizendo que podia entrar, ele entrou, já sorrindo por vê-la.

– Pronto, princesa. Aqui estão suas coisas. - Felipe falou, pousando a mala e mochila de Shirlei em cima de uma das camas.

Shirlei sorriu, entusiasmada em ver todas as suas coisas ali, mas então estranhou a falta de outras. Virou a cabeça de lado.

– Ué, mas e as coisas da Tancinha, cadê?

Felipe deu um sorrisinho meio de lado. Um pouco malicioso. E sem que ela esperasse, ele esticou os braços e pousando sobre os quadris Dela, puxou-a para si, fazendo-a quase tropeçar de tão surpresa que ficou com o gesto. Shirlei segurou os ombros dele, quando ele enlaçou a cintura Dela. Então seus olhares se encontraram.

– Eu pedi pra que o Henrique demorasse um pouquinho pra trazer. Fiz mal?

Shirlei balançou a cabeça de um lado para o outro, sorrindo.

– Não. De jeito nenhum. Mas eu posso saber por que você fez isso?

Shirlei sabia. Claro que ela sabia. Mas ela adora escutar Felipe dizendo.

– Porque... Eu queria um pouco de privacidade com a minha namorada.

Shirlei sorriu, fascinada. E acabou confessando algo que a alguns dias estava entalado em seu coração.

– Eu gosto tanto quando você me chama assim, de sua namorada.

Os lábios de Felipe se inclinaram em um sorriso singelo. Então ele segurou o rosto Dela com a mão direita.

– Mas é o que você é, princesa. E se depender de mim... - Felipe dizia, enquanto o polegar acariciava o rosto Dela - Eu quero você como minha namorada... Pra sempre.

Ela sorriu, os olhos brilhando, emocionada com a declaração, então ele deslizou a mão que estava no rosto até a nuca Dela e a puxou para um beijo. Shirlei começou a sentir aquele friozinho, velho conhecido seu, lhe percorrer a barriga, então quando os lábios dele se apossaram dos Dela, exigentes, Shirlei se rendeu sem oferecer resistência. E até gemeu entre uma tomada de ar e outra, ao mesmo tempo que, tentando se equilibrar, ela se agarrou a camisa dele com os dedos, apertando com toda força. Suas línguas se unindo dentro de suas bocas numa coreografia erótica e delirante.

Até que o som de alguma coisa ou de alguém, vindo de um outro compartimento do barco fez com que eles se lembrassem de que não estavam sozinhos ali. E de que, pelo visto, nunca estariam.

Ofegantes e com os lábios intumescidos, os dois rompem o beijo ao mesmo tempo e se largam quase que instantaneamente.

– Tem alguém... Aí? - Felipe perguntou para Shirlei, tentando recuperar o ar.

Shirlei esticou os lábios, a expressão de culpa por não ter se lembrado de um detalhe extremamente importante.

– Acho que eu acabei me esquecendo de dizer que a Tancinha tá aqui atras... - Apontou com o polegar por cima do ombro - No banheiro.

Felipe arregalou o olhar e esticou um lado da rima labial.

– Ixi, outra que quase pega a gente no flagra. - Comentou Felipe, arrancando uma risadinha abafada da namorada.

– Mas também quem manda você convidar tanta gente pra vir com a gente, hein?

Felipe ficou se sentindo um idiota com aquela pergunta. Pois só tinha feito aquilo para preservá-la e agora ela mesma questionava sua decisão. Mas em vez de ficar chateado, Felipe segurou a mão de Shirlei e a puxou bruscamente, arrancando um gritinho de susto de sua namorada. Então ele passou os braços em volta da cintura Dela. Olhos fixos nos Dela.

– Ah é?! Então quer dizer que a chapeuzinho vermelho não se importa nenhum pouco de ficar sozinha com o lobo mau...? Se eu soubesse disso, num tinha convidado nem a vovozinha e muito menos o caçador.

Shirlei deu um risadinha divertida, ao mesmo tempo que deu um tapinha de leve no ombro do namorado.

– Felipe!!! - Sibilou ela. - Você é príncipe, não lobo mau, esqueceu?

Os olhos de Felipe se encheram de desejo e ele mordeu o lábio inferior com a dentadura superior de forma altamente sexy, fazendo com que Shirlei sentisse algo no baixo ventre jamais sentida.

– Ah, mas eu posso ser um lobo mau quando eu quero, princesa. - Ele disse e levou os lábios até a orelha de Shirlei, mordiscando o lóbulo de sua orelha, levando-a a erguer o ombro com o arrepio que sentiu. - Um lobo bem mau pra dizer a verdade. - Sussurrou no ouvido dela.

Ela se soltou, com dificuldade, indo pra o outro lado. Aquela sensação já era demais. Ficou até tonta. Se continuasse ali já nem sabia aonde iria parar.

– Tá bom, né, Felipe, porque a... a... a...

– Tancinha. - Ele completou, ajudando-a e divertindo-se por dentro com o nervosismo Dela.

– Isso. A Tancinha pode aparecer e... E pode pegar a gente.

– É verdade. A Tancinha pode mesmo aparecer. E o Henrique e... Sabe o que é pior?

– O quê? - Shirlei quis saber, a testa franzida.

– É que eu acabei me esquecendo de dizer, mas a gente ainda tem um outro tripulante.

– Outro? - Shirlei entortou a cabeça para o lado, gesto que sempre fazia quando não estava entendendo o que se estava querendo dizer - Mas onde ele vai dormir? Aqui só tem quatro camas.

Felipe fez uma expressão de mistério, deixando Shirlei um pouco aflita. Depois soltou um risada que veio diretamente da garganta. Shirlei franziu ainda mais a testa, sem compreender absolutamente nada.

– Calma, princesa! Esse tripulante pode dormir no chão, não se preocupe. Fica aí que eu já volto. - Felipe informou e antes que Shirlei pudesse protestar, Felipe saiu da Cabine, só voltando cinco minutos depois.

– Felipe, sinceramente, eu ainda não entendi o que você quis dizer com... - Shirlei começou a dizer, mas teve de parar ao se deparar com o real motivo da saída repentina e mistério de Felipe - Tito? Mas... Como que...? Felipe?

Felipe sorriu feliz, entregando o cachorrinho nos braços de Shirlei, que abanava o rabinho e latia enlouquecido por ver a Dona.

– Cê acha mesmo que a gente ia viajar sem nosso filho? Claro que não, né, princesa. Antes de trazer você, eu já trouxe ele pra cá, ou será que você não estranhou o fato de que o Tito não tava em casa pra você se despedir?

– Eu estranhei, mas... - Shirlei começou a responder, recebendo de Tito algumas lambidinhas no rosto - Mas a mãe disse que a Cris tinha ido lá pegar ele pra passear e... Você não existe mesmo, Felipe. Tinha tudo planejado.

Felipe sorriu lindamente.

– Claro. Tudo pra deixar a minha princesa ainda mais feliz. Porque eu sabia que você ia ficar bem preocupada com ele longe, não ia?

Shirlei sorriu, tímida, escondendo o rosto entre os pelos de Tito. Só os olhos expressivos de fora.

– Ia sim. Já tava pra ligar pra casa pra saber se ele tinha chegado.

Felipe se aproximou e fez um carinho no rosto de Shirlei, delicadamente.

– Viu só como em pouco tempo eu já te conheço bem, princesa?

Shirlei sorriu e virando o rosto, beijou a mão dele, que segurava seu rosto. Então sorrindo com os olhos marejados, ela murmurou:

– Vi sim. Brigada, Felipe... Por ser tão especial.

– Você que é especial, princesa. - Ele disse e tascou um beijinho singelo nos lábios Dela. - Agora... Eu vou deixar você aqui curtindo o nosso filho, porque eu prometi ir lá na Cabine de comando dar umas instruções para o Henrique sobre a nossa viagem, tá bom?

Shirlei concordo com a cabeça e Felipe se dirigir até a porta, mas antes de abri-la, ele se virou na direção Dela para uma última palavrinha.

– Ah, depois você e a Tancinha já podem vestir o biquíni, porque a gente já vai zarpar, tá? - Shirlei concordou mais uma vez, sorrindo. - Beijo, princesa. A gente se vê daqui a pouco. - Ele disse. E abrindo a porta, saiu, e fechou-a atras de si.

***********************************

Meia hora depois, Henrique apareceu na Cabine de Comando. Felipe já estava lá, concentrado nos botões e engrenagens.

– Desculpa a demora, Capitão, mas é que eu tive de escutar um blá blá blá interminável por parte de uma de nossas tripulantes. Peço permissão para jogá-la no mar imediatamente! - Henrique pediu e bateu continência outra vez.

Felipe dessa vez entrou na brincadeira. Depois de tudo que vivera com sua princesa, estava de ótimo humor.

– Permissão negada, marinheiro. Terá de arrumar um outro meio de se entender com a tripulante.

E os dois gargalharam da conversa infantil.

– Mas falando sério agora... - Felipe começou a falar - A gente vai zarpar em meia hora no máximo, tá? Aí eu tava pensando que a gente podia ficar revezando no timão, o que você acha? Você ainda se lembra de como pilota um barco, né?!

– Claro! - Henrique respondeu com convicção, mas ao fitar os botões, engrenagens e o próprio timão, acrescentou: - Que não!

– Henrique, cara, a gente pilotou barco a nossa vida inteira. Como que cê não se lembra?

– Brincadeira, cara! É como andar de bicicleta. Só que no mar.

Depois desse argumento, Felipe quase teve vontade de desistir. Deu um suspiro profundo e impaciente.

– Tá, deixa pra lá. Seja o que Deus quiser! Bom, mas agora vamos ao itinerário. Eu tava pensando que a gente podia passar o dia hoje passeando de parapente e ancorar em algum lugar seguro pra dormir no barco mesmo. Até porque eu me certifiquei e esse barco tem um alarme que permite nos avisar sobre sinal de perigo há quilômetros de distância, então dá tempo de desviar de embarcações, se caso alguma não nos ver ancorados. - Henrique ficou perplexo com aquela informação. Achou o máximo. - Amanhã a gente pode ir pra aquela ilha paradisíaca que a gente foi daquela última vez, lembra? Aquela que dá pra fazer mergulho e tal...

– Aquela que tinha um bando de mulher gostosona? Huuuuuuummm

Felipe pigarreou. - Henrique, por favor, da pra lembrar que a gente tem duas mulheres com a gente no barco? E que uma delas é a minha namorada?

– Dá né? Você num me deixa esquecer? - Praguejou Henrique, chateado.

– Continuando... Por fim, eu tava pensando que a gente podia voltar e passar um dia em um hotel em Búzios!

Henrique deu um sorrisinho sugestivo.

– Que foi? Que sorrisinho é esse? Quê que cê tá pensando aí hein? - Felipe quis saber.

– Esse hotel em Búzios aí tá me cheirando a uma bela lua de mel antecipada. Ainda bem que cê já teve despedida de solteiro antecipada né, amigão?!

Felipe deu uma risada se lembrando do clube das mulheres onde, coincidentemente, conheceu Shirlei, sua princesa. Bendita despedida de solteiro antecipada.

Felipe abraçou o amigo bem forte , pegando-o totalmente de surpresa.

– Ainda bem mesmo, amigão! - Falou Felipe se referindo ao fato de ter conhecido Shirlei naquela noite.

**********************************

Felipe e Henrique combinaram que o revezamento do barco seria de três em três horas. No par ou ímpar, Felipe acabou sendo o primeiro a pilotar o barco, enquanto Henrique ficou lá no barco com Shirlei e Tancinha. No início, Shirlei se ofereceu para ficar lá com ele, mas Felipe disse que ela precisava se divertir, que foi pra isso que ele a tinha levado é que dali a três horas, ele estaria com ela e teria uma surpresinha, que ela já estava ansiosa.

No tempo que Henrique passou fora da Cabine de comando, por incrível que pareça, ele ficou na cozinha com Tancinha ajudando-a com o almoço. Ela fizera questão de ser a responsável por isso é ninguém conseguiu dissuadi-la do contrário. O almoço foi servido ao meio dia e como Felipe ainda estava na Cabine, com carinho, Shirlei fez questão de ir até lá levar o almoço pra ele, então os dois almoçaram juntos em um clima bastante romântico. Shirlei fazendo questão de dar a comida na boquinha de Felipe, enquanto ele rolava o timão. E claro, que de vez em quando eles trocavam uns beijinhos carinhosos e se acarinhavam.

Quando o tempo de Felipe terminou, ele subiu até o convés do barco, e logo avistou Shirlei que estava sentada na proa do barco, mexendo com os cabelos molhados, pensativa. Ela vestia um biquíni azul e ele, por sua vez, vestia uma regata verde e uma bermuda branca.

Felipe se aproximou e colocando uma perna de cada lado do corpo de Shirlei, se sentou atras Dela, abraçando-a com seus braços musculosos. Ela sorriu ao sentir seu corpo colado ao dele e mais ainda quando sentiu os lábios quentes dele beijando seu ombro demoradamente.

– Uma moeda por seus pensamentos, princesa.

Shirlei sorriu e virou o rosto na direção dele. Então seus olhares se encontraram com intensidade e levou seus lábios até os dele, mas antes de beijá-lo, respondeu à pergunta dele, roçando seus lábios nos dele sem beijá-lo.

– Você.

Ele sorriu, ainda com os lábios roçando os Dela e sussurrou:

– Boa resposta.

E eles se beijaram. Devagar. Como se quisessem explorar a boca um do outro. A língua brincando uma com a outra. Então para finalizar, Felipe mordeu o lábio inferior de Shirlei, puxando-o para si e sugando.

– Adoro esse lábio, sabia?

– Já percebi. - Ela respondeu, meio rindo, com o lábio dentro da boca de Felipe.

Depois disso, Felipe se levantou bruscamente e segurando as mãos de Shirlei, levantou-a também.

– Quê que foi isso, Felipe?

– Tá na hora da surpresa que eu te falei, antes que termine meu tempo.

Shirlei piscou os olhos, curiosa.

– Vou lá pegar e já volto! Espera só um pouco aí que eu também tenho que dar umas ordens para o Henrique.

E lá foi ele pegar alguma coisa sob o olhar atento de Shirlei.

Quinze minutos depois, ele voltou, segurando uma espécie de paraquedas gigante nas mãos. Shirlei arregalou os olhos já ficando com medo do que ele pretendia. Ela não era nenhum pouco adepta a esportes radicais.

– O que é isso, Felipe?

– Parapente. Já ouviu falar?

– Nunca.

Felipe abriu um sorrisão, que em vez de alegrar Shirlei, assustou-a ainda mais.

– Ah, então confia em mim que cê vai adorar, princesa. Esse esporte é demais!!!!

– Como que funciona isso?

– É assim... Eu vou inflar o paraquedas e vou me certificar se os mosquetões, tirantes e linhas estão seguros para prender os arnês. - Enquanto ele falava ia apontando para cada objeto em questão para que Shirlei fosse aprendendo. Ela ficou encantada, apesar de que seu coração já estava disparado de medo. - Aí a gente vai botar os arnês e se senta naquela plataforma, então eu solto a polia e a gente sobe que nem pipa, enquanto o barco estiver em alta velocidade - Shirlei arregalou os olhos com a palavra "pipa" - Depois quando o barco reduzir a velocidade a gente desce bem rápido só pra molhar os pés, questão de segundos, princesa, por causa dos tubarões... - Shirlei arregalou o olhar mais ainda. - Então a gente volta a subir pra ter a visão privilegiada de novo. Num é demais?

Por alguns segundos, Shirlei ficou em silêncio, tentando raciocinar tudo que ele tinha dito.

– Felipe, eu num se eu tenho coragem de... Pra dizer a verdade, eu num sou muito de esporte radical, sabe?! Ainda mais quando envolve... tubarões.

Felipe deu uma risada asmática e alta.

– Calma, princesa! Eu te falei que é bem rápido. Além disso, você vai tá comigo. Cê acha que eu vou deixar que alguma coisa te machuque? É seguro. Pode confiar!

Shirlei deu um suspiro profundo. Então mesmo temerosa, resolveu arriscar, afinal, devia isso a ele. Felipe já tinha feito tanta coisa por ela. Já estava na hora devim pequeno grande sacrifício por ele.

– Tá. Eu... vou... Nesse negócio aí.

Felipe sorriu, feliz e orgulhoso.

Cinco minutos depois, Felipe e Shirlei estavam sentados na plataforma, um do lado do outro. Tancinha estava na Cabine de comando junto com Henrique, pois seria a próxima junto com ele, então fez questão de assistir de lá.

Felipe fez questão de prender todas as tiras de Shirlei com toda força que tinha para que ela se sentisse o mais segura possível, e depois ele segurou a mão Dela, que segurou com tanta força a dele, que os nós dos dedos Dela ficaram brancos. Ao mesmo tempo, ela também segurou com muita força o outro lado da corda. E fechou os olhos.

Então ao sinal de Felipe, Henrique acelerou o barco e os dois voaram bem alto. Muito alto mesmo. Tão alto que o barco ficou minúsculo.

– Abre os olhos, princesa. Cê tá perdendo a vista. Confia em mim.

Morrendo de medo e com um frio na barriga de montanha russa, Shirlei foi abrindo os olhos. E não se arrependeu. A vista era incrivelmente deslumbrante. Dali de cima era possível ver a imensidão do mar, o barco bem pequeno e com sorte até alguns golfinhos pulando.

– Viu? Vale a pena, né? - Perguntou Felipe.

– Muito. - Shirlei respondeu, apertando a mão de Felipe com carinho.

– Isso tudo é pra você, princesa. De mim pra você.

Ela sorriu e emocionados, no meio do ar, eles se aproximaram e selaram aquele momento com um beijo.

– E aí, confia em mim pra descer? - Felipe quis saber.

– Confio. - Shirlei respondeu.

E quando o barco desacelerou, os dois desceram por alguns segundos, tempo suficiente para que eles molhassem os pés e logo subiram novamente como pipas. Felipe tinha razão, aquele esporte era demais! E seguro. Desde que feito da maneira certa e com alguém tão carinhoso e cuidadoso como ele, pensou Shirlei, apaixonada.

Depois disso, Felipe e Shirlei subiram mais três ou quatro vezes, então foi a vez de Henrique e Tancinha regado a muito grito, discussão por parte dos dois. Muita diversão naquela tarde.

E a noite enfim chegou com uma lua cheia de tirar o fôlego.

***************************************

– Ei, cara, cheguei. - Henrique falou ao entrar na Cabine de comando. - Pode ir jantar lá com a namorada. Eu deixo.

Era o horário de Henrique pilotar. Felipe ficou agradecido, pois não via a hora de ver a namorada. Era incrível como se apegava cada vez mais a ela.

– Valeu, cara! - Eles apertaram as mãos e deram uns tapinhas nas costas - Vou indo lá. Depois eu venho pra gente trocar e depois ancorar. - Felipe disse e saiu quase que correndo na direção da Cabine social, onde imaginava que Shirlei estaria.

Chegando lá, bateu na porta. Mas quem abriu foi Tancinha.

– Ah, oi Tancinha, a Shirlei tá por aí? - Felipe perguntou, passando a mão na nuca, envergonhado.

– Felipe, a Shirlei tá tomando banho. Ma cê me espera ela aqui que ela já me deve tá terminando.

Felipe sorriu e entrou, sentando na cama para esperar, enquanto Tancinha penteava os cabelos diante de um espelho que tinha do lado da outra cama.

Foi aí que de repente algo em cima da cama vibrou. Felipe se virou para ver do que se tratava. Era um celular. O celular de Shirlei. Ele pegou. Mas antes não tivesse pegado, pois ao olhar o visor se arrependeu. A ligação era de Adônis. Fechou a cara, irritado.

– Ma o que é que foi? - Tancinha perguntou ao perceber a expressão do cunhado.

– Ligação do Adônis. - Felipe respondeu naturalmente.

– Ah! De novo?! Ma é que ele me liga pra Shirlei todo dia e...

Felipe franziu a testa, indignado.

– Todo dia???

– É. Eles dois se falam todo dia e...

Mas antes que Tancinha pudesse completar a frase, Felipe desapareceu, saindo pela porta, transtornado.

– Tancinha, quem era? - Shirlei perguntou, quando saiu do banheiro e ouviu o baque da porta da Cabine. Ela estava vestida com um vestidinho de alcinha casual, cabelos molhados.

– Ma era o Felipe. - Tancinha respondeu, mas a expressão Dela não era das melhores.

– Certo. E por que cê tá com essa cara?

– Por que eu me acho que ele saiu daqui chateado.

O coração de Shirlei disparou.

– Chateado com o que, Tancinha? Fala!

– É que ele me viu uma ligação do Adônis no seu celular e eu disse que você me fala com ele todo dia e...

– VOCÊ O QUÊ???? - Shirlei ficou desesperada e sem mais esperar um segundo sequer, ela correu porta afora a procura de Felipe.

Já no convés, Shirlei começou a olhar por toda parte, seus olhos marejados, um aperto no peito de dar dó até que ela o encontrou na popa do barco, de costas, mãos nos bolsos, o vento soprando forte e balançando seus cabelos.

Ela se aproximou. Devagar. Silenciosa.

– Felipe. - Chamou. E ela sabia que ele havia escutado pela forma como suas costas se retesaram. Mas ele não se virou pra ela. Então ela tentou mais uma vez. - Felipe. - Nada. Ele estava realmente chateado. - Felipe, por favor, me deixa explicar. Não é como você tá pensando. - Nada. Ele continuava ali introspectivo. Até que ela teve uma ideia que talvez viesse a dar certo - Príncipe...? - Ela chamou, a voz embargada pelas lágrimas.

As costas dele se retesaram com mais força. E só aí ele se virou. O nariz e olhos vermelhos de tanto chorar.


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