Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 19
Capítulo 19




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Décimo Nono Capítulo ❣️

– Para de rir! - Pediu Felipe pela décima vez para Henrique, que gargalhava sem parar. - Cara, num faz eu me arrepender de ter vindo aqui te contar o que aconteceu!

Naquela mesma noite, logo depois de ter ido deixar Shirlei em casa, Felipe resolveu ir a casa do amigo. Chegando lá, contou tudo que aconteceu, desde o momento da chegada Dela até a sua terrível decisão de ter de deixá-la em casa por não conseguir resistir aos seus encantos. E foi exatamente isso que provocou a crise de riso no amigo.

– Desculpa, cara, mas é que... - Henrique falava em meio ao riso descontrolado - Cá pra nós, acho que é a primeira vez que eu vejo tu negar fogo desse jeito.

Felipe revirou os olhos, impaciente.

– Henrique, eu não neguei fogo, eu só... cumpri o que eu prometi desde o início dessa maldita proposta... - Explicou Felipe - Que eu ia respeitar o tempo Dela.

– Mas pelo que você me contou aqui, irmãozinho, ela num tava nem um pouco preocupada de ser "desrespeitada" hoje não, viu? - Henrique levantou uma sobrancelha com ar de malícia - Pelo contrário, ela até estava bem disposta a ceder.

– Mas aí é que tá... Tão rápido assim? E se ela se arrependesse amanhã? Não, Henrique, eu não vou me arriscar a perder a Shirlei logo nos primeiros dias... Não. Eu quero a Shirlei sim. Mas na hora certa. Na hora Dela. Sem arrependimentos. E é por isso que eu vim aqui te pedir um grande favor!

Henrique franziu a testa, curioso. E como estava sentado no sofá de frente para Felipe, inclinou o corpo, apoiando os cotovelos nos joelhos e entrelaçando os dedos das próprias mãos.

– Manda aí, cara. Que favor é esse?

– Lembra da surpresa do terceiro dia? - Henrique assentiu com a cabeça, afinal, Felipe havia planejado todos os quinze dias com a ajuda do amigo. - Então, acho que cê vai ter que ir com a gente. Porque ficar sozinho com a Shirlei durante três ou quatro dias é... Felipe arregalou as sobrancelhas, fazendo um gesto sugestivo - Enfim, acho que você já entendeu.

– Entendi sim, mas... Cê vai ter que me desculpar, cara, mas ficar de castiçal pra casalzinho namorar na castidade num é bem minha praia não, né?! Foi mal aí, irmãozão! - Henrique deu uns tapinhas no joelho do amigo.

Felipe juntou as mãos em oração na altura do rosto, como que implorando.

– Cara, quebra essa pra mim, por favor! - Henrique olhou para o lado, irredutível, mas foi aí que ocorreu uma ideia na mente de Felipe - E se... Eu convidasse a Tancinha pra ir com a gente?

Henrique voltou o olhar para o amigo, fingindo um pouco de indiferença, mas com um olhar de malícia que Felipe conhecia muito bem.

– Eu poderia pensar em talvez, quem sabe, ir com vocês... Cê sabe que com mulher no meio a coisa muda de figura, mas aquela lá é osso duro de roer, então é bom que ela vá por vontade própria senão já viu, né?!

Felipe deu um sorriso vitorioso. Agora era só mudar um pouco a surpresa do terceiro dia. Tudo bem. Por Shirlei, qualquer sacrifício valia a pena.

– Agora... mudando de assunto... - Henrique começou a falar - Cara, cê já falou com teu pai sobre a Campanha dos perfumes?

Felipe deu um suspiro profundo e se recostou no sofá, preocupado.

– Ainda não. Vou deixar pra falar quando a gente chegar. Porque aí a gente vai ter tempo pra resolver... Ou... Sei lá... Cara, pra te falar a verdade, a minha vontade é esganar a Jéssica, sabia?!

– E pode contar comigo pra te ajudar, cara. Porque cê sabe que eu nunca fui com a cara dela, então... Mas tu tá ligado que tem um detalhe bem caverna nisso tudo que por enquanto e até que ela se toque ainda não foi explorado por sua ex noiva cadáver, né?!

Felipe desencostou do sofá, curioso.

– Qual?

– Dona Vitória Miranda. A fã número um Dela.

Felipe fez uma careta, aturdido.

– Ixi, fala isso nem brincando. Quando a Dona Vitória souber do fim do meu noivado com a Jéssica, com certeza, ela vai fazer o maior drama.

– E bota drama nisso, né, irmãozinho? Porque com a Dona Vitória não se brinca! E não é querer melar teu namoro com a Shirlei não, mas... Cê sabe que ela num é o sonho de nora da tua mãe não, né?!

– Sei. Mas aí, Henrique, nesse caso, a Dona Vitória não tem escolha. Ou ela aceita a Shirlei ou ela vai ter que aprender a viver sem o filhinho Dela porque eu num vou desistir da Shirlei. Mas não vou mesmo!

Henrique arregalou o olhar, que era o que sempre acontecia quando ele ouvia o amigo se declarar daquela forma. Ficava perplexo. Não sabia se ficava feliz pelo amigo ou se temia, afinal o amor às vezes representava correr riscos de sofrer ou ser amado na mesma proporção. Qual seria o destino do amigo? Ainda era muito cedo para saber, mas de uma coisa ele sabia e até tinha certeza, seja lá o que acontecesse, sempre estaria ao seu lado com o seu ombro amigo para consolar ou com o seu abraço para dividir sua felicidade. Claro, que desse detalhe, ele nunca saberia, adorava ser o amigo porra louca dele!

*******************************

No dia seguinte, Shirlei acordou bem cedo para trabalhar como fazia sempre. A grande diferença é que naquele dia em especial, assim que ela retirou o lençol e se sentou na cama para se espreguiçar, seus olhos sonolentos foram atraídos para uma garrafa de vidro no chão. Dentro dela tinha um papel em forma de pergaminho. Shirlei logo imaginou que aquilo já poderia fazer parte da surpresa do terceiro dia e um sorriso luminoso se desenhou em seus lábios enquanto ela se encarregava de pegar a garrafa, entusiasmada.

Cruzou as pernas em posição borboleta e depois de retirar o pergaminho de dentro da garrafa, começou a ler o que estava escrito. Ficou fascinada porque até as letras tinham um charme de antiguidade.

"Bom dia, princesa! Sei que deve está estranhando o modo como essa carta chegou, mas garanto que tem tudo a ver com o que vai acontecer no terceiro dia... ;) Então, pronta para o terceiro dia? A primeira parte da surpresa está escondida atrás da cortina da sua janela, portanto, é bom que você a abra assim que acordar. Beijos, seu eterno príncipe Felipe!"

Assim que terminou de ler a última linha do pergaminho, Shirlei sorriu como uma boba apaixonada, principalmente pelo fato de que agora ele se intitulava "eterno príncipe Felipe", achou aquilo ali incrivelmente romântico. Então sem pestanejar e mais curiosa do que de costume, ela correu até a janela e abriu a cortina. E lá estava ele. Encostado na frente do carro. Vestido em um estilo casual de bermuda, camisa e tênis. Lindo como sempre. Mãos enfiadas nos bolsos. Um príncipe à espera de sua princesa, pensou Shirlei em meio a um suspiro. Se a própria presença de Felipe era a surpresa, não estava nenhum pouco decepcionada, pelo contrário, o frio na barriga que estava sentindo dizia por si só o quanto estava feliz em vê-lo.

Correu para rapidamente fazer seu asseio matinal e escolhendo um vestidinho curto de alcinha bem charmoso, desceu as escadas e atravessando o portão, caminhou toda prosa em direção a ele, que até então não a tinha visto ainda pois estava de costas para casa Dela. Aproveitando-se disso, Shirlei tapou os olhos dele, que sorriu aos segurar as pequenas mãos Dela sobre os seus olhos.

– Deixa eu adivinhar, essas mãos tão pequenas e delicadas só podem ser de uma pessoa... - Felipe ia falando, enquanto acariciava as mãos de Shirlei. - Da minha princesa. - Retirou as mãos Dela de seus olhos e puxando-as, trouxe Shirlei para si, enlaçando sua cintura, e posicionando-a entre as pernas, inclinou a cabeça para capturar os lábios de sua namorada, que já se encontrava com os lábios entreabertos à espera do beijo. - Huuuumm, que saudade! - Falou Felipe entredentes antes de segurar o rosto Dela entre as mãos e se apossar dos lábios da namorada com ânsia, puxando o ar. Em resposta, Shirlei abriu a boca diante da exigência dele e agarrou o seu pescoço segurando os cabelos de sua nuca, os dedos mergulhados entre os fios, numa loucura sem precedentes.

Alguns minutos depois, Shirlei se afastou do beijo quase sem fôlego, cabeça baixa, olhando para as próprias mãos que agora brincavam com os botões da camisa dele. Felipe ainda continuava segurando o quadril Dela, enquanto seu peito subia e descia, arfando pelo cansaço do beijo trocado com a namorada.

– Então, pronta para a segunda parte da surpresa, princesa?

Shirlei levantou o olhar, que se encontrou com o dele.

– O que você acha? - Ela disse e depois de dar um sorriso, segurou o rosto dele entre as mãos, e pressionou os lábios contra os deles, beijando-o com os lábios fechados demoradamente.

– Pois então arrume as malas, princesa, porque nós vamos fazer uma pequena viagem de três ou quatro dias.

Shirlei arregalou o olhar. Ela imaginava tudo. Menos aquilo. Afastou-se um pouco dele, mas ele continuou segurando-a pelo quadril.

– Viajar?! Mas assim, de repente...? Desculpa, Felipe, mas num vai dar. Cê sabe que a mãe e a Tancinha precisam de mim na Cantina e...

Felipe deu um sorrisinho malicioso de lado, que acabou interrompendo a fala de Shirlei.

– Eu já falei com a sua mãe. Ela deixou. Além disso, eu convidei a Tancinha e ela aceitou vir com a gente.

Shirlei deu uma risadinha tímida e cruzou os braços, sendo puxada de volta para Felipe, que riu da expressão da namorada.

– Ah, então quer dizer que cê já combinou tudo com a minha mãe e com a minha irmã. E só agora vem me dizer?

– É. Assim cê num tem escapatória, princesa. - Ele deu um sorrisinho de lado. Depois, com todo carinho colocou uma mecha de cabelo atras da orelha de Shirlei, que sorriu, tímida - Mas olha só, Shirlei, você só vai viajar comigo se você realmente quiser, se você se sentir bem, segura... Porque eu num quero que você se sinta obrigada a ir só por causa da proposta. Agora... Se você aceitar, eu prometo que essa viagem será inesquecível. E que eu vou cuidar muito bem de você. Muito bem mesmo.

Shirlei sorriu com ternura e fixou o olhar no dele, que também sorriu de volta. Os olhos de ambos brilhando, apaixonados. Então Shirlei segurou firme a camisa de Felipe e o puxou para um beijo, mas antes que seus lábios se encontrassem, ela sussurrou: - Eu sei disso. Tenho certeza. - E se apossou dos lábios dele. Ambos puxando o ar, enquanto as línguas se encontravam e se entrelaçavam dentro de suas bocas com avidez. Em resposta, Felipe enlaçou a cintura Dela com um dos braços, enquanto com a outra mão, ele segurava a nuca Dela, aprofundando o beijo mais e mais.

Quando o beijo cessou, depois de alguns beijos estralados no rosto e no pescoço de Shirlei, que riu, sentindo cócegas, Felipe voltou a falar.

– Odeio ter que interromper assim o nosso momento, mas cê tem que se arrumar, né?

– Ah, não... - Shirlei falou com voz manhosa, recebendo de Felipe mais três beijinho estralados nos lábios. - Tá tão bom ficar assim dando beijinhos em você.

Felipe sorriu e enfiou o rosto no pescoço da namorada, dando uma fungada forte e bem demorada ali, levando Shirlei a sorrir com o arrepio que lhe deu.

– Huuuuum que cheiro bom, princesa. Mas, oh, pensa assim, que daqui a algumas poucas horas a gente vai tá junto de novo, hum?

– Huuuum, tá bom. Vou arrumar a mala, então. Mas... Pra onde a gente vai? Pra eu saber o que devo levar.

Felipe sorriu com ar de mistério e tocando com o dedo na ponta do nariz Dela, fez um barulhinho como que espocando um bola de chiclete, dando um pequeno susto em Shirlei, que deu um sorrisinho.

– Como eu sempre digo, princesa... Surpresa é surpresa. Mas não se preocupe porque eu já deixei uma listinha com tudo que cê vai precisar pra essa viagem com a Dona Francesca.

Shirlei pousou as mãos na cintura, fingindo indignação. Felipe riu.

– Que foi? Tô ficando amigo da sogrinha, num pode?

Shirlei sorriu, revirando os olhinhos e balançando a cabeça de um lado pro outro.

– Então já que é assim, eu vou lá me arrumar. Precisamos ficar prontas de que horas?

– Às dez horas, eu mando um motorista buscar vocês duas.

Shirlei franziu a testa, estranhando.

– Ué, você não vem buscar a gente?

– Não. Mas eu vou tá lá esperando por você... - Encostou os lábios no ouvido Dela e sussurrou: - Morrendo de saudade. - Depois disso, deu um beijo no cantinho dos lábios Dela, pois sabia que se desse nos lábios iria demorar mais. Shirlei era sempre irresistível. - Já vou, princesa. Até mais tarde. - Então se afastando, entrou no carro e acenou com todo charme.

Shirlei acenou de volta e soltou um beijo para ele, que sorriu, um pouco antes de ir embora. E ficou observando o carro dele partir até ele desaparecer na próxima esquina para só então voltar pra casa.

***************************

Quando Shirlei entrou no quarto, sua mãe estava retirando algumas peças de roupa de seu guarda roupa e enfiando dentro de uma mochila. Sorriu ao vê-la ali compenetrada com o que estava fazendo. Resolveu brincar com ela.

– Dona Francesca, de complô com o meu namorado...? - Francesca se virou em direção a filha, a mão no peito pelo susto que teve. Shirlei estava com os braços cruzados , fingindo indignação. - A senhora num tem vergonha não?

– Madona mia, filha, quase me matou de susto. - falou ela, mas depois se recompôs é inspirado fundo, falou, altiva - Ma, eu não tenho do que me envergonhar não. E sabe por quê? Porque pela primeira vez eu tô vendo em você, o fogo e o brilho nos olhos que eu tinha com o meu Guido.

Um sorriso lindo foi se abrindo no rosto de Shirlei ao mesmo tempo que ela se jogava nos braços de sua mãe para abraçá-la forte. Dona Francesca, mesmo sem entender, correspondeu ao abraço, beijando o alto da cabeça de sua bonequinha.

– Brigada mãe. - Agradeceu Shirlei, se aconchegando ainda mais no peito de sua mãe.

Sorrindo, emocionada, Dona Francesca a guiou até a cama onde as duas se sentaram, uma de frente pra outra.

– Madona mia, achei que estivesse chateada comigo...

Shirlei segurou as mãos da mãe com carinho.

– Não, mãe. Claro que não. A senhora é que tava certa o tempo todo. O Felipe... Ele é um príncipe. O meu príncipe. Ai mãe, eu tô tão apaixonada!

Francesca sorriu, os olhos marejados.

– Ow, filha, você não sabe o quanto é bom para uma mãe escutar isso. Saber que a minha bonequinha tá feliz me deixa tão feliz!

– Eu tô feliz sim. Muito feliz. Tão feliz que... eu tô com medo que isso seja um sonho e que a qualquer momento eu acorde dele. Mãe, eu sinto que o Felipe... Ele é o cara certo, sabe?! É que entre a gente acontece umas coisas que... Ai mãe, eu nunca senti isso por ninguém... É uma vontade de ficar junto, de grudar e nunca mais soltar... Não sei se você tá me entendendo. Sabe, quando eu tô perto dele me dá um nervoso...

Dona Francesca conhecia sua filha muito bem para saber a que ela se referia naquele momento.

– Ma é claro que eu tô te entendendo, filha. E sinto que essa viagem vai ser muito boa pra vocês dois se conhecerem melhor e... Quem sabe... Pra vocês se entregarem sem medo, com confiança, segurança... Na hora certa, filha. Na sua hora! Nunca se esqueça disso! E se o Felipe é esse príncipe que você diz que ele é, ele vai respeitar e entender os seus sinais.

Shirlei deu um suspiro profundo, pois com aquelas palavras maternas, se sentiu bem mais corajosa para enfrentar qualquer coisa que viesse pela frente.

– Agora toma. - Acrescentou Francesca, retirando um maço de dinheiro do meio de seus seios e entregando na mão de Shirlei. - Isso é pra você comprar algumas coisas que estão faltando da sua lista. Mas aviso logo. Quero que você compre do bom e do melhor, viu?! Biquínis, roupas, maquiagens, acessórios, tudo! Quero minha filha lindíssima para o seu príncipe. Tancinha usará uma boa parte do dinheiro arrecadado na Cantina também.

Shirlei arregalou o olhar e tentou devolver o dinheiro enquanto protestava.

– Não, mãe. Isso faz parte das suas economias. Não posso aceitar.

– Você disse bem. Isso faz parte das MINHAS economias, então faço com elas o que eu bem entender. - Disse e se levantou, batendo palmas para que a filha fizesse o mesmo - Agora levanta que já tá ficando tarde e você tem que correr. Felipe disse que o carro chega aqui por volta das dez horas. Vamos! Não fique aí parada! Vamos!

– Mas até isso a senhora sabe!

– Claro! E só pra você saber, eu sei pra onde vocês vão. E até como vocês irão viajar. Ou você acha que eu ia deixar os meus dois tesouros viajarem sem saber disso. Não, não, não! Essa foi a condição que eu dei ao seu namorado, meu bem... Ah, e sabe o que ele me disse?

Shirlei riu, já imaginando o que seria.

– Não, o quê?

– Disse que agora sabia a quem você tinha puxado ser tão curiosa. Madona mia, pode uma coisa dessa?!

E as duas gargalharam, divertindo-se com o comentário.

********************************

Pontualmente às dez horas um carro misterioso estacionou em frente à casa de Shirlei. Era o motorista mandado por Felipe para levá-las ao lugar de encontro. Após despedirem-se de sua mãe e de ouvirem alguns resmungos de Carmela, que não gostou nenhum pouco de saber que fora excluída da pequena aventura, Shirlei e Tancinha partiram.

Algumas horas depois, dentro do carro, olhando pelas janelas, Shirlei e Tancinha já iam reconhecendo o lugar em que estavam chegando, a linda Rio de Janeiro, com suas praias exuberantes rodeadas por sua orla que refletia as mil cores da cidade. As duas irmãs sorriam como crianças admirando cada cantinho por onde o carro passava até que o mesmo fez uma descida um tanto estranha, pedindo passagem em uma marina onde havia um número infinito de barcos, iates e afins atracados.

– Ma que lugar que é esse, Shirlei? - Tancinha perguntou, curiosa.

Shirlei observou o motorista descendo do carro para em seguida voltar o olhar para a irmã, dando de ombros.

– Não faço a menor ideia, Tancinha. Mas acho que a gente só vai descobrir se a gente descer.

Tancinha concordou e abrindo a porta, foi a primeira a descer, sendo seguida de perto pela irmã. As duas olharam de um lado para o outro. Nada. Nenhum sinal de Felipe. Nem de ninguém. Ou de alguma coisa que as fizesse se sentir tranquilas.

– Moço, o senhor sabe do Felipe? - Shirlei perguntou para o motorista, que estava retirando as malas das duas do porta malas.

– Sim. O senhor Felipe está à espera das senhoritas ao final daquela passarela de madeira ali. - Apontou para um local em específico.

Shirlei seguiu com o olhar para onde o dedo do motorista apontava até avistar um homem bem no fim da passarela de madeira, de costas, mãos nos bolsos, vestido com uma bermuda de cor clara, camisa verde clara, óculos escuros e mocassins nos pés. Deslumbrantemente lindo como sempre. Sorriu, fascinada.

– Ma você devia de fazer que nem naqueles filmes de sessão da tarde, sabe? - Tancinha falou no ouvido da irmã. - Corre, Shirlei!

Shirlei riu da referência da irmã, mas levando a sério o que ela disse, começou a correr rapidamente em direção a ele.

– Feliiiiiiipe! - Gritou ela contra o vento.

Ele escutou e imediatamente se virou. - Princesa - Disse quase que para si mesmo Então ao avista-la, sorriu de canto a canto da orelha e como Tancinha imaginou, ele se pôs a correr também em direção a ela.
E eles se encontraram. Bem no meio da passarela de madeira. Então a vista de todos que se encontravam ali, ele enlaçou a cintura Dela e a ergueu no ar, fazendo Shirlei dobrar os joelhos, tirando os pés do chão ao mesmo tempo que ela agarrou seu pescoço com gosto. E os dois se abraçaram e rodopiaram em meio ao cais, recebendo aplausos de todos que presenciaram a cena.

Depois disso, Shirlei foi escorregando pelo corpo de Felipe, sentindo uma tontura boa. Os dois gargalhando como crianças felizes, enquanto Felipe - segurando o rosto Dela entre as mãos - a enchia de beijos pelo rosto, pescoço, lábios.

Shirlei estava vestida bem despojada, com um short verde, blusinha rosa e camisa jeans por cima. Pra completar o look, tênis branco nos pés.

– Ma o que é que cê tá me fazendo aqui? Posso saber? - Tancinha perguntou para Henrique, chamando a atenção do casal que se voltou para os dois, segurando o riso com a mão na boca.

– Ah, não te contaram? Vamos viajar os quatro. Fala aí, pode ser sincera. Vai ser divertido, num vai? - Henrique jogou seu charme, que foi totalmente ignorado por Tancinha com um revirar de olhos e um cruzar de braços. Os dois já começavam a se arrepender de ter aceitado. Mas essa viagem estava apenas começando para eles...

– E aí, princesa, preparada pra terceira parte da surpresa? - Shirlei assentiu com a cabeça, sorrindo. Então Felipe segurou sua mãos, entrelaçando seus dedos aos Dela. - Vem comigo!

Felipe a puxou e ela o seguiu até onde havia um grande barco atracado. Dizer que ele era magnífico, ainda não o descrevia na concepção de Shirlei.

– Felipe... - Shirlei ficou sem palavras, então voltou a fitá-lo. - O que... - engoliu a seco - O que isso significa?

– Significa que a gente vai viajar de barco, princesa. Esse barco. Gostou?

Shirlei arregalou o olhar e sorriu, fascinada.

– Se eu gostei...? Felipe, esse barco é incrível!

Felipe deu um sorriso aberto. E enfiando a mão no bolso, retirou de lá o terceiro berloque. Um barco, claro. Shirlei sorriu, enquanto ele o prendia em sua pulseira.

– Vem! - Felipe segurou as duas mãos Dela e puxou-a em direção ao barco. - Cê tem que conhecer ele por dentro. Ele é demais!

Shirlei o seguiu, sorrindo. Então chegando no barco, ele colocou um pé nele e o outro continuou em terra firme, pois antes ele precisava ajudá-la a subir.

– Ôpa! - Exclamou ele, quando segurando a mão Dela puxou-a para dentro do barco. - Pronto. Tá tudo bem? Você não enjoa em barco não, enjoa?

– Não. Eu num enjoo não. - Shirlei amava o jeito como ele se preocupava com ela.

Depois disso, segurando a mão Dela, ele entrou foi apresentando cada parte do barco com entusiasmo: proa, bombordo, cabine de comando para por fim apresentar a cabine social.

– Bom, princesa, aqui é onde fica o quarto, a cozinha, banheiro... Quatro camas, como você pode ver... - Felipe fez questão de mencionar e Shirlei segurou o riso - Enfim, essa é a cabine social. Você já pode arrumar suas coisas, se quiser. E... - Coçou a nuca numa atitude de timidez - Claro que eu vou sair pra que você fique mais a vontade, né? - Shirlei voltou a segurar o riso - Cê quer que eu saia? - Felipe perguntou, apontando com o polegar por cima do ombro.

Shirlei balançou a cabeça em negativa, lançando para ele um olhar malicioso que ele nunca tinha visto nela.

– Não. Quero que você fique bem aqui. Comigo. - Shirlei falou com voz sensual.

Felipe arregalou o olhar. Ficou imaginando se estava em um mundo paralelo. Quem era aquela na sua frente? Porque definitivamente não era a Shirlei que ele conhecia.

E quando ele ia abrir a boca para argumentar alguma coisa, viu quando Shirlei se aproximou e segurou seu rosto entre as mãos, pressionando seus lábios contra os dele. Felipe se afastou do beijo, assustado.

– Shirlei, cê tem certeza que... - Ele ia completar a frase, mas ao vir os lábios Dela, entreabertos a sua espera, perdeu totalmente o auto controle - Ah, que se dane! - Exclamou, e enlaçando sua cintura, ele a puxou de volta para o beijo, a língua buscando a Dela com voracidade. Ao mesmo tempo, ele chutou a porta para fechá-la e virando com Shirlei grudada nele, Felipe a jogou para trás pressionando-a contra a porta, corpos grudados, se friccionando, enquanto eles se beijavam loucamente.

Entretanto duas batidas na porta os fizeram se lembrar de que não estavam sozinhos nesta viagem. E Felipe, rindo com o rosto enfiado no pescoço de Shirlei, começava a se arrepender de ter convidado dois certos amigos e vigias.


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