Quando eu fiquei sabendo que a Megan tinha sofrido um acidente, eu pensei que era mais uma das imprudências dela, conheço a família Marra a alguns anos já e tenho que dizer a fama dela a precede, porém admito que a mesma não parecia tanto com aquela garota fútil do Vale do Cilicio, agora ela estava engajada em uma ONG dando aula de inglês a crianças carentes, lançando uma star up junto com o Davi e Ernesto, em um projeto que o próprio pai havia barrado, essa Megan de certo modo era uma novidade.

Então quando a Pâmela veio a Marra e fui prestar o meu apoio a ela pelo acidente da filha descobri como realmente aconteceu o acidente, fiquei surpreso, honestamente não esperar um gesto tão altruísta dela, colocar em risco a própria vida por outra pessoa. Alguns dias depois tive que levar uns papeis para Pâmela assinar no hospital foi pouco depois da Megan acordar e pude conversar com ela, foi impossível não lembrar de quando o meu irmão esteve em uma situação semelhante e como tinha sido difícil, não apenas para o meu irmão mas para toda a família, por isso não conseguia nem imaginar como seria para ela uma garota acostumada a ter tudo e a fazer o que tinha vontade ficar dependendo de ajuda por certo tempo, ofereci ajuda-la nessa readaptação, e não vou mentir fiquei um pouco envergonhado quando ela questionou o meus motivos por querer ajuda-la, mas ela tinha que concordar comigo que o nosso começo não foi lá muito bom, um pouco relutante ela aceitou.

Acabou que nesse tempo eu descobri uma garota muito divertida, leal e altamente determinada, que aprendeu que a vida não é sempre uma festa que existem momentos que precisão ser levados a sério.

— Arthur... – ela me chamou balançando a mão na frente do meu rosto.

— Oi.. – digo sorrindo.

— It´s all right? É a terceira vez que ti chamo.. – questiona parecendo realmente preocupada.

— Está tudo bem pirralha. – digo vendo ela revirar os olhos. – Terminou a sessão por hoje?

— Yes, o Will já me liberou.

— Verdade. – diz Will se aproximando da gente. – Essa mocinha está liberada por hoje, nós vemos amanhã Megan.

— Até mais Will. – a gente se despede dele e segue para o estacionamento.

— Então, o que acha da gente aproveitar essa tarde maravilhosa na piscina? – questiono seguindo para a casa dela.

— What? Está de folga hoje?

— Digamos que a minha chefe não vai se importar. – ela caiu na risada.

— Seriously?  Mom é muito good girl... – diz ainda rindo.

— Isso eu tenho que concordar com você. – digo sorrindo. – Mas você ainda não me respondeu.

— Hum... – ela fingiu pensar. – A proposta é tentadora. Mas é diversão ou você vai me fazer praticar mais?

Foi impossível não rir, o Will tinha falado de alguns exercícios que ela poderia fazer na piscina que fortaleceria ainda mais a perna e a gente vinha praticando ele algumas vezes.

— Digamos que um pouco dos dois. – digo piscando a fazendo rir.

— Vocês não me dão um descanso. – diz ainda sorrindo. – Mas tudo bem, o dia realmente estava combinando com uma piscina.

Megan já tinha evoluído bastante nesses meses, agora ela usava apenas a muleta. Assim que chegamos peguei minha mochila no bagageiro enquanto ela entrava para se trocar, segui em direção a área da piscina e me troquei no banheiro aproveitei para pegar o material que a gente usava já ia me sentar quando ela aparece já de maiô.

A gente acabou realmente se divertindo na piscina, e fazendo os exercícios é claro, era divertido passar um tempo com ela ainda mais essa versão mais madura sem tantos chiliques e fui me dando conta ao passar dos dias de que tudo o que ela precisava para tirar aquela capa de bad girl que ela usava era o estimulo certo, ou melhor dizendo, a pessoa certa!

— Hey garotos! – disse Pâmela aparecendo com uma bandeja. – Acho melhor vocês fazerem um lanche, a madrinha me disse que vocês estão ai desde cedo.

— Oh mom, nem me dei conta do tempo passando.

Ela colocou a bandeja na mesa e voltou a se retirar.

— Então Tuca, como você está?

— Como assim Megan?

— Você sabe. Como você está realmente? A gente meio que se tornou amigos ao longo da minha recuperação e eu pude perceber que em alguns momentos você ficava distante, agora como você mesmo pode ver estou melhor.. então vamos lá pode dizer o que ti aflige!

— E desde quando você é psicóloga Pirralha? – ela apenas revirou os olhos.

— Eu não sou psicóloga, mas te garanto que sou uma boa ouvinte. – disse piscando. Eu olhei pra garota na minha frente, olhando pra mim com expectativa.

— Não tem nada me afligindo, apenas estou pensando em tirar umas férias.

— What? Porque?

— Preciso colocar os pensamentos em ordem! E vou aproveitar pra viajar um pouco, ficar uns meses fora, me afastar um pouco da Marra, do Rio.

— Isso é por causa do final da sua relação com a Nerdestina? – eu arqueei uma sobrancelha frente ao apelido, e ela rolo ou olhos. – digo a Manuela. – foi impossível não rir, Megan sempre seria Megan.

— Sim e não. – foi a fez dela de arqueia a sobrancelha. – Depois que o Davi colocou um ponto final na relação deles, ela veio tentando reatar, mas eu não quis, não quero ser a segunda opção porque a primeira não deu certo! O tempo que eu fiquei com ela foi bom, ela é uma garota legal, trabalha bem, contudo ela mesma quebrou o que estávamos construindo.

— Sei o que você quer dizer. – disse com um suspiro.

— Como assim?

— Com o Davi é a mesma coisa, a gente estava em um relacionamento ‘perfeito’ a sua maneira, a gente se divertia juntos, fundamos a Brazuca pra poder lançar o projeto da vida dele, a gente se dá bem. Entretanto sendo completamente honesta com você depois que ele me pediu um tempo, depois da descoberta toda da outra ser coagida e tudo mais, eu refleti e percebi que ele nunca foi 100%, ele estava ali comigo, mas não completamente, mas como eu estava apaixonada eu não enxergava ou melhor não queria enxergar isso contudo os sinais estavam sempre lá.

— Vocês são diferente Megan, não tem nada a ver com o que eu tive com a Manu.

— Como não?

— Ele ti escolheu no final de tudo, ele pode ter pedido um tempo, mas a escolha dele foi você! Ele esteve sempre presente durante a sua recuperação e acredito que ficou até com ciúmes de me ver por perto.

— Eu ainda acho que ele não me escolheu, foi tudo motivado pelo acidente...

— Megan, você é mais esperta que isso. Vamos lá Pirralha. – isso a fez revirar os olhos. – Você sabe que não foi apenas o acidente, não estou menosprezando o que você passou, por favor não me entenda mal. O que eu quero dizer é que provavelmente o seu acidente apenas antecipou a real escolha dele, você deu um baita susto nele e na sua mãe quando ficou em coma, pelo que fiquei sabendo ele não queria sair do seu lado.

— O que você acha que eu devo fazer?

— Você sabe que ninguém pode decidir isso por você né? – ela assentiu. – É normal esse medo que você está sentindo, você realmente gosta do Davi, e ele ti decepcionou e sinto lhe dizer que ele vai ti decepcionar ainda e isso é bom, pois vocês são humanos, você terá que ser mais tolerante Pirralha se você realmente o ama você vai saber lidar com isso. Vocês amadureceram juntos. Você tem que descobrir se você quer se arriscar novamente, se vale apena continuar lutando por um amor que você já vem lutando a muito tempo e que agora é realmente reciproco.

— Our! Eu me ofereci pra ti escutar e no final você que foi my therapist. – essa garota é impossível.

— Estou falando sério Pirralha.

— Eu sei que sim, e agradeço tudo que você me disse, ti garanto que vou pensar sobre isso. Mudando de assunto agora, sobre essa viagem você pensa em ir quando?

— Daqui umas duas semanas, estou criando um roteiro ainda.

— Exterior ou por aqui mesmo?

— Pelo Brasil mesmo, tem muitas cidades lidas e praias paradisíacas que eu quero conhecer.

— Quero um cartão postal de todo lugar que você passar.

— Pode deixar, vou mandar só pra ti fazer inveja.

— Falando sério agora, obrigada por toda ajuda que você me deu nesse processo de recuperação, você acabou se tornando um grande amigo.

— Calma lá Pirralha, não estou me despedindo de você eu vou viajar mais eu volto, vai se livrar de mim assim não. – disse a abraçando.

— Posso saber o que está acontecendo aqui?