A Intérprete - Orgulho e Preconceito Moderno escrita por Nan Pires


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!!
Atrasada como sempre, mas tá aqui o capítulo 16 que eu achei que ficou muito lindo e fofo, então me digam se concordam, hein??



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Em menos de cinco minutos, o sr. Collins já havia encontrado Elizabeth e sua família. Liz o apresentou a todos e para seu espanto, ouviu sua mãe agradecendo-o com educação pela generosidade do convite. Ele sorriu e ficou um tempo jogando conversa fora, mas seu olhar não parava de ir de encontro a Charlotte. Liz riu sozinha, conhecia sua amiga bem o suficiente para saber que ela jamais daria uma chance para o pobre sr. Collins, ainda mais depois que ele abrisse a boca e começasse com mais um de seus discursos pomposos e infinitos.

Não demorou muito para que Jane puxasse Liz para um canto e acenasse timidamente na direção de um grupo de quatro homens.

— Ele está ali. – Ela sussurrou um pouco aflita.

— Então vai lá falar com ele! – Elizabeth incentivou.

— Não! – Jane fez uma careta, quase como se estivesse com dor. – Quer dizer, não dá, ele está rodeado de amigos. Não quero chegar sozinha lá.

Elizabeth lançou um olhar severo para a irmã, mas ela estava tão concentrada em sua própria insegurança que pareceu não notar.

— Eu devia ter deixado ele ir me buscar. – Jane gemeu arrependida.

— Larga de ser boba, Jane. – Elizabeth puxou a irmã pelo braço e seguiu em direção ao grupo. – Vamos lá, eu vou com você.

— Mas Lizzie...

Liz não deu ouvido à reclamação chorosa da irmã. Era capaz que se ela não a levasse até Bingley, os dois ficassem a noite inteira sem se falar. Não sabia quem era pior, Jane ou ele. No entanto, sua confiança se abalou um pouco quando viu que Darcy estava entre os homens da roda. Claro que estava, eles eram praticamente melhores amigos não eram? Por uma fração de segundos Lizzie considerou abortar a missão, mas já não adiantava mais. Ela pode sentir o olhar fixo de Darcy, ele já as tinha visto.

Com elegância, Liz se aproximou do grupo arrastando a irmã, e com um sorriso encantador cumprimentou aqueles a quem ela conhecia.

— Sr. Bingley, sr. Darcy.

O sorriso de Bingley quando viu Jane foi de orelha a orelha. Por alguns instantes, ele se atrapalhou um pouco, mas conseguiu apresentar as duas moças aos outros dois integrantes do grupo. Todos conversaram um pouco sobre assuntos banais, mas não demorou muito para que restassem apenas Jane, Elizabeth, Darcy e Bingley. Jane é claro havia começado uma conversa empolgada com Bingley e esquecera da vida, deixando Elizabeth um pouco carrancuda e tentada a voltar para a família.

— Ah, claro. – Jane deu uma risadinha e então virou-se para a irmã. – Hum, nós vamos arrumar umas bebidas. – Ela sorriu sem graça, quase se desculpando por abandoná-la ali com Darcy, mas Liz apenas acenou e disse que tudo bem.

Quando o jovem casal totalmente apaixonado se afastou, o sr. Darcy pareceu enrijecer. Estava quase tão sem graça, quanto Elizabeth ficara. Mas antes que ela pudesse dar qualquer desculpa e fugir de perto dele, ele decidiu tentar interagir.

— Vejo que o seu amigo não veio.

— Que amigo? Ah, deve estar falando do dr. Wickham. – Ela respondeu um pouco áspera, talvez aquela fosse a hora de montar o restante do quebra cabeça. – Ah, ele disse que me encontraria aqui, deve estar chegando.

Darcy olhou-a intrigado, deu alguns passos para o lado, olhando para o chão, pensativo.

— Engraçado. – Sua voz saiu um pouco cínica, ele sabia de algo que ela não sabia. – Acho que o ouvi se desculpando com uma enfermeira. Se não me engano as palavras dele foram “Desculpa não poder ir com você esta noite, mas eu prometo te compensar. Nós poderíamos almoçar no Maggiano’s semana que vem”. É, acho que foi isso mesmo.

Aquela informação pegou Liz de surpresa. Foi como um soco na boca do estômago. Maggiano’s, aquele era o nome do restaurante para o qual ele a convidara e ela dissera não. Será mesmo que ele havia desistido dela? Tão rápido assim? Já tinha até combinado de vir à festa com outra pessoa? Mas ele tinha falado para ela. Claro, não tinha sido um convite oficial, mas ela acreditara que era uma espécie de convite quando ele disse... Quando o sr. Collins falou da festa. Seu rosto deve ter demonstrado todo o choque, porque as próximas palavras de Darcy foram ditas com um pouco de compaixão.

— Sabe, você não precisa ficar assim. Não seria a primeira pessoa que ele engana. Ele é muito bom nisso, em enganar.

— Eu não acredito em você. – Liz conseguiu se recompor e praticamente vestiu uma máscara de tranquilidade, embora estivesse com ódio, muito ódio. Nem tanto de Wickham, porque ele não tinha enganado ela. Não, ele havia se afastado, ela é que não havia entendido o recado. Mas sim de Darcy, por ficar todo satisfeito em jogar aquilo na cara dela. – Wickham tem muito mais caráter do que você, que sai por aí falando mal e maltratando os outros médicos só porque eles são mais novos. Acho que você precisa trabalhar um pouco a confiança, sabia?

Ele riu, uma risada dura e seca que deixou Liz inquieta.

— Foi isso que ele te disse? – Ele perguntou. – Que não gosto dele porque ele chegou depois no hospital? – Ele deu mais uma risada e balançou a cabeça como se lhe custasse acreditar no que ouvia.

Elizabeth se sentiu incomodada, mas não perdeu a pose e continuou a olhá-lo de maneira orgulhosa. Uma música suave começou no salão e alguns casais começaram a se dirigir para perto da banda. Liz viu Jane toda cheia de sorrisos puxando Bingley com ela e por um segundo a invejou. Poderia ser ela e Wickham, mas por algum motivo, as coisas nunca eram fáceis para ela. Nunca.

— Ah, isso com certeza não tem nada a ver com o que ele fez com a minha irmã, não é? – Darcy disse exaltado, mais para si mesmo do que para Elizabeth. – Não consigo, eu simplesmente não consigo acreditar na cara de pau desse Wickham.

— O que... O que ele fez com a sua irmã? – Liz engoliu em seco, estava um pouco assustada. Sentia que estava caminhando por terrenos nem um pouco seguros, mas sua curiosidade falou mais alto. Estaria o dr. Darcy mentindo para ela? Tentando manipulá-la de alguma maneira? Ela simplesmente não sabia no que confiar.

Por alguns instantes seus olhos encontraram os dele e ela assistiu a expressão do imponente dr. Darcy relaxar. Era quase como se não houvesse mais ninguém perto deles, ele apenas a admirava. Parecia estar tomando coragem para contar seu lado da história. Elizabeth ainda esperava pela resposta, mas algo em seu íntimo dizia que ela não a conseguiria naquela noite.

— Dança comigo? – A voz de Darcy saiu suave, toda a raiva havia sido varrida para longe de sua expressão. Liz pode enxergar misturado ao orgulhoso azul de seus olhos, um brilho que ela entendeu se tratar de um misto de desejo e insegurança.

— Oi? – Ela perguntou surpresa, muito embora a resposta que ela ansiava por dar estava na ponta de sua língua. Era sim, sem porquês, nem explicações. Ela tinha todos os motivos para dizer não, mas seu coração não tinha dúvidas de qual era seu desejo. Ela ansiava pelo toque dele, queria sentir suas mãos segurando-a, mas ela era muito teimosa para admitir. – Dançar?

— A menos que você queira ser a próxima vítima do sr. Collins. – Ele acenou e Elizabeth virou-se a tempo de ver seu chefe andando na direção deles. – Ele adora dançar, mas quase sempre acaba pisoteando suas parceiras. Por isso todas se escondem quando ele começa sua procura.

— E eu achei que fosse porque ele fala demais. – Elizabeth sorriu um tanto incerta, porém estendeu a mão. Darcy sorriu apenas com os olhos e aceitou a mão de Liz, guiando-a para junto dos outros casais e da banda.

No primeiro giro que deram, Lizzie viu que o sr. Collins estava mudando a direção, um tanto desanimado. Ela viu algumas enfermeiras que estavam conversando em um grupinho se espalharem quando perceberam que ele estava se aproximando, e deu uma risada abafada.

— Ele já encontrou o próximo alvo? – Darcy perguntou, era estranho para ela ouvir a voz dele tão descontraída.

— Não, mas ele continua à procura. – Ela respondeu como se eles fossem velhos amigos tirando sarro de algum conhecido esquisito. – Ah não.

— O quê? – Ele parou por um instante a dança e ergueu a sobrancelha.

— Ele chegou na minha amiga, Charlotte. – Ela respondeu preocupada. – Quero ver no que vai dar, ela não costuma ser muito paciente.

Naquele momento, Darcy lançou um olhar muito profundo em direção a ela. Quase como se estivesse tentando ler sua mente. Os dois, então, voltaram a dança e não disseram mais nem uma palavra pelos próximos minutos. Elizabeth se viu presa em um paradoxo. Embora odiasse aquele homem, não queria que a música acabasse. Embora o som de sua voz a irritasse profundamente, ela procurava desesperadamente algo sobre o que pudessem conversar. E embora estivesse muito curiosa a respeito da irmã dele, ela sabia que aquele podia ser o assunto que o faria se afastar e ela queria continuar como estava. Tão próxima dele que podia sentir a batida de seu coração. Decidiu, então, aconchegar-se mais a ele e deixar que o resto da noite simplesmente acontecesse. Darcy pareceu satisfeito com aquela resolução e decidiu seguir pelo mesmo caminho. Naquele momento eram apenas eles e a música. Sem orgulho, sem teimosia, apenas eles.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?? Semana que vem tem a continuação do que aconteceu na festa!!
Bom feriado a todos :)



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